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7371482 | IMPLANTAÇÃO ESUS AB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Elisangela Argenta Zanatta ; Tavana Liege Nagel Lorenzon ; Tamara Fernanda Nagel Lorenzon ; Lucia Regina Barros |
Resumo: INTRODUÇÃO: O Ministério da Saúde (MS) objetivando melhorar o acesso e a
qualidade das informações em saúde assumiu o compromisso de reestruturar o
Sistema de Informação em Saúde (Siab). Para isso, fez-se necessário o
desenvolvimento, reestruturação e a garantia da integração dos sistemas de
informação, de maneira a possibilitar um registro da situação de saúde
individualizado por meio do Cartão Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 2013).
Como fruto dessa nova estratégia tem-se o Sistema de Informação em Saúde para
a Atenção Básica (Sisab), um software denominado e-SUS AB, ou seja, um SUS
eletrônico, com duas versões: o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e a
Coleta de Dados Simplificada (CDS) (BRASIL, 2013). O PEC possibilita ao
profissional digitar informações do atendimento no momento da consulta, do
procedimento e/ou da visita domiciliar. Já o CDS possui oito impressos: ficha
de atendimento individual, atendimento odontológico, procedimentos, cadastro
individual, cadastro domiciliar, visita domiciliar, atividade coletiva e de
marcadores de consumo alimentar, as quais podem ser digitadas posteriormente.
Essa estratégia permite o registro das informações em saúde de modo
individual, visando acompanhamento do histórico de atendimentos do usuário,
bem como da produção dos profissionais da Atenção Básica (AB). A implantação
do e-SUS AB visa desenvolver mudança na qualificação e no uso das informações
registradas e desenvolvidas na AB. Contudo, como em toda transição, existe um
período crítico de adaptação até que os novos fluxos e instrumentos utilizados
sejam de fato aprendidos e incorporados na rotina dos profissionais das
equipes da AB. OBJETIVO: apresentar a experiência de implantação do e-SUS AB
em município do interior do Rio Grande do Sul, ressaltando aspectos do
percurso, contribuindo para a reflexão sobre as vantagens e desvantagens desse
sistema para a realização do Processo de Enfermagem (PE). DESCRIÇÃO
METODOLÓGICA: os primeiros passos para a implantação do e-SUS AB ocorreram a
partir do mês de agosto de 2013 com a realização de reuniões entre a equipe de
processamento de dados, a gestão e os coordenadores das equipes da Saúde da
Família. Após, iniciou-se a informatização das oito unidades básicas de saúde
(UBS), do referido município, que conta com 100% de cobertura da Estratégia de
Saúde da Família (ESF). Então, devido à falta de equipamentos e a urgência de
implantação do e-SUS AB, o sistema adotado foi o CDS. Este foi instalado nas
oito UBS-ESF e na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), devido a
obrigatoriedade de existir uma central municipal para transmitir dados para a
base federal. Seguindo o processo de implantação, foi elaborado um cronograma
de capacitação e sensibilização dos profissionais das ESFs com a participação
de tutores do Telessaúde- RS. A SMS planejou e executou um ciclo de
capacitações para a utilização do e-SUS AB para os profissionais e
trabalhadores dos ESFs, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, odontólogos, auxiliares em saúde bucal e Agentes Comunitários de
Saúde (ACS), divididos em turmas, priorizando a categoria profissional. Nos
momentos dos encontros foram apresentadas as fichas do e-SUS AB com
explicações detalhadas de cada campo. Essa etapa foi finalizada no mês de
outubro de 2013, e no mês subsequente as equipes de ESFs iniciaram seu
trabalho no novo sistema. Simultaneamente a esse processo se deu o
cadastramento dos usuários e famílias no referido sistema pelos ACS, sendo
essencial a sensibilização dos usuários quanto a importância do uso CNS. Cada
profissional ficou responsável pela digitação das fichas do CDS no sistema com
posterior arquivamento nos serviços de referências. Em meados de agosto de
2015, com a chegada dos equipamentos que faltavam para a completa
informatização das ESFs, ocorreu a migração do CDS para o PEC. Assim, foi
necessária uma nova capacitação, que ocorreu em vários momentos, organizada
pela SMS, com simulações de atendimentos, e distribuição de um manual de
orientação. RESULTADOS: as reuniões com a equipe de processamento de dados, da
gestão e dos coordenadores das ESFs possibilitaram o levantamento dos recursos
disponíveis e necessários para a implantação do e-SUS AB, e da capacidade
tecnológica da SMS e das UBS, sendo elencados a necessidade de aquisição de
computadores, impressoras, internet e adequação das salas, processo esse que
durou cerca de dois anos para finalização. As capacitações foram organizadas e
executadas pela equipe SMS, à medida que as fichas eram apresentadas as
dúvidas eram esclarecidas pelos tutores do Telessaúde-RS, ao final de cada
encontro foram distribuídos manuais do e-SUS AB para cada ESF. Considerando à
falta inicial de equipamentos tecnológicos, primeiramente foi necessário o uso
do sistema CDS por todos os profissionais, no entanto, mesmo sendo essa versão
menos precisa em seus dados, ela permitiu o avanço da estratégia e-SUS AB,
visto que proporcionou a inserção dos registros pelo curso natural do
atendimento, e não norteada pela situação-problema de saúde. Ao registrar
individualmente os usuários, foi organizado o percurso para a gestão do
cuidado o que, por sua vez, permitiu a aproximação desses dados ao processo de
planejamento da equipe. Com o início da implantação e da digitação dos dados,
por cada profissional, no e-SUS AB novas dúvidas foram surgindo,
principalmente com relação ao preenchimento das fichas, essas foram sendo
esclarecidas com o auxílio do guia distribuído na capacitação, de telefonemas
ao Telessaúde-RS e em reuniões de equipe com presença da gestão técnica. Além
disso, alguns profissionais mostraram-se resistentes a mudança, pois sabe-se
que o processo de transição de sistemas já utilizados há muitos anos, para um
novo sistema traz consigo uma nova proposta de utilização, com ferramentas
diferenciadas e tecnológicas, tem caráter complexo, demanda esforços,
dedicação, exigindo tempo de adaptação. Quanto aos ACS, esses foram os
responsáveis pela digitação do cadastro das fichas individuais e da família,
processo que durou cerca de um ano, visto que foi disponibilizado um
computador por equipe. Além disso, foi fundamental a sensibilização dos
usuários quanto o uso do CNS, devido os registros e os atendimentos
necessitarem desse documento, o que também possibilitou o compartilhamento de
informações com outros serviços de saúde. Contudo, mostrou-se necessário a
atualização dos dados do CNS, haja vista muitas incoerências serem levantadas.
Terminada a informatização das UBS, quase dois anos após seu início, passou-se
a utilizar o PEC, fato que necessitou uma nova capacitação, a qual foi
organizada pela SMS, em vários momentos, por categoria profissional, com
simulação de atendimentos. Essa nova forma de utilização do sistema reportou a
várias dúvidas, reclamações de usuários devido à demora no atendimento, visto
que muitos profissionais possuíam dificuldade na digitação. CONTRIBUIÇÕES PARA
ENFERMAGEM: atualmente, após cerca de cinco anos da reestruturação dos
sistemas de saúde, o e-SUS AB está avançado, mostrando benefícios
principalmente para a efetivação do PE com o uso do PEC, visto que a
estratégia usada nesse sistema é o SOAP ( subjetivo, objetivo, avaliação e
problemas) a qual abrange as fases do PE. Também evidencia-se a diminuição da
quantidade de impressos utilizados nos registros de atendimentos e
procedimentos, unificação dos sistemas de informação, maior disponibilidade e
rapidez na localização das informações. A implantação trouxe benefícios para a
comunicação entre a equipe multidisciplinar, favorecendo a assistência
integral e o desenvolvimento do trabalho em equipe, resultando na melhoria do
atendimento ao cliente. Contudo, apresenta limitações, como a impossibilidade
de edição das informações já alimentadas no sistema e o fato de possuir um
relatório com dificuldade de geração dos dados.
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