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8120814 | DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM EM PACIENTES PÓS ANGIOPLASTIA CORONÁRIA TRANSLUMINAL PERCUTÂNEA EM UM SERVIÇO DE HEMODINÂMICA | Autores: Eliane Raquel Rieth Benetti ; Chrystian Fogaça Antunes ; Margrid Beuter ; Eniva Miladi Fernandes Stumm |
Resumo: **Introdução: **As Doenças Cardiovasculares (DCV) ao longo das últimas décadas têm figurado dentre as principais causas de morte em ambos os sexos, totalizando 20% do total de mortes em indivíduos acima dos 30 anos no Brasil. São morbidades crônicas e silenciosas, responsáveis também por altos custos hospitalares com internações e intervenções1. Dentre as DCVs, a Doença Arterial Coronariana (DAC) constitui uma classe específica, que quando instalada, um dos métodos terapêuticos mais utilizados é a Intervenção Coronariana Percutânea (ICP), também conhecida como Angioplastia Coronária Transluminal Percutânea (ACTP). O pós-procedimento da ACTP caracteriza-se por um período crítico e delicado, com potencial surgimento de complicações pulmonares, digestivas, neurológicas, renais, vasculares, cardíacas e infecciosas. Uma das principais complicações documentadas diz respeito ao hematoma próximo ao sítio de punção, relacionado à problemas de coagulação ou má compressão da artéria puncionada2. No âmbito da cardiologia intervencionista, a enfermagem desempenha um papel fundamental na assistência ao paciente submetido à ACTP. A complexidade do procedimento aliada ao avanço tecnológico dos serviços de Hemodinâmica e dos materiais utilizados aponta para a necessidade de intervenções de enfermagem individualizadas, bem como a qualificação da equipe de enfermagem para que o cuidado prestado seja qualitativo e seguro. Os cuidados prestados pela enfermagem tem de ser fundamentados na avaliação do estado de saúde do indivíduo e organizados sistematicamente, o que pode ser proporcionado pelo Processo de Enfermagem. Nessa conjuntura, os Diagnósticos de Enfermagem (DE) são capazes de contribuir solidamente na identificação das respostas dos pacientes frente às DCV, principalmente em situações que são submetidos à ACTP. Além disso, o conhecimento dos DE mais frequentes em uma unidade intervencionista é capaz de orientar o planejamento da assistência de enfermagem, bem como oferecer subsídios para reformulação de rotinas assistenciais, _check-lists_ e sistemas informatizados. Entende-se que a identificação dos DE pode contribui para nortear, organizar e fundamentar as intervenções dos enfermeiros no cuidado aos pacientes com DCV, submetidos à ACTP. Ademais, estudos dobre DE são primordiais, por esse tema ainda representar um desafio, pois necessita de planejamento e capacitação dos enfermeiros para assistir as populações específicas. **Objetivo:** Identificar os DE em pacientes submetidos à Angioplastia Coronária Transluminal Percutânea em um serviço de hemodinâmica do interior do Rio Grande do Sul. **Descrição Metodológica: **Trata-se de um estudo documental, retrospectivo, descritivo de abordagem quantitativa, realizado em Serviço de Hemodinâmica de um Hospital Privado do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: prontuários correspondentes ao período de abril de 2015 e março de 2016 de pacientes que realizaram ACTP e que foram admitidos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital após o procedimento. Os critérios de exclusão foram os prontuários incompletos por não atenderem a todas as informações necessárias para o estudo. A coleta de dados deu-se diretamente nos prontuários na base de dados informatizada, buscando registros de pacientes submetidos a procedimentos de angioplastia coronariana no serviço de hemodinâmica. A coleta e registro dos dados foi desenvolvida por meio de um formulário com variáveis sociodemográficas e clínicas, bem como com os Diagnósticos de Enfermagem de acordo com a taxonomia da NANDA-I. Os dados foram armazenados e organizados em uma planilha eletrônica, no programa _Excel for Windows_ (MICROSOFT, 2007). A estatística descritiva foi empregada para análise das variáveis qualitativas, expressas em frequências simples e relativas (%). Todos os preceitos éticos da Resolução 466/12 foram respeitados e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer nº 1.791.349. **Resultados:** Foram incluídos no estudo 92 pacientes submetidos a ACTP entre 08 de abril de 2015 e 01 de abril de 2016, os quais internaram em UTI após o procedimento. Dentre os participantes, 54,3% eram do sexo masculino; 75,9% idosos; 69,5% eram hipertensos; 30% já haviam sido submetidos à ACTP. Com relação ao sítio de punção escolhido pelo hemodinamicista, 88% dos pacientes foram puncionados na artéria radial. Quanto os DE, foram identificados um total de 297 diagnósticos nos pacientes incluídos no estudo. Dos 92 pacientes que realizaram ACTP, 11 não tiveram os diagnósticos identificados pelos enfermeiros, para tanto, obtém-se uma média de 3,6 DE por paciente. O DE mais frequentes foram Risco de Sangramento, Risco de choque e Integridade da pele prejudicada. Verificou-se que os DE identificados incluem-se na categoria diagnósticos de risco e diagnósticos com foco no problema. Quando verificados os domínios de cada DE, observou-se que os 297 DE integravam os seguintes domínios, em ordem decrescente: Eliminação e troca = Segurança/Proteção > Percepção/Cognição > Nutrição > Atividade/Repouso = Enfrentamento/tolerância ao estresse = Conforto. Destaca-se que em 11 pacientes (11,95%) os DE não foram identificados, o que demonstra necessidade de estudos e instrumentalizações dos enfermeiros. Esses resultados permitem inferir, que em diferentes serviços de saúde, verifica-se a necessidade de maior difusão, instrumentalização e implementação dos DE na prática assistencial, conforme preconizado pelo COFEN. O DE "Risco de sangramento" foi identificado a 68,5% dos pacientes submetidos a ACTP, sendo o mais utilizado pelos enfermeiros para direcionar os resultados esperados e as intervenções para alcançá-los. A principal relação desse DE está relacionada ao sítio de punção arterial e ao uso de anticoagulantes durante o procedimento, por isso configura-se como uma das possíveis complicações da ACTP, que aumenta o risco de eventos isquêmicos. Esses DE revelaram as áreas que merecem maior atenção no planejamento da assistência de enfermagem do paciente pós angioplastia. **Conclusões:** o estudo permitiu a identificação do DE em pacientes submetidos a ACTP, sendo evidenciado dois principais diagnósticos de enfermagem amplamente atribuídos aos pacientes pós-angioplastia internados em UTI: Risco de sangramento e de débito cardíaco diminuído. Cada DE identificado representa a individualidade de cada paciente e por isso merece atenção e determinação de intervenções de enfermagem por parte do enfermeiro. Os resultados apontam lacunas existentes na prática assistencial, que podem ser supridas com instrumentalização da equipe de enfermagem para aprimorar o uso das terminologias adequadas. Assim, elucida-se a importância deste estudo, que fez um diagnóstico inicial dos DE utilizadas para pacientes pós ACTP em um serviço recente e retrata as diversas possibilidades para qualificação da assistência. **Contribuições/implicações para a enfermagem:** Apesar das limitações do estudo, ele pode contribuir para nortear, organizar e fundamentar programas de educação acerca do conhecimento do enfermeiro sobre os DE, de forma a estimular o julgamento clínico e o raciocínio crítico, e consequentemente qualificar a assistência de enfermagem. Além disso, infere-se que quanto maior a familiaridade do enfermeiro com as taxonomias dos DE, maior será sua expertise, agilidade e acurácia em diagnosticar, promovendo assim maior visibilidade para a profissão. Estudos que tenham por objeto de pesquisa os DE são fundamentais para contribuir para a construção do conhecimento sobre a temática e para o desenvolvimento da enfermagem como ciência.
Referências: 1. Carneiro FA, Ramos GCF, Barbosa ATF et al. Quedas em idosos não institucionalizados no norte de Minas Gerais: prevalência e fatores associados. Rev. Bras. Geriatr. Geron, Rio de Janeiro, 2016; 19(4):613-625.
2. Bertolucci PHF, Brucki SMD, Campacci SR et al. O mini exame do estado mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arquivos de Neuro-psiquiatria, São Paulo, 1994; 52(1):1-7.
3. Ribeiro LHM, Neri AL. Exercícios físicos, força muscular e atividades de vida diária em mulheres idosas. Ciênc. saúde coletiva, 2012; 17(8):2169-80.
4. Nakano MM. Versão Brasileira da Short Physical Performance Battery – SPPB: Adaptação Cultural e Estudo da Confiabilidade. 2007. 181 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Educação, 2007.
5. Fried LP, Tangen CM, Walston J et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci, Washington, 2001; 56(3):146-56. |