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8334879 | CONTRIBUTOS DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PUÉRPERA ACOMETIDA COM DIABETES GESTACIONAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA PRÁTICA ACADÊMICA | Autores: Suely Lopes de Azevedo ; Angela Maria E Silva ; Steffany Vieira Dias ; Talita do Couto Sardinha ; Lívia Maria de Araújo Farias |
Resumo: Diabetes Mellitus (DM) é uma doença que está envolvida com distúrbios
metabólicos de diversos nutrientes, é uma doença crônica que ocorre quando o
pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o corpo não pode
efetivamente usar a insulina que ela produz. A insulina é um hormônio que
regula o açúcar no sangue 1. As suas complicações estão entre as principais
causas de morte na maioria dos países. Estima-se que uma em cada 12 mortes em
adultos no mundo possa ser atribuída a Diabetes Mellitus, totalizando,
aproximadamente, cinco milhões de casos ao ano, o que equivale a uma morte a
cada seis segundos. O primeiro relatório global da Organização Mundial de
Saúde (OMS) sobre Diabetes, apontou que o número de adultos que vivem com a
doença quase quadruplicou desde 1980 para os adultos em 2016 3. O DM, devido a
sua crescente incidência, configura-se hoje como uma epidemia mundial,
traduzindo-se em um grave desafio para o Sistema de Saúde de todo o mundo. Nas
duas últimas décadas no Brasil, houve aumento progressivo do número de
mulheres com diagnóstico de diabetes em idade fértil. Considerando o período
gravídico – puerperal, a Diabetes Mellitus Gestacional(DMG) é qualquer grau de
intolerância à glicose, que leva a ocorrência de hiperglicemia, detectada pela
primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não
atingem os critérios diagnósticos para DM previamente reconhecido durante à
gestação 2. Estima-se que um em cada seis nascimentos ocorra em mulheres com
alguma forma de hiperglicemia durante a gestação 3. As estimativas de
frequência de hiperglicemia na gestação no Brasil, no Sistema Único de Saúde,
sejam de aproximadamente 18%, utilizando-se os critérios diagnósticos
atualmente propostos na literatura 2. A gestação se caracteriza um estado
resistência à insulina. Essa condição, aliada à intensa mudança nos mecanismos
de controle da glicemia, em função do consumo de glicose pelo embrião e feto,
pode contribuir para ocorrência de alterações glicêmicas favorecendo o
desenvolvimento de DMG. A secreção de hormônios placentários podem provoca
efeito anti-insulínico e contrarregulador, o que contribui para evolução de
resistência à insulina. Os principais são o lactogênio placentário, cortisol,
progesterona, estradiol e prolactina. Esse mecanismo, entretanto, pode não ser
observado em gestantes que já estejam com sua capacidade de produção de
insulina no limite. Essas mulheres com a produção de insulina insuficiente,
podem desenvolver diabetes durante a gestação2,3. As complicações mais
frequentemente associadas ao diabetes gestacional no parto para a mãe; está
relacionada a cesariana e afeta os conceptos, aumentando os riscos de
prematuridade, macrossomia, distorcia de ombro, hipoglicemia neonatal e a
morte perinatal 1, 2 . Portanto, a hiperglicemia materna durante a gestação e
parto é uma das causas da hipoglicemia neonatal, motivo pelo qual o controle
glicêmico deve ser mantido durante todo o parto e pós-parto. Embora a maior
parte dos casos de diabetes gestacional se resolva no período pós-parto, sabe-
se que, para as mulheres, os riscos de desfechos adversos podem estar
associados ao antecedente obstétrico de DMG, tendo como principal desfecho o
desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo 2 1,2. A incidência Diabetes
Mellitus tipo 2 entre as mulheres com história previa de diabetes gestacional
sofre variação, ao associar às diferenças fatores, étnicos, social e econômica
2,3. À falta de uniformidade de critérios, à adoção de protocolos de
acompanhamento e de diferentes manejos para diagnosticar a Diabetes Mellitus
tipo 2 após a gravidez, contribuem para o aumento da prevalência da doença
entre as mulheres com Diabetes Mellitus Gestacional previa. A reclassificação,
taxas de avaliação do estado glicêmico pós-parto - TOTG com 75g de glicose,
deve ser feita, idealmente, seis semanas após o parto para todas as mulheres
que tiveram DMG 1,2,3. Muitas barreiras ainda são encontradas para avaliação
pós-parto por parte dos profissionais de saúde tais como: desinformação da
importância do teste; descontinuidade do cuidado; fragmentação dos serviços;
falta de protocolo institucional e a ocupação excessiva da mulher com o seu
filho. O enfermeiro tem papel fundamental, especialmente porque uma de suas
principais atribuições no pós-parto é a de educador em saúde, por sua vez,
deve estar capacitado para orientar a puérpera, além de planejar e executar
cuidados individualizados e proporcionar o desenvolvimento de hábitos de pós-
parto saudável para mãe e filho. A Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE) no Pós-parto é, com certeza, uma grande aliada que norteia as ações
individualizadas de enfermagem à puérpera e a documentação, tanto na
assistência quanto na promoção da saúde e na prevenção de complicações pós-
parto. A aplicação do Diagnóstico de Enfermagem enquanto um processo de
julgamento clínico e a intervenção de enfermagem, utilizado no ensino prático
no pós-parto, contribuíram para denominar os conceitos mais específicos da
prática de enfermagem na área obstétrica e executar assistência
individualizada e qualificada tendo em vista o bem-estar da puérpera e do
recém-nascido. **OBJETIVO**: Relatar experiência de acadêmicos de enfermagem
na identificação dos diagnósticos e intervenções de enfermagem relacionados à
puérpera acometidas com diabetes gestacional. **METODOLOGIA**: Estudo baseado
no relato de experiência de acadêmico de enfermagem cujo foco foi o cuidado
individualizado e o bem-estar da puérpera e do seu filho. O estudo ocorreu
durante a prática clínica na Unidade de alojamento conjunto de uma Maternidade
Escola do Rio de Janeiro em setembro de 2017. Utilizou-se a SAE como
estratégia de ensino durante a prática de enfermagem com utilização das
Classificações de Diagnóstico e Intervenção de Enfermagem: NANDA4 e NIC5 como
referencial. **RESULTADOS**: **Diagnostico de Enfermagem**: Disposição para
amamentação melhorada; Dor aguda; Risco de infecção; Risco de integralidade da
pele prejudicada; nutrição desequilibrada, menos do que as necessidades
corporais; Risco de glicemia instável materna e do RN; Risco de tensão do
papel de cuidador e Conhecimento deficiente. **Intervenções de Enfermagem**:
Aconselhamento para a lactação, Orientação aos pais; Promoção de vinculo;
Melhora da dor; Administração de medicamentos; Redução da ansiedade; Aumento
da segurança; Monitoração da glicemia materna; Melhora do enfrentamento da
morbidade; melhora da compreensão da saúde; Aconselhamento nutricional;
Controle da hipoglicemia do lactente e Assistência com lactente.
**CONCLUSÃO**: O ciclo gravídico-puerperal acarreta grandes modificações. Os
diagnósticos e as intervenções de enfermagem elencados neste estudo,
permitiram elaborar plano de assistência ao binômio mãe e filho por meio de
uma linguagem profissional padronizada, tendo como base as respostas da
puérpera aos problemas reais e de risco relacionados as mudanças fisiológica,
comportamental e psicológica inerentes ao pós-parto, principalmente à mulher
acometida com a DMG. A utilização das ferramentas para denominar os fenômenos
e as intervenções de enfermagem à puérpera do estudo no pós-parto imediato,
permitiu os estudantes a aprender por meio do processo interpretativo e de
raciocínio clinico ao integrar a teoria e prática de enfermagem mais
especifica, a área obstétrica. **IMPLICAÇÕES PARA ENFERMAGEM**: O
reconhecimento das gestantes portadoras de Diabetes Mellitus Gestacional é de
grande importância e deve ser realizado o mais precocemente possível no pré-
natal. Entretanto, a elaboração de plano de assistência sustentada no
conceito, no julgamento e no conhecimento clínico, melhora os resultados e
qualificação da assistência. Além de conferir a possibilidade da
aplicabilidade das ações de enfermagem e da visibilidade profissão.
Referências: 1. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES nº. 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Educação e Cultura; 2001. [acesso em 2013 set 10]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf
2. Ramírez AV, Angelo M, González LAM. Vivencia de estudiantes de enfermería de la transición a la práctica profesional: un enfoque fenomenológico social. Texto contexto - enferm. [Internet]. 2011 [cited 2018 Feb 25] ; 20( spe ): 66-73. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072011000500008&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072011000500008.
3. Brasil. Resolução COFEN nº. 441, de 15 de maio de 2013. Dispõe sobre participação do enfermeiro na supervisão de atividade prática e estágio supervisionado de estudantes dos diferentes níveis da formação profissional de enfermagem [internet]. Diário Oficial da União. 2013 mai. 21; Seção 1; Edição 96. p.171. [acesso em 2013 jul. 15]. Disponível em: http://novo.portalcofen.gov.br/resolucao-cofen-no-4412013_19664.html
Associação Brasileira de Enfermagem. Carta de Belém (PA) para a educação em enfermagem brasileira. Rev. Bras Enferm. Brasília. 2012 [acesso em 2013 set. 15];65(4):696-8. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672012000400022&script=sci_arttext
4. Associação Brasileira de Enfermagem. Carta de Belém (PA) para a educação em enfermagem brasileira. Rev. Bras Enferm. Brasília. 2012 [acesso em 2015 dez. 15];65(4):696-8. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672012000400022&script=sci_arttext |