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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 7072050

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7072050

QUEDA ENTRE IDOSOS: PREDITORES E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

Autores:
Nayara Cândida Gomes ; Ingrid Vitória de Sousa Araújo ; Janaína Santos Nascimento ; Camila Cristina Neves Romanato Ribeiro ; Darlene Mara dos Santos Tavares.

Resumo:
Introdução: A causalidade das quedas é complexa, à medida que muitos fatores de risco atuam simultaneamente, o que reforça a necessidade do desenvolvimento de investigações que possibilitem ampliar as variáveis estudadas em relação à ocorrência de quedas1. Neste estudo, pretendeu-se ampliar a discussão em relação ao desempenho físico, à capacidade funcional para as Atividades Avançadas da Vida Diária e à síndrome de fragilidade. Somando-se a isso, identificar os _clusters_ de quedas no município de Uberaba (MG), verificando os locais em que estão os idosos com maior risco a ocorrência desse evento. Destaca-se que os fatores de risco ambientais estão presentes entre 20 a 58,0% das quedas e demonstraram ser significativos nesse processo1. Além dos motivos supracitados, este é um tema que merece atenção e conhecimento não só daqueles que são vítimas desse processo, mas de todos os que apresentam relação direta com pessoas idosas, em especial os profissionais de enfermagem. Objetivos: calcular a prevalência de quedas, nos últimos 12 meses, entre idosos da comunidade; verificar a ocorrência de quedas em idosos da comunidade, segundo características sociodemográficas e de saúde e identificar _clusters _de quedas, entre idosos no município de Uberaba (MG). Descrições metodológicas: Estudo com abordagem quantitativa, tipo inquérito domiciliar, transversal, observacional e analítico. Desenvolvido na área urbana de Uberaba (MG). Para a seleção da população utilizou-se a amostragem por conglomerado em múltiplo estágio e amostra foi composta por 612 idosos. A seleção dos idosos aconteceu por meio do sorteio arbitrário de 50% dos setores censitários do município, por meio de amostragem sistemática, organizando-se uma listagem única dos setores e identificando o bairro a que pertence. Os critérios de inclusão: ter 60 anos ou mais de idade, residir na zona urbana do município de Uberaba (MG). Excluíram-se aqueles com declínio cognitivo avaliado pelo Mini Exame do Estado Mental2; hospitalizados e/ou institucionalizados. A coleta dos dados foi realizada no domicílio dos idosos, de março a junho de 2016, por meio de entrevista direta. Os dados sociodemográficos foram coletados por meio do instrumento construído pelo Grupo de Pesquisa em Saúde da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. A ocorrência de quedas nos últimos doze meses foi mensurada por meio de duas questões _“O Senhor (a) sofreu alguma queda nos últimos doze meses?”; “Quantas vezes caiu nos últimos doze meses?”._ O Questionário com 13 questões3 foi utilizado para avaliar a capacidade funcional. O desempenho físico foi verificado pela Versão brasileira _Short Physical Performance Battery_4. Os componentes de fragilidade foram identificados segundo fenótipo proposto _Fried _et al. (2001)5. As variáveis do estudo foram: sexo (feminino e masculino); faixa etária (60+80; 80 anos ou mais); escolaridade (com e sem escolaridade); estado conjugal (com companheiro (a) e sem companheiro (a)); arranjo de moradia (acompanhado (a) e sozinho (a)); autopercepção de saúde: péssima/má/regular (negativa) e boa/ótima (positiva); capacidade funcional para AAVD (maior participação e menor participação); quedas (ocorreu e não ocorreu); condição de fragilidade (pré- frágil/frágil e não frágil) e desempenho físico (baixo/ruim e moderado/bom). Calculou-se a taxa de prevalência, segundo a fórmula: Número de casos existentes em um dado local, momento, período.10n/População do mesmo local e período. Os dados foram submetidos à análise descritiva (frequências absolutas e percentuais). Para verificar os fatores relacionados às quedas foi realizada análise bivariada preliminar, empregando-se razão de prevalência e razão de chances de prevalência e teste _qui-quadrado_, considerando o intervalo de confiança de 95% e o nível de significância de p<0,05. Para estimar a intensidade dos eventos, queda em idosos utilizou-se o _Kernel estimation_ com raio adaptativo da função quártica. Foi obtido um mapa com a divisão dos bairros junto à Prefeitura Municipal de Uberaba. Para o mapeamento das quedas em idosos foram utilizadas coordenadas _Universal Transversa Mercator_ (UTM), modelo da Terra (SAD-69), coletadas pelo programa _Google Earth_. Os endereços não encontrados neste programa foram coletados através de um equipamento apropriado do tipo Sistema de Posicionamento Global (GPS). As coordenadas planas (Hemisfério Sul) foram: X1: 184.780,48 m, X2: 196.450,74 m, Y1: 7.808.333,18 m, Y2: 7.814.259,92 m. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFTM, protocolo nº 573.833. Após a anuência do idoso e a assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido, conduziu-se a entrevista. Resultados: Entre os 612 idosos constatou-se que 151 (24,7%) sofreram quedas nos últimos 12 meses. O número de quedas variou de uma a 12 vezes no último ano, com média de duas quedas por idoso (± 2 quedas), sendo que 64,9% tiveram um episódio de queda e 35,1% duas ou mais, ou seja, quedas recorrentes. Dentre os idosos que sofreram quedas, os maiores percentuais registrados foram relativos ao sexo feminino (27,9%); com 80 anos ou mais (37,1%); sem escolaridade (33,3%); que moravam sozinhos (30,9%); sem companheiro (29,6%); com menor participação nas AAVD (34,1%); pré- frágeis/frágeis (29,4%) e com desempenho físico baixo/ruim (38,7%). Na comparação entre os grupos, a maior proporção dos idosos que sofreu quedas era do sexo feminino (p=0,004); com 80 anos ou mais (p=0,001); sem escolaridade (p=0,026); morava só (p=0,049); sem companheiro (p=0,002); com menor participação nas AAVD (p=0,003); pré-frágeis/frágeis (p<0,001) e com desempenho físico baixo/ruim (p<0,001). Os maiores aglomerados de ocorrência de quedas foram na região centro-oeste do município seguido pela região sudeste, as quais se localizam em locais com inclinações de relevo. Conclusão: A identificação das características relacionadas às quedas entre idosos pode subsidiar o planejamento de ações direcionadas ao contexto, de modo a nortear a atuação profissional. Assim é relevante conhecer o perfil e fatores associados a sua ocorrência, e investigar quais aspectos tem favorecido aglomerados de quedas nestas localidades. Contribuições/Implicações para Enfermagem: Sabemos que as quedas contribuem com aumento da morbimortalidade entre idosos, no entanto, elas são passíveis de prevenção, neste contexto, os profissionais de enfermagem podem contribuir por meio da avaliaçao do idoso e do seu ambiente quanto aos fatores que predipõe as quedas. Assim, destaca-se a importância dos profissionais de saúde, em especial a equipe de enfermagem, na identificação desse perfil e no desenvolvimento de medidas de prevenção.


Referências:
1)Garcia T, Nóbrega M. O processo de enfermagem: da teoria à prática assistencial e de pesquisa. Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 mar; 13 (1): 188-1; 2)Garcia TR. Classificação Internacional para Prática de Enfermagem. Porto Alegre: Artmed: 2015. 3)Matos FGOA, Cruz DALM. Construção de Instrumento para avaliar a acurácia diagnóstica. Rev Esc Enferm USP 2009; 43(Esp):1088-97.