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7421062 | REELABORAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Andréa Noeremberg Guimarães ; Lucineia Ferraz ; Rosana Amora Ascari ; Silvana dos Santos Zanotelli ; Maria Luiza Bevilaqua Brum |
Resumo: Introdução: Discussões sobre o processo educativo no ensino superior de
enfermagem apontam para a necessidade de se romper com a fragmentação de
saberes e trabalhar com um conjunto de conhecimentos complementares, que
permitam ao enfermeiro cuidar do ser humano com uma visão integral,
problematizadora e ampla acerca do processo saúde-doença. Essa concepção
favorece uma atuação crítica, reflexiva e interdisciplinar do enfermeiro, com
maiores possibilidades de transformar a realidade em que está inserido(1-2).
No entanto, para que esta modalidade de ensino seja aplicada na prática, é
indispensável que o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) seja organizado e
assumido coletivamente, tendo o envolvimento de todos no processo. A
identidade do enfermeiro que será formado é decorrente do conjunto das
re?exões coletivas, levando em consideração a essência da organização do
trabalho pedagógico e a realidade em que a Escola de Enfermagem está inserida.
A reorganização do ensino deve partir de dentro para fora, com empenho
coletivo, a fim de romper com as divergências das necessidades atuais, para
avançar. Deste modo, o Projeto Pedagógico passa a ser uma reflexão sobre o
cotidiano e não somente um documento a ser seguido, pois este requer
continuidade das ações, descentralização de poder, democratização na tomada de
decisão e um processo de avaliação contínuo de cunho emancipatório(3). Foi
nessa lógica, que no ano de 2016 se iniciou as primeiras discussões sobre o
processo de reelaboração do Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em
Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), e que está em
andamento. Objetivo: Relatar a experiência da Comissão de Reelaboração do
Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa
Catarina, no período de 2017-2018. Descrição metodológica: No primeiro ano de
trabalho - 2017, os membros da comissão se dedicaram a estudar o PPC atual do
curso, o PPC de outras Escolas de Enfermagem que são referências no Brasil e a
se aprofundar em reflexões envolvendo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº
9394/96, a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, as Diretrizes
Curriculares Nacionais da área da Saúde e as da Enfermagem, e as discussões
levantadas pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). Após o
aprofundamento teórico e em meio as discussões da Associação Brasileira de
Enfermagem (ABEn) a respeito da reformulação atual das Diretrizes Curriculares
Nacionais da Enfermagem, foi feito um convite a diretora do Centro de Educação
da ABEn Nacional 2016-2018 para a realização de um workshop no Departamento de
Enfermagem da UDESC acerca do ensino de enfermagem nos cursos de graduação e a
construção do PPC. O workshop ocorreu em abril de 2017 e foi dividido em dois
momentos. No primeiro momento estiveram presentes os membros da Comissão de
Reelaboração do PPC e foram esclarecidas dúvidas sobre questões práticas do
processo coletivo de reestruturação de um PPC. No segundo momento todos os
professores do Departamento de Enfermagem foram convidados a participar e a
palestrante da ABEn proporcionou um encontro com discussão e reflexão sobre as
Diretrizes Curriculares Nacionais da Enfermagem. Desde então, a Comissão de
Reelaboração do PPC organizou três oficinas no segundo semestre de 2017: uma
com os professores do Departamento de Enfermagem, uma com os representantes
discentes de todas as fases do Curso de Graduação em Enfermagem e uma com os
gestores e enfermeiros coordenadores de serviços de saúde conveniados com o
Curso de Graduação em Enfermagem da UDESC. Nessas oficinas, os atores
trabalharam as potencialidades e as fragilidades do atual PPC, repensaram
sobre a grade curricular e apontaram possíveis estratégias de superação de
desafios para a efetiva execução do Projeto Pedagógico Integrado. A comissão
consolidou os achados e organizou um sumário que foi apresentado em reunião de
colegiado do Departamento de Enfermagem da Udesc. Atualmente, estão sendo
planejadas novas oficinas para dar continuidade no processo de reelaboração do
PCC. E, na perspectiva de também ouvir os enfermeiros egressos, está sendo
elaborado um projeto de pesquisa envolvendo esse público. Resultados: Durante
a capacitação por meio dos workshops, os membros da Comissão de Reelaboração
do PPC sentiram-se motivados assim como os demais professores do Departamento
de Enfermagem (DEnf) e por proposição que emergiu no próprio workshop, a
comissão planejou um encontro com cada segmento envolvido na formação
acadêmica de enfermagem (professores, acadêmicos e serviços de saúde) a fim de
eleger as potencialidades e fragilidades do curso para a reelaboração do PPC.
A Oficina com os docentes foi produtiva, ocasião em que surgiu proposição de
unir e/ou desmembrar disciplinas e reorganizar disciplinas por fases, seguindo
uma complexidade crescente de conhecimentos no decorrer do curso e agregando
conteúdos afins. Durante a oficina com os representantes discentes, emergiu a
necessidade de novas disciplinas/conteúdos e a proposição de tornar
disciplinas eletivas em obrigatórias, além da oferta frequente de algumas
disciplinas eletivas. Com relação aos representantes dos serviços foi
levantado a falta de preparo do profissional no serviço para receber os
estudantes em campo. Ressaltaram que a discussão prévia do plano de trabalho
entre o professor e o enfermeiro do serviço, atividade implementada pelos
serviços adstritos à Secretaria Municipal de Saúde, vem enriquecendo o ensino
da enfermagem por que define que competências se espera do acadêmico em
determinado período, tornando mais tranquila a inserção dos estudantes em
campos práticos e minimiza o estresse vivenciado pelos profissionais do
serviço frente as demandas das unidades de atenção à saúde. Além disso, os
profissionais sinalizaram a possibilidade de maior integração entre a academia
e os serviços no que se refere à produção intelectual. Uma fragilidade
percebida nesta última oficina foi à falta de representatividade dos serviços
hospitalares, justificada por avaliação externa ao serviço no mesmo período.
Conclusão: A reelaboração do PPC é um processo lento e gradual. Há um caminho
sinuoso a ser percorrido na direção da apropriação dos conceitos pedagógicos,
na operacionalização das ações envolvendo o coletivo e de saber lidar com a
desmotivação, as resistências e os obstáculos que fazem parte da prática
docente. Ainda, ressalta-se que em tempos de mudanças nas Diretrizes
Curriculares Nacionais da Enfermagem, é importante à espera da publicação das
novas diretrizes para a finalização do PPC. Contribuições/implicações para a
Enfermagem: Essa experiência pode contribuir para que os atores que estão
inseridos no cenário das Escolas de Enfermagem reflitam sobre o ensino e suas
necessidades atuais com vistas à qualidade da formação do enfermeiro. Além
disso, pode servir de exemplo para que outras instituições de ensino superior
norteiem os seus passos para a reelaboração do projeto pedagógico de curso.
Referências: 1. Barbas CSV et al. Recomendações brasileiras de ventilação mecânica 2013. Parte I. Rev. bras. ter. intensiva, 2014 Jun.; 26(2): 89-121. 2. Costa FMJ et al. Infecção hospitalar e a atuação da CCIH e Enfermagem. Encontro de Extensão, Docência e Iniciação Científica (EEDIC), 2015 Abr.; 1(1). 3. Meinberg MCA et al. Uso de clorexidina 2% gel e escovação mecânica na higiene bucal de pacientes sob ventilação mecânica: efeitos na pneumonia associada a ventilador. Rev Bras Ter Intensiva, 2012; 24(4): 369-74. |