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7724972 | INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA | Autores: Antonia Oliveira Silva ; Renata Maria Mota Wanderley ; Bárbara Maria Soares Pereira Wanderley ; Greicy Kelly Gouveia Dias Bittencourt |
Resumo: **Introdução**: No Brasil, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) tem como finalidade recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos idosos em consonância com os princípios e diretrizes do SUS1. Desse modo, a atenção à saúde da população idosa tem como porta de entrada a Atenção Básica/Estratégia Saúde da Família (ESF). O Ministério da Saúde recomenda a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa que é um instrumento para rastreio de disfunções que visa a prevenção de doenças e promoção de saúde, contando com instrumentos sensíveis nos campos de visão, audição, incontinência, humor e depressão, cognição e memória, atividades de vida diária, funcionalidade de membros superiores e inferiores, quedas e outros mais específicos2. Na prática de enfermagem são necessários instrumentos de avaliação para nortear a consulta de enfermagem. Tais instrumentos investigativos devem ser capazes de orientar o registro de dados e planejamento da assistência à saúde do idoso. Por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é possível organizar, planejar e oferecer ações sistematizadas3, sendo o processo de enfermagem o método científico que deve ser utilizado como tecnologia para contribuir com o gerenciamento da sistematização das ações de enfermagem. Na atenção básica, a consulta de enfermagem é o meio para aplicação do processo de enfermagem de forma sistematizada, documentada, sendo fonte de informação. A construção de um instrumento de avaliação da condição de saúde da pessoa idosa na atenção básica pode direcionar a coleta de dados, servindo de guia para o planejamento de ações a serem formuladas para o idoso. Neste estudo, a proposta de elaboração de um instrumento foi subsidiada pela teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta4.
**Objetivo**: Construir um instrumento para avaliação da condição de saúde da pessoa idosa na atenção básica, pelo enfermeiro, à luz da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta.
**Descrição metodológica**: Trata-se de um estudo metodológico5 que foi desenvolvido num município de Pernambuco com 29 Unidades de Saúde da Família, tendo como população os enfermeiros atuantes na atenção básica. Foi desenvolvido em três etapas: Na primeira etapa, realizou-se o levantamento de indicadores empíricos por meio de uma revisão integrativa da literatura acerca das necessidades humanas básicas da pessoa idosa que constituíram o instrumento de avaliação da condição de saúde da pessoa idosa na atenção básica. Na segunda etapa, foi construído um instrumento com indicadores empíricos classificados de acordo com o modelo de necessidades humanas básicas de Wanda Horta para avaliação da sua utilidade pelos enfermeiros das unidades de saúde da família. Solicitou-se a avaliação dos indicadores empíricos por 28 enfermeiros na medida em que fossem considerados úteis para a prática profissional, importantes para constar no instrumento de coleta de dados e, consequentemente, para avaliar a condição de saúde da pessoa idosa na atenção básica. Os critérios de inclusão foram enfermeiros atuantes na atenção básica que realizam consulta de enfermagem com os idosos. A coleta de dados foi realizada no período de setembro a outubro de 2017. Foi calculado o Índice de Validade de Conteúdo entre os enfermeiros para cada indicador empírico. Foram considerados validados os indicadores empíricos que alcançaram um índice de validade de conteúdo (IVC) = 0.80 entre os enfermeiros. Na terceira etapa foi construído o instrumento para avaliação da condição de saúde da pessoa idosa na atenção básica com os indicadores empíricos validados pelos enfermeiros participantes do estudo. O estudo foi apreciado em comitê de ética e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para anuência de sua participação na pesquisa.
**Resultados**: Foram identificados 316 indicadores empíricos, sendo que 243 são indicadores nas necessidades psicobiológicas, 67 pertencentes às necessidades psicossociais e 6 indicadores às necessidades psicoespirituais. Desse total de indicadores identificados, na literatura, e analisados pelos enfermeiros, 255 permaneceram com Índice de Validade de Conteúdo = 0.80, estando 205 nas necessidades psicobiológicas, 47 nas necessidades psicossociais e 3 nas psicoespirituais. Dentre as necessidades psicobiológicas, destacam-se as necessidades de Oxigenação, Hidratação, Nutrição, Eliminação, Sono e Repouso, Exercícios e atividades físicas, Sexualidade, Mecânica corporal, Motilidade, Cuidado corporal, Integridade física e cutaneomucosa, Regulação Neurológica, Regulação Térmica, Regulação Hormonal, Regulação Hidrossalina e Eletrolítica, Regulação Imunológica, Crescimento Celular, Regulação Vascular, Locomoção, Percepção dos órgãos dos sentidos. Com relação às necessidades psicossociais foram identificadas as necessidades de Segurança, Amor e Aceitação, Liberdade e Participação, Comunicação, Criatividade, Aprendizagem (educação em saúde), Sociabilidade, Recreação e Lazer, Espaço e Atenção, Autorrealização, Autoestima e Autoimagem. A necessidade psicoespiritual identificada foi Religiosa ou teológica, ética ou de filosofia de vida. Tendo em vista as particularidades da pessoa idosa, destaca-se a importância de um instrumento que favoreça o processo de comunicação, o raciocínio clínico e a organização das informações do idoso nos mais variados momentos do continuum saúde-doença, viabilizando uma base de dados completa para uma adequada condução da assistência e que, consequentemente, melhore a qualidade do cuidado prestado ao cliente e seus familiares. Conforme os resultados encontrados, foi evidenciado o predomínio das manifestações das necessidades humanas básicas afetadas na pessoa idosa no nível psicobiológico, com destaque para as necessidades de nutrição, eliminação, integridade física e cutaneomucosa, oxigenação e percepção dos órgãos dos sentidos. Embora a maioria dos indicadores foi classificado nas necessidades psicobiológicas, destacam-se também as necessidades psicossociais da pessoa idosa como amor e aceitação e comunicação. E as necessidades psicoespirituais como religiosa ou teológica, ética ou de filosofia de vida. Após a confirmação da utilidade dos indicadores empíricos pelos enfermeiros, foi construído o instrumento para avaliação da condição de saúde da pessoa idosa na atenção básica contendo cinco grandes domínios, assim distribuídos: Identificação do cliente; Condições gerais; Necessidades Humanas Básicas; Avaliação funcional e Impressões e encaminhamentos do enfermeiro.
**Conclusão**: Considerando que o idoso apresenta particularidades específicas, neste estudo, foram levantados indicadores empíricos que poderão contribuir para a avaliação da condição de saúde na pessoa idosa na atenção básica, utilizando-se como referencial teórico a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta. O instrumento construído, neste estudo, apresenta 316 indicadores empíricos, sendo que 243 são indicadores nas necessidades psicobiológicas, 67 pertencentes às necessidades psicossociais e 6 indicadores às necessidades psicoespirituais. Este instrumento necessita de avaliações futuras, tendo em vista sua aplicabilidade na prática profissional. Acredita-se que na medida em que a assistência de enfermagem é norteada por um referencial teórico, os profissionais de enfermagem tornam-se sujeitos ativos do seu processo de trabalho ao aprimorar habilidades cognitivas para associar teoria e prática, relacionando conhecimentos multidisciplinares no sentido de planejar um cuidado integral e qualificado.
**Contribuições para enfermagem:** a construção de um instrumento para avaliação da condição de saúde da pessoa idosa na atenção básica, fundamentado no modelo das Necessidades Humanas Básica de Horta, contribuirá para sistematizar a prática assistencial na atenção básica, conferindo maior visibilidade às ações da enfermagem com valorização profissional e excelência no cuidado prestado.
Referências: 1.Smeltzer; S.C; Bare, B.G. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Vol. 2. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 2- Kisner, Carolyn; Colby, Lynn Allen. Exercícios terapêuticos Fundamentos e Técnicas. 5ª ed. Barueri, SP: Manole, 2009. 3- Pozzi, Isabel, Reginaldo, Sandro; Almeida, Múcio Vaz; Forgaça, Alexandre. Manual de trauma ortopédico/ SBOT- Sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia. São Paulo: Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, 2011. 4- NANDA Internacional. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017. Porto Alegre: Artmed; 2015. 5- Horta, W. A. Processo de enfermagem. EPU, São Paulo; 1979. |