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7741495 | VANTAGENS E FRAGILIDADES DA UTILIZAÇÃO DAS CLASSIFICAÇÕES NANDA-I, NIC E NOC | Autores: Marcos Barragan da Silva ; Manoela Schmarczek Figueiredo ; Thainá Melo da Silva ; Edson Fernando Müller Guzzo |
Resumo: VANTAGENS E FRAGILIDADES DA UTILIZAÇÃO DAS CLASSIFICAÇÕES NANDA-I, NIC E NOC
Introdução: A assistência de enfermagem tem como metodologia o Processo de
Enfermagem (PE). Este processo, que orienta e qualifica a assistência em
saúde, baseia-se em uma sequência lógica de ações composta por cinco etapas
inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes, sendo elas o histórico e
exame físico, diagnóstico de enfermagem (DE), planejamento, intervenção e
avaliação. O PE deve contar com um suporte teórico que oriente a coleta de
dados, o estabelecimento de DE e o planejamento das ações ou intervenções de
enfermagem; e que forneça a base para a avaliação dos resultados de enfermagem
alcançados. Nas últimas décadas, sistemas de classificação de enfermagem vêm
sendo desenvolvidos e aprimorados com o intuito de padronizar a linguagem de
algumas etapas do PE. Podendo ser utilizadas em conjunto ou separadamente,
três classificações têm destaque no cenário clínico atual, sendo elas a NANDA
International - NANDA-I(1), relacionada aos DE, a Nursing Interventions
Classification – NIC(2), às intervenções de enfermagem, e a Nursing Outcomes
Classification – NOC(3), no planejamento e avaliação dos resultados sensíveis
às intervenções de enfermagem. Conhecer a percepção de enfermeiros sobre a
implementação destas classificações é relevante, uma vez que são os
profissionais que tem seu processo de trabalho permeado por elas, e pode
contribuir para o aprimoramento de sua utilização baseado na realidade
clínica. Objetivo: Conhecer as percepções de enfermeiros sobre o uso das
classificações NANDA-I, NIC e NOC (NNN) na prática clínica hospitalar.
Descrição metodológica: Pesquisa qualitativa exploratória descritiva,
realizada em unidades de internação cirúrgica de um hospital de grande porte
do sul do Brasil, em janeiro e fevereiro de 2017. Os sujeitos foram 10
enfermeiros de diferentes turnos e unidades cirúrgicas, sorteados
aleatoriamente e selecionados, sendo incluídos até saturação de dados. Como
critério de inclusão considerou-se que os participantes tivessem, no mínimo,
seis meses de experiência profissional como enfermeiro na instituição onde a
coleta de dados foi realizada. Foram excluídos do estudo enfermeiros que
estivessem de licença durante o período da pesquisa. As informações foram
coletadas por meio de entrevista semiestruturada, gravada e transcrita. O
conteúdo de cada uma das entrevistas foi submetido à análise de conteúdo
temática, seguindo as etapas preconizadas de pré-análise (quando foi formulado
o objetivo da análise); exploração do material ou codificação (quando
informações iniciais foram agrupadas em unidades); tratamento dos resultados,
inferência e interpretação (que constitui-se da apresentação e discussão das
informações fornecidas pela análise, tendo por base a literatura). O estudo
foi aprovado em Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (protocolo 160118).
Os participantes do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido em duas vias, ficando uma com o pesquisador e outra com o
participante. Os aspectos éticos foram respeitados. Resultados: Quanto à
caracterização dos sujeitos do estudo, dos 10 enfermeiros entrevistados, nove
são do sexo feminino, na faixa etária entre 29 e 39 anos. Com relação ao nível
de instrução, levou-se em consideração a titulação máxima, sendo cinco
participantes Mestres, quatro Especialistas e um Graduado. O tempo de
experiência profissional variou de quatro a 15 anos. Estes dados nos mostram
que, embora a média de idade caracterize os sujeitos como jovens, já possuem
considerável experiência, fato que se confirma quando a média do tempo de
experiência profissional observada é de cerca de oito anos. Em relação ao
nível de conhecimento, 40% dos entrevistados relataram ter conhecimento amplo
e 40% moderado sobre a NANDA-I; já, sobre a NIC e a NOC, 40% referiram
conhecimento moderado e 30% limitado, o que demonstra um maior contato destes
enfermeiros com a NANDA-I quando comparado com as demais classificações
pesquisadas. Os entrevistados foram questionados sobre como percebem a
utilização destas classificações em sua prática clínica e, da análise de
conteúdo destas entrevistas, emergiram duas categorias: Vantagens das
classificações NNN e Fragilidades das classificações NNN. Iniciando pelas
vantagens, os enfermeiros relataram perceber que o uso das classificações NNN
implica diretamente no cuidado, quando estas conferem embasamento teórico ao
PE, padronizando e facilitando a assistência, além da praticidade e
objetividade do registro para auditorias; e indiretamente, quando conferem
visibilidade para a enfermagem, uma vez que os registros cientificamente
organizados conferem credibilidade ao processo realizado pela categoria, e a
possibilidade de intercâmbio de cuidados entre os mais diversos cenários de
saúde e por qualquer profissional. Além disso, reconhecem que a consolidação
do uso destas classificações agrega qualidade e segurança ao cuidado,
contribuindo para a conquista de selos de acreditação internacional. Quanto às
fragilidades, estas podem ser divididas em entraves da informatização das
classificações, desvalorização pela equipe e dificuldades individuais. Sobre a
informatização, verificou-se que as limitações de configuração podem gerar
insatisfação e uso de adaptações que, por sua vez, podem prejudicar inclusive
a realização adequada do PE, rompendo com sua sequência lógica. Com relação à
desvalorização por parte da equipe, esta é percebida quando os auxiliares e
técnicos de enfermagem não seguem a prescrição integralmente, também
realizando adaptações que, por vezes, desvinculam do raciocínio clínico
implementado para o PE, além do pouco envolvimento com este processo em função
do não reconhecimento enquanto protagonistas do cuidado. Por fim, as
dificuldades individuais dos enfermeiros foram percebidas como falta de
conhecimento ou pouco contato com as classificações, a heterogeneidade da
aceitação e uso destas ferramentas na prática clínica, a sobrecarga de
trabalho e a burocratização do PE, que acaba sendo visto como impasse a ser
superado para a continuidade do trabalho, contrariamente ao propósito desta
ferramenta, cunhada para auxiliá-lo. Conclusão: Na percepção dos enfermeiros,
o uso das classificações NNN possui benefícios, quando são percebidas como
instrumentos científicos que organizam e auxiliam o trabalho da Enfermagem e
lhe conferem visibilidade, qualidade e segurança, porém apresenta
fragilidades, quando há dificuldades decorrentes da informatização, com o
pouco envolvimento da equipe ou com dificuldades individuais, estes dois
últimos, permeados por falta de conhecimento, desvalorização e elevada carga
de trabalho, entre outros. As falas dos enfermeiros sobre as classificações
NNN revelaram uma visão crítica construtiva sobre o assunto, apontando tanto
qualidades quanto aspectos a serem melhorados de forma coerente e buscando
aprimoramento desta, que é uma de suas principais ferramentas de trabalho,
principalmente no que tange ao seu registro. Contribuições / implicações para
a enfermagem: Conhecer estas percepções pode contribuir com gestores
institucionais para o planejamento e implementação de melhorias no PE
informatizado, em estratégias educativas das equipes de enfermagem acerca do
PE embasado nas classificações NNN, dentre outras ações.
Referências: 1. Garcia, Telma Ribeiro et al (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem:CIPE. Porto Alegre: Artmed, 2017. P.245.
2. Alvim, André Luiz Silva. O Processo de Enfermagem e suas Cinco Etapas. Enferm. Foco, Uma, 2013. 2(4):140-41.
3. Barra, Daniela Couto Carvalho; Sasso, Grace Teresinha Marcon dal. Processo De Enfermagem Conforme A Classificação Internacional para as Práticas de Enfermagem: uma Revisão Integrativa. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, 2012. 2(21):440-47.
4. Nakamae, D.D. - Eliminação - Uma necessidade básica do homem. Rev Bras Enf., DF, 28:80-87, 1976.
5. Cubas, Marcia Regina; Nóbrega, Maria Miriam Lima da. Atenção Primária em Saúde: diagnósticos, resultados e intevenções de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. p. 328.
6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança : crescimento e desenvolvimento / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012. P. 272l. – (Cadernos de Atenção Básica, nº 33) |