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7523569 | PERCEPÇÕES DE USUÁRIOS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE O ATENDIMENTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE | Autores: Maria Fernanda Pereira Gomes ; Kesley de Oliveira Reticena ; Emy Graziele Utida |
Resumo: PERCEPÇÕES DE USUÁRIOS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE O ATENDIMENTO NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Maria Fernanda Pereira Gomes1
Lislaine Aparecida Fracolli2
Kesley de Oliveira Reticena3
Emy Graziele Utida4
INTRODUÇÃO
A Atenção Primária à Saúde (APS)foi densamente discutidaem 1978, na
Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, o que resultou na
publicação da Declaração de Alma-Ata, a qual traz que,por meio dos cuidados
primários é possível que a população consiga atingir um nível de saúde
favorável a vida social, produtiva e familiar1. No Brasil, a Estratégia Saúde
da Família é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais,
como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da atenção primária,
por promover a reorientação do processo de trabalho2.Essa estratégia produz as
ações de saúde com foco nos usuários, facilitando o vínculo, a integralidade,
a coordenação da atenção, a articulação com a rede assistencial, a
participação social e a atuação intersetorial2, e mostrar resultados positivos
para saúde da criança, saúde da mulher, saúde do adulto,além de ampliar a
distribuição de medicamentos e a cobertura de saúde bucal para a população3.O
enfermeiro da ESF, além das atribuições de atenção à saúde e de gestão comuns
a qualquer enfermeiro da atenção básica, tem a atribuição de planejar,
coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pela equipe2. Desta forma, é
importante que seja conhecida a maneira que a ESF tem se operacionalizado em
diversos cenários, especialmente na perspectiva de usuários, para que o
enfermeiro auxilie no desenvolvimento e alcance de seu potencial de mudanças
das práticas assistenciais.
OBJETIVO:Compreender a perspectiva de cuidadores de crianças menores de dois
anos e adultos maiores de 18 anos, a partir da identificação de pontos
positivos e negativos, sobre o atendimento de saúde na Atenção Primária à
Saúde (APS) municipal, nas Estratégias Saúde da Família (ESF) implantadas nos
municípios que compõem as Comissões Intergestores Regionais (CIRs) de Alto
Capivari e Alta Sorocabana da Rede Regional de Atenção à Saúde (RRAS) 11 de
Presidente Prudente, interior do Estado de São Paulo, Brasil.
DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de
natureza qualitativa, desenvolvido junto a usuários atendidos pelas ESF
implantadas nos municípios que compõem as CIRs de Alto Capivari e Alta
Sorocabana da RRAS 11 de Presidente Prudente, interior do Estado de São Paulo,
Brasil.As CIRs citadas são constituídas por uma totalidade de 24 municípios,
sendo que a CIR Alta Sorocabana conta com 19 municípios: Alfredo Marcondes,
Álvares Machado, Anhumas, Caiabu, Emilianópolis, Estrela do Norte, Indiana,
Martinópolis, Narandiba, Pirapozinho, Presidente Bernardes, Presidente
Prudente, Regente Feijó, Ribeirão dos Índios, Sandovalina, Santo Anastácio,
Santo Expedito, Taciba e Tarabai; e a CIR Alto Capivari com cinco municípios:
Iepê, João Ramalho, Nantes, Quatá e Rancharia. Participaram do estudo 37
usuários adultos com idade igual ou superior a 18 anos e 36 cuidadores de
crianças menores de dois anos, aplicando-se os seguintes critérios de
inclusão: idade igual ou superior a 18 anos, ser atendido pela ESF há pelo
menos seis meses, condições físicas e cognitivas para responder aos
questionamentos e residir em município com cobertura de 50% ou mais da
população pela ESF. Destaca-se que apenas 23 destes municípios contavam com
cobertura de 50% ou mais da população pela ESF e que os municípios de
Pirapozinho e Santo Expedito não aceitaram participar do estudo. Os dados
foram coletados entre os meses de junho a setembro do ano de 2015, sendo que a
coleta foi realizada após o pesquisador abordar o usuário na unidade de saúde,
a partir de seleção aleatória dentre os indivíduos que frequentavam as
unidades no período.Foram realizadas as seguintes questões: “Dê sua opinião
sobre o atendimento de saúde à criança na Atenção Primária à Saúde municipal,
aponte os pontos positivos e negativos deste tipo de serviço?” e “Dê sua
opinião sobre o atendimento de saúde prestado aos adultos (maiores de 18 anos)
na Atenção Primária à Saúde municipal, aponte os pontos positivos e negativos
deste tipo de serviço?”.Os participantes responderam às questões por escrito,
diretamente no instrumento que foi disponibilizado a eles, que possuía dados
de caracterização e questões referentes aos atributos da APS. Para a
realização da análise dos dados, as respostas foram digitadas na íntegra no
Microsoft Word for Windows e, após, passaram pelas três etapas do processo da
análise de conteúdo na modalidade temática: a ordenação, a classificação e a
análise final4. O desenvolvimento do estudo ocorreu em conformidade com o
preconizado na resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido
autorizado pelas CIRs e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres
Humanos da Universidade de São Paulo (protocolo 1.024.138/2015).
RESULTADOS: Participaram do estudo 37 usuários adultos e 36 cuidadores de
crianças menores de dois anos, sendo que tanto os usuários adultos quanto os
cuidadores de crianças menores de dois anos apontaram pontos positivos e
negativos quanto ao atendimento da ESF em seus respectivos municípios,
convergindo em três temáticas que serão apresentadas a seguir. Reconhecendo os
atributos essenciais da Atenção Primária à Saúde: Ao analisar as respostas dos
participantes, observou-se que os participantes adultos e os cuidadores de
menores de dois anos reconheceram a qualidade da assistência prestada pela ESF
como satisfatória. Os participantes adultos evidenciaram que foram atendidos
em tudo o que precisaram e que o cuidado é realizado integralmente. Os
cuidadores de crianças menores de dois anos também evidenciam a resolutividade
da atenção, o cuidado humanizado e integral, o acesso de primeiro contato na
unidade e a coordenação da atenção pela APS. Identificando fragilidades na
Atenção Primária à Saúde. Observou-se que, apesar do reconhecimento da
qualidade da assistência prestada pelas equipes da ESF, foi grande o número de
participantes que apontou pontos frágeis dos serviços, sendo que dentre os
usuários adultos, alguns relataram demora no atendimento, em conseguir
consultas com especialistas e realizar exames diagnósticos, falta de
profissionais e medicações, além da evidência pelos cuidadores, da falta de
médico pediatra. Sugerindo melhorias na Atenção Primária à Saúde. Além das
fragilidades da APS apontadas pelos participantes, outros pontos, vistos como
desafios do serviço e dos profissionais apareceram nos relatos. Dentre os
participantes adultos, alguns ressaltaram questões relativas ao horário de
funcionamento da unidade e à qualidade da assistência, e dentre os cuidadores
de crianças menores de dois anos foi destacada a qualidade da assistência, a
rotatividade de profissionais, a falta de informação dos serviços que são
prestados, a limitação na composição da equipe de saúde e a desorganização nas
unidades.
CONCLUSÃO:Os relatos mostram que os profissionais que trabalham na ESF
propiciam o acesso, a continuidade do cuidado tanto aos usuários adultos
quanto às crianças. Porém, sugerem que apesar de serem bem atendidos, alguns
pontos de atenção dos serviços necessitam de investimentos para que seja
alcançada a integralidade do cuidado.Observa-se que existem diversas questões
específicas a respeito da qualidade da assistência e ao funcionamento dos
serviços que merecem mais atenção para que os princípios do sistema de saúde
brasileiro sejam operacionalizados.
CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM:Estes resultados auxiliam os
enfermeiros a terem subsídios para aprimorar a sua atuação na ESF, visto que,
na maioria dos casos, esses profissionais são os coordenadores das equipes.
Ademais, ao fortalecer as ações desenvolvidas pela ESF, é possível alcançar
melhorias na APS, promovendo qualidade de vida aos usuários e colocando em
prática os preceitos do sistema de saúde.
Referências: 1. Fernandes, J. D. Uma década de diretrizes curriculares nacionais: Avanços e desafios na enfermagem. 13°. SINADEN. 2012. Disponivel em: http://www.abeneventos.com.br/13senaden/arquivo/CONFERENCIA-ABERTURA_13-SENADEn.pdf. Acesso em: 14-02-2018. 2. Santos NC. Crenças dos alunos de graduação em enfermagem sobre o cuidar do idoso. [dissertação] São Paulo (SP): Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, São Paulo; 2006. 3. Silva, KL; Sena, RR. Integralidade do cuidado na saúde: indicações a partir da formação do enfermeiro. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 42, n. 1, p. 48-56, 2008. White, E. G. Fundamentos da Educação Cristã. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, São Paulo, 2008. 4. Machado, MFAS. et al, Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS: uma revisão de conceitos. Cien. Saúde coletiva, Rio de Janeiro, v.12, n.2,abr.2007. Disponivel em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413- 81232007000200009&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 11 de março de 2018. |