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8253769 | INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO COMO ESTRATÉGIA NA IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM. | Autores: Eliane de Fátima Almeida Lima ; Kelryanna Almeida Cruz Nunes ; Cândida Caniçali Primo ; Mirian Fioresi ; Jhonathan Lucas Araujo |
Resumo: Introdução: A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é um método
capaz de organizar e planejar, através de ações sistematizadas, o exercício
profissional do enfermeiro, seja em atividades gerenciais, de ensino ou de
assistência ao paciente (1). O processo é um instrumento metodológico que
orienta o cuidado profissional de enfermagem e a documentação da prática
profissional (2). Para implantação do processo deve-se utilizar um suporte
teórico uma taxonomia de enfermagem. No Brasil o referencial teórico das
Necessidades Humanas Básicas (NHB) de Wanda de Aguiar Horta tem sido utilizado
por várias instituições de saúde devido à ênfase proporcionada pelas
universidades (3). Existem diversas taxonomias ou classificações de
enfermagem, sendo as mais conhecidas, a Classificação de Diagnósticos de
Enfermagem – North American Nursing Diagnoses Association (NANDA-I),
Classificação de Intervenções de Enfermagem – Nursing Intervention
Classification (NIC), Classificação de Resultados de Enfermagem – Nursing
Outcomes Classification (NOC) e integrando diagnóstico, intervenção e
resultado, a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®).
No entanto, a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®)
é a única taxonomia aprovada na Família de Classificações Internacionais da
Organização Mundial de Saúde desde 2008, sendo a terminologia padronizada que
representa a enfermagem em âmbito mundial (5). Objetivo: Descrever a
implantação do processo de enfermagem por meio da integração ensino-serviço.
Método: Foi realizada uma pesquisa-ação coordenada por um enfermeiro mestrando
e membro da equipe da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de um
hospital universitário no Espírito Santo, Brasil. O local de estudo é
considerado um hospital de grande porte, com atendimentos de alta complexidade
vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e referência para várias
especialidades, inclusive maternidade de alto risco e terapia intensiva
neonatal. A UTIN oferece um serviço composto por 25 leitos, sendo 10 de UTIN,
com internação de pacientes críticos, 10 de Unidade de Cuidado Intermediário
Neonatal Convencional (UCINCo) e 5 de Unidade de Cuidado Intermediário
Neonatal Canguru (UCINCa), voltados ao atendimento aos recém-nascidos
prematuros e/ou que possuem alguma enfermidade, que nasceram na maternidade do
próprio hospital, ou transferidos por outros hospitais. Esse serviço possui
uma equipe multiprofissional composta por neonatologistas, pediatras,
residentes em pediatria, residentes em neonatologia, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, auxiliares de enfermagem, psicóloga, fonoaudióloga, assistente
social e terapeuta ocupacional, além dos estudantes da residência
multiprofissional e de enfermagem. Participaram do estudo onze enfermeiros do
serviço, o mestrando e a docente orientadora. Utilizou-se o referencial
teórico de Horta e taxonomia da Classificação Internacional para a Prática de
Enfermagem para organização do processo de enfermagem. A pesquisa aconteceu
nos meses de janeiro a março de 2017. Este projeto seguiu os preceitos éticos,
sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do
Espírito Santo sob CAAE nº. 57930016.0.0000.5060. Resultados: Participaram do
estudo 11 enfermeiros com média de idade de 30,9 anos. Dentre esses, 10 eram
do sexo feminino e um masculino. Quanto a formação profissional, uma
enfermeira possuía mestrado e uma graduação, os demais cursaram especialização
em neonatologia ou terapia intensiva. Foram realizados quatro encontros com
duração de duas horas cada, com média de participação de sete enfermeiros por
encontro. Nos seminários foram discutidos a legislação brasileira que norteia
a execução do processo de enfermagem (Lei nº 7498/1986, Resolução COFEN nº
358/2009), explicitando o referencial teórico de Wanda de Aguiar Horta (HORTA,
1979) e como o conhecimento sobre tal influencia na tomada de decisões do
enfermeiro. Foi discutida, exemplificada e demonstrada a aplicação da
taxonomia da CIPE® no processo de enfermagem. Foram discutidos os diagnósticos
de enfermagem utilizados em UTIN, com base na literatura, em estudos de casos
elaborados pelo pesquisador a partir de NHB e na experiência clínica dos
enfermeiros. Os diagnósticos foram incluídos no instrumento e seus respectivos
indicadores clínicos ligados ao histórico de enfermagem. Debateu-se as
intervenções de enfermagem adequadas para recém-nascidos em UTIN. A reflexão
entre participantes e pesquisador evidenciou cuidados de enfermagem
relacionados ao recém-nascido internado na UTIN, baseados na taxonomia da
CIPE® e na literatura científica da área enfermagem neonatal. O produto
emergente destes seminários foi uma lista de intervenções de enfermagem
propostas para cada diagnóstico. Após essa discussão, o grupo trabalhou na
reformulação dos instrumentos de histórico, diagnóstico e intervenções de
enfermagem, contendo 36 diagnósticos e 160 intervenções de enfermagem
validados por consenso pelos enfermeiros. Contribuições para a Enfermagem: A
elaboração e validação em grupo, integrando ensino –serviço e de forma
dialogada e participativa, foi capaz de tornar os instrumentos de coleta de
dados, diagnósticos e intervenções de enfermagem representativos da realidade
institucional e dar significado às informações contidas nos mesmos,
encorajando os enfermeiros na execução do processo de enfermagem enquanto
atividade que dá significado à profissão, autonomia e empoderamento. Cabe
ressaltar que o enfermeiro enquanto líder da equipe precisa entender a
importância da integração ensino-serviço, acreditar no potencial que essa
integração tem de contribuir na educação permanente do pessoal de enfermagem
como ferramenta potencializadora do planejamento em saúde. Ainda a integração
ensino-serviço possibilita o uso de estratégias participativas de capacitação,
que são facilitadoras dos processos educacionais e que resulta na construção
de conhecimento profissional que é capaz de potencializar a força de trabalho.
Referências: Coluci MZO, Alexandre NMC. Construção de instrumentos de medida na área da saúde. Revista Ciência e Saúde Coletiva. 2015; 20(3): 925-36.
Benedet SA, Bub MBC. Manual de diagnóstico de enfermagem: uma abordagem baseada na teoria das necessidades humanas básicas e na classificação diagnóstica da NANDA. Florianópolis: Bernúncia; 2. ed. rev. e ampl. 2001. 209 p.
Bulechek GM, Butcher HK, Dochterman J. Classificação das intervenções de enfermagem (NIC). 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016. 640 p.
Carvalho EC, Oliveira-Kumakura ARS, Morais SCRV. Raciocínio clínico em enfermagem: estratégias de ensino e instrumentos de avaliação. Rev. Bras. Enferm. 2017; 70(3): 690-96. Herdman, TH; Kamitsuru, S. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017/ [NANDA Internacional]. Porto Alegre: Artmed; 2015. 488 p. |