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7330638 | EXPERIÊNCIA DA DOCÊNCIA EM SAÚDE MENTAL NO ENSINO SUPERIOR EM ENFERMAGEM | Autores: Aline Macêdo de Queiroz ; Raíssa Millena Silva Florencio |
Resumo: Introdução: O processo de formação do profissional de saúde é um desafio das
Instituições de Ensino Superior, dos dirigentes dos serviços de saúde e demais
atores que têm a missão de atender às demandas dos diversos serviços de saúde
e efetivação dos princípios do SUS1. O exercício da docência na atenção à
saúde mental no processo de formação da(o) enfermeira(o) deve estar pautado na
construção de novos saberes fundamentados na atenção psicossocial à pessoa em
sofrimento mental, sua reinserção no convívio social e a sensibilização às
subjetividades nas relações em saúde. Objetivo: Relatar a experiência da
docência no ensino superior de enfermagem em uma universidade pública.
Descrição metodológica: Estudo descritivo do tipo relato de experiência,
vivenciado por docente no ensino superior de enfermagem, em uma universidade
pública, no componente curricular “Enfermagem no Cuidado à Saúde Mental”,
durante 4 semestres, em 2016 e 2017. A apresentação da experiência foi
dividida em três momentos: planejamento, implementação e avaliação do
componente curricular. Resultados: O componente curricular “Enfermagem no
Cuidado à Saúde Mental” possui carga horária de 136 horas, distribuídas em
três encontros semanais, com duração de 2 a 4 horas, oferecidos em três dias
da semana, com atividades teóricas e práticas. As atividades de planejamento
do componente curricular abrangeram: organização e discussão das dinâmicas das
atividades pedagógicas com docentes, tirocinantes, monitoras (estudantes do
curso de graduação em enfermagem que já tinham vivenciado o componente
curricular e selecionados através de processo de seleção interno) e
profissionais dos campos de práticas; articulação com convidados para
participarem de Roda de Conversa sobre temáticas inerentes ao componente
curricular; organização dos tutoriais (ferramenta que promove um melhor e
profundo exercício do estudo, organização e capacidade crítica tanto dos
discentes quanto dos docentes); atualizações do componente no Moodle
(ferramenta de interação virtual utilizada para auxiliar o processo de ensino
aprendizagem); articulação com os gestores dos cenários das práticas através
de contato telefônico ou reunião presencial com seus respectivos
coordenadores; organização das atividades no campo de prática, de acordo as
necessidades e demandas do serviço que estavam abertas a mudanças, ao longo do
processo, a exemplo da co-responsabilização de docentes e discentes para
efetivação, junto à equipe, da construção da Feira de Saúde e Cidadania. A
implementação do componente curricular ocorreu através das atividades teóricas
e práticas conduzidas por docentes e participação de estudantes e monitores.
Dentre as atividades teórico-práticas, foram desenvolvidas leitura e análise
crítica de textos (previamente escolhido pelas estudantes a partir de opções
ofertadas pelas docentes), filmes, documentários e apresentação de convidados
dos serviços de saúde. Essas atividades culminaram no maior aprofundamento dos
temas relativos ao componente curricular; como também eram desenvolvidas nos
serviços de saúde com a equipe de saúde mental, usuários dos serviços,
familiares e comunidade, respeitando as especificidades de cada serviço
(CAPSad, CAPS ia, CAPSII) e as singularidades das pessoas. Refletíamos
(docentes e discentes) sobre as possibilidades de atuação e o uso das
tecnologias leves no processo de trabalho da enfermeira e especialmente no
campo da saúde mental. Construímos, no começo de cada semestre, um acordo
entre docentes e discentes, no qual estabelecemos caminhos para a convivência
ao longo do semestre, considerando as necessidades do componente curricular e
as peculiaridades dos sujeitos envolvidos; como também a possibilidade dos
estudantes de sugerirem um ponto para ser avaliados nas atividades práticas,
evidenciando, desse modo, uma relação professor/aluno como uma relação de
respeito, compromisso e co-responsabilização, reconhecendo o aluno como
sujeito de sua aprendizagem, sendo capaz de aprender a aprender, tendo no
professor o facilitador da aprendizagem, promovendo a autonomia e a capacidade
crítica e reflexiva do aluno. A avaliação do aluno foi processual, saindo do
polo da avaliação somativa para o polo do processo formativo e permanente de
reconhecimento de saberes, competências, habilidades e atitudes; deixando de
ser pontual, punitiva e discriminatória para ser uma avaliação que respeita a
individualidade do aluno, buscando a garantia da sua formação com qualidade e
competência para a integralidade das ações do cuidar em saúde mental. A
avaliação do conhecimento levou em consideração a escrita, capacidade de
síntese, reflexões teórico-práticas, análise critica dos alunos através de
resenhas, construção de diário (descreve e avalia o desenvolvimento na
prática), desenvolvimento no tutorial e na prática nos serviços de saúde
(momento que implementava o cuidado aos usuários e familiares). Os estudantes
avaliaram que as atividades do componente curricular favoreceram o
desenvolvimento das suas capacidades para agirem eficazmente em determinada
situação, apoiando-se em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles, além de
favorecerem o desenvolvimento da capacidade para articulação de saberes e
utilização de uma diversidade de conhecimentos, voltados para a resolução de
problemas, enfrentamento a situações de imprevisibilidade e mobilização da
inteligência para fazer face aos desafios do trabalho na área da saúde mental.
Conclusão: A experiência foi inovadora e gratificante, possibilitando a
implementação de metodologias ativas, integração teoria/prática, articulação
ensino/serviço, multi e interdisciplinaridade, além de favorecer uma formação
acadêmica que estimula o aluno a refletir sobre a realidade social e o
aprender a aprender, mediante a inserção em realidades concretas, ou seja,
formação centrada na práxis. Contribuições/Implicações para a Enfermagem: A
experiência aqui apresentada buscou contribuir para a melhoria do atendimento
de enfermagem às necessidades psicossociais do indivíduo/família, com ênfase
no SUS, na integralidade da atenção, na qualidade e humanização do
atendimento. Enfim, contribuir para a educação em enfermagem com
responsabilidade social.
Referências: Ministério da Saúde (BR). Secretaria de vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2013: uma análise da situação de saúde e das doenças transmissíveis relacionadas a pobreza. 2015. Brasília: Ministério da Saúde, 384p.
Vogt SE, Silva, KS, Dias MAB. Comparação de Modelos de Assistência ao parto em hospitais públicos. Rev. Saúde Pública. 2014 48(2):304-313. Avaliable from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v48n2/0034-8910-rsp-48-2-0304.pdf
SOUSA, V. Violência Obstétrica: Considerações sobre a violação de direitos humanos das mulheres no parto, puerpério e abortamento. 1ª ed. São Paulo; Artemis; 2015. |