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7489212 | MUCOSA LARINGOTRAQUEAL PREJUDICADA: ANÁLISE DE CONCEITO | Autores: Maria Helena Barbosa ; Aldenora Laísa Paiva de Carvalho Cordeiro |
Resumo: **Introdução:** as lesões em laringe e traqueia advindas do processo de intubação endotraqueal podem resultar em alta morbidade e mortalidade e acontecem principalmente, em sala de emergências e unidade de terapia intensiva, mas, embora sejam raras, também podem ocorrer na ocasião da anestesia geral1. Entre as principais lesões laringotraqueais associadas ao processo de intubação endotraqueal, destacam-se: edema, erosão, ulceração, granulomas, disfonia, paralisia de cordas vocais, deslocamento e luxação de cartilagens aritenoideas e estenose traqueal ou laríngea2-3. A incidência da lesão laringotraqueal relacionada ao processo de intubação e/ou traqueostomia em unidade de terapia intensiva (UTI) é de 88%, entre 72 a 96 horas após extubação; e de 11% entre 6 a 12 meses após extubação. Nesse último caso, a paralisia das cordas vocais (4,6%) foi a lesão que prevaleceu seguida de estenose traqueal (3,2%) e lesões na região da glote (3,2%)3. Tendo em vista a prevenção de tais lesões, o enfermeiro deve conhecer previamente as condições clínicas do indivíduo, coletar dados, interpretá-los, fazer julgamento clínico, levantar diagnósticos, planejar suas intervenções e avaliá-las constantemente. É desejável, no entanto, que faça uso da Prática Baseada em Evidências (PBE) e das classificações existentes na enfermagem, que são instrumentos eficazes para promover uma linguagem padronizada, e constituem um excelente modo de organizar o conhecimento. Classificações como a de diagnósticos de Enfermagem da Nanda Internacional, Inc. (Nanda-I), _Nursing Outcomes Classification _(NOC) e a _Nursing Intervention Classification _(NIC) fornecem uma visão geral do domínio do conhecimento da enfermagem, auxiliam na recuperação de informações e permitem a análise e pesquisa4. Assim, estudos sobre diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem são cada vez mais necessários e tornam-se imperativos para promover a excelência na prática clínica. **Objetivos:** realizar análise de conceito do termo “mucosa laringotraqueal prejudicada”, como etapa inicial para se descrever um fenômeno de enfermagem relacionado às lesões advindas do processo de intubação endotraqueal. **Descrição Metodológica:** análise de conceito, segundo o referencial de Walker e Avant5. Esse método é usado para clarificar termos e é muito útil para a pesquisa e para o desenvolvimento de uma linguagem padronizada na enfermagem. Walker e Avant5 em seu método para análise de conceito propõem oito passos que, segundo as autoras, são suficientes para capturar a essência de um conceito e são eles: 1) seleção de conceito; 2) determinar objetivos da análise de conceito; 3) identificar os usos do conceito; 4) determinar atributos definidores; 5) identificar um caso modelo; 6) casos contrários; 7) identificar antecedentes e consequentes; 8) definir referenciais empíricos. É recomendado buscar na literatura disponível o uso, atributos definidores, antecedentes e consequentes do conceito em estudo5. Assim, para operacionalizar a análise de conceito nesta investigação, foi utilizada a revisão integrativa da literatura. As questões norteadoras da pesquisa foram: “qual a definição de mucosa laringotraqueal prejudicada?”, “quais são os sinais clínicos de mucosa laringotraqueal prejudicada?” e “quais os fatores de risco para mucosa laringotraqueal prejudicada?”. A busca na literatura foi realizada em agosto de 2014 e revisada em novembro de 2017. Bases de dados: Medline, Cinahl, Lilacs, Cochrane, Scopus e _Web of Science_. Palavras-chave: _“risk factors”, “intubation, intratracheal”, “wounds and injuries”, “laryngeal mucosa” e “trachea”._ **Resultados**: foram encontrados 28 artigos publicados na área médica. Nenhum estudo publicado por enfermeiros. O conceito em estudo tem o seguinte uso: designar lesões em mucosas na região laringotraqueal relacionadas, principalmente, à pressão mecânica exercida pelo tubo endotraqueal ou da máscara laríngea em pontos de contato com a mucosa laringotraqueal. Atributos definidores: laceração traqueal, presente em 4 (14,2%) dos artigos da revisão de literatura; estenose em laringe e/ou traqueia, em 4 (14,2%); comprometimento das cordas vocais em 3 (10,7%), e comprometimento do nervo laríngeo recorrente, em 3 (10,7%). Antecedentes da ocorrência do conceito: pressão intracuff acima de 25 cmH2O, em 5 (17,8%) artigos; tamanho de tubo endotraqueal inadequado, em 4 (14,2%); intubação de emergência, em 3 (10,7%) e intubação prolongada, em 3 (10,7%). Para os consequentes: aumento da morbidade, presente em 15 (53,6%) dos estudos e doença de vias aéreas, em 13 (46,7%). Entre os referenciais empíricos, além dos exames diagnósticos médicos, destacaram-se os seguintes sinais clínicos: rouquidão, estridor laríngeo, secreções sanguinolentas e dispneia, todos presentes em 3 (10,7%) dos estudos. **Conclusão: **o termo “mucosa laringotraqueal prejudicada” é usado na área da saúde para descrever uma lesão, dano ou trauma, associado ao processo de introdução e manutenção de um tubo endotraqueal, em mucosas da região da laringe e da traqueia. Seus atributos definidores são: paralisias laríngeas; laceração laríngea ou traqueal; estenose em laringe ou traqueia. Propõe-se então o diagnóstico de enfermagem (DE): “risco de mucosa laringotraqueal prejudicada” e não o diagnóstico real, pois esse último foi considerado por muitos autores como uma iatrogenia, além disso, a enfermagem pode intervir legalmente na prevenção da mucosa laringotraqueal prejudicada. O título do DE que se propõe neste estudo derivou-se do conceito estudado; a definição foi obtida durante todo o processo da análise e os fatores de risco relacionados elaborados a partir dos antecedentes da análise do conceito. **Contribuições/Implicações para a Enfermagem: **este estudo contribuiu para uma nova visão quanto às lesões que ocorrem na mucosa laringotraqueal advindas do processo de intubação, favorecendo a implementação da PBE e o uso da taxonomia dos diagnósticos de enfermagem na prática clínica. O exame físico bem conduzido permitirá ao enfermeiro perceber os sinais clínicos sugestivos de mucosa laringotraqueal prejudicada e o conhecimento da fisiopatologia dessas lesões possibilitará o planejamento de intervenções capaz de amenizar e evitar os danos laringotraqueais. Neste intuito, considera-se que a proposta de um diagnóstico de enfermagem que contemple tais lesões é pertinente, pois é possível traçar intervenções que amenizam os efeitos na mucosa laringotraqueal e que são compatíveis com o perfil técnico e legal da enfermagem. Sugere-se que outros estudos sejam realizados para contemplar as lesões laringotraqueais advindas do processo de instalação e manutenção de tubo endotraqueal.
Referências: 1. Zamulak J. Autotranscendência: caminho para superação do individualismo, Logos & Existência. [Internet]. 2015 [cited 2018 Feb 14]; 4 (2), 130-142. Available from: periodicos.ufpb.br/index.php/le/article/download/26268/14701. 2. Silva MG, Fernandes JD, Teixeira GAS, Silva R MO. Processo de formação da(o) enfermeira(o) na contemporaneidade: desafios e perspectivas, Texto contexto - enferm. [Internet]. 2010 Mar [cited 2018 Feb 14]; 19(1):176-184. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v71n2/ pt_0034-7167-reben-71-02-0236.pdf. 3. Frankl VE. Psicoterapia e sentido da vida. São Paulo: Quadrante; 2003. 318p. |