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7117914 | PERFIL DE INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS | Autores: Olvani Martins da Silva ; Patrícia Poltronieri ; Edlamar Kátia Adamy ; Kauana Dall´´agnese Caregnatto ; Gloriana Frizon |
Resumo: **Introdução: **as intervenções de enfermagem (IE) correspondem ao planejamento do cuidado prestado pelos enfermeiros, por meio do diálogo entre profissionais que atuam tanto na prestação de atendimento direto como indireto ao paciente [1]. Uma intervenção consiste em um plano de cuidados que visa melhorar as condições clínicas apresentadas pelo paciente, que requer raciocínio, julgamento e conhecimento para tomada de decisão [1]. As IE emergem de uma análise diagnóstica, operacionalizando os cuidados visando atender aos pressupostos da Resolução nº 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) a qual determina a aplicação do processo de enfermagem (PE) em todos os serviços que prestam cuidado profissional de Enfermagem [2]. Neste sentido, para prestar o cuidado com base em evidência científica, orienta-se a utilização de um Sistema de Linguagem Padronizada (SLP) em enfermagem. O SLP promove a comunicação das ações de enfermagem de uma forma compreensível em diferentes localidades, proporcionando a uniformidade das informações e do cuidado sobre cada situação, bem como a ascensão do aprendizado [3]. Atualmente, o SLP, Nursing Intervention Classification (NIC) tem se destacado internacionalmente para a prescrição de IE. As IE podem ser utilizadas em diferentes cenários de cuidado, em destaque neste estudo, para a unidade de terapia intensiva (UTI), caracterizada pela situação de saúde crítica dos pacientes, em que as disfunções fisiológicas graves podem levar ao óbito rapidamente, entende-se que utilizar um SLP qualifica o cuidado de enfermagem prestado [4]. A NIC contém IE utilizadas para promover, proteger e/ou reabilitar a saúde do indivíduo, família e/ou comunidade a partir de ações baseadas no raciocínio crítico e julgamento clínico dos profissionais de enfermagem. Este SLP se encontra em sua sexta edição, organizada em sete domínios e 30 classes, contemplando um total de 554 intervenções e mais de 15 mil atividades, cada IE contém um título, uma definição e a lista de atividades sugeridas, dispostas em ordem lógica, como também uma lista de leitura complementar [1]. A eleição de uma intervenção deriva das informações adquiridas nas etapas anteriores do PE e da decisão clínica do profissional de enfermagem, contudo alguns fatores podem influenciar no momento de elencar uma ou mais IE, como a característica do diagnóstico de enfermagem, o NOC (Nursing Outcomes Classification) basal do paciente correspondente aos resultados que se espera da intervenção, a viabilidade para a efetivação da intervenção, a aptidão do enfermeiro de aplicar a mesma e o assentimento do indivíduo, família e/ou comunidade[1]. **Objetivos: **identificar o perfil de IE utilizadas em uma UTI adulto, tendo como base a Nursing Intervention Classification (NIC). **Descrição metodológica: **trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa vinculado a um projeto maior de pesquisa intitulado “Processo de Enfermagem como Tecnologia do Cuidado em um dos pontos das Redes de Atenção à Saúde: instrumentalizando profissionais de enfermagem” da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). A seleção das IE ocorreu de maio a julho de 2017 e se deu a partir do perfil clínico dos pacientes internados na UTI, o qual foi analisado por enfermeiros (com experiência em UTI no período superior a seis meses), docentes (com experiência no uso de SLP) e discentes (com conhecimento do PE), visando a identificação de IE e atividades de enfermagem condizentes a do perfil clínico. A análise dos dados foi descritiva. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanas local (CAEE n. 1.770.439). **Resultados: **Foram selecionadas 58 IE e 450 atividades correspondentes. Das IE selecionadas, 28 (48%), localizam-se no Domínio 2 (Fisiológico Complexo) definido como cuidados que dão suporte à regulação homeostática. Na sequência, foram selecionadas 20 IE (34%) do Domínio 1 (Fisiológico Básico) definido como cuidados que dão suporte ao funcionamento físico; seguidos pelo Domínio 3 (Comportamental) e Domínio 4 (Segurança) com cinco (9%) IE para cada domínio, definidos respectivamente como cuidados que dão suporte ao funcionamento psicossocial e facilitam mudanças no estilo de vida; e como cuidados que dão suporte à proteção contra danos. Nos Domínios 5 (Família), 6 (Sistemas de Saúde) e 7 (Comunidade) não foram selecionas intervenções. Dentre as principais IE estão relacionadas as alterações das funções fisiológicas complexas prevalentes no âmbito do cuidado intensivo, alocadas intervenções de controle eletrolítico e acidobásico, controle de medicamentos, controle neurológico, cuidados perioperatórios, controle respiratório, controle da pele e lesões, termorregulação e controle da perfusão tissular consistindo em variadas intervenções para melhorar ou solucionar problemas vitais e está intimamente ligada à resolução que requerem intervenções para o suporte homeostático do organismo. Todavia, mesmo sendo um ambiente de cuidado essencialmente fisiológico, foram elencadas atividades condizentes ao aspecto psicossocial dos pacientes e familiares, comprovando que é possível atender às necessidades de saúde dos indivíduos de forma individual e holística. **Conclusão: **conclui-se que o maior número de IE selecionadas para serem utilizadas na UTI estão relacionadas às funções fisiológicas primordiais para a manutenção da vida do paciente, este fato é derivado do estado crítico geral dos pacientes internados característicos da unidade, que apesar do risco iminente de óbito apresentam possibilidade de recuperação. Apesar das necessidades específicas exigidas, sejam elas homeostáticas e/ou hemodinâmicas, foi possível identificar algumas IE direcionados ao bem-estar e espiritualidade do paciente/família, o que levanta a discussão de que, apesar dos pacientes se encontrarem em estado grave, muitas vezes em coma, seja ele induzido ou não, é essencial atentar para as necessidades de saúde do indivíduo envolvendo a família/cuidador, pois se sabe que o estado psicossocial dos mesmos acaba sendo afetada pela visualização do paciente em monitoramento contínuo. **Contribuições/implicações para a Enfermagem:** traçar o perfil da IE instrumentaliza o enfermeiro na construção de um protocolo de cuidados que busca individualizar e obter resultados satisfatórios nos cuidados prestados. O SLP auxilia na compreensão e padronização das IE, melhora a comunicação de enfermagem e até mesmo de forma interdisciplinar, além de contribuir para a formação do raciocínio clínico dos acadêmicos durante as atividades teórico práticas e de estágio. Além disso comprova que, mesmo em áreas de cuidados intensivos, é possível visualizar o ser humano na sua integralidade e prestar atendimento para além do paciente, auxiliando e envolvendo familiares/cuidadores a superar as dificuldades na percepção do estado de saúde e na possibilidade de recuperação do ente querido.
Referências: 1. Valim MD, Marziale MHP, Hayashida M, Richart-Martínez M. Occurrence of occupational accidents involving potentially contaminated biological material among nurses. Acta Paul Enferm. 2014;27(3):280-6.
2. Cunha QB, Camponagara S, Freitas EO, Pinno C; Dias GL, Cesar MP. Fatores que interferem na adesão às precauções padrão por profissionais da saúde: revisão integrativa. Enferm. foco (Brasília); 8(1): 72-76, 2017.
3. Silva RSS, Madeira MZA, Fernandes MA, Batista OMA, Brito BAM, Carvalho NAR. Riscos ocupacionais entre trabalhadores de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Rev. bras. med. trab; 15(3): 267-275, jul.-set. 2017
4. Rodrigues PS, Sousa AFL, Magro MCS, Andrade D, Hermann PRS. Acidente ocupacional entre profissionais de enfermagem atuantes em setores críticos de um pronto-socorro. Esc Anna Nery 2017;21(2):e20170040.
5. Pereira FMV, Lam SC, Gir E. Cultural Adaptation and Reliability of the Compliance with Standard Precautions Scale (CSPS) for Nurses in Brazil. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2017;25:e2850. [Access 2018 Jan 23]; Available in: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.1204.2850 |