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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 7740801

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7740801

RODA DE CONVERSA SOBRE O SUS: DANDO VOZ A ALUNOS, PROFESSORES, PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DO SISTEMA DE SAÚDE.

Autores:
Matheus Fernando Costa ; Carolina Beatriz Cunha Prado ; Giovanna Beirigo Borges ; Sofia Nobre Novais ; Luiza Elena Casaburi

Resumo:
**Introdução:**Com a mudança da ambiência em saúde, faz-se necessário o investimento no capital humano que trabalha neste novo espaço, a fim de que práticas mais democráticas, saudáveis e coletivas possam atravessar o cotidiano do trabalho destes protagonistas do SUS. Investir nos trabalhadores e nos alunos da área da saúde é auxiliá-los a entender os processos de trabalho em que estão mergulhados e situá-los como  co-criadores desse _modo operandis._ A Roda de Conversa é um instrumento  metodológico que favorece isso e promove uma comunicação dinâmica e produtiva entre diversos grupos. É uma técnica muito rica utilizada na prática de aproximação entre os sujeitos no cotidiano **Objetivos:** relatar a experiência do grupo PET GraduaSUS da enfermagem da Universidade de Uberaba (Uberaba-MG) em uma atividade de toda de conversa e demontrar a mesma como um instrumento que favorece o desenvolvimento de um raciocío crítico reflexivo por parte de todos e em prol melhorias do ensino e práticas no SUS. **Metodologia: **trata-se de um relato de experiência sobre a realização de Rodas de Conversas propostas e organizadas pelo grupo PET que ocorreram entre Outubro a Dezembro de 2017. Houve a participação de alunos e professores do curso de enfermagem, enfermeiros atuantes na atenção básica do município e usuários do SUS. Foram um total de três encontros, em salas de aula da própria universidade, todos com a mediação de uma mesma professora tutora do programa. Eles duraram aproximadamente 60 minutos e tiveram como principais perguntas norteadoras: “ Quais são os aspectos positivos e negativos do SUS?” e “ Quais ações poderiam ser realizadas para mudar esta realidade?”. No primeiro encontro, participaram alunos da graduação do curso de enfermagem ( escolhidos previamente pelos tutores do pet por suas notáveis e positivas fluências em salas de aula) e professores que ministram disciplinas relacionadas a temática. No primeiro encontro, além das perguntas norteadoras, adicionamos os seguintes questionamentos: “ o que o aluno espera do professor no que diz respeito ao ensino do SUS?” e “ o que o professor deseja despertar no aluno com o ensino do SUS?”. No segundo, participaram alunos, enfermeiros da atenção básica e professores do curso de enfermagem. As perguntas adicionais foram: “ qual foi o papel de sua formação acadêmica na sua prática cotidiana no SUS?” “ o que você gostaria de ter aprendido/vivenciado na graduação que hoje lhe favoreceria na prática cotidiana”?. Por fim, no terceiro encontro, contamos com a presença dos alunos, docentes ( os mesmos da segunda roda) e usuárias idosas ( voluntárias e que foram convidadas pelas enfermeiras participantes por serem usuárias assíduas do sistema de saúde) dos serviços de atenção primária do município. As ultimas perguntas adicionadas foram: “ o que você acha que poderia ser feito em prol melhoria do SUS?” “ Qual seria o ideial de atendimento por parte de todos os profissionais e pelo sistema SUS”?. Ao início de todos os grupos, foi-se acordado o direito comum a todos de falar e ser ouvido, a não imposição de pensamentos e sim sugestão de compartilhamento de idéias, o uso de uma linguagem clara por todos e a participação voluntária e sem qualquer bonificação por estarem presentes no momento. A professora mediadora também ficou responsável pelo manejo da conversa em relação ao tempo das falas e conteúdo das mesmas. Ao final de cada encontro, a mediadora anotava em um diário de campo todas suas percepções frente ao desenvolvimento grupal e as idéias propostas. **Resultados:** Participaram do primeiro grupo 14 alunos do curso de enfermagem e três professores do mesmo departamento. Notou-se um desconforto inicial por parte dos alunos ao responderem os questionamentos e isso foi para a mediadora, claramente relacionado a presença da figura do professor. A medida que os alunos falavam, eles fugiam seu olhar do possível “olhar de reprovação” dos docentes”. Porém, isso só durou no início e com o desenrrolar, sugestões importantes foram dadas. Na percepção dos alunos, o ponto positivo do SUS é principalmente em relação a gratuidade e acesso a todos os tipos de serviços. O negativo é em relação a demora para o atendimento e falta de verbas para muitos procedimentos. Como solução, os alunos sugerem que utilizemos práticas menos onerosas, mas com quande eficácia como grupos de educação em saúde e acompanhamento domiciliar.Em relação ao ensino, eles inferem que a teoria muitas vezes é dada de uma forma exaustiva, conteúdista, fazendo com que não haja interesse do aluno pela temática. Sugerem que os professores utilizem práticas inovadoras como metodologias ativas de ensino que conciliam teoria e prática. Os professores relataram que esperam um maior interesse dos alunos em relação a literatura do SUS e que a temática é desvalorizada por eles. No segundo encontro, participaram 8 alunos, três professores e três enfermeiras. O que nos chamou a atenção é a fala dos profissionais onde afirmam que em sua graduação, sua formação voltada ao atendimento no SUS foi muito teórica e pouco prática. Referem que quando entraram no mercado de trabalho, eles possuiam um vasto conteúdo científico mas uma grande dificuldade em transformar isso em ações. As profissionais relacionaram isso também a falta de práticas e estágios com uma maior carga horária na rede de atenção ao SUS durante sua graduação. Já no terceiro encontro, as falas das usuárias foram quase todas em relação a importância da gratuidade do serviço a saúde. Participaram 3 senhoras assíduas dos serviços de atenção primária no municípío. Seus relatos evidiciaram a importância de medicamentos, exames e consultas gratuitas. Elogiaram os serviços de atividade física e os grupos de terapia comuitária o qual participam. Queixaram-se em relação ao atendimento profissional no sentido de que muitas vezes, ele oferta o tratamento medicamentoso e diagnóstico mas esquece que ali possui “alguém precisando ser tratado com carinho”. Fazem referência a um atendimento muito técnico e pouco pautado no olhar integral e ir além da doença. Relatam uma voz poucas vezes devidamente “ouvida” e que momentos como este ( a roda de conversa) são raros em seus cotidianos. **Conclusão:** Essa experiência nos possibilitou uma reflexão sobre  o jeito de ensinar e viver o SUS. Necessitamos revisar nossa metodologia, volta-la para menos teorização e mais atuação; repensar a nossa didática frente a um público pobre de ações e também valorizar o saber fora dos muros acadêmicos. Em nossa rotina imediatista, esquecemos de parar e ouvir todos os envolvidos, sejam eles usuários, alunos professores e profissionais de saúde. Calamos as vozes necessária para um ensino diferenciado e um fortalecimento da enfermagem humanizada e pautada no atendimento integral ao indivídio. **Contribuições para a Enfermagem**: A prática das rodas de conversa se traduziram como uma provocação para reflexões, buscando entender, resgatar as contribuições e fornecer subsídios para as estratégias de intervenções no campo da educação e gestão  da enfermagem no SUS.


Referências:
1. BURGATTI, J.C; BRACIALLI, L.A.D; OLIVEIRA, M.A.C. Problemas éticos vivenciados no estágio curricular supervisionado em enfermagem de um currículo integrado. Rev Esc Enferm USP, 2013. 47(4): 937-42. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n4/0080-6234-reeusp-474-0937.pdf. 2. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (CNE). Resolução CNE/CES 3/2001. Diário Oficial da União, Câmara de Educação Superior. Brasília, 9 de Novembro de 2001. Seção 1, p. 37. Disponível: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf. 3. DIAS, E.P; STUTZ, B.L; RESENDE, T.C; BATISTA, N.B; SENE, S.S. Expectativas de alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio em instituições de saúde. Rev. Psicopedagogia, 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v31n94/06.pdf.