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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 8294574

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8294574

RELAÇÃO ENTRE A APLICAÇÃO DO ‘CHECKLIST’ DE CIRURGIA SEGURA E A OCORRÊNCIA DE EVENTOS ADVERSOS: ANÁLISE DOCUMENTAL

Autores:
Milenny Valerie Lopes de Paula ; Pollyana Bortholazzi Gouvea ; Juliana Vieira de Araújo Sandri ; Maria Isabel Fontana ; Adriano da Silva Acosta

Resumo:
**Introdução: **Em 2008, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a campanha ‘Cirurgias Seguras Salvam Vidas’, que pretendia reduzir a ocorrência de danos ao paciente cirúrgico e definir padrões de segurança que poderiam ser aplicados a todos os países membros da OMS. No mesmo ano, dados coletados mostraram o número total de 234 milhões de cirurgias pelo mundo, sendo que cerca de sete milhões de pessoas enfrentaram complicações provenientes de cirurgias1. Ressaltando que a assistência cirúrgica é um importante meio para o cuidado à saúde e, embora os procedimentos cirúrgicos tenham o objetivo de salvar vidas, a ocorrência de eventos adversos pode interferir diretamente na assistência prestada. Neste sentido, com o intuito de amenizar a ocorrência desses eventos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu um _checklist_ composto por 3 etapas que visam assegurar uma melhor assistência, desta forma o _checklist _de segurança cirúrgica passou a ser considerado imprescindível para a redução de eventos adversos uma vez que o mesmo oferece maior segurança nos procedimentos cirúrgicos, além de promover melhor comunicação entre a equipe. Considera-se inadmissível não utilizar todo o conhecimento adquirido com a evolução técnico-científica para prevenir complicações, iatrogenias e eventos adversos. Isso levou a OMS e a Universidade de Harvard a iniciarem a campanha para realização de cirurgias seguras, preparando como modelo um _checklist _composto por três partes: Identificação ou _Sign_ (antes da indução anestésica); Confirmação ou _Timeout_ (antes da incisão da pele – pausa cirúrgica); Registro ou _Sign Out_ (antes do paciente sair da sala cirúrgica)2. Os objetivos da OMS com a campanha Cirurgia Segura incluem diminuir a morbimortalidade de pacientes cirúrgicos, dando, às equipes cirúrgicas e aos administradores hospitalares, orientações sobre a função de cada indivíduo e qual é o padrão de uma cirurgia segura, além de oferecer um instrumento de avaliação uniforme do serviço para vigilância nacional e internacional. As normas a serem seguidas podem ser utilizadas em qualquer parte do mundo e devem ser adaptadas de acordo com a realidade institucional1. **Objetivo: **O presente estudo teve como objetivo analisar a relação entre a aplicação da lista de verificação de segurança cirúrgica (_checklist_ cirurgia segura) e a ocorrência de eventos adversos. **Metodologia: **Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo, exploratório de abordagem quantitativa, realizado por meio de análise documental. A coleta dos dados foi realizada nos prontuários de pacientes submetidos a cirurgias cardíacas de grande porte em um hospital regional filantrópico, referência em alta complexidade no período de um ano (01/01/2016 à 31/12/2016). Considerou-se cirurgias de grande porte em cardiologia: Revascularização do Miocárdio, Troca Valvares, Aneurismas de Aorta Torácica. As variáveis que compuseram este estudo foram construídas de acordo com os itens presentes no _check-list _de cirurgia segura. A análise dos dados se deu por meio de estatística descritiva, utilizando-se frequências relativas e absolutas. Esta pesquisa atendeu todos os aspectos éticos dispostos na resolução CNS 466/2012 e teve parecer positivo do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí (SC) sob o número 2.051.974. **Resultados: **Identificou-se que a maioria dos pacientes eram homens (86%), com idade igual ou superior a 61 anos (55%), (100%) internados pela classificação do CID-10 – CID I 20.0, definida como Angina Instável. Ao analisar o item denominado Identificação, observa-se que a resposta “sim” foi predominante nos subitens identificação do paciente 68% (n=15), verificação de segurança anestésica concluída 64% (n=14), provisão de sangue, representando 45% (n=10). Quando analisado o item de registro na categoria Confirmação, percebe-se predominância nos subitens ‘confirmar apresentação dos membros da equipe’ e ‘medicação profilática’, representando 55% e 59% dos registros respectivamente. Os dados evidenciaram a falta de informações nos prontuários dos pacientes no que tange o preenchimento do _checklist _de cirurgia segura, sendo que informações importantes como ‘eventos críticos previstos, confirmar com cirurgião’ (55%), ‘eventos críticos previstos, confirmar com anestesista’ (59%) e ‘imagens essenciais’ (50%), em sua maioria não foram preenchidos. No último item do checklist, denominado Registro, observa-se que no subitem ‘registro completo do procedimento’ houve uma divisão equânime 50% (n=11) para as respostas sim e não. Para o item ‘conferencia dos instrumentais, compressas e agulhas’, observou-se discreta superioridade de respostas “sim” 55% (n=12), enquanto que os itens ‘amostra anatomopatológico’ 55% (n=12), ‘equipamentos com problema’ 59% (n=13), ‘preocupações da equipe com a recuperação e manejo do paciente’ 77% (n=17), não foram preenchidos em nenhum momento. Quando analisadas as evoluções em busca da ocorrência de eventos adversos, identificou-se que 23% (n=5) não tiveram nenhum registro de evento adverso no período de internação, ao passo que os outros 77% (n=17) apresentaram registros de algum tipo de evento adverso podendo ser da categoria leve, moderado, grave ou mesmo o óbito. Outro fator identificado na análise foi que 23% (n=5) pacientes tiveram mais de 1 evento adverso, sendo que destes, 13% (n=3) evoluíram a óbito. **Conclusão: **A aplicabilidade do _checklist _de cirurgia segura requer do enfermeiro conhecimento para melhor condução e como realizá-los em todas as etapas. É fundamental o envolvimento de toda a equipe multiprofissional durante as checagens, para que todos sigam cada um dos itens da lista de verificação e tenham a consciência que, para o sucesso e eficácia do processo, se faz necessário fazer e não apenas simular que se faz. Para isso, é necessário enfatizar a responsabilidade de cada profissional durante o procedimento anestésico-cirúrgico e a ética pela profissão. Vale ressaltar que a comunicação é essencial para o bom andamento do procedimento e o _checklist _proporciona que isso possa ocorrer da melhor maneira possível. **Considerações/implicações para a enfermagem:** A proposta deste estudo visou a identificação da relação entre a aplicação do ‘_checklist’_ de cirurgia segura e a ocorrência de eventos adversos. A pesquisa possibilitou ampliar o conhecimento sobre o assunto, bem como identificar as fragilidades no processo de preenchimento do _check-list _de cirurgia segura, o que pode interferir na segurança dos pacientes submetidos a qualquer tipo de procedimento no contexto da assistência operatória. Espera-se que essa pesquisa contribua com a comunidade acadêmica e trabalhadores da área, bem como incentive novas pesquisas nesta temática, o que é fundamental para o avanço da ciência e se reflete na prática diária dos profissionais. Acreditamos que a educação permanente e continuada com os profissionais que atuam no centro cirúrgico, implemente o processo de aplicação do _checklist_ , garantindo  ao paciente maior segurança durante os procedimentos cirúrgicos.


Referências:
1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 4.279 de 30 de dezembro de 2010. Brasília: Ministério da Saúde, 2010 [cited 2017 Dez 1]; 25p. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4279_30_12_2010.html 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Brasília: Ministério da Saúde, 2017 [cited 2017 Dez 1]; 38p. Available from: http://www.foa.unesp.br/home/pos/ppgops/portaria-n- 2436.pdf 3. Backes DS, Backes MS, Erdmann AL, Büscher A, Salazar-Maya AM. Significado da prática social do enfermeiro com e a partir do Sistema Único de Saúde brasileiro. Aquichan [Internet]. 2015 [cited 2017 Dez 1];14(4):560-70. Available from: http://aquichan.unisabana.edu.co/index.php/aquichan/article/view/2447/pdf 4. Galavote HS, Zandonade E, Garcia ACP, Freitas PSS, Seidl H, Contarato PC, et al. The nurse´s work in primary health care. Esc Anna Nery Rev Enferm [Internet]. 2016 [cited 2017 Dez 1];20(1):90-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n1/1414-8145-ean-20-01-0090.pdf