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7101785 | CONHECENDO O ITINERÁRIO DE VIDA DE PESSOAS SUBMETIDAS A REVASCULARIZAÇÃO CARDÍACA, ATRAVÉS DA HISTÓRIA ORAL. | Autores: Maria Isabel Fontana ; Dagoberto Mior de Paula ; Juliana Vieira de Araújo Sandri ; Adriano da Silva Acosta ; Jaqueline Miniuk |
Resumo: **Introdução:** A incidência de doenças cardiovasculares nos países desenvolvidos aumenta a cada ano, sendo 80% relacionada à doença arterial coronariana. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2030, mais de 23 milhões de pessoas morrerão anualmente por doenças cardiovasculares. O número de pacientes acometidos por doença arterial coronária cresce progressivamente em todo o mundo, em razão de maior sobrevida aos quadros de infarto agudo do miocárdio, do envelhecimento da população, do maior número de diagnósticos realizados e da grande prevalência de fatores de risco advindos em virtude da vida moderna1. Correlato ao aumento de doença arterial coronária ocorre o aumento da realização de cirurgias de revascularização do miocárdio. A Revascularização Miocárdica é a restauração do transporte sanguíneo, realizada em pacientes com insuficiência cardíaca, devido à obstrução aterosclerótica nas artérias coronárias e tem o objetivo de proporcionar maior aporte sanguíneo ao miocárdio2. Esta intervenção é considerada um grande avanço na medicina e com o passar dos anos foram surgindo novas técnicas e melhorando cada vez mais este procedimento cirúrgico. A Revascularização Cardíaca consiste em um enxerto arterial coronário usando em sua maioria a veia safena, artéria mamária ou radial com o objetivo de restabelecer a perfusão da artéria coronária3. Este método é muito utilizado devido a sua maior vantagem que é a durabilidade e seu objetivo de preservar o miocárdio, uma vez que estabelece o fluxo das artérias que fazem sua nutrição. No entanto, toda cirurgia cardíaca pode trazer inúmeras consequências aos envolvidos no processo, causando diversos sentimentos, como medo, duvida, receios, incertezas, e esses aspectos suscitaram o desejo de entender o que pessoas submetidas a este procedimento cirúrgico passaram, sentiram, como reagiram e como tem se mantido depois da cirurgia, assim como os processos que vivenciam no decorrer dos eventos relacionados, no que culminou o **objetivo do estudo**: Conhecer o itinerário de vida de pessoas submetidas à revascularização cardíaca. Desta forma propusemos como **metodologia:** a realização de uma pesquisa qualitativa através do método de história oral, na qual os participantes relataram suas histórias a partir de entrevistas que foram gravadas e desenvolvidas com um roteiro semiestruturado. Fizeram parte da pesquisa pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), pós-operatórios de revascularização cardíaca que estavam fazendo o acompanhamento no ambulatório de cardiologia de um hospital da região. O projeto foi submetido ao CEP da UNIVALI e foi aprovado sob o Parecer nº 2.095.151.Após os dados coletados, foram transcritas as histórias contadas pelos indivíduos na íntegra e construída a história oral fundamentada no itinerário de vida dos participantes. **Resultados:** Nestas histórias pudemos evidenciar os seguintes aspectos: o início da doença e suas manifestações, a espera pela cirurgia, o pós-operatório e as complicações, as mudanças na vida e o quanto isso afeta as pessoas, bem como o apoio recebido. Assim no aspecto: “O início da doença e suas manifestações” os entrevistados relataram que a primeira manifestação que sentiram foi a dor no peito e que ao passar dos dias com a realização das atividades diárias a dor se intensificava. Foi possível observar que a insegurança, o medo e a ansiedade foram sentimentos presentes ao receber a notícia de precisar fazer cirurgia cardíaca. No aspecto: “A espera pela cirurgia” foi possível perceber que o tempo de espera aumenta a ansiedade e causa angustia ao indivíduo já que foi relatado a demora para realizar a cirurgia e por vezes ser cancelada não havendo data prevista. “ O pós-operatório e as complicações” relatam que é um período crítico ao paciente e seus familiares, é um momento de dificuldades diante das limitações que o procedimento oferece, podendo ainda ocorrer complicações nesse período. Dentre as complicações a que mais foi citada foi infecção com presença de deiscência de sutura de mediastino. “As mudanças na vida e o quanto isso afeta as pessoas” identificamos que muitas mudanças devem ser realizadas para que se alcance uma melhor qualidade de vida. Algumas mudanças necessárias descritas foram reeducação alimentar, abstenção das atividades ocupacionais, uso de medicações e cuidados com curativo. Percebemos que alguns participantes se adaptaram com mais facilidade comparado aos demais, e a maior resistência de mudança está associada a alimentação. Segundo os relatos percebemos que a depressão foi presente no pós-operatório devido as perdas e mudanças que o procedimento acarretou. “O apoio recebido” em todas as histórias o apoio recebido pela família esteve presente, percebemos que a família é o principal alicerce de apoio desde a descoberta até a reabilitação desses pacientes, é quem permanece por mais tempo junto, estimulando o tratamento e a recuperação. Ao estarem em ambiente hospitalar os pacientes se sentem desprotegidos, a presença da família dando um suporte torna esse momento mais leve. A presença dos amigos é algo muito relevante, pois os pacientes se sentem importantes. **Conclusões:** A realização deste estudo permitiu a compreensão do itinerário de vida adotado pelas pessoas submetidas a revascularização cardíaca, assim como o envolvimento da família durante este processo. Entendemos que é necessário que haja um suporte junto aos indivíduos que são submetidos à esta intervenção, uma vez que os mesmos vivenciam diversas experiências relacionadas ao procedimento cirúrgico, os quais podem interferir na adesão aos tratamentos propostos bem como repercutirem na vida das pessoas envolvidas. **Contribuições para enfermagem: **A grande contribuição do estudo compreende o fato de proporcionar novos conhecimentos aos profissionais que trabalham com pacientes revascularizados, de modo a instrumentalizá-los sobre a assistência prestada as pessoas que necessitam realizar esse procedimento, ampliando a visão sobre o processo de adaptação às mudanças na vida que tal experiência proporciona. Desse modo, podemos perceber como as diferentes formas de apoio podem repercutir no itinerário de vida destas pessoas, e repercutir consideravelmente na resposta terapêutica.
Referências: (1) Alves F. Gamification: como criar experiências de aprendizagem engajadoras. 2. ed. São Paulo: DVS Editora; 2015.
(2) Lee JJ, Hammer J. Gamification in education: what, how, why bother? Academic exchange quarterly. 2011; 15(2): 1-5.
(3) McGonigal, J. A Realidade em jogo. 1. ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2012. |