E-Pôster
7467205 | IMPLEMENTAÇÃO DA RESIDÊNCIA EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NOS CAMPOS GERAIS/PR | Autores: Thiane Cristina Wosniak ; Mariana Faria S. de Almeida ; Laryssa de Col Dalazoana ; Brenda Cristiny Padilha ; Ana Paula Xavier Ravelli |
Resumo: A residência em Enfermagem surge influenciada pela residência médica em meados
dos anos 70, e é classificada de acordo com o art 2º da resolução do COFEN
259/2001, como uma modalidade de pós-graduação “Latu Sensu”, para enfermeiros,
que busca o desenvolvimento de competências técnico-científica através do
treinamento em serviço.No ano de 2013, cria-se o Programa Nacional de
Residência em Enfermagem Obstétrica (PRONAENF) como uma ação da Rede Cegonha,
para viabilizar os objetivos da rede. O programa de residência em enfermagem
obstétrica busca capacitar enfermeiras para o cuidado à saúde da mulher,
incluindo cuidados nos processos reprodutivos em idade fértil, planejamento
familiar, pré-natal à gestantes, trabalho de parto, parto, nascimento e
puerpério. No Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal,
criado em 2004, consta em um de seus itens sobre a atuação da enfermagem
obstétrica, bem como projetos para a humanização em maternidades1; em 2008 o
COFEN normatiza a atuação do enfermeiro obstetra através da resolução nº
3392; a portaria n° 904, de 29 de maio de 2013, dispõe sobre a criação do
centro de parto normal como estratégia da rede cegonha3, e em 2015 é
instituída a portaria nº 11 que redefine as diretrizes para implementação do
centro de parto normal, a qual preconiza que o enfermeiro obstetra seja
responsável técnico e que nesses centros tenha a presença de enfermeiro
obstetra na assistência 24 horas, 7 dias por semana, realizando 40 horas
semanais4. Essas políticas, portarias e regulamentações visam fortalecer o
papel do enfermeiro obstetra na atuação ao parto e nascimento, por meio da
assistência baseada em evidências científicas, da utilização e boas práticas e
das recomendações da Rede Cegonha, Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde da Mulher e Pacto pela redução da Mortalidade Materna e Neonatal5. A
atuação do enfermeiro obstetra é recomendada pela organização mundial da saúde
e pelo ministério da saúde. Haja vista a importância da atuação do enfermeiro
obstetra na assistência à mulher no ciclo gravídico puerperal, o hospital
universitário instituiu a residência em enfermagem obstétrica, em 2017 sob a
coordenação de uma docente e enfermeira obstetra da Universidade Estadual de
Ponta Grossa. Objetivou relatar a experiência da implementação do programa de
residência em enfermagem obstétrica e descrever as práticas de humanização ao
parto e nascimento. Trata-se de relato de experiência com seu cenário de
prática em um hospital universitário, público, no município de Ponta
Grossa/PR, que atende gestantes do município, estratificadas durante o pré-
natal como risco habitual e intermediário, e que apresenta a média de 200
nascimentos/mês. O relato descreve atuações desde março a dezembro de 2017 e
cabe ressaltar que, a residência é a primeira turma e conta com três
enfermeiras residentes (R1), no qual recebem preceptoria direta de enfermeiras
obstetras, que acompanham as atividades de assistência ao parto, além de aulas
teóricas e atuação em campo prático com rodízio entre os setores: alojamento
conjunto, pré-parto, centro obstétrico e pré-natal de alto risco. Sendo assim,
este estudo identificou mudanças no serviço oferecido as gestantes,
parturientes e puérperas após implementação da residência em enfermagem
obstétrica, no qual a partir de um protocolo de atuação da residência em
questão, relacionado a assistência ao parto, às gestantes -serviço – ensino
foram contemplados. A maternidade conta com dois quartos de pré-parto com
banheiros, totalizando quatro leitos, e um CO onde as parturientes são
encaminhadas para o parto normal, cesárea e outros. Durante a preceptoria na
condução e acompanhamento dos partos, os mesmos são realizados na sala de pré-
parto, possibilitando a escolha da posição, maior privacidade e conforto para
as mulheres; no pré-parto houve a instalação de cortinas para divisão dos
leitos. Inúmeras são as pesquisas que mostram os benefícios do uso das boas
práticas, para um bom andamento do trabalho de parto, portanto foi
desenvolvido um procedimento padrão hospitalar (PPH) de boas práticas não
farmacológicas para o alívio da dor. Assim, durante o trabalho de parto, são
utilizadas as boas prática, como: a bola suíça, banho morno, liberdade de
posição, deambulação, massagem e presença do acompanhante de livre escolha
durante todo o trabalho de parto, parto e puerpério. Estudos mostram as
vantagens da presença da doula no trabalho de parto, sendo que a chance de
parto normal é duas vezes maior nas mulheres acompanhadas por doula.. Sendo
assim, o hospital proporcionou para a comunidade o curso de formação de 100
doulas no município de Ponta Grossa as quais irão acompanhar voluntariamente
as parturientes internadas no hospital. O curso foi organizado e ministrado
pelo programa de residência em enfermagem obstétrica e docentes, e com o apoio
da coordenação.Outro serviço implantado foi a consulta de enfermagem no 3º
trimestre de gestação, em que as gestantes de baixo risco do município são
encaminhadas pelas unidades básicas de saúde ao hospital para a consulta de
enfermagem. Durante a consulta, além da anamnese e exame obstétrico, são
realizadas orientações sobre o parto normal, sinais do início do trabalho de
parto, o que trazer para o hospital através de um check-list, posições para o
parto, exercícios e práticas para alívio da dor e progressão do trabalho de
parto, aleitamento materno, e todas as dúvidas inerentes ao final da gestação.
As gestantes que passam pela consulta, recebem um carimbo na carteirinha para
registro. Além da parte da enfermagem, as gestantes recebem orientações de
assistentes sociais, residentes do programa de neonatologia, para sanar suas
dúvidas. Portanto, a implementação da primeira turma da residência em
enfermagem obstétrica trouxe algumas mudanças ao setor, incluindo mudanças no
processo de trabalho. Desde março até o presente momento, houve muitas
melhorias em relação a aceitação das residentes na assistência direta ao parto
normal, pelos demais profissionais e comunidade. Como contribuições: a cada
dia novos desafios surgem, e é preciso conhecimento para desenvolvimento das
atividades inerentes a atuação do enfermeiro obstetra, e segurança para
repassar à equipe que aos poucos está conhecendo o trabalho da enfermagem
obstétrica, que até o início da residência, não existia na instituição. A
experiência é de grande valia para as residentes, que podem vivenciar a
assistência ao parto normal e nascimento humanizado, e principalmente
proporcionar ás mulheres um parto respeitoso, fisiológico, com o mínimo de
intervenções, é de extrema importância. Por fim, acredita-se que a residência
em enfermagem obstétrica viabiliza mudanças à prática atual, baseadas em
evidências científicas e que possibilita aos poucos a mudança do cenário
obstétrico atual.
Referências: 1. PEDUZZI, M. ANSELMI, M. L. O processo de trabalho de enfermagem: a cisão entre planejamento e execução do cuidado. Revista Brasileira de Enfermagem, volume 55, número 4, p. 392-398, jul./ago. 2002.
2.CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN-358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências.
3.CRUZ, A. M. P. ALMEIDA, M. A. Competências na formação de Técnicos de Enfermagem para implementar a Sistematização da Assistência de Enfermagem. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n4/09.pdf > Acesso em 06/07/2012.
4.RAMOS, L.A.R.; CARVALHO, E.C.; CANINI, S.R.M.S. Opinião de auxiliares e técnicos de enfermagem sobre a sistematização da assistência de enfermagem. Revista Eletrônica de Enfermagem, volume 11, número 1 p. 39-44, 2009.
5.KURCGANT, Paulina. Administração em enfermagem. São Paulo: E.P.U., 1991. 237 p. |