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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 7741495

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7741495

VANTAGENS E FRAGILIDADES DA UTILIZAÇÃO DAS CLASSIFICAÇÕES NANDA-I, NIC E NOC

Autores:
Marcos Barragan da Silva ; Manoela Schmarczek Figueiredo ; Thainá Melo da Silva ; Edson Fernando Müller Guzzo

Resumo:
VANTAGENS E FRAGILIDADES DA UTILIZAÇÃO DAS CLASSIFICAÇÕES NANDA-I, NIC E NOC Introdução: A assistência de enfermagem tem como metodologia o Processo de Enfermagem (PE). Este processo, que orienta e qualifica a assistência em saúde, baseia-se em uma sequência lógica de ações composta por cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes, sendo elas o histórico e exame físico, diagnóstico de enfermagem (DE), planejamento, intervenção e avaliação. O PE deve contar com um suporte teórico que oriente a coleta de dados, o estabelecimento de DE e o planejamento das ações ou intervenções de enfermagem; e que forneça a base para a avaliação dos resultados de enfermagem alcançados. Nas últimas décadas, sistemas de classificação de enfermagem vêm sendo desenvolvidos e aprimorados com o intuito de padronizar a linguagem de algumas etapas do PE. Podendo ser utilizadas em conjunto ou separadamente, três classificações têm destaque no cenário clínico atual, sendo elas a NANDA International - NANDA-I(1), relacionada aos DE, a Nursing Interventions Classification – NIC(2), às intervenções de enfermagem, e a Nursing Outcomes Classification – NOC(3), no planejamento e avaliação dos resultados sensíveis às intervenções de enfermagem. Conhecer a percepção de enfermeiros sobre a implementação destas classificações é relevante, uma vez que são os profissionais que tem seu processo de trabalho permeado por elas, e pode contribuir para o aprimoramento de sua utilização baseado na realidade clínica. Objetivo: Conhecer as percepções de enfermeiros sobre o uso das classificações NANDA-I, NIC e NOC (NNN) na prática clínica hospitalar. Descrição metodológica: Pesquisa qualitativa exploratória descritiva, realizada em unidades de internação cirúrgica de um hospital de grande porte do sul do Brasil, em janeiro e fevereiro de 2017. Os sujeitos foram 10 enfermeiros de diferentes turnos e unidades cirúrgicas, sorteados aleatoriamente e selecionados, sendo incluídos até saturação de dados. Como critério de inclusão considerou-se que os participantes tivessem, no mínimo, seis meses de experiência profissional como enfermeiro na instituição onde a coleta de dados foi realizada. Foram excluídos do estudo enfermeiros que estivessem de licença durante o período da pesquisa. As informações foram coletadas por meio de entrevista semiestruturada, gravada e transcrita. O conteúdo de cada uma das entrevistas foi submetido à análise de conteúdo temática, seguindo as etapas preconizadas de pré-análise (quando foi formulado o objetivo da análise); exploração do material ou codificação (quando informações iniciais foram agrupadas em unidades); tratamento dos resultados, inferência e interpretação (que constitui-se da apresentação e discussão das informações fornecidas pela análise, tendo por base a literatura). O estudo foi aprovado em Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (protocolo 160118). Os participantes do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, ficando uma com o pesquisador e outra com o participante. Os aspectos éticos foram respeitados. Resultados: Quanto à caracterização dos sujeitos do estudo, dos 10 enfermeiros entrevistados, nove são do sexo feminino, na faixa etária entre 29 e 39 anos. Com relação ao nível de instrução, levou-se em consideração a titulação máxima, sendo cinco participantes Mestres, quatro Especialistas e um Graduado. O tempo de experiência profissional variou de quatro a 15 anos. Estes dados nos mostram que, embora a média de idade caracterize os sujeitos como jovens, já possuem considerável experiência, fato que se confirma quando a média do tempo de experiência profissional observada é de cerca de oito anos. Em relação ao nível de conhecimento, 40% dos entrevistados relataram ter conhecimento amplo e 40% moderado sobre a NANDA-I; já, sobre a NIC e a NOC, 40% referiram conhecimento moderado e 30% limitado, o que demonstra um maior contato destes enfermeiros com a NANDA-I quando comparado com as demais classificações pesquisadas. Os entrevistados foram questionados sobre como percebem a utilização destas classificações em sua prática clínica e, da análise de conteúdo destas entrevistas, emergiram duas categorias: Vantagens das classificações NNN e Fragilidades das classificações NNN. Iniciando pelas vantagens, os enfermeiros relataram perceber que o uso das classificações NNN implica diretamente no cuidado, quando estas conferem embasamento teórico ao PE, padronizando e facilitando a assistência, além da praticidade e objetividade do registro para auditorias; e indiretamente, quando conferem visibilidade para a enfermagem, uma vez que os registros cientificamente organizados conferem credibilidade ao processo realizado pela categoria, e a possibilidade de intercâmbio de cuidados entre os mais diversos cenários de saúde e por qualquer profissional. Além disso, reconhecem que a consolidação do uso destas classificações agrega qualidade e segurança ao cuidado, contribuindo para a conquista de selos de acreditação internacional. Quanto às fragilidades, estas podem ser divididas em entraves da informatização das classificações, desvalorização pela equipe e dificuldades individuais. Sobre a informatização, verificou-se que as limitações de configuração podem gerar insatisfação e uso de adaptações que, por sua vez, podem prejudicar inclusive a realização adequada do PE, rompendo com sua sequência lógica. Com relação à desvalorização por parte da equipe, esta é percebida quando os auxiliares e técnicos de enfermagem não seguem a prescrição integralmente, também realizando adaptações que, por vezes, desvinculam do raciocínio clínico implementado para o PE, além do pouco envolvimento com este processo em função do não reconhecimento enquanto protagonistas do cuidado. Por fim, as dificuldades individuais dos enfermeiros foram percebidas como falta de conhecimento ou pouco contato com as classificações, a heterogeneidade da aceitação e uso destas ferramentas na prática clínica, a sobrecarga de trabalho e a burocratização do PE, que acaba sendo visto como impasse a ser superado para a continuidade do trabalho, contrariamente ao propósito desta ferramenta, cunhada para auxiliá-lo. Conclusão: Na percepção dos enfermeiros, o uso das classificações NNN possui benefícios, quando são percebidas como instrumentos científicos que organizam e auxiliam o trabalho da Enfermagem e lhe conferem visibilidade, qualidade e segurança, porém apresenta fragilidades, quando há dificuldades decorrentes da informatização, com o pouco envolvimento da equipe ou com dificuldades individuais, estes dois últimos, permeados por falta de conhecimento, desvalorização e elevada carga de trabalho, entre outros. As falas dos enfermeiros sobre as classificações NNN revelaram uma visão crítica construtiva sobre o assunto, apontando tanto qualidades quanto aspectos a serem melhorados de forma coerente e buscando aprimoramento desta, que é uma de suas principais ferramentas de trabalho, principalmente no que tange ao seu registro. Contribuições / implicações para a enfermagem: Conhecer estas percepções pode contribuir com gestores institucionais para o planejamento e implementação de melhorias no PE informatizado, em estratégias educativas das equipes de enfermagem acerca do PE embasado nas classificações NNN, dentre outras ações.


Referências:
1. Garcia, Telma Ribeiro et al (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem:CIPE. Porto Alegre: Artmed, 2017. P.245. 2. Alvim, André Luiz Silva. O Processo de Enfermagem e suas Cinco Etapas. Enferm. Foco, Uma, 2013. 2(4):140-41. 3. Barra, Daniela Couto Carvalho; Sasso, Grace Teresinha Marcon dal. Processo De Enfermagem Conforme A Classificação Internacional para as Práticas de Enfermagem: uma Revisão Integrativa. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, 2012. 2(21):440-47. 4. Nakamae, D.D. - Eliminação - Uma necessidade básica do homem. Rev Bras Enf., DF, 28:80-87, 1976. 5. Cubas, Marcia Regina; Nóbrega, Maria Miriam Lima da. Atenção Primária em Saúde: diagnósticos, resultados e intevenções de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. p. 328. 6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança : crescimento e desenvolvimento / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012. P. 272l. – (Cadernos de Atenção Básica, nº 33)