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7368030 | ESTUDO DE CASO COM PACIENTE A ESPERA DE TRANSPLANTE CARDÍACO: APLICABILIDADE DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM | Autores: Juliana Mitre da Silva ; Renata Vicente da Penha ; Cândida Caniçali Primo ; Karla de Melo Batista |
Resumo: **Introdução:** Foi realizado estudo de caso de um paciente portador de insuficiência cardíaca avançada, cadastrado na fila de espera para transplante cardíaco internado em um hospital de referência cardiológica no Espírito Santo. A escolha do caso foi norteada pela relevância desta afecção para saúde pública, tendo em vista que a insuficiência cardíaca é uma doença crônica de alto custo hospitalar resultante de diversas etiologias. Ainda ressalta-se que é causa considerável de morbimortalidade com inúmeros impactos na qualidade de vida do paciente que vivencia sinais e sintomas que interferem nas dimensões física e psicológica e nas atividades do cotidiano. Dados do Registro Brasileiro de Transplantes, demonstram que no Brasil, até setembro de 2017, 250 pessoas aguardavam transplante de coração sendo cinco do Espirito Santo.1-2 **Objetivo: **Descrever um estudo de caso de um homem com insuficiência cardíaca internado há 4 meses em unidade de terapia intensiva à espera de um transplante. ** Descrição metodológica:** Estudo de caso, que utilizou a Teoria de Wanda Horta e a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) para realizar o Processo de Enfermagem. O estudo foi realizado no mês de novembro de 2017, no município de Vila Velha, Espírito Santo.3-4 **Resultados:** Resumo da coleta de dados: Identificação: C.S.M. é um homem negro de 35 anos, solteiro, que permaneceu internado por 4 meses devido insuficiência cardíaca avançada por miocardiopatia dilatada idiopática com indicação de transplante cardíaco. Antecedentes de saúde: hipertensão arterial, rim único congênito, alcoolismo, alimentação desregrada rica em gorduras e sedentarismo, nega alergias. Exame físico dividido dentro das necessidades humanas básicas: A- Regulação neurológica: Lúcido, orientado, pupilas isocóricas e fotoreagentes, verbalizando, mobilidade física preservada. B- Percepção dos órgãos dos sentidos: acuidades de visão e audição preservadas, sem queixas álgicas. C- Oxigenação: respiração espontânea com oxigênio suplementar à 2L/min., respiração toracoabdominal, expansividade torácica simétrica, murmúrios vesiculares presentes, sem ruídos adventícios, SatO2: 95%. D- Regulação vascular: B1 e B2 normofonéticas, sem sopro, turgência jugular ausente, pulso regular, em uso de dobutamina (6 mcg/kg/min); dados fisiológicos: PA: 120/80 mmHg, FC: 88 bpm. E- Regulação térmica: normotérmico, TAX: 36 ºC. F- hidratação e eliminação vesical: hidratado, turgor preservado, mucosas coradas e úmidas, sem edemas, eliminação urinária espontânea, em uso de diurético, com piora dos exames laboratoriais da função renal. G- Alimentação e eliminação intestinal: Sobrepeso, IMC: 25,95; dieta via oral com boa aceitação, abdome plano, timpânico, flácido e indolor à palpação, peristalse presente, eliminação intestinal 1 x ao dia, com cor, consistência e odor característicos. H – Cuidado corporal e integridade física: Higiene pessoal preservada com dependência parcial para o autocuidado devido ao uso de droga vasoativa em bomba de infusão e dispneia aos pequenos esforços, ausência de lesões. I- Sono e repouso: sono alterado, referindo desconforto devido aos sons e ruídos da unidade, necessitando de ansiolítico 1x noite. J- Atividade física: paciente em repouso relativo no leito, com deambulação assistida. K- Sexualidade: sem alterações em genitália externa, em inatividade sexual devido condição atual. L- Segurança/amor/gregária: referia tristeza por não poder participar de momentos em família, como o casamento da irmã que ocorreu no período de internação, demonstrando angústia e ansiedade pela alta hospitalar. M- Religiosidade/Espiritualidade: católico, expressando sentimento de fé e esperança em sua reabilitação. N- Exames complementares: ecocardiograma bidimensional demonstrando: miocardiopatia dilatada com comprometimento sistólico de grau importante, disfunção diastólica de grau II tipo pseudo-normal, ventrículo direito com dilatação discreta, insuficiência mitral mínima, insuficiência tricúspide discreta, hipertensão pulmonar, fração de ejeção 23% (VR: >50); uréia: 50 (VR: 13,0 a 43,0), creatinina: 1,44 (VR: 0,8 a 1,3). **Diagnósticos/Resultados/Interveções: **Com base na taxonomia CIPE foram propostos os _diagnósticos de enfermagem **(DE)** prioritários_: 1- débito cardíaco comprometido; 2- intolerância à atividade; 3- risco de desequilíbrio de eletrólitos; 4- sobrepeso; 5- sono prejudicado; 6- risco de função do sistema urinário prejudicada; 7- processo familiar interrompido; 8- ansiedade. _Resultados esperados:_ 1- débito cardíaco melhorado; 2- intolerância à atividade melhorada; 3- desequilíbrio de eletrólitos ausente; 4- sobrepeso melhorado; 5- sono efetivo; 6- risco de função do sistema urinário, ausente; 7- processo familiar melhorado; 8- ansiedade melhorada. Para os quais, foram traçadas as seguintes _intervenções:_ 1- gerenciar regime de reabilitação cardíaca diariamente; monitorar sinais vitais de 3 em 3 horas; obter dados sobre condição cardíaca, usando dispositivo de monitoração contínuo. 2- gerenciar atividade do paciente (diariamente); monitorar condição respiratória (contínuo); orientar sobre aumento da tolerância à atividade (diariamente). 3- verificar débito de líquidos diariamente; gerenciar níveis sanguíneos diariamente; gerenciar resposta negativa ao tratamento. 4- fazer progredir o regime dietético (contínuo), gerenciar condição nutricional (semanalmente), obter dados sobre adesão à dieta (diariamente), pesar paciente (semanalmente), fazer rastreamento de abuso de álcool. 5- obter dados sobre sono (pela manhã), prover privacidade (noturna), prover rotina de hora para dormir, adaptar horários de medicações diuréticas para manter horário de sono preservado. 6- verificar débito de líquidos em balanço hídrico a cada 24h, monitorar equilíbrio de líquidos diariamente, monitorar resultado laboratorial diariamente, orientar sobre função do sistema urinário. 7- obter dados sobre enfrentamento familiar, promover comunicação familiar, eficaz, promover processo familiar, eficaz, apoiar família, apoiar processo familiar de enfrentamento, colaborar com a família, monitorar enfrentamento familiar, prejudicado, obter dados sobre crenças espirituais da família. 8- apoiar condição psicológica, facilitar capacidade para comunicar sentimentos, gerenciar ansiedade, promover terapia recreacional.3 **Conclusão:** a aplicação de diagnósticos, resultados e intervenções da CIPE® possibilitou visualizar com clareza a evolução dos diagnósticos-resultados e a eficiência das intervenções. Ressalta-se que a aplicação do processo de enfermagem à este paciente implicou em resultados positivos durante seu período de internação, tendo sido observado melhora dos diagnósticos críticos levantados com evolução positiva da condição cardiopulmonar evidenciado por desmame das drogas inotrópicas, tolerância à atividade sem auxílio, redução da fadiga e otimismo sob o autocuidado. Sua alta hospitalar aconteceu em 29 de dezembro de 2017 para seguimento em nível ambulatorial de transplante cardíaco sob acompanhamento de equipe multiprofissional. **C****ontribuições para a Enfermagem:** Destacou-se a importância do uso da classificação CIPE® na prestação dos cuidados à este paciente facilitando a aplicabilidade do processo de enfermagem baseado na teoria de Wanda Horta. O uso da CIPE® contribuiu na identificação das necessidades humanas básicas: psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais.
Referências: 1 Rigel F, Oliveira Junior NJ. Processo de enfermagem: Implicações para a segurança do paciente em centro cirúrgico. Cogitare enferm. Jan. 2017; 22(1):1-5. Disponível em: . Acesso em: 07 mar. 2018
2 Cunha SMBD, Barros ALBL. Análise da implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem, segundo Modelo Conceitual de Horta. Rev. bras. enferm. Out. 2005; 58(5):568-572.
3 Carvalho ECD, Oliveira-Kamakura ARDS, Morais SCRV. Raciocínio clínico em enfermagem: estratégias de ensino e instrumentos de avaliação. Rev. Bras. Enferm. [Internet]. Jun. 2017; 70(3):662-668.
4 NANDA International, Inc. Nursing Diagnoses: Definitions & Classification 2015-2017, Tenth Edition. Edited by T. Heather Herdman and Shigemi Kamitsuru. |