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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 8294862

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8294862

REORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO E A FORMALIZAÇÃO DAS CONSULTAS DE ENFERMAGEM ÀS PESSOAS OSTOMIZADAS

Autores:
Caroline Bittelbrunn

Resumo:
**Introdução: **Os serviços caracterizados como especializados para a assistência às pessoas ostomizadas devem desenvolver ações de reabilitação, orientações para o autocuidado, prevenção e tratamento de complicações no ostoma, capacitação de profissionais e o fornecimento de bolsas coletoras e materiais de proteção e segurança1. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é apontada como provedora de subsídios para o incremento de métodos interdisciplinares e humanizados do cuidado, permitindo uma avaliação integral do ostomizado e um planejamento da assistência de enfermagem voltado para suas reais necessidades2. Tal assistência demanda um cuidado holístico, visto que o paciente ostomizado se depara com modificações em sua fisiologia, necessidade de cuidados com a bolsa, sentimentos variados, preocupações e dificuldades diante das limitações impostas no seu cotidiano3. Neste processo de reabilitação, os enfermeiros são considerados essenciais por estarem presentes desde o momento do diagnóstico, em todo o período de hospitalização, preparo para alta e no pós-operatório tardio, sendo responsáveis por orientar os ostomizados a respeito dos cuidados com o ostoma, alimentação e higienização, preparando-os para o autocuidado e retorno às atividades de vida diária2. Na anamnese e no exame físico do paciente com ostomia, além das questões cotidianas e de qualidade de vida, é imprescindível observar as características do ostoma, localização anatômica e coloração, bem como as características dos efluentes, frequência de eliminação e consistência. De modo geral, essas observações subsidiarão a indicação da bolsa coletora e materiais adjuvantes mais apropriados, visando prevenir as lesões cutâneas. Ainda, a inspeção contínua da pele periostoma é de grande relevância para identificar precocemente as complicações4. Nesse sentido, um roteiro para nortear a consulta de enfermagem pode contribuir e otimizar a assistência prestada às pessoas ostomizadas. **Objetivos:** Discorrer acerca da adaptação de um roteiro para subsidiar as consultas de enfermagem às pessoas ostomizadas realizadas no segundo semestre de 2016 em um setor de ostomizados de um município localizado no Vale Europeu do Estado de Santa Catarina. **Descrição metodológica: **Trata-se de um relato de experiência sobre a adaptação e utilização de um roteiro estruturado nas consultas de enfermagem realizadas no setor de Ostomizados de um município do Vale Europeu do Estado de Santa Catarina. A experiência ocorreu durante a disciplina de Estágio Curricular Supervisionado do décimo período do Curso de Graduação em Enfermagem no segundo semestre de 2016. O planejamento aconteceu durante a fase de elaboração do projeto de atuação requisitado pela disciplina, através de estimativa rápida, com observação participativa, entrevista com os profissionais e identificação dos principais problemas do setor. O ponto crítico levantado foi o “Déficit na atenção integral aos ostomizados” e dentre as estratégias para resolução ou minimização do problema, destaca-se neste resumo a Sistematização da Assistência de Enfermagem. A motivação nesta ação específica deu-se pelo fato do setor de ostomizados não realizar consultas de enfermagem formalmente e rotineiramente. Assim, de acordo com a realidade do setor, um roteiro estruturado foi a opção cabível para nortear e padronizar as consultas que seriam realizadas. Os aspectos relevantes ao cuidado e acompanhamento da pessoa ostomizada foram elencados com base em livros e artigos científicos relacionados à temática. No período de elaboração do roteiro, optou-se pela adaptação de um instrumento de coleta de dados utilizado anteriormente em outros estágios ao longo da graduação. Para tanto, foram retirados os campos que contemplavam aspectos gerais do exame físico, realizadas alterações e complementações nos campos de identificação do usuário, sinais e sintomas, exame físico abdominal, padrão alimentar e de eliminação e acréscimo de itens sobre o ostoma e pele adjacente. **Resultados:** O roteiro adaptado para anamnese e exame físico foi intitulado de “Histórico de enfermagem” e dividido em sete partes, com sequência lógica: 1. Dados de identificação: data da consulta, nome, sexo, idade, estado civil e profissão; 2. Padrão de manutenção da saúde: motivo da consulta, sinais e sintomas, tratamentos anteriores e capacidade de autocuidado (independente, semidependente ou dependente); 3. Exame físico – ostoma: características do ostoma (rosado/avermelhado, úmido, brilhante, ressecado, pálido, com secreção ou necrose); 4. Exame físico – pele adjacente: coloração da pele (padrão de normalidade, pálida, cianótica, ictérica), temperatura (dentro da normalidade, quente ou fria); 5. Material em uso: tipo de bolsa e materiais adjuvantes; 6. Padrão nutricional: apetite (normal, aumentado, diminuído, inapetência, náuseas ou vômitos) e alterações/data; e 7. Abdômen: ruídos hidroaéreos (presentes, ausentes, aumentados ou diminuídos), abdômen (plano, distendido, rígido, globoso, indolor à palpação ou doloroso à palpação), lesões/incisões, hábitos intestinais/número de eliminações por dia, características das eliminações e alterações/data. Ao final, foram inseridas linhas para outras anotações e para o registro das condutas e orientações repassadas ao usuário. O roteiro foi testado e utilizado ao longo do Estágio Curricular Supervisionado em cinco consultas de enfermagem, sendo duas de retorno. As consultas foram realizadas utilizando-se como base o roteiro elaborado impresso, iniciando-se pela anamnese, com posterior exame físico e troca da bolsa coletora para análise do ostoma e pele ajdacente. As condutas eram definidas através de conversa acerca das opções disponíveis, discutidas pela acadêmica, enfermeira do setor e o usuário ostomizado. Ao término das consultas, a evolução de enfermagem era realizada no prontuário eletrônico do paciente, seguindo a divisão SOAP (subjetivo, objetivo, avaliação e plano) de acordo com as informações preenchidas e assinaladas no roteiro. Após, o Histórico de Enfermagem preenchido era arquivado em pasta física específica para tal. **Conclusão: **O roteiro estruturado contribuiu para a Sistematização da Assistência de Enfermagem prestada pelo Setor de Ostomizados em questão. Desde sua primeira utilização não foram necessárias alterações, visto que o roteiro contemplou todos os aspectos relevantes ao cuidado da pessoa ostomizada, possibilitando ainda anotações complementares ao final. A realização das consultas de enfermagem sistematizadas permitiu maior contato com os usuários ostomizados, seu acompanhamento, troca de saberes e resolução de complicações, possibilitando a criação de vínculo e garantindo a continuidade no cuidado. **Contribuições/implicações para a Enfermagem:** A proposta de atuação resultou na valorização do papel da enfermeira frente à assistência aos usuários ostomizados, gerando a percepção de todas as atividades possíveis à prática e que contribuem para uma assistência integral a estes usuários. Destaca-se o uso do instrumento como aliado para reorganizar o processo de trabalho e otimizar a assistência de enfermagem prestada.


Referências:
1- Arnold-Garza, S. The flipped classroom teaching model and its use for information literacy instruction. Communications in Information Literacy, 2014; 8(1):7-16. 2- Sebold LF, Prado ML do, Reibnitz, KS, Kempfer SS, Girondi JBR. Metodologias Ativas no Ensino de Enfermagem. In: Neide da Silva Knihs; Juliana Balbinot Reis Girondi; Keyla Cristiane do Nascimento; Maria Lygia dos Reis Belaguarda; Luciara Fabiane Sebold; Ana Graziela Alvarez, Lucia Nazareth Amante. (Org.). Metodologias Ativas no ensino do cuidado de Enfermagem Perioperatória. 1ed.Curitiba: CRV, 2017; 1: 15-36. 3- Kolb, D. (1984). Experiential learning. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice Hall.