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7418307 | DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM ASSOCIADOS AO PROTOCOLO DE ENFERMAGEM: HIPERTENSÃO, DIABETES E OUTROS FATORES ASSOCIADOS A DOENÇAS CARDIOVASCULARES | Autores: Lucas Alexandre Pedebos ; Karina Mendes Garcia ; Vinicius Paim Brasil ; Elizimara Ferreira Siqueira ; Fernanda Paese |
Resumo: **Introdução: **A Sistematização da Assistência de Enfermagem organiza o trabalho quanto ao método, pessoal e instrumentos, possibilitando a operacionalização do processo de enfermagem(1). A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Florianópolis possui, uma Comissão Permanente de Sistematização da Assistência de Enfermagem (CSAE) que se constitui num grupo técnico-consultivo para a tomada de decisões da Secretaria Municipal da Saúde envolvendo as ações e Serviços de Enfermagem, organizar-se em subcomissões, de acordo com os temas a serem desenvolvidos, e conforme a necessidade do serviço(2). Em 2015 a CSAE publicou o primeiro produto da construção do coletivo de enfermeiros da SMS, Protocolo de Enfermagem - Volume 1 Hipertensão, Diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares. A importância da identificação de diagnósticos de enfermagem para pacientes portadores de doenças crônicas atendidos na atenção primária à saúde com o intuito de colaborar para a operacionalização da consulta de enfermagem e documentação da prática clínica do enfermeiro. Desta forma, a construção de um conjunto de diagnósticos de enfermagem da CIPE® para doentes crônicos acompanhados na APS resulta em um instrumento tecnológico facilitador para a clínica de enfermagem, subsidiando a realização de ações sistematizadas, raciocínio clínico e um vocabulário padronizado de enfermagem. Das doenças cardiovasculares, a hipertensão é a mais comum e exibe, no país, prevalência de 32,5%, chegando a mais de 50% em indivíduos com 60 a 69 anos e 75% nas pessoas com mais de 70 anos. Tal contexto aponta que a doença é relevante para a definição do perfil epidemiológico da população brasileira e, no campo das políticas públicas no cenário nacional, a APS tem papel primordial no sistema de saúde devido a sua capilaridade e capacidade técnica de desenvolver ações de controle, prevenção, diagnóstico e tratamento(4). Para Nóbrega(5), além de propiciar a melhoria dos registros de enfermagem a construção de diagnósticos/resultados de enfermagem objetivam nortear a assistência prestada às pessoas portadoras de hipertensão arterial sistêmica na atenção primária e outros agravos **Objetivos: **Descrever e analisar os principais diagnósticos de enfermagem identificados na consulta de enfermagem a pessoas com hipertensão, diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares, utilizando a CIPE® versão 2013, ocorridas nas unidades básicas de saúde que participaram do primeiro projeto de implantação da CIPE® na atenção primária à saúde. **Metodologia: **Trata-se de um estudo descritivo, baseado em consultas de enfermagem a partir da utilização do Protocolo de Enfermagem - Volume 1 Hipertensão, Diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares relacionados aos diagnósticos de enfermagem da CIPE® Versão 2013. Os enfermeiros participaram de uma oficina sobre a CIPE®, na sequência receberam uma lista de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem e durante o período de implantação utilizaram uma planilha compartilhada para registrá-los. Participaram da implantação 69 enfermeiros de 22 unidades básicas. Uma amostra intencional não-probabilística a partir de uma população de enfermeiro foi de 133 enfermeiros das 49 unidades do município de Florianópolis/SC. Como critério de inclusão para participar do projeto, o sujeito da pesquisa deveria ser enfermeiro e atuar no centro de saúde compondo equipe de Saúde da Família. Os dados foram coletados no período de maio a julho e setembro a outubro de 2016. **Resultados: **O diagnóstico mais prevalente no período de análise foi “Dor”. Durante os cinco meses esse diagnóstico foi utilizado 2.582 vezes na atuação do enfermeiro, seja na demanda espontânea, seja na demanda programada. Na posição de segundo lugar dos diagnósticos mais utilizados foi o de “Integridade da pele prejudicada” com 627 registros e, na sequência, o diagnóstico de “Tosse” também aparece como um dos mais usado com 479 registros. No primeiro mês de coleta foram utilizados 155 (66%) diferentes diagnósticos de enfermagem. No segundo, foram 205 (87%) diferentes diagnósticos, no mês seguinte 216 (92%), em agosto não houve coleta de dados, setembro e outubro tiveram 212 (90%) e 175 (75%) diferentes diagnósticos de enfermagem. A quantidade de diagnósticos de enfermagem empregados nas consultas de enfermagem foram 1.538 em maio, 5.461 em junho, 4.278 em julho, 1.705 em setembro e 1659 em outubro, totalizando um quantitativo de 14.641 diagnósticos aplicados nos processo de enfermagem nos cinco meses de projeto de implantação da CIPE na atenção primária à saúde de Florianópolis. Quando voltamos o olhar para os agravos contemplados no protocolo de enfermagem volume 1, percebe-se que 430 diagnósticos referente ao tabagismo foram usados, 55 estavam relacionados ao abuso de álcool e abuso de drogas, 401 estavam relacionados a Obesidade (ex.: Atividade física adequada; Ingestão de alimentos aumentada; Obesidade severa para a idade, etc.), 432 diagnósticos referentes a cuidados com paciente portador de Diabetes _melittus_ (ex.: Pé diabético; Sensibilidade prejudicada; Hiperglicemia; Glicemia capilar adequada, etc.), 598 enunciados relacionados a Hipertensão Arterial Sistêmica (ex.: Pressão Arterial Controlada; Pressão Arterial elevada, etc.); e, 48 diagnósticos de enfermagem relacionados ao Risco Cardiovascular (ex.: Risco Cardiovascular alto, Risco Cardiovascular moderado, etc.). Percebeu-se também que houve 10 enunciados que não foram escolhidos pelos enfermeiros durante todo o período da coleta e, por consequência levou a Comissão de Sistematização da Assistência de Enfermagem a repensar a composição de alguns enunciados e formulação de uma padronização de como construir os enunciados. **Conclusão: **Os 234 diagnósticos de enfermagem listados, mapeados com o protocolo de enfermagem volume 1 da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis e propostos para avaliação dos enfermeiros da atenção primária de saúde, explicitam uma linguagem comum para a Enfermagem, visando orientar o planejamento sistematizado da assistência de enfermagem. Também contribui para a implementação do Processo de Enfermagem e o uso da CIPE® como um sistema de linguagem de enfermagem nacional e internacional que visa favorecer o planejamento e a coordenação do cuidado aos portadores de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, obesidade, usuários de tabaco, álcool e drogas pelo enfermeiro e sua equipe da Estratégia de Saúde da Família. Deve-se considerar, como limitação do presente estudo, o fato de que os dados foram obtidos a partir de um banco de dados, cujas informações não permitem generalizações e não terem passado por uma validação clínica. Por conta disso, outros estudos devem ser desenvolvidos, de modo a permitir identificar novos termos, bem como considerar a permanência dos enunciados ou não como rol de diagnósticos de enfermagem associados ao protocolo de enfermagem volume 1. Além disso, um novo estudo pode concretizar a validação dos termos para a composição de subconjuntos terminológicos da CIPE®, conforme o Conselho Internacional de Enfermagem estimula os enfermeiros a criá-los em seus cenários de prática, e torná-los uma ferramenta útil e indispensável no contexto da atenção primária à saúde. **Contribuições/Implicações para a Enfermagem: **O estudo oportunizou o mapeamento de diagnósticos de enfermagem associados a um protocolo clínico de enfermagem de atuação a atenção primária à saúde, um trabalho de inovação que contribuiu para a implantação do Processo de Enfermagem e o uso de uma Classificação Internacional de Enfermagem como uma linguagem própria que consolida o registro do enfemeiro como profissional atuante na atenção à saúde da população cada vez mais preparado para uma assistência de qualidade e segura.
Referências: 1. Dulfe PAM et al. Intercorrências ao recém nascido na transferência intra-hospitalar do alojamento conjunto. J Nurs UFPE On Line, 2014, 8(3): 514-22. 2. Carvalho EC, Bachion MM. Processo de enfermagem e sistematização da assistência de enfermagem – intenção de uso por profissionais de enfermagem. Rev. Eletr. Enf., 2009, 11(3): 466. 3. Barros ALBL. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem no adulto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 4. Santos N, Veiga P, Andrade R. Importância da anamnese e do exame físico para o cuidado do enfermeiro. Rev Bras Enferm., 2011, 64(2): 355-8. 5. Cabral IF, Figueiredo JEF, Azevedo MF (orgs.). Enfermagem no Cuidado Materno e Neonatal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. |