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7531603 | AUTOMUTILAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: A PRÁTICA TEATRAL COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO | Autores: Rosa Maria Rodrigues ; Alessandra Crystian Engles dos Reis ; Camila Safranski Martins ; Solange de Fátima Reis Conterno ; Gicelle Galvan Machineski |
Resumo: **Introdução:** O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) oportuniza uma inserção precoce no mundo docente aos acadêmicos das universidades da rede pública, articulando as licenciaturas do ensino superior, a escola e o sistemas estaduais e municipais de educação. O curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) está dentre os poucos cursos que ofertam a licenciatura como parte da graduação no Brasil, e sendo assim possui vínculo ao Pibid, desenvolvendo práticas educativas continuadas, no ensino técnico em enfermagem e nas escolas com temas da área da saúde. No ano de 2017, O Programa na Unioeste, _campus _Cascavel desenvolveu um projeto de extensão com a finalidade de integração entre todos os subprojetos por meio de encontros de estudos e reflexões de temas relacionados ao cotidiano escolar. Para o curso de Enfermagem foi solicitado que coordenassem o tema “automutilação na adolescência”, assunto bastante pertinente para o momento vivido, considerando o surgimento de jogos_ online_ como “baleia azul” e, principalmente, a necessidade de tratar sobre o Bullying na escola. **Objetivo:** O presente trabalho relatará a experiência do grupo em produzir e encenar a perspectiva da automutilação na adolescência envolvendo os transtornos de personalidade, a inserção do acadêmico à segunda arte e os resultados obtidos com esta, literalmente, atuação. **Descrição Metodológica:** Para o desenvolvimento do trabalho o grupo do subprojeto de Enfermagem empenhou-se em abordar o tema de forma singular trazendo a arte cênica como instrumento didático para mediar o debate. O roteiro foi construído de forma inédita a partir de discursos reais de automutilação, de transtornos de personalidade e depressão na adolescência, advindos de _blogs_ pessoais, de conversas com pessoas que passaram por tais problemas e de literatura especializada. **Resultados:** A automutilação é um comportamento auto-lesivo, sem ideação suicida na maioria das vezes, onde o indivíduo busca o alívio da dor psíquica com o uso da dor física, a automutilação não diz respeito somente a cortes provocados pelo indivíduo em sofrimento mental em sua própria pele, também se trata de outras formas de auto-violência como: socos em superfícies, uso abusivo de substâncias químicas, beliscões, ou seja, qualquer instrumento que a pessoa encontre a fim promover alívio psíquico com a dor física1. Já o transtorno de personalidade _Borderline_, psicopatologia também abordada na peça teatral, por ser uma doença que se caracteriza por episódios de psicoses, o indivíduo portador desta doença possui tendências de agir com impulsivamente sem medir consequências de seus atos, é comum que a automutilação se enquadre nesses surtos, além disso, é bastante comum a instabilidade de afetos, e por isso é uma doença subjugada na adolescência devido as características do próprio indivíduo neste período ser marcada por instabilidades emocionais, imaturidade, mudanças e busca de uma personalidade, isso tudo influenciada por uma série de mudanças orgânicas, de mudanças de seu meio social e da sua forma de enxergar o mundo2. Para a montagem da atividade uma bolsista, com experiência em teatro, recrutou demais integrantes do Pibid e voluntários para a elaboração da peça “Viver em Dor”, dividida em três atos. O primeiro tratou sobre a não-percepção da família em relação ao sofrimento psíquico da filha, que além de estar em período da adolescência, vivenciava o recente divórcio dos pais que teria se dado de maneira traumatizante para a garota, e toda essa dor psíquica pela falta de compreensão, falta de olhar e cuidado a levava a se automutilar; o segundo ato abordou o transtorno de personalidade _Borderline_, onde também uma garota, adolescente, começa a ter seus primeiro surtos em decorrência da patologia e usa da automutilação como escape para seus sentimentos mais profundos; o terceiro ato era constituído por monólogos de cinco personagens diferentes que cercavam o adolescente que sofria bullying na escola, e que por isso também usava da automutilação. Os ensaios da peça foram realizados semanalmente no decorrer de dois meses, orientados pela bolsista com aulas de expressão corporal, entonação vocal e estrutura teatral. Essa atividade motivou os acadêmicos vinculados ao Programa a montar uma companhia teatral, nominada “Salutare Cia. Teatral” para dar continuidade a este trabalho, devido a grande repercussão da peça “Viver em Dor”, pois a mesma atingiu as famílias de pessoas que passaram por situações parecidas, aos próprios autores da automutilação na vida real, dos coordenadores de escola, psicólogos, da comunidade acadêmica de diversas áreas do conhecimento, enfim, conseguiu abarcar todas as pessoas para atentarem-se a tal situação tão subjugada e de pouco envolvimento da população.** Conclusão**: A realização da atividade sensibilizou bolsistas de Iniciação à Docência dos vários cursos da universidade, bem como os coordenadores e professores supervisores, pois ao abordar o tema de forma lúdica foi possível levar as pessoas as refletirem sobre o tema e a desenvolverem empatia. A atividade foi avaliada como positiva e como a companhia foi contatada pela Secretaria de Educação do Município da cidade de Cascavel para apresentá-la de forma mais direcionada aos escolares e profissionais da área, e também seguem trabalhando em novas peças e projetos para o ano de 2018, desta forma, além de mostrar uma diferente forma de ensinar, os acadêmicos desenvolvem novas habilidades, como expressão corporal, a fala em público, adentrar em um universo lúdico, fugindo assim um pouco do mundo acadêmico, e por fim, trazendo arte para a Universidade. **Contribuições para Enfermagem:** A atividades pode servir de exemplo de como abordar temas do campo da saúde mental de forma lúdica sem secundarizar o conhecimento específico da área da saúde mental.
Referências: 1. Amarante P, coordenador. Archivos de a saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: NAU Ed; 2003. 2. Tavares, CMM et al. Competências específicas do enfermeiro de saúde mental enfatizadas no ensino de graduação em enfermagem. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental[online]. p. 25-32 2016. |