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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 7670494

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7670494

VISITA DE ENFERMAGEM PRÉ-OPERATÓRIA: CONSTRUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE UM INSTRUMENTO COMO FERRAMENTA DO CUIDADO

Autores:
Rosana Amora Ascari ; Adriana Gracietti Kuczmainski

Resumo:
**Introdução: **A Consulta de Enfermagem caracteriza-se como uma estratégia tecnológica do cuidado, ao subsidiar ao profissional enfermeiro a realização de uma assistência especializada, individualizada e humanizada frente aos aspectos bio-psico-sócio-espirituais do paciente1. Dentre as especialidades de atuação da enfermagem, diferentes metodologias assistenciais são adotadas a fim de qualificar o cuidado em saúde. No âmbito da assistência de enfermagem associada à intervenção anestésico-cirúrgica o modelo reconhecido e legitimado denomina-se Sistematização de Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP)2. A SAEP tem a finalidade de promover uma assistência integral, continuada, participativa, individualizada, documentada e avaliada, no qual o paciente é um ser singular, fornecendo uma ação de enfermagem centrada no indivíduo e suas necessidades em saúde3. A dimensão assistencial da SAEP tem seu inicio por meio da consulta de enfermagem, denominada neste contexto como visita pré-operatória de enfermagem (VPOE). Além de auxiliar a amenizar as dúvidas e ansiedade do paciente, a VPOE prevê a realização de orientações específicas de cuidados a serem realizados antes e após a cirurgia, a fim de minimizar complicações pós-operatórias e até mesmo o cancelamento cirúrgico4. Objetivo: Relatar a construção e utilização de um instrumento norteador da visita de enfermagem pré-operatória num hospital público do oeste de Santa Catarina. Descrição Metodológica: Trata-se de um relato de experiência vivenciado por estudantes e professores integrantes do Programa de Extensão "Cultura de segurança do paciente com foco no perioperatório" do curso de graduação em Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), desenvolvido no ano de 2017. Tal programa tem por objetivo fomentar a cultura de segurança do paciente no período perioperatório em um hospital público do oeste do estado de Santa Catarina. Este relato em específico refere-se à ação III e IV do referido Programa de Extensão, as quais contemplam a construção de um instrumento norteador da visita de enfermagem pré-operatória para orientação do paciente/família e o desenvolvimento das consultas de enfermagem com aplicabilidade de tal instrumento, denominado genericamente portfólio. Resultados: A iniciativa de desenvolvimento de um instrumento norteador da VPOE emerge no programa de extensão a partir de demanda da própria instituição hospitalar no ano de 2016, associada à observação da realidade local por meio das atividades no campo de práticas acadêmicas do curso de enfermagem no contexto da assistência de enfermagem perioperatória. É sabido que o paciente submetido a procedimentos anestésico-cirúrgicos apresenta peculiaridades significativas, tais como a ansiedade frente ao desconhecido e o medo eminente da morte. Isso demanda do enfermeiro uma abordagem assertiva, pois ao passo que o vínculo for estabelecido, as orientações forem fornecidas e as dúvidas esclarecidas, o risco cirúrgico será minimizado, a recuperação do paciente será potencializada e as complicações no período pós-operatório poderão ser prevenidas4. Nessa perspectiva se iniciou a construção de um instrumento norteador à VPOE, com o objetivo de subsidiar ao profissional enfermeiro/professor e estudantes a prestação de uma assistência especializada, individualizada e humanizada frente aos aspectos bio-psico-sócio-espirituais do paciente/família que vivenciam a experiência cirúrgica. O processo de desenvolvimento do material foi embasado em referenciais científicos da área com a participação de profissionais da equipe de enfermagem da instituição hospitalar. A estrutura do instrumento foi organizada de forma a seguir o passo a passo da experiência cirúrgica a ser vivenciada, incluindo informações sobre o preparo pré-operatório, os momentos cirúrgicos, ambiente cirúrgico, dispositivos os quais se pode fazer uso no pós-operatório e rotinas institucionais. Questões relativas à anamnese e exame físico não foram incluídos em virtude da existência no setor de roteiro para o histórico de enfermagem e checklist de cirurgia segura. Com o objetivo de maior compreensão e interação do paciente no momento de educação pré-operatória, optou-se por trabalhar todo o instrumento a partir de imagens reais dos contextos apresentados, a fim de melhor elucidar a realidade. Assim, ao passar por determinada estrutura hospitalar, tais como, a recepção do centro cirúrgico, sala de preparo e a própria sala cirúrgica e recuperação pós-anestésica, o paciente já estaria familiarizado com o ambiente. Após validação e aprovação da versão final do instrumento norteador da VPOE junto ao Núcleo de Segurança do Paciente e da Gerência de Enfermagem do hospital iniciou-se a aplicação na clínica cirúrgica. A experiência da aplicação do instrumento junto ao paciente na fase pré-operatória deu-se no segundo semestre de 2017 e têm se apresentado como uma estratégia de educação pré-operatória, fortalecedora da efetiva comunicação enfermeiro/paciente ao direcionar a orientação do paciente cirúrgico, contribuindo para o esclarecimento das dúvidas e anseios do paciente/família, além de auxiliar o profissional/estudante a instigar o autocuidado pelo paciente. Diferentes pacientes sinalizaram o quão importante foi poder visualizar a estrutura hospitalar, os dispositivos que podem fazer uso ao término do procedimento, como por exemplo, sondas, drenos, curativos e imobilizações, além da “conversa” antes da cirurgia com o enfermeiro, momento reconhecido como “tranquilizador”. Para os acadêmicos, a consulta de enfermagem desenvolvida com apoio desta “tecnologia do cuidado” fortaleceu o vínculo profissional/paciente, melhorou a compreensão do paciente sobre as fases que compõem o período perioperatório e o encorajou para passar pela experiência cirúrgica emocionalmente mais fortalecido. Conclusão: O período pré-operatório apresenta-se como um momento de vulnerabilidade para o paciente cirúrgico frente ao desequilíbrio emocional e alterações fisiológicas envoltos no procedimento anestésico-cirúrgico. Logo, a enfermagem tem papel indispensável no cuidado qualificado e especializado diante de todas as nuances envolvidas na experiência cirúrgica. A partir da vivência da utilização de um instrumento para nortear a VPOE tem se percebido a instrumentalização do paciente/família acerca do procedimento anestésico-cirúrgico em um processo de corresponsabilização do paciente, repercutindo diretamente nos melhores resultados em saúde no período perioperatório. A construção e validação deste instrumento se fizeram possível através da cooperação entre instituição hospitalar e Universidade, em um processo dialógico de formação e construção de conhecimento para a realidade local, conforme caracterizado nas bases das ações de extensão universitária. Contribuições/implicações para a Enfermagem: A construção de um instrumento para guiar a VPOE se apresenta como estratégia tecnológica do cuidado, ao subsidiar o profissional enfermeiro na realização de uma assistência qualificada, com vistas à melhoria de resultados e satisfação dos pacientes frente à experiência cirúrgica. A construção de um instrumento para a VPOE contribui para a prática assistencial na instituição, enriquece o processo ensino-aprendizagem dos graduandos, estimulando o refletir e aprimorar as práticas no âmbito da SAEP, com vistas a excelência na assistência de enfermagem perioperatória.


Referências:
1. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN n° 358/2009. Disponível em: URL: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen- 3582009_4384.html 2. Remizoski J, Moreira M, Vall RJ. Dificuldades na implantação da sistematização da assistência de enfermagem – SAE: uma revisão teórica. Cadernos da Escola de Saúde. 2014; 3(1):1-14. 3. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão Integrativa: Método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2008 out/dez; 17(4): 758-64. 4. Adamy EK, Krauzer IM, Hillesheim C, Silva BA, Garghetti FC. A inserção da sistematização da assistência de enfermagem no contexto de pessoas com necessidades especiais. Rev. pesqui. cuid. fundam. (Online) 2013; 5(3): 53-65. 5. Silva AA, Terra MG, De Freitas FF, Ely GZ, Mostardeiro SCTS. Cuidado de si sob a percepção dos profissionais de enfermagem em saúde mental. Rev Rene. 2013; 14(6):1092-102. 6. Willrich JQ, Kantorski LP, Antonacci MH, Cortes JM, Chiavagatti FG. Da violência ao vínculo: construindo novos sentidos para a atenção à crise. RevBrasEnferm. 2014; 67(1): 97-103.