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7273828 | ACESSO AVANÇADO EM UMA UNIDADE DE SAÚDE: PERSPECTIVAS E REALIZAÇÕES | Autores: Vinicius Paim Brasil ; Juliana Cipriano Braga Silva de Arma |
Resumo: **INTRODUÇÃO: **A Atenção Primária à Saúde (APS) por toda a sua complexidade, encontra-se em constante evolução. A Estratégia Saúde da Família e o seu papel como porta de entrada do sistema e como ordenador do cuidado pode apresentar momentos de ambivalência, trazendo dúvidas de como trabalhar aspectos programáticos e demanda espontânea, num mesmo momento, pode gerar questionamentos sobre o cuidado de saúde mais adequado. Buscando respostas para essa situação e tendo o trabalho em equipe e multidisciplinar como fortaleza, a implantação do acesso avançado pode ser resposta a esta ambivalência. Diante disto o termo principal para o acesso avançado e caracterizado como regra primordial é: _“fazer o trabalho de hoje: hoje__1__”;_ que nada mais é do que ao invés de postergar demandas que necessitam de intervenções muitas vezes simples, antecipar o atendimento para o momento mais breve. No sentido de que sua solução imediata se traduz em aspectos relevantes do cuidado individual e coletivo, melhorando inclusive os indicadores de saúde. Uma importante premissa que deve permear a questão do acesso avançado é aquela que diz que: “a equipe precisa estar mais voltada para as necessidades da população, com uma agenda mais adequada à procura diária das pessoas que cuida, e com um acesso menos burocratizado1.” É nesse âmbito que a atuação do enfermeiro se torna fundamental dentro da equipe multidisciplinar, tendo a Sistematização da Assistência de Enfermagem como uma importante ferramenta na gestão do cuidado vinculada a prioridade de prestar uma assistência contínua e de qualidade aos usuários, exigindo processos de trabalho bem definidos e profissionais capacitados³. Em função desta nova estratégia de atendimento, o Centro de Saúde Novo Continente, localizado na área continental do município de Florianópolis e em uma das regiões com maior interesse social deste, há aproximadamente 3 anos vem implementando esta forma de acesso, a qual vislumbrou melhores resultados na área de maior vulnerabilidade social, contribuindo não só para o acesso, mas inclusive com viés de equidade, a qual é de extrema importância nesta realidade local.
**OBJETIVOS:** Apresentar através do referido relato de experiência a implantação do acesso avançado em uma unidade de saúde do município de Florianópolis-SC.
**METODOLOGIA:**
Durante a implantação e implementação de todo o processo de Acesso avançado,
alguns aspectos e passos na sua efetivação foram necessários, os quais foram
os seguintes:
1) Discussão com a equipe sobre o conceito teórico do tema e
implementação da proposta, realizada principalmente nas reuniões de equipe
semanais;
2) Estabelecimento, neste caso, de uma proporção de vagas à demanda do
dia superior a 80% das vagas, respeitando os momentos de Visita Domiciliar e
Reunião de Equipe;
3) Protagonismo de todos os membros da equipe de saúde no acolhimento e
escuta qualificada das demandas dos usuários, desfocando do centralismo médico
e da pura busca da consulta médica como única resposta aos problemas de saúde;
4) Uso de ferramentas de comunicação on-line e planilha inteligente que
favorecem a interlocução de todos os membros da equipe de saúde e auxiliam no
direcionamento das demandas clínicas e no próprio diagnóstico de demanda;
5) Utilização pela equipe de guias de práticas clínicas e protocolos de
enfermagem, os quais contribuem para uma maior resolutividade do profissional
enfermeiro e técnicos de enfermagem no que diz respeito a resposta clínica
baseada em evidências, e que auxiliam na tomada de decisão.
6) Estabelecimento do uso de comunicação via mensagens de texto, telefone
e e-mail com a comunidade, promovendo assim maior interação e resolutividade
do cuidado da mesma.
**RESULTADOS:**
A organização da equipe por meio do acesso avançado trouxe para o Centro de
Saúde uma redução na burocracia do acesso ao atendimento clínico e ampliação
do papel clínico dos enfermeiros no atendimento às demandas espontâneas.
Trouxe também incremento no número de atendimentos realizados por toda a
equipe, em especial pelos enfermeiros e aumento no número de pessoas
diferentes atendidas. Esse incremento deve-se a utilização dos protocolos
municipais de enfermagem e a sensibilização e capacitação para uso dos mesmos.
Segundo dados registrados pela equipe no Centro de Saúde Novo Continente, com
a implementação da nova forma de acesso, o número de atendimentos realizados
pelos enfermeiros no mesmo período dos anos de 2015 e 2016 teve um aumento de
100% nos meses de julho a novembro.
Como resultado também, houve aumento do número de atendimentos (de 2575
consultas médicas e de enfermagem em 2015 para 5255 em 2016 no mesmo período),
aumento de 100% no número de preventivos coletados, disponibilidade de vagas
na agenda para o dia seguinte, diminuição de 50% das faltas, aumento da
satisfação dos usuários e diminuição do tempo de espera para atendimento no
Centro de Saúde.
O aumento significante no número de pessoas atendidas, de exames
citopatológicos coletados e de vagas disponíveis nas agendas (médico e
enfermeiro) mostra que a equipe em questão tem conseguido oferecer um acesso
de qualidade para a sua população. Essa nova forma de trabalho traz satisfação
para trabalhadores e usuários e reforça a resolutividade das consultas dos
enfermeiros que tem sido protagonistas no que tange a descentralização do
atendimento da figura do profissional médico.
**CONCLUSÃO/IMPLICAÇÕES PARA ENFERMAGEM:**
O papel do enfermeiro na ampliação do acesso ao atendimento de demanda
espontânea na APS tem se mostrado fundamental para o alcance dos objetivos.
Além dos resultados numéricos, esse avanço tem contribuído para que o
enfermeiro seja reconhecido para além das atividades burocráticas que
historicamente pertenciam a essa categoria profissional, inaugurando de fato
um campo de atuação clínica e resolutiva, baseada nas melhores evidências e
tendo como respaldo protocolos e guias de prática clínica. O trabalho do
enfermeiro passa a superar o tecnicismo, fundamentado no modelo biomédico para
valorizar a bagagem teórica e científica, explorando a capacidade reflexiva
sobre sua prática e sobre o seu poder de transformação do contexto onde se
encontra.
Referências: 1- DIÓGINES MAR, LINARD AG, TEIXEIRA CAB. Comunicação, acolhimento e educação em saúde na consulta de enfermagem Ginecologia. Rev. Rene. Fortaleza; v.11; n.4; p.38-46; 2010.
2- BRASIL, Ministério da Saúde. Manual de Atenção a Mulher no Climatério/Menopausa. Caderno n.9; Brasília-DF; 2008.
3- MARINELLI NP, SILVA ARA, SILVA DNO. Sistematização da Assistência de Enfermagem: Desafios para a Implantação. Rev. Enfermagem Contemporânea; v.2; n.4; p. 254-263; 2015.
4- NANDA Internacional. Diagnóticos de Enfermagem da Nanda - Definições e Classificações. 2015-2017.
5- BULECHER GM, BUTCHER HK, DOCHTERMAN JMC. NIC – Nursing Intervetions Classification. Tradução da 5° edição. 2015. |