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7899269 | EDUCAÇÃO PERMANENTE: ESTRATÉGIA NO MANEJO DOS CONFLITOS VIVIDOS PELA EQUIPE MULTIDISPLINAR – REVISÃO INTEGRATIVA | Autores: Marcos Eduardo Pereira de Lima ; Viviane Lins Araújo de Almeida ; Lucas Marvila ; Daniel Laprovita ; Elaine Antunes Cortez |
Resumo: **Introdução:** A trajetória da saúde mental no Brasil é pautada pela mobilização e lutas dos trabalhadores e familiares de usuários dos serviços de saúde mental, e apesar da mudança dos dispositivos para acompanhamento destas pessoas desde a década de 80, é em 1989 que surge a proposta de regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no país, através do Projeto de Lei do deputado Paulo Delgado(1). A complexidade do contexto laboral no âmbito de saúde mental perpassa pelo déficit de infra-estrutura e as dificuldades pessoais enfrentadas por profissionais que compõem a equipe de saúde mental, nos levando a refletir sobre a formação e os processos educacionais dos profissionais de saúde, bem como, discutir a implementação da Política Nacional de Educação Permanente (PNEP), que se apresenta como proposta ético – político - pedagógica que objetiva transformar e qualificar a atenção à saúde, os processos formativos, as práticas de educação em saúde, além de incentivar a organização das ações e dos serviços em uma perspectiva intersetorial(2). Instrumentalizando os trabalhadores a novas posturas para uma melhor assistência à saúde(3). A implementação da Educação Permanente (EP) pauta pelo protagonismo dos profissionais dentro de suas práxis, tirando-os da zona de conforto, fazendo com que deixem a passividade e conformismo de lado, possibilitando a transformação da sua prática, a valorização deste trabalhador, o fortalecimento da equipe, e a participação ativa na tomadas de decisão. **Objetivo:** Analisar o perfil de produções a fim de identificar as lacunas de conhecimento envolvendo a educação permanente como estratégia no manejo de conflitos pela equipe multiprofissional no contexto da saúde mental. **Descrição metodológica:** Esta pesquisa se constitui de um recorte da dissertação de mestrado Profissional de Ensino da Saúde da Universidade Federal Fluminense. Estudo exploratório descritivo, de abordagem qualitativa, que aborda a implementação da educação permanente – EP como estratégia de instrumentalização no manejo dos conflitos e necessidades da equipe multidisciplinar emergidos durante as atividades laborais junto ao portador de transtorno mental. Trata-se de revisão integrativa guiada pela formulação da seguinte **questão de pesquisa:** De que forma a Implementação da Educação Permanente pode auxiliar os profissionais no manejo dos conflitos emergidos durante o processo de trabalho em equipe? Para busca dos artigos foi definido descritores utilizando-se como ferramenta a estratégia PICO, que maximiza a recuperação de evidências nas bases de dados, foca o escopo da pesquisa e evita a realização de buscas desnecessárias4. Esta nos levou aos seguintes descritores: Equipe interdisciplinar de saúde; Educação Permanente; Relacionamento Interpessoal e Saúde Mental. A fonte de informação se deu através da busca por artigos nas bases de dados PUBMED, CINAHL e SCOPUS, contudo por se tratarem de bases de dados internacionais houve a necessidade de adaptação para língua inglesa sendo realizadas associações de todos os descritores em MESH TERMS: PATIENT CARE TEAM; CONTINUING EDUCATION; INTERPERSONAL RELATIONS e MENTAL HEALTH. Após a associação dos MESH TERMS foram encontrados nas bases de dados CINAHL: 361 artigos, PUBMED: 998 artigos, SCOPUS: 126 artigos, ao avaliá-los de acordo com o critério de inclusão: artigo com resposta a temática abordada, estudos com determinação de metodologia clara, artigos indexados em bases de dados publicados em inglês, português e espanhol e artigos com possibilidade de acesso à publicação online. Permaneceram CINAHL: 27 artigos, PUBMED: 85 artigos, SCOPUS: 18 artigos, sendo então excluídos 104 artigos anteriores ao ano de 2015, restaram ainda CINAHL: 4 artigos, PUBMED: 19 artigos, SCOPUS: 3 artigos. Após a exclusão de 11 publicações repetidas entre as bases, foram selecionadas 15 para leitura completa do texto. Destes, 6 artigos responderam a questão do estudo. **Resultados:** Estudos realizados apontam a percepção relatada pelos profissionais de saúde evidenciando um desconforto relacionado a forma como são conduzidos os problemas de comunicação, colaboração, fluxo de trabalho e função profissional, destacando a necessidade de se propor estratégias que auxiliem os profissionais no manejo das emoções decorrente dos conflitos, e ainda que, a partir da identificação desses conflitos e emoções seja possível manejar de forma mais adequada as tomadas de decisões. Desta forma acredita-se que o aprendizado articulado as realidades vivenciadas no cenário laboral um papel crucial na promoção, conscientização e no desenvolvimento profissional. **Considerações Finais:** Tratar das contradições do processo de trabalho em saúde, e o aprendizado no cenário laboral constituem-se em desafio para todos os que se preocupam com a temática, propondo que a discussão seja enfrentada em uma perspectiva contextualizada, questionando, analisando e revendo as concepções da educação em serviço para as de educação permanente e sua inserção junto à prática. No entanto percebe-se ainda a dificuldade em se encontrar estudos que versem sobre a educação permanente em saúde, sendo esta ainda equiparada ou até mesmo entendida como Educação Continuada. Ademais, faz-se necessário construir novas práticas em saúde, tendo como foco a integralidade, a humanização, a inclusão, a participação dos usuários no planejamento terapêutico e os saberes trazidos pelos profissionais em atuação favorecendo a auto-análise e a autogestão, proporcionando a mudança da realidade através das práticas educativas em serviço. **Contribuições para Enfermagem:** A aprendizagem interprofissional concentra-se menos nos indivíduos e mais na dinâmica coletiva e nas relações sociais e materiais reais envolvidas na prática, proporcionando a oportunidade de (re) formulação a partir das complexas realidades laborais. Para isto é necessário que a aprendizagem seja significativa, desta forma cada aprendiz é valorizado através de seus potenciais e respeitado em suas limitações, permitindo assim, a transformação e não a reprodução de fazeres coletivos, promovendo uma melhor satisfação profissional, com reflexo na qualidade da assistência prestada.
Referências: 1Püschel VAA et al. O enfermeiro no mercado de trabalho: inserção, competências e habilidades. Rev Bras Enfermag. 2017;70(6):1288-95.
2Meira MDD, Kurcgant P. Educação em enfermagem: avaliação da formação por egressos, empregadores e docentes. Ver Bras Enfermag. 2016;69(1): 16-22.
3Carbogim FC et al. Nursing education in Brazil: A look at holism in care. Journal of Nursing Education and Practice. 2013;3(2):93-101.
4Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Projeto Político Pedagógico do Bacharelado em Enfermagem. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2014.
5Vieira MA, Domenico EBL. Construção e validação de instrumento para avaliação de egressos de cursos de graduação em enfermagem. (Tese de Doutorado). São Pulo: Universidade Federal de São Paulo; 2014. |