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8075066 | CLASSIFICAÇÃO DE PACIENTES CIRÚRGICOS SEGUNDO ESCALA DE AVALIAÇÃO DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DE LESÕES DECORRENTES DO POSICIONAMENTO CIRÚRGICO | Autores: Márcia Marques dos Santos Felix ; Maria Helena Barbosa ; Camila de Assunção Peixoto ; Patrícia da Silva Pires ; Maria Beatriz Guimarães Ferreira |
Resumo: **Introdução:** o risco para lesão relacionada ao posicionamento cirúrgico é um diagnóstico de enfermagem frequente no centro cirúrgico, podendo ser observado em até 100% dos pacientes, dependendo da cirurgia(1). Entretanto, apesar dos avanços tecnológicos, as lesões por pressão, decorrentes do posicionamento cirúrgico, ainda permanecem como um dos desafios para a prática clínica da enfermagem perioperatória, uma vez que possuem etiologia multifatorial e há dificuldades para a avaliação de seu risco em pacientes cirúrgicos, o que muitas vezes, compromete a adoção de medidas adequadas de proteção para esses pacientes(2-3). Além da Escala de Braden, utilizada amplamente na prática clínica do enfermeiro, existem escalas específicas para avaliação de fatores de risco no intraoperatório, tais como a Escala de avaliação de risco de úlcera por pressão para pacientes perioperatórios de Munro, a ferramenta de classificação de risco Scott Triggers e a Escala de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico (ELPO)(4-5). A ELPO foi validada recentemente mediante a necessidade de identificar riscos para elaboração de plano de cuidado individualizado que garanta uma assistência perioperatória segura e de qualidade. Possui escore que varia entre 7 e 35 pontos, de modo que quanto maior o escore, maior o risco de o paciente desenvolver lesões por pressão, decorrentes do posicionamento. Estudo recente evidenciou que a cada ponto a mais em que o paciente é classificado na ELPO, aumenta em 44% a probabilidade de desenvolver esse tipo de lesão(5). **Objetivos**: avaliar e classificar os pacientes segundo escore da ELPO, verificar se há associação entre variáveis sociodemográficas, clínicas e o escore de risco segundo ELPO e identificar a ocorrência de lesões por pressão, decorrentes do posicionamento cirúrgico. **Método**: estudo observacional, prospectivo, quantitativo realizado no centro cirúrgico de um hospital de ensino. Foram incluídos pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, submetidos à cirurgia eletiva. E excluídos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca devido à hipotermia intencional durante o procedimento cirúrgico e com diagnóstico de enfermagem Mobilidade Física Prejudicada por comprometer a aferição do peso e altura no pré-operatório imediato, perfazendo um total (n) de 278 pacientes. Para coleta de dados utilizou-se um instrumento que contemplava variáveis sociodemográficas (idade, sexo e cor), clínicas (comorbidades, hemoglobina, peso, altura e IMC) e relacionadas ao procedimento anestésico-cirúrgico (ASA, cirurgia, tipo de anestesia, posicionamento cirúrgico e hipotermia) e a ELPO. A coleta de dados ocorreu entre fevereiro e maio de 2017, em três momentos, a saber: pré-operatório imediato (variáveis sociodemográficas e clínicas); intraoperatório (aplicação da ELPO e coleta das variáveis relacionadas ao procedimento anestésico-cirúrgico); pós-operatório imediato (avaliação da ocorrência de lesão por pressão decorrente do posicionamento cirúrgico). Utilizou-se análise descritiva (frequências absolutas e percentuais) para as variáveis categóricas e medidas descritivas de centralidade (média e mediana) e variabilidade (amplitudes e desvio padrão) para as quantitativas. Para verificar a associação das variáveis sociodemográficas, clínicas e relacionadas ao procedimento anestésico-cirúrgico e o risco segundo ELPO, utilizou-se análise bivariada, a qual incluiu medidas de associação em tabelas de contingência seguido da regressão logística. O nível de significância considerado foi de 5%. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, sob Parecer nº 1.916.567 e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. **Resultados**: a maioria dos participantes era do sexo feminino (175; 62,9%), brancos (162; 58,3%) e adultos (203; 73%), com idade média de 48,7 anos, mínimo de 18 e máximo de 90 anos. Em relação às variáveis clínicas, 140 (50,4%) pacientes apresentaram comorbidades, sendo mais prevalente Hipertensão Arterial (48; 17,3%), 209 (75,2%) apresentaram valores normais de hemoglobina, grande parte era eutrófico (101; 36,3%), 71 apresentaram sobrepeso (25,5%) e 62 (22,3%) obesidade. O IMC médio foi de 27,7 (s=5,9), mínimo de 17,3 e máximo de 49,1. Quanto às variáveis relacionadas ao procedimento anestésico-cirúrgico a maioria dos pacientes foi classificada segundo a American Society of Anesthesiology em risco cirúrgico II (158; 56,8%) e tiveram hipotermia intraoperatória (229; 82,4%). A maioria das cirurgias realizadas foi do Aparelho Digestivo (77; 27,7%) e duraram de 1 a 2 horas (103; 37,1%). A anestesia regional (119; 42,8%) foi a mais utilizada. As posições mais adotadas foram a Trendelemburg (120; 43,2%) e abertura dos membros superiores < 90°. A mesa de operação padrão de espuma com coxins feitos de campo de algodão foi a superfície de suporte mais utilizada (251; 90,3%). Quanto ao risco para desenvolvimento de lesões perioperatórias por posicionamento, segundo a ELPO, a maioria dos pacientes (157; 56,5%) apresentou risco elevado para desenvolvimento de lesões (ELPO =20). O escore médio da ELPO foi de 20,09 pontos (DP = 3,63), com mínimo de 13 e máximo de 29. Ao verificar a associação entre as variáveis sociodemográficas (sexo, grupo etário e cor) e clínicas (IMC, hipotermia e hemoglobina) e o escore de risco ELPO dos pacientes submetidos a cirurgias eletivas, evidenciou-se que sexo feminino, idosos e IMC alterado apresentaram maior risco de desenvolver lesão por pressão decorrente do posicionamento cirúrgico, com diferenças estatisticamente significativas. Em relação à ocorrência de lesão por pressão decorrente do posicionamento cirúrgico observou-se que 214 (77%) dos pacientes apresentaram esse tipo de lesão, sendo a maioria em estágio um. **Conclusão**: a maioria dos pacientes apresentou risco alto para ocorrência de lesão perioperatória por posicionamento e também se observou uma alta incidência dessas lesões no pós-operatório imediato. Além dos fatores de risco presentes na ELPO, as variáveis sexo feminino, idoso e IMC alterado foram fatores significativos para maior risco dessas lesões. A ELPO possibilita identificar o risco de lesão precocemente, subsidiando a adoção de estratégias preventivas para assegurar a qualidade do cuidado perioperatório. **Contribuições para a Enfermagem**: esta pesquisa contribui para a construção do conhecimento sobre a prática do enfermeiro no cuidado ao paciente no perioperatório de cirurgia eletiva, pois identifica os fatores associados ao maior risco de desenvolvimento de lesão por pressão decorrente do posicionamento cirúrgico. Inserir os enfermeiros em processos de melhoria da assistência é essencial, uma vez que eles desempenham um papel fundamental no contexto da prevenção de complicações decorrentes do período perioperatório. A aplicabilidade da ELPO configura-se como um instrumento gerencial para a prática clínica do enfermeiro, tendo como resultado a melhoria da qualidade da assistência, a segurança do paciente, o processo de tomada de decisão do enfermeiro pautado em evidências e a redução de lesões por pressão, decorrentes do posicionamento cirúrgico.
Referências: 1-Morin E. Os sete saberes necessários à educação do futuro / Edgar Morin ; 2. ed. São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : UNESCO, 2000.
2- Silveira MFA, Felix, LG, Araújo DV, Silva IC. Acolhimento no Programa Saúde da Família: Um caminho para humanização da atenção à saúde. Cogitare enfermagem 9 (1): 71-78, jan.-jun. 2004.
3- Landerdahl CM, Cabral BF, Ressel BL, Goncalves OM, Martins BF. A percepção de mulheres sobre atenção pré-natal em uma unidade básica de saúde. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem11(1):105-11;2007.
4- Deslandes SF. Humanização dos cuidados em saúde: conceitos, dilemas e práticas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2006. |