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8233631 | LEVANTAMENTO DO PERFIL DE SAÚDE DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM: UMA ESTRATEGIA PARA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA | Autores: Felipa Rafaela Amadigi ; Juliana dos Santos ; Suzana dos Santos da Rosa ; Rosani Ramos Machado |
Resumo: Introdução: No âmbito institucional, a identificação do perfil de saúde dos
acadêmicos é ação fundamental, pois possibilita aos gestores dos cursos de
graduação a identificação das necessidades discentes. A identificação do
perfil de saúde do aluno de enfermagem pode subsidiar a elaboração de
políticas públicas que atendam as reais demandas, bem como a elaboração de
ações e projetos voltados a melhoria da qualidade de vida da comunidade
discente. O presente estudo é parte da pesquisa intitulada “Integração ensino-
serviço: em discussão as políticas indutoras da reorientação em saúde”,
realizada pelo PETGraduaSUS/Enfermagem/UFSC. Objetivo: O presente estudo tem
como objetivo a identificação do perfil de saúde dos acadêmicos do curso de
Enfermagem de uma Universidade pública Federal. Nesse sentido, foram
analisadas as variáveis: idade, sexo, índice de massa corpórea (IMC), tipo de
alimentação, número de refeições diárias, horas diárias de sono, prática de
atividade física, presença de doenças preexistentes, uso de preservativo nas
relações sexuais, a ocorrência de infecções sexualmente transmissíveis, a
prática de automedicação e uso de drogas (lícitas e ilícitas). Metodologia:
Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória. Os dados foram coletados
por meio de questionário com questões abertas e fechadas entre os anos de 2017
e 2018. Participaram da pesquisa 177 alunos distribuídos do primeiro ao nono
semestre do curso de graduação em enfermagem. Os estudantes foram abordados
em sala de aula e convidados a participar da pesquisa de forma voluntária,
sendo antecipadamente esclarecidos sobre os objetivos da mesma. Foi
disponibilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias,
sendo que uma ficou com o participante e a outra foi devolvida devidamente
assinada junto com os questionários. Os dados foram tabulados e analisados
estatisticamente com o auxílio do programa Microsoft Excel. A pesquisa foi
submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos,
inscrita sob o número CAAE: 65655716.3.0000.0121. Resultados: Ao analisar o
perfil discente, foi possível identificar que 89,3% dos estudantes são do sexo
feminino, confirmando uma tendência histórica na profissão. Estudos apontam
que o fato de ter maioria feminina, está relacionado a natureza do trabalho
(ação de cuidado), concebida historicamente como feminina e produto das
“qualidades naturais” das mulheres, que fornece atributos e coerência ao seu
exercício no espaço formal das relações de trabalho na saúde(1). 71%
apresentam IMC adequado, 19,2% apresentam sobrepeso, 4,8% obesidade e 4,8%
baixo peso (segundo referenciais da Organização Mundial da Saúde). 49,7% não
praticam nenhuma atividade física. No que diz respeito à alimentação, 79,4%
consomem de 3 a 5 refeições diárias, 10,8% consomem apenas três refeições por
dia, 9,7% consomem mais de cinco refeições diárias. A entrada na Universidade
é uma etapa marcada por intensas mudanças na vida do estudante, representando,
para muitos, o momento em que terá que responsabilizar-se por vários aspectos
do seu dia a dia como: alimentação e hábitos de vida. Dessa forma, vários
fatores podem influenciar o comportamento alimentar, resultando em práticas
que podem gerar riscos à saúde (2). Ao alto percentual de alunos que não
praticam atividade física, pode-se atribuir ao comportamento sedentário a
falta de tempo, falta de motivação e de apoio social, além da distância entre
os domicílios e espaços destinados a realização de exercícios (3). Em relação
ao sono, 84,7% dormem menos de 7 horas por dia e 71,1% relataram que a
quantidade diária de horas de sono não é o suficiente para o descanso. A falta
de horas de sono é também um fator importante na saúde desses jovens,
comprometendo a atenção, a memória, a capacidade de resolução de problemas e,
principalmente, o desempenho acadêmico(4). Além de interferir no
desenvolvimento educacional, na motivação, no interesse e na própria formação
profissional (5). Ao buscar informações relacionadas à condição de saúde,
identificou-se que 20,8% apresentam alguma doença preexistente (25% são
asmáticos, 6% apresentam hipotireoidismo, 6% tem rinite). 96,7% referem que
não fumam e 63,2% assumem fazer uso de álcool. Um dado que inspira atenção
está relacionado ao fato de 40,3% dos respondentes assumirem que já utilizaram
alguma droga ilícita (com predomínio de maconha, seguida pelo ecstasy e lança
perfume). Sobre os hábitos de proteção nas relações sexuais, 57,6% utilizam
preservativo em todas as relações sexuais, 22,7% apenas eventualmente e 18,4%
não utilizam. Sobre as infecções sexualmente transmissíveis, 5,9% já tiveram
alguma IST sendo a mais prevalente o HPV com 88.8%. Os acadêmicos relatam
ainda que realizam automedicação (71,1%). As doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) segundo a World Health Organization (2011) tem como
fatores de risco alguns dos aspectos apresentados neste estudo: vida
sedentária, alimentação inadequada, consumo de tabaco e álcool, demonstrando
que essa população está propensa ao aparecimento de DCNT no futuro.
Considerações finais: Mesmo o curso de enfermagem pertencendo à área da saúde,
e os estudantes trabalharem cotidianamente com temas relacionados ao bem estar
físico e mental, percebe-se de modo geral a não adoção de hábitos de vida
saudáveis. O conhecimento do perfil de saúde possibilitará a elaboração de
ações que visam à promoção à saúde dos estudantes para melhor vivenciar o
processo de formação profissional. Contribuições/implicações para a
Enfermagem: O estudo tem a importância e a preocupação de investigar as
condições que interferem no bem estar e fatores associados à qualidade de vida
dos acadêmicos do curso de graduação em enfermagem. Tem como potencial o
desencadeamento de reflexão e possível mudança de hábito, o que, certamente
refletirá na vida profissional.
Referências: 1 Araújo RMA, Almeida JAG. Aleitamento materno: o desafio de compreender a vivência. Rev Nutr. 2007; 20(4):431-8
2 BRASIL, MS. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica. Saúde da Criança. Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. 2ª edição. Cadernos de Atenção Básica, no 23. Brasília.2015.
3 CARVALHAES, M.A.B.L; CORREA, C.R.H. Identificação de dificuldades no início do aleitamento materno mediante aplicação de protocolo. Jornal de Pediatria - Vol. 79, Nº1, 2003 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jped/v79n1/v79n1a05.pdf Acesso em: 10/05/2017
4 Herdman,TH. organizadora. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017. Porto Alegre: Artmed; 2015.
5 Docheterman, J. M. & Bulechek, G. M. Classificação das Intervenções de
Enfermagem (NIC). (6ª ed.). Porto Alegre: Artmed; 2016. |