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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 7371482

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7371482

IMPLANTAÇÃO ESUS AB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Elisangela Argenta Zanatta ; Tavana Liege Nagel Lorenzon ; Tamara Fernanda Nagel Lorenzon ; Lucia Regina Barros

Resumo:
INTRODUÇÃO: O Ministério da Saúde (MS) objetivando melhorar o acesso e a qualidade das informações em saúde assumiu o compromisso de reestruturar o Sistema de Informação em Saúde (Siab). Para isso, fez-se necessário o desenvolvimento, reestruturação e a garantia da integração dos sistemas de informação, de maneira a possibilitar um registro da situação de saúde individualizado por meio do Cartão Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 2013). Como fruto dessa nova estratégia tem-se o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab), um software denominado e-SUS AB, ou seja, um SUS eletrônico, com duas versões: o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e a Coleta de Dados Simplificada (CDS) (BRASIL, 2013). O PEC possibilita ao profissional digitar informações do atendimento no momento da consulta, do procedimento e/ou da visita domiciliar. Já o CDS possui oito impressos: ficha de atendimento individual, atendimento odontológico, procedimentos, cadastro individual, cadastro domiciliar, visita domiciliar, atividade coletiva e de marcadores de consumo alimentar, as quais podem ser digitadas posteriormente. Essa estratégia permite o registro das informações em saúde de modo individual, visando acompanhamento do histórico de atendimentos do usuário, bem como da produção dos profissionais da Atenção Básica (AB). A implantação do e-SUS AB visa desenvolver mudança na qualificação e no uso das informações registradas e desenvolvidas na AB. Contudo, como em toda transição, existe um período crítico de adaptação até que os novos fluxos e instrumentos utilizados sejam de fato aprendidos e incorporados na rotina dos profissionais das equipes da AB. OBJETIVO: apresentar a experiência de implantação do e-SUS AB em município do interior do Rio Grande do Sul, ressaltando aspectos do percurso, contribuindo para a reflexão sobre as vantagens e desvantagens desse sistema para a realização do Processo de Enfermagem (PE). DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: os primeiros passos para a implantação do e-SUS AB ocorreram a partir do mês de agosto de 2013 com a realização de reuniões entre a equipe de processamento de dados, a gestão e os coordenadores das equipes da Saúde da Família. Após, iniciou-se a informatização das oito unidades básicas de saúde (UBS), do referido município, que conta com 100% de cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Então, devido à falta de equipamentos e a urgência de implantação do e-SUS AB, o sistema adotado foi o CDS. Este foi instalado nas oito UBS-ESF e na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), devido a obrigatoriedade de existir uma central municipal para transmitir dados para a base federal. Seguindo o processo de implantação, foi elaborado um cronograma de capacitação e sensibilização dos profissionais das ESFs com a participação de tutores do Telessaúde- RS. A SMS planejou e executou um ciclo de capacitações para a utilização do e-SUS AB para os profissionais e trabalhadores dos ESFs, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, odontólogos, auxiliares em saúde bucal e Agentes Comunitários de Saúde (ACS), divididos em turmas, priorizando a categoria profissional. Nos momentos dos encontros foram apresentadas as fichas do e-SUS AB com explicações detalhadas de cada campo. Essa etapa foi finalizada no mês de outubro de 2013, e no mês subsequente as equipes de ESFs iniciaram seu trabalho no novo sistema. Simultaneamente a esse processo se deu o cadastramento dos usuários e famílias no referido sistema pelos ACS, sendo essencial a sensibilização dos usuários quanto a importância do uso CNS. Cada profissional ficou responsável pela digitação das fichas do CDS no sistema com posterior arquivamento nos serviços de referências. Em meados de agosto de 2015, com a chegada dos equipamentos que faltavam para a completa informatização das ESFs, ocorreu a migração do CDS para o PEC. Assim, foi necessária uma nova capacitação, que ocorreu em vários momentos, organizada pela SMS, com simulações de atendimentos, e distribuição de um manual de orientação. RESULTADOS: as reuniões com a equipe de processamento de dados, da gestão e dos coordenadores das ESFs possibilitaram o levantamento dos recursos disponíveis e necessários para a implantação do e-SUS AB, e da capacidade tecnológica da SMS e das UBS, sendo elencados a necessidade de aquisição de computadores, impressoras, internet e adequação das salas, processo esse que durou cerca de dois anos para finalização. As capacitações foram organizadas e executadas pela equipe SMS, à medida que as fichas eram apresentadas as dúvidas eram esclarecidas pelos tutores do Telessaúde-RS, ao final de cada encontro foram distribuídos manuais do e-SUS AB para cada ESF. Considerando à falta inicial de equipamentos tecnológicos, primeiramente foi necessário o uso do sistema CDS por todos os profissionais, no entanto, mesmo sendo essa versão menos precisa em seus dados, ela permitiu o avanço da estratégia e-SUS AB, visto que proporcionou a inserção dos registros pelo curso natural do atendimento, e não norteada pela situação-problema de saúde. Ao registrar individualmente os usuários, foi organizado o percurso para a gestão do cuidado o que, por sua vez, permitiu a aproximação desses dados ao processo de planejamento da equipe. Com o início da implantação e da digitação dos dados, por cada profissional, no e-SUS AB novas dúvidas foram surgindo, principalmente com relação ao preenchimento das fichas, essas foram sendo esclarecidas com o auxílio do guia distribuído na capacitação, de telefonemas ao Telessaúde-RS e em reuniões de equipe com presença da gestão técnica. Além disso, alguns profissionais mostraram-se resistentes a mudança, pois sabe-se que o processo de transição de sistemas já utilizados há muitos anos, para um novo sistema traz consigo uma nova proposta de utilização, com ferramentas diferenciadas e tecnológicas, tem caráter complexo, demanda esforços, dedicação, exigindo tempo de adaptação. Quanto aos ACS, esses foram os responsáveis pela digitação do cadastro das fichas individuais e da família, processo que durou cerca de um ano, visto que foi disponibilizado um computador por equipe. Além disso, foi fundamental a sensibilização dos usuários quanto o uso do CNS, devido os registros e os atendimentos necessitarem desse documento, o que também possibilitou o compartilhamento de informações com outros serviços de saúde. Contudo, mostrou-se necessário a atualização dos dados do CNS, haja vista muitas incoerências serem levantadas. Terminada a informatização das UBS, quase dois anos após seu início, passou-se a utilizar o PEC, fato que necessitou uma nova capacitação, a qual foi organizada pela SMS, em vários momentos, por categoria profissional, com simulação de atendimentos. Essa nova forma de utilização do sistema reportou a várias dúvidas, reclamações de usuários devido à demora no atendimento, visto que muitos profissionais possuíam dificuldade na digitação. CONTRIBUIÇÕES PARA ENFERMAGEM: atualmente, após cerca de cinco anos da reestruturação dos sistemas de saúde, o e-SUS AB está avançado, mostrando benefícios principalmente para a efetivação do PE com o uso do PEC, visto que a estratégia usada nesse sistema é o SOAP ( subjetivo, objetivo, avaliação e problemas) a qual abrange as fases do PE. Também evidencia-se a diminuição da quantidade de impressos utilizados nos registros de atendimentos e procedimentos, unificação dos sistemas de informação, maior disponibilidade e rapidez na localização das informações. A implantação trouxe benefícios para a comunicação entre a equipe multidisciplinar, favorecendo a assistência integral e o desenvolvimento do trabalho em equipe, resultando na melhoria do atendimento ao cliente. Contudo, apresenta limitações, como a impossibilidade de edição das informações já alimentadas no sistema e o fato de possuir um relatório com dificuldade de geração dos dados.


Referências:
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