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7805295 | ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA DESCOMPENSADA À LUZ DO CUIDADO DE ENFERMAGEM | Autores: Crislayne Simões Pereira ; Valéria Raíssa Oliveira da Silva ; Desirée Costa Bezerra ; Caroline do Socorro da Silva E Silva |
Resumo: **INTRODUÇÃO:** A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é considerado um problema de saúde pública no Brasil e no mundo.¹ Trata-se de uma condição clínica de caráter multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA), associando-se a alterações ou lesões em órgãos alvos. A prevalência de HAS no Brasil apresenta variação entre 22% e 44% para pessoas adultas, sendo 32% em média. Na faixa etária de 60 a 69 anos chega a acometer 50% desse segmento populacional, aumentando para 75% em pessoas acima de 70 anos.² Por ter alta prevalência e baixos índices de controle, apesar de ser uma doença de fácil diagnóstico e com várias alternativas de tratamento, o seu controle apresenta desafios e dificuldades para os profissionais de saúde, que buscam desenvolver estratégias conjuntas com a pessoa com HAS objetivando estimular o autocuidado e consequentemente controle dos índices pressóricos.² Neste contexto, os profissionais da atenção básica (AB) possuem importância nas estratégias de prevenção, diagnóstico, monitorização e controle da HAS, com ações de enfoque voltados para a pessoa.¹ O enfermeiro é parte da equipe da AB e é o profissional que tem maior relacionamento terapêutico com a pessoa com HAS, portanto, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é um método usado para um melhor planejamento, intervenção e análise do cuidado prestado, trata-se de competência privativa do enfermeiro, cabendo a liderança de execução e avaliação do processo de enfermagem.³ **OBJETIVOS: **Descrever a Sistematização da Assistência de Enfermagem implementada à pessoa com HAS descompensada em seguimento do programa de Doenças Crônicas (DC) em unidade básica de saúde UNIFAP, Macapá- AP.** DESCRIÇÃO METODOLÓGICA:** Estudo descritivo do tipo relato de experiência. A coleta de dados foi realizada durante a consulta de enfermagem de seguimento para DC, na qual realizou-se entrevista, anamnese, exame físico e escuta ativa das queixas, bem como, do relato de sua história clínica, complementadas com as informações que constavam no prontuário das consultas anteriores. A pessoa com HAS estava em seguimento há 3 anos, porém, sem controle pressórico adequado. A partir dos dados coletados, foi possível identificar as principais necessidades e os diagnósticos de enfermagem através do Sistema de Classificação de Diagnósticos NANDA Internacional 2015-2017, a partir dos quais foram prescritos os cuidados de enfermagem. **RESULTADOS: Histórico de enfermagem: **R.S.F.S, do sexo feminino, 50 anos, hipertensa, em seguimento de DC desde 2015, casada, cinco filhos, dona de casa, estudou até o 2º grau. Em uso das medicações Anlodipino 5 mg, Valsartana 320 mg e Hidroclorotiazida 25 mg 1 comprimido por dia, há 3 anos, relatou que o uso do medicamento segue a sua vontade, ou seja, toma quando quer, apresentando níveis pressóricos acima de 160x110mmHg desde o início do seguimento, não realiza exercícios físicos por falta de interesse. Queixa-se de cefaleia constante, e refere que sua alimentação é irregular. Ao exame físico: P.A.160x110mmHg, Peso: 68,900, Altura: 1, 59m, IMC: 27, 23 kg/m², Cintura: 96cm. Pele e mucosas integras e normocoradas, tórax simétrico e expansivo, abdome flácido e normotenso, sem edema em MMSS e MMII. Exames laboratoriais: Hemoglobina/hematócrito: 14,6g/ 45,7% respectivamente; Leucócitos: 8.040/mm³; Glicose em jejum: 110 mg/dL. Ao ser questionada acerca de informações sobre a patologia relatou não ter muito conhecimento sobre a doença, que sabia que aumentava a pressão, mas desconhecia os impactos fisiológicos a longo prazo. Sobre os hábitos alimentares, relatou tomar mais de 3 xícaras de café forte por dia acompanhadas de pão, e nas outras refeições consumir mais de duas opções de carboidrato, referiu não consumir muitas verduras e frutas por opção, e que a ingesta hídrica é diminuída por falta de atenção ao consumo. Percebe-se que os hábitos de vida da usuária já vem influenciando o seu estado de saúde, visto que houve alteração no exame de glicemia, IMC indicando sobrepeso e PA descompensada. **Diagnósticos e Prescrições de Enfermagem: Domínio 1: Promoção da Saúde, Classe 1: Percepção da Saúde (00168) **Estilo de vida sedentário caracterizado pela atividade física diária inferior à recomendada para gênero e idade relacionado ao interesse insuficiente pela atividade física. ** Prescrição: **Incentivo a caminhadas 3x por semana com duração de 20 min com aumento progressivo da frequência e duração conforme resistência física, orientada quanto a importância do alongamento muscular e benefícios da inclusão do exercício físico na rotina (supressor de apetite, acelera o metabolismo, melhora a autoestima, aumenta o sono repousante, etc.)**; Classe 2: Controle da Saúde (00078) **Controle ineficaz da saúde caracterizado pela dificuldade com o regime prescrito evidenciado conhecimento insuficiente do regime terapêutico. **Prescrição: **Orientada sobre o processo de doença e regime terapêutico, expectativas e mudanças necessárias no estilo de vida; Identificado pontos positivos em sua vida, como o seguimento do acompanhamento e o não abandono das consultas, e nem parar o uso do medicamento sem orientação de um profissional de saúde, utilizar caderneta para anotar as dúvidas que surgirem para trazer na consulta de seguimento. Encaminhamento ao clínico geral para reavaliação do estado geral, bem como a possibilidade de troca do esquema medicamentoso.** Domínio 2: Nutrição, Classe 1: Ingestão (00233) **Sobrepeso caracterizado por IMC > 25 kg/m² relacionado ao comportamento alimentar inadequado desordenado. **Classe 4: Metabolismo (00179) **Risco de glicemia instável caracterizada por atividade física diária menor que a recomendada e ingestão alimentar inadequada. **Prescrição: **Dar preferência ao consumo de frango e peixe, eliminar a gordura e remover a pele, reduzir o consumo de pão, evitar refeições rápidas, comer preferencialmente em casa, ler o rótulo dos alimentos antes de comprá-los, atentando para a quantidade de sódio e açúcar, aumentar ingesta hídrica, dar preferência a alimentos saudáveis (frutas, verduras e legumes), consumo moderado de tubérculos. Durante consulta sugerido o uso de um diário, anotando suas refeições para ter controle do que ingere, planejamento das atividades físicas e o incentivo as mudanças de hábitos de vida. Encaminhamento à nutricionista. **CONCLUSÃO: **Os diagnósticos de enfermagem e as intervenções quando associadas, possibilitam melhor recurso para a necessidade evidenciada, promovendo o processo de enfermagem e sustentando o cuidado individualizado.** IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: **Para pessoas com HAS é essencial a aplicação da SAE cujos os desfechos nas consultas subsequentes possam ser avaliados, e assim prevenir riscos e rastrear possíveis agravos com antecedência.
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2 Reibnitz KS, Prado ML. Inovação e educação em enfermagem. Florianópolis: Cidade Futura, 2006.
3 Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES Nº 3, de 7 de novembro de 2001. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da União, Brasília. 2001. Seção 1, p. 37.
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