E-Pôster
7293721 | ENSINO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM: O TRANSITAR ENTRE POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES | Autores: Adriana Gracietti Kuczmainski ; Fabiane Pertille |
Resumo: **Introdução: **A enfermagem, assim como a sociedade em geral, vem acompanhando profundas e importantes mudanças nos cenários sociopolítico-econômico, as quais perpassam o campo tecnológico, as relações interpessoais, impactando diretamente na maneira de organizar os serviços e responder às novas demandas gerenciais frente a este contexto1. Assim, os processos de trabalho desenvolvidos pela enfermagem veem sendo estruturados em premissas originárias de evidências científicas, na busca da qualificação do cuidado em enfermagem. O desenvolvimento da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), bem como a aplicação do Processo de Enfermagem (PE) se apresentam neste âmbito, como estratégias de gestão do cuidado, visando fornecer subsídios científicos, conhecimento técnico, aprimoramento de habilidades e atitudes em relação à prática profissional do enfermeiro. Portanto, para além da implementação legal do PE prevista pelo Conselho Federal de Enfermagem (Resolução COFEN 358/2009)2 nos ambientes de cuidado de enfermagem, a utilização de um método científico de trabalho se apresenta como estratégia de qualificação da assistência de enfermagem, processo de continuidade da assistência prestada e registro da atuação de enfermagem. Assim sendo, o ensino do PE nos cursos de graduação em enfermagem vem sendo amplamente debatido em função da complexidade que envolve este processo e que o torna um desafio para a formação de enfermeiros com as competências necessárias para implementação e desenvolvimento do PE nos serviços de saúde3.
**Objetivo: **Apresentar as potencialidades e fragilidades vivenciadas no ensino do processo de enfermagem por docentes do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina.
**Descrição metodológica: **Estudo na modalidade de relato de experiência elaborado a partir das vivências enquanto docentes supervisores de atividades teóricas-práticas e estágio supervisionado da Universidade do Estado de Santa Catarina. O cenário das práticas é composto por instituições hospitalares da região oeste de Santa Catarina, onde os acadêmicos são alocados em diferentes setores/espaços de prestação de cuidados. O instrumento metodológico do PE utilizado na realização das atividades acadêmicas segue um modelo padronizado na Universidade pelo Grupo de Estudos sobre Processo de Enfermagem (GEPE), uma vez que as instituições hospitalares não apresentam o PE implementado integralmente nos cenários da prática de cuidado. Este instrumento tem como base as prerrogativas do COFEN por meio da Resolução nº 358/2009, a partir das propriedades específicas do método e de suas fases inter-relacionadas, a iniciar pela construção do histórico de enfermagem, subsidiando o levantamento dos diagnósticos de enfermagem, segundo a _North American Nursing Diagnosis Association_ (NANDA-I), a operacionalização das prescrições de enfermagem guiadas pela _Nursing Interventions Classification_ (NIC) elucidando as ações que precisam ser delineadas para assegurar o estabelecimento do cuidado e, por fim, a _Nursing Outcomes Classification_ (NOC), a qual permite a avaliação e evolução dos resultados esperados e consequentemente alcançados na implementação do cuidado.
**Resultados:** O processo de ensino/aprendizagem da SAE e do PE nos cursos de graduação em enfermagem constitui-se como um complexo desafio na formação, desafio este a ser superado para que os profissionais formados consigam vislumbrar caminhos para a aplicação e consolidação dos sistemas de sistematização da assistência em enfermagem nos serviços de saúde. Assim, aliar diferentes abordagens metodológicas e conhecimentos específicos da profissão é essencial para o posicionamento crítico e reflexivo do acadêmico, com vistas à prática segura da enfermagem. Neste processo, como fatores potencializadores do ensino do PE aliado as prerrogativas da SAE e a utilização dos sistemas linguagens padronizados (SLP), pode-se discorrer sobre a compreensão que a universidade possui em relação a esses temas, incentivando a realização de atividades que abordem essas temáticas desde as primeiras fases do curso, através das resoluções profissionais, estudos de casos clínicos e construção de históricos e exames físicos direcionados a pacientes em diferentes necessidades de cuidado. A discussão acerca do PE e SLP se intensifica nos momentos teórico práticos e de estágio curricular supervisionado, pela valorização da situação clínica do paciente e inserção real no mundo de trabalho da enfermagem. Outros fatores que contribuem para o ensino do PE, está relacionado a disponibilidade de livros no acervo da biblioteca, experiência dos docentes com esses instrumentos de cuidado e ainda, bagagem técnica cientifica para discussão com os alunos e construção assim, do raciocínio clinico. Essa associação de fatores permite ao aluno desenvolver familiaridade com as características do PE, suas etapas e formas de aplicação, estando aptos para a implantação ou, sustentação do PE como instrumento de cuidado. Como situações que se mostram como fragilidades no processo de ensino aprendizagem, pode-se listar o fato de que alguns serviços disponíveis como campos de prática, ou presentes na rede de atenção à saúde, não possuírem o PE implementado, o que gera dificuldades para a real contextualização do PE como instrumento efetivo de cuidado e de fundamento ao exercício do enfermeiro. Vale enfatizar que alguns destes serviços, estão em fase inicial de implantação do PE ou ainda, manifestaram interesse em se aproximar desses instrumentos. Outros pontos de fragilidade são associados ao fato de quem alguns enfermeiros (as) não realizam a consulta de enfermagem e dessa forma, não se apropriam do PE como instrumento norteador de sua prática. Questões essas verificadas dentro de um contexto macro que por vezes, revelam outras situações que contribuem para o não desenvolvimento do PE, como, excesso de tarefas administrativas, quantitativo de profissionais abaixo do indicado, limitado nível de conhecimento do PE pela equipe técnica de enfermagem ou percepção do PE como mais uma função administrativa. Alguns profissionais formaram-se antes da resolução 358, e dessa forma, não foram habilitados para o desenvolvimento da SAE/PE, o que revela a necessidade de educação permanente nos serviços.
**Conclusão: **A relevância do ensino de sistemas, métodos e processos norteadores da prática profissional em enfermagem é inquestionável. Instrumentalizar, capacitar e formar enfermeiros para atuação nos preceitos ético-legais e na cientificidade da profissão constitui-se como uma necessidade crescente na profissão. Para tal, o ensino da SAE e PE exigem dos processos formativos ações conjuntas com os movimentos teóricos de aprendizagem e com os cenários de prática.
**Contribuições/implicações para a enfermagem: **O processo de ensino/aprendizagem na formação em enfermagem perpassa uma série de dimensões organizacionais, grupais e individuais. Identificar e reconhecer os cenários vivenciados no ensino dos métodos de assistência de enfermagem, em suas fragilidades e potencialidades, apresenta-se como estratégia de avaliação do processo de ensino/ aprendizagem a fim de fundamentar o processo decisório para o fortalecimento de contextos de formação que garantam a excelência na prática profissional em enfermagem.
Referências: 1- CARVALHO, L.M.A.; LEAL, G.S.; CAVALCANTE, J.P.; CRUZ, M.L.; SILVA, P.R.F.; OLIVEIRA, E.G. Cuidados de Enfermagem aos Pacientes com Hanseníase: Orientações e Incentivo ao Tratamento. Rev. S A N A R E; v.14 - Suplemento 1 - COPISP – 2015.
2- Organização Mundial de Saúde - OMS. Estratégia global aprimorada para redução adicional da carga da hanseníase: 2011-2015. Diretrizes operacionais (atualizadas). / Organização Mundial da Saúde. Brasília : Organização Pan-Americana da Saúde, 2010.Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_global_aprimorada_reducao_ha seniase.pdf.
3- LIMA, D.A.Q.; CASSEMIR, V.S.; MENDES, R.S.; BRANCO, C.S.N.; PAMPLONA, Y.A.P. Consulta de Enfermagem ao Portador de Hanseníase; Revisão Integrativa. Rev. Enfermagem Contemporânea; v.2; n.4; p. 199-208; Jul./Dez 2015.
4- NANDA Internacional. Diagnósticos de Enfermagem da Nanda - Definições e Classificações. 2015-2017.
5- BULECHER, G.M.; BUTCHER, H.K.; DOCHTERMAN, J.M.C. NIC – Nursing Intervetions Classification. Tradução da 5° edição. 2015. |