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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 7330638

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7330638

EXPERIÊNCIA DA DOCÊNCIA EM SAÚDE MENTAL NO ENSINO SUPERIOR EM ENFERMAGEM

Autores:
Aline Macêdo de Queiroz ; Raíssa Millena Silva Florencio

Resumo:
Introdução: O processo de formação do profissional de saúde é um desafio das Instituições de Ensino Superior, dos dirigentes dos serviços de saúde e demais atores que têm a missão de atender às demandas dos diversos serviços de saúde e efetivação dos princípios do SUS1. O exercício da docência na atenção à saúde mental no processo de formação da(o) enfermeira(o) deve estar pautado na construção de novos saberes fundamentados na atenção psicossocial à pessoa em sofrimento mental, sua reinserção no convívio social e a sensibilização às subjetividades nas relações em saúde. Objetivo: Relatar a experiência da docência no ensino superior de enfermagem em uma universidade pública. Descrição metodológica: Estudo descritivo do tipo relato de experiência, vivenciado por docente no ensino superior de enfermagem, em uma universidade pública, no componente curricular “Enfermagem no Cuidado à Saúde Mental”, durante 4 semestres, em 2016 e 2017. A apresentação da experiência foi dividida em três momentos: planejamento, implementação e avaliação do componente curricular. Resultados: O componente curricular “Enfermagem no Cuidado à Saúde Mental” possui carga horária de 136 horas, distribuídas em três encontros semanais, com duração de 2 a 4 horas, oferecidos em três dias da semana, com atividades teóricas e práticas. As atividades de planejamento do componente curricular abrangeram: organização e discussão das dinâmicas das atividades pedagógicas com docentes, tirocinantes, monitoras (estudantes do curso de graduação em enfermagem que já tinham vivenciado o componente curricular e selecionados através de processo de seleção interno) e profissionais dos campos de práticas; articulação com convidados para participarem de Roda de Conversa sobre temáticas inerentes ao componente curricular; organização dos tutoriais (ferramenta que promove um melhor e profundo exercício do estudo, organização e capacidade crítica tanto dos discentes quanto dos docentes); atualizações do componente no Moodle (ferramenta de interação virtual utilizada para auxiliar o processo de ensino aprendizagem); articulação com os gestores dos cenários das práticas através de contato telefônico ou reunião presencial com seus respectivos coordenadores; organização das atividades no campo de prática, de acordo as necessidades e demandas do serviço que estavam abertas a mudanças, ao longo do processo, a exemplo da co-responsabilização de docentes e discentes para efetivação, junto à equipe, da construção da Feira de Saúde e Cidadania. A implementação do componente curricular ocorreu através das atividades teóricas e práticas conduzidas por docentes e participação de estudantes e monitores. Dentre as atividades teórico-práticas, foram desenvolvidas leitura e análise crítica de textos (previamente escolhido pelas estudantes a partir de opções ofertadas pelas docentes), filmes, documentários e apresentação de convidados dos serviços de saúde. Essas atividades culminaram no maior aprofundamento dos temas relativos ao componente curricular; como também eram desenvolvidas nos serviços de saúde com a equipe de saúde mental, usuários dos serviços, familiares e comunidade, respeitando as especificidades de cada serviço (CAPSad, CAPS ia, CAPSII) e as singularidades das pessoas. Refletíamos (docentes e discentes) sobre as possibilidades de atuação e o uso das tecnologias leves no processo de trabalho da enfermeira e especialmente no campo da saúde mental. Construímos, no começo de cada semestre, um acordo entre docentes e discentes, no qual estabelecemos caminhos para a convivência ao longo do semestre, considerando as necessidades do componente curricular e as peculiaridades dos sujeitos envolvidos; como também a possibilidade dos estudantes de sugerirem um ponto para ser avaliados nas atividades práticas, evidenciando, desse modo, uma relação professor/aluno como uma relação de respeito, compromisso e co-responsabilização, reconhecendo o aluno como sujeito de sua aprendizagem, sendo capaz de aprender a aprender, tendo no professor o facilitador da aprendizagem, promovendo a autonomia e a capacidade crítica e reflexiva do aluno. A avaliação do aluno foi processual, saindo do polo da avaliação somativa para o polo do processo formativo e permanente de reconhecimento de saberes, competências, habilidades e atitudes; deixando de ser pontual, punitiva e discriminatória para ser uma avaliação que respeita a individualidade do aluno, buscando a garantia da sua formação com qualidade e competência para a integralidade das ações do cuidar em saúde mental. A avaliação do conhecimento levou em consideração a escrita, capacidade de síntese, reflexões teórico-práticas, análise critica dos alunos através de resenhas, construção de diário (descreve e avalia o desenvolvimento na prática), desenvolvimento no tutorial e na prática nos serviços de saúde (momento que implementava o cuidado aos usuários e familiares). Os estudantes avaliaram que as atividades do componente curricular favoreceram o desenvolvimento das suas capacidades para agirem eficazmente em determinada situação, apoiando-se em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles, além de favorecerem o desenvolvimento da capacidade para articulação de saberes e utilização de uma diversidade de conhecimentos, voltados para a resolução de problemas, enfrentamento a situações de imprevisibilidade e mobilização da inteligência para fazer face aos desafios do trabalho na área da saúde mental. Conclusão: A experiência foi inovadora e gratificante, possibilitando a implementação de metodologias ativas, integração teoria/prática, articulação ensino/serviço, multi e interdisciplinaridade, além de favorecer uma formação acadêmica que estimula o aluno a refletir sobre a realidade social e o aprender a aprender, mediante a inserção em realidades concretas, ou seja, formação centrada na práxis. Contribuições/Implicações para a Enfermagem: A experiência aqui apresentada buscou contribuir para a melhoria do atendimento de enfermagem às necessidades psicossociais do indivíduo/família, com ênfase no SUS, na integralidade da atenção, na qualidade e humanização do atendimento. Enfim, contribuir para a educação em enfermagem com responsabilidade social.


Referências:
Ministério da Saúde (BR). Secretaria de vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2013: uma análise da situação de saúde e das doenças transmissíveis relacionadas a pobreza. 2015. Brasília: Ministério da Saúde, 384p. Vogt SE, Silva, KS, Dias MAB. Comparação de Modelos de Assistência ao parto em hospitais públicos. Rev. Saúde Pública. 2014 48(2):304-313. Avaliable from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v48n2/0034-8910-rsp-48-2-0304.pdf SOUSA, V. Violência Obstétrica: Considerações sobre a violação de direitos humanos das mulheres no parto, puerpério e abortamento. 1ª ed. São Paulo; Artemis; 2015.