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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 7838844

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7838844

SISTEMATIZAÇÃO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM PARA PARTURIENTES: ESTUDO DESCRITIVO DA AMBIÊNCIA NO ATENDIMENTO PERINATAL HOSPITALAR

Autores:
Aldira Samantha Garrido Teixeira ; Anna Christina de Almeida Porreca ; Helen Campos Ferreira ; Stephanea Marcelle Boaventura Soares

Resumo:
Anna Christina de Almeida Porréca[1] Helen Campos Ferreira[2] Aldira Samantha Garrido Teixeira[3] Stephanea Marcelle Boaventura Soares[4] A implicação da ambiência no atendimento à mulher e família para o trabalho de parto e parto tem sido temática atual, pois sabe-se da existência de dois ciclos rondando tal processo: um positivo que refere ser a atitude da mulher – aceitar, aproveitar e relaxar e outro negativo no qual ela apresenta – medo, dor e tensão1. Considerando que cada mulher tem seu contexto sociocultural, subjetividade e singularidade, os profissionais que dela cuidam no trabalho de parto, parto e nascimento devem reconhecer tais premissas. Contudo, percebe-se no cotidiano da assistência obstétrica hospitalar desvalorização da ambiência de recepção e de bem-estar da parturiente e família. Na qualidade de preceptora da Residência de Enfermagem Obstétrica da Universidade Federal Fluminense REO/UFF há cinco anos, responsável pela qualificação profissional em Centro de Parto Normal, mediando cuidados de enfermagem e sistematização desse cuidado junto a clientela, observa-se que o preparo da ambiência e a manutenção dela para assegurar o desenvolvimento fisiológico do parto ainda é um desafio assistencial. Sobre esse aspecto, o Ministério da Saúde2 em 2006 lança o conceito de ambiência na saúde como o tratamento dado ao espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora, resolutiva e humana. Ao adotar o conceito de ambiência para a arquitetura nos espaços da saúde, atinge-se um avanço qualitativo no debate da humanização dos territórios de encontros do Sistema único de Saúde, cuja compreensão vai além da composição técnica, simples e formal dos ambientes, passando a considerar as situações que são construídas neles e a partir deles. Essas situações se dão em determinados espaços e num tempo, vivenciadas por uma grupalidade - um grupo de pessoas com seus valores culturais e relações sociais. Assim, objetiva-se formar e qualificar profissionais que valorizem a ambiência na saúde, de maneira sistematizada.  No município do Rio de Janeiro, no Estado do RJ, desde 2010 o Projeto Cegonha Carioca vem desenvolvendo diretrizes para a enfermagem obstétrica na busca de sistematização qualificada para a sociedade. Nessa perspectiva, o Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, primeiro da cidade com foco na saúde da mulher, foi inaugurado em Bangu, zona oeste do RJ, cenário da REO/UFF atendendo mulheres de risco habitual no Centro de Parto Normal com n= 1988 partos até 2015, com 340 partos / mês, em média, sendo que 70 a 80% desse total são atendidos por enfermeiras obstétricas. Preserva-se humanização, singularidade e cidadania na resolutividade da atenção obstétrica no atendimento à mulher e família, porém ainda se desafia o _habitus_ profissional no que se refere a ambiência. A maioria das mulheres teme o parto, pois o associam a dor excessiva, solidão, abandono e submissão de seu corpo, constrangimento e mutilação. Boa parte delas entende que é um evento mais inseguro por causa dos mitos que envolvem tempo de trabalho de parto, circulares de cordão, rompimento de membranas amnióticas, vendo risco de perderem suas vidas e de seus bebês ou de não conseguirem por incapacidade de seus corpos. Em 2008 o MS amplia o conceito de ambiência apresentando três eixos: O espaço que visa à confortabilidade focada na privacidade e individualidade dos sujeitos envolvidos, valorizando elementos do ambiente que interagem com as pessoas (cor, cheiro, som, iluminação, morfologia...), e garantindo conforto aos trabalhadores e usuários3. O que possibilita a produção de subjetividades por meio da ação e reflexão sobre os processos de trabalho e o usado como ferramenta facilitadora do processo de trabalho, favorecendo a otimização de recursos, o atendimento humanizado, acolhedor e resolutivo. O foco desse relato de experiência centra-se nesse último eixo, compreendendo que a qualificação de enfermeiros obstétricos tem que ser sistematizada também nesse aspecto. Inicialmente, ainda que empiricamente, diagnosticamos quais falhas eram percebidas pela equipe que recebe a parturiente e família: falta de acolhimento, falta de respeito à singularidade, ausência de consenso dos aspectos atitudinais profissionais e de ferramentas assistenciais que nos permitam distinguir as necessidades das parturientes e família, já que a rede assistencial não tem efetiva comunicação entre as unidades de pré-natal e a maternidade. Dessa forma, cada atendimento é construído em relações inicias, numa empatia4 desencadeada ao longo da assistência, num vinculo forçado para assegurar o mínimo de qualidade assistencial. Num segundo momento, estabeleceu-se escuta ativa, adequações nas tecnologias de cuidados que são apresentadas, construídas e consentidas e depois experenciadas (escalda-pés; banho morno de aspersão; mobilidade pélvica; aromas, uso de equipamentos, alimentação e hidratação, uso de óleos essenciais, massagens...). E, finalmente, permite-se a liberdade de movimentos e respeito ao fisiologismo da mulher e, nesse aspecto, muito se tem a refletir: sons inadequados, atitudes violentas, desrespeito ao fisiológico corporal, puxos dirigidos, proibições de alimentação e hidratação e abandono ainda que momentâneo, são práticas vivenciadas por algumas mulheres. Por esse motivo trabalha-se na qualificação profissional o sentido do nascer prazeroso com atenção sistematizada de ações de enfermagem5. Estabeleceu-se: a luz de penumbra, a escuta atenta, o controle do corpo biológico pelo partograma consentido e compartilhado, o uso de equipamentos e de tecnologias de cuidados em corresponsabilidade com a mulher e sob a compreensão do familiar, registro continuo do desenvolvimento do parto e atitude de silencio e respeito para que o neocortex seja liberado em sua plenitude e favoreça a parturição.  Tem-se na formação atitudes e habilidades com ênfase nos procedimentos e por esse motivo experimentamos o raciocínio clinico de sensação, percepção, histórico da mulher, inspeção e exame obstétrico, diagnostico de enfermagem e desfecho com _feedbacks _em processo avaliativos formativos na formação qualificada de profissionais. O registro dos indicadores demonstra dos partos realizados em 2015 utilizou-se penumbra em 1650 deles e, em 731 o uso da música. A desconstrução da ambiência fria, sem significado para a parturiente e desconfortável para seu bem-estar vem sendo alterada no processo de trabalho com ferramentas facilitadoras de otimização de recursos e de atendimento humanizado, acolhedor e resolutivo. Conclui-se que mesmo priorizando a atenção humanizada há necessidade de formar e qualificar profissionais que primem pelo acolhimento propiciando valorização da ambiência em saúde, sistematizando as ações e analisando os indicadores de qualidade da atenção obstétrica oferecida para assegurar cidadania, subjetividade e singularidade. Descritores: Parto humanizado; salas de partos; ambiente de Trabalho [1] Enfermeira, Especialista em Enfermagem Obstétrica, discente do Mestrado Profissional em Ensino em Saúde, da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ e-mail: [annaporreca@hotmail.com](mailto:annaporreca@hotmail.com). [2]Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Coordenadora da Residência em Enfermagem Obstétrica da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense e Docente do Mestrado Profissional em Ensino em Saúde, Niterói/RJ. [3] Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Subcoordenadora da Residência em Enfermagem Obstétrica da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ. [4] Enfermeira, Especialista em Enfermagem Obstétrica, discente do Mestrado Profissional em Ensino em Saúde, da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ


Referências:
Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. e-SUS AB Atenção Básica: Sistema com Coleta de Dados Simplificada: CDS. Brasília, DF: Editora do Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: . Acesso em: 10 marc. 2018