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8147895 | PROTOCOLO DE FLUXO DE CUIDADO DOMICILIAR PARA A CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS DE SAÚDE NO PARANÁ | Autores: Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso ; Júlia Reis Conterno ; Vanessa Rosseto ; Rosa Maria Rodrigues |
Resumo: **Introdução:** Os avanços tecnológicos e a qualificação dos profissionais de saúde, nas últimas décadas, refletiram na transição epidemiológica da infância, com diminuição da mortalidade infantil. Em contraponto, houve crescimento das condições crônicas na infância, evidenciando-se Crianças com Necessidades Especiais de Saúde (CRIANES). Estas demandam cuidados diferenciados, que variam entre reabilitação psicomotora e social, dispositivos e tecnologias, fármacos e cuidados diferenciados - para alimentar-se, higienizar-se e vestir-se. Frente a este cenário, emerge a necessidade de mudanças na atenção à saúde e, neste contexto, a Atenção Domiciliar (AD) pode ser considerada uma das respostas do sistema para atender às demandas presentes nas condições crônicas. **Objetivos:** Conhecer e descrever o cuidado prestado às CRIANES nos serviços paranaenses de AD e propor protocolo de fluxo de cuidado domiciliar, específico para estas crianças. **Descrição Metodológica:** Pesquisa quantitativa, do tipo estudo de casos múltiplos, descritiva e exploratória. A coleta de dados foi realizada por meio de aplicação de instrumento desenvolvido para a pesquisa, aos profissionais de todos os Serviços de Atenção Domiciliar (SAD) do Paraná, por telefone e correio eletrônico, no período de outubro de 2016 a janeiro de 2017. A análise dos dados foi estatística descritiva. Para tanto os dados obtidos na coleta de dados foram categorizados de acordo com o indicado1 para elaboração de protocolos de organização de serviços e, em seguida, analisados utilizando como instrumento o método SWOT (Strengths, Weaknesses, Oppotunities e Threats). Posteriormente, os pontos elencados foram organizados de acordo com o Plano de Ação 5W2H, para, na última etapa, os resultados serem representados graficamente em formato de fluxograma. identificação do serviço; documentação de criação do serviço; identificação do profissional participante; quantitativo de crianças atendidas; idade das crianças atendidas; diagnósticos das crianças; dinâmica das visitas domiciliares e atividades realizadas; estrutura física e de recursos humanos, organização do cuidado oferecido e estratégias utilizadas para o cuidado específico das crianças. As etapas de elaboração de protocolos de organização de serviços abordadas, compreendem as seguintes categorias: organização do trabalho em uma unidade e no território; fluxos administrativos contidos na proposta dos serviços em rede; processos de avaliação; e constituição do sistema de informação, estabelecendo as interfaces entre as diversas unidades, entre os níveis de atenção e com outras instituições sociais1. A análise SWOT (sigla em inglês, que em português significa, forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) consiste em uma ferramenta que fornece subsídios para a gestão e o planejamento das organizações2. A terceira ferramenta utilizada, o Plano de Ação 5W2H, consiste na elaboração de um plano estruturado para a execução e controle de tarefas atribuindo as responsabilidades, o método para execução, o motivo, os custos e os prazos para conclusão. Seu desenvolvimento consiste nas respostas de algumas questões: _what_ (o que será feito?), _who_ (quem o fará?) _when_ (quando será feito?), _where_ (onde será feito?), _why_ (por que será feito?), _how_ (como será feito?), e _how much_ (quanto custará a ação?), a fim de definir como serão desenvolvidas as ações para a conquista dos objetivos 3.Ao fim, os resultados foram representados graficamente por fluxograma. A representação gráfica de um protocolo por fluxograma, com algoritmos, permite qualificar a representação e facilitar sua compreensão por parte dos profissionais que o irão utilizar1. **Resultados:** O estado do Paraná tem SAD credenciados em oito municípios, atualmente, são eles, Cambé, Cascavel, Curitiba, Guarapuava, Londrina, Santa Terezinha de Itaipú, Paranavaí e Palotina. Dentre as 35 crianças atendidas por esses serviços, 50% dos diagnósticos correspondem a causas perinatais. As necessidades especiais de saúde destas crianças tornam-nas dependentes de alguns cuidados especiais, de modo que 91% delas são dependentes de alguma tecnologia. A maioria dessas crianças utilizam traqueostomia (60%) e/ou gastrostomia (57,1%). Para 11 (31,4%) delas faz-se necessário o uso de oxigenoterapia, em 10 (28,6%) é realizado aspiração de vias aéreas, seis (17,1%) utilizam a ventilação mecânica, para cinco (14,3%) foi citada a reabilitação, e para outros cinco (14,3%) a dependência de fármacos, para quatro (11,4%) o uso de fraldas, três (8,6%) utilizam sonda nasoenteral, três (8,6%) usam complementos alimentares, três (8,6%) necessitam de cuidados especiais¸ e uma (2,9%) possui cateter totalmente implantado. Com base nos diagnósticos e nas necessidades especiais de saúde das crianças citadas na pesquisa, pode-se classificá-las em AD2 e AD3 4. Dentre elas, 29 (82,9%) são classificadas como AD2, por apresentarem afecções agudas ou condições crônicas (com potencial para agudização), que demandam cuidados intensificados e sequenciais (como tratamentos parenterais, inclusive com cateter totalmente implantado, e reabilitação), afecções crônico-degenerativas, necessidade de cuidados paliativos, e sequelas da prematuridade, além de utilizarem traqueostomia, gastrostomia, oxigenoterapia, aspiração de vias aéreas, ou sonda nasoenteral, entre outros cuidados. Já seis (17,1%) delas, por necessitarem de cuidado multiprofissional mais frequente, devido ao uso de ventilação mecânica são classificadas como AD3. Destacou-se como pontos importantes para o cuidado às crianças na AD2: alta hospitalar programada, encaminhamento organizado para o serviço de atenção domiciliar, avaliação de elegibilidade efetiva, preparo adequado do cuidador, transporte sanitário organizado, roteiro sistematizado para admissão, projeto terapêutico singular, cuidado compartilhado com a atenção primária, acompanhamento sistematizado, orientação via telefone organizada, prontuário eletrônico e interligado, e fluxo específico na rede de urgência e emergência. As fragilidades encontradas relacionam-se principalmente à baixa utilização do projeto terapêutico e da contrarreferência à atenção primária. O método empregado permitiu avaliar criteriosamente cada ponto envolvido e assim, desenvolver um plano de ação e fluxograma que neutralize as fraquezas e ameaças e potencialize as forças e oportunidades. **Conclusão:** Conhecer os serviços paranaenses de atenção domiciliar e as CRIANES atendidas por eles, bem como suas demandas e a forma como estes serviços se organizam para atendê-las permitiu identificar as potencialidades e fragilidades no processo de trabalho. A partir disso, e com apoio da literatura, tornou-se possível a elaboração do protocolo de fluxo de cuidado específico para o acompanhamento de CRIANES em AD2, atingindo assim, os objetivos da pesquisa e confirmando o pressuposto, de que a organização do cuidado, específico às crianças com necessidades especiais de saúde, ainda não estava definida e/ou implantada nos SAD paranaenses. **Contribuições para a enfermagem: **Muitas práticas de sucesso são desenvolvidas, porém isoladamente nos municípios. Dessa forma, divulgando as experiências positivas, este estudo fomenta reflexão e aprimoramento do processo de trabalho e o desenvolvimento do protocolo oferece subsídios para dar robustez ao atendimento de crianças com necessidades especiais de saúde na atenção domiciliar.
Referências: 1. Prado LM, Velho MB, Espíndola DS, Sobrinho SH, Backes VMS. Arco de charles maguerez: refletindo estratégias de metodologia ativa na formação de profissionais de saúde. Esc Anna Nery (impr.). 2012 jan-mar; 16 (1): p.172-177.
2. Schaurich D, Cabral FB, Almeida MA. Metodologia da problematização no ensino em enfermagem: uma reflexão do vivido no profae / rs. Esc Anna Nery R Enferm. 2007 jun; 11 (2): 318 – 24.
3. Borille DC, Brusamarello T, Paes MR, Mazza, VA, Lacerda MR, Maftum MA. A aplicação do método do arco da problematização na coleta de dados em pesquisa de enfermagem: relato de experiência. Texto Contexto Enferm. 2012 Jan-Mar; 21(1): 209-16.
4. Albuquerque VS, Gomes AP, Rezende CHA, Sampaio MXS, Dias OV, Lugarinho RM. A integração ensino-serviço no contexto dos processos de mudança na formação superior dos profissionais da saúde. Rev Bras de Educ Medi. 2008; 32 (3): 356-362.
5. Projeto pedagógico do curso de enfermagem, Ufma – Campus de Pinheiro. 2014. |