E-Pôster
7072050 | QUEDA ENTRE IDOSOS: PREDITORES E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL | Autores:
Nayara Cândida Gomes ; Ingrid Vitória de Sousa Araújo ; Janaína Santos Nascimento ; Camila Cristina Neves Romanato Ribeiro ; Darlene Mara dos Santos Tavares. |
Resumo: Introdução: A causalidade das quedas é complexa, à medida que muitos fatores
de risco atuam simultaneamente, o que reforça a necessidade do desenvolvimento
de investigações que possibilitem ampliar as variáveis estudadas em relação à
ocorrência de quedas1. Neste estudo, pretendeu-se ampliar a discussão em
relação ao desempenho físico, à capacidade funcional para as Atividades
Avançadas da Vida Diária e à síndrome de fragilidade. Somando-se a isso,
identificar os _clusters_ de quedas no município de Uberaba (MG), verificando
os locais em que estão os idosos com maior risco a ocorrência desse evento.
Destaca-se que os fatores de risco ambientais estão presentes entre 20 a 58,0%
das quedas e demonstraram ser significativos nesse processo1. Além dos motivos
supracitados, este é um tema que merece atenção e conhecimento não só daqueles
que são vítimas desse processo, mas de todos os que apresentam relação direta
com pessoas idosas, em especial os profissionais de enfermagem. Objetivos:
calcular a prevalência de quedas, nos últimos 12 meses, entre idosos da
comunidade; verificar a ocorrência de quedas em idosos da comunidade, segundo
características sociodemográficas e de saúde e identificar _clusters _de
quedas, entre idosos no município de Uberaba (MG). Descrições metodológicas:
Estudo com abordagem quantitativa, tipo inquérito domiciliar, transversal,
observacional e analítico. Desenvolvido na área urbana de Uberaba (MG). Para a
seleção da população utilizou-se a amostragem por conglomerado em múltiplo
estágio e amostra foi composta por 612 idosos. A seleção dos idosos aconteceu
por meio do sorteio arbitrário de 50% dos setores censitários do município,
por meio de amostragem sistemática, organizando-se uma listagem única dos
setores e identificando o bairro a que pertence. Os critérios de inclusão: ter
60 anos ou mais de idade, residir na zona urbana do município de Uberaba (MG).
Excluíram-se aqueles com declínio cognitivo avaliado pelo Mini Exame do Estado
Mental2; hospitalizados e/ou institucionalizados. A coleta dos dados foi
realizada no domicílio dos idosos, de março a junho de 2016, por meio de
entrevista direta. Os dados sociodemográficos foram coletados por meio do
instrumento construído pelo Grupo de Pesquisa em Saúde da Universidade Federal
do Triângulo Mineiro. A ocorrência de quedas nos últimos doze meses foi
mensurada por meio de duas questões _“O Senhor (a) sofreu alguma queda nos
últimos doze meses?”; “Quantas vezes caiu nos últimos doze meses?”._ O
Questionário com 13 questões3 foi utilizado para avaliar a capacidade
funcional. O desempenho físico foi verificado pela Versão brasileira _Short
Physical Performance Battery_4. Os componentes de fragilidade foram
identificados segundo fenótipo proposto _Fried _et al. (2001)5. As variáveis
do estudo foram: sexo (feminino e masculino); faixa etária (60+80; 80 anos ou
mais); escolaridade (com e sem escolaridade); estado conjugal (com companheiro
(a) e sem companheiro (a)); arranjo de moradia (acompanhado (a) e sozinho
(a)); autopercepção de saúde: péssima/má/regular (negativa) e boa/ótima
(positiva); capacidade funcional para AAVD (maior participação e menor
participação); quedas (ocorreu e não ocorreu); condição de fragilidade (pré-
frágil/frágil e não frágil) e desempenho físico (baixo/ruim e moderado/bom).
Calculou-se a taxa de prevalência, segundo a fórmula: Número de casos
existentes em um dado local, momento, período.10n/População do mesmo local e
período. Os dados foram submetidos à análise descritiva (frequências absolutas
e percentuais). Para verificar os fatores relacionados às quedas foi realizada
análise bivariada preliminar, empregando-se razão de prevalência e razão de
chances de prevalência e teste _qui-quadrado_, considerando o intervalo de
confiança de 95% e o nível de significância de p<0,05. Para estimar a
intensidade dos eventos, queda em idosos utilizou-se o _Kernel estimation_ com
raio adaptativo da função quártica. Foi obtido um mapa com a divisão dos
bairros junto à Prefeitura Municipal de Uberaba. Para o mapeamento das quedas
em idosos foram utilizadas coordenadas _Universal Transversa Mercator_ (UTM),
modelo da Terra (SAD-69), coletadas pelo programa _Google Earth_. Os endereços
não encontrados neste programa foram coletados através de um equipamento
apropriado do tipo Sistema de Posicionamento Global (GPS). As coordenadas
planas (Hemisfério Sul) foram: X1: 184.780,48 m, X2: 196.450,74 m, Y1:
7.808.333,18 m, Y2: 7.814.259,92 m. O projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFTM, protocolo nº 573.833. Após a
anuência do idoso e a assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido,
conduziu-se a entrevista. Resultados: Entre os 612 idosos constatou-se que 151
(24,7%) sofreram quedas nos últimos 12 meses. O número de quedas variou de uma
a 12 vezes no último ano, com média de duas quedas por idoso (± 2 quedas),
sendo que 64,9% tiveram um episódio de queda e 35,1% duas ou mais, ou seja,
quedas recorrentes. Dentre os idosos que sofreram quedas, os maiores
percentuais registrados foram relativos ao sexo feminino (27,9%); com 80 anos
ou mais (37,1%); sem escolaridade (33,3%); que moravam sozinhos (30,9%); sem
companheiro (29,6%); com menor participação nas AAVD (34,1%); pré-
frágeis/frágeis (29,4%) e com desempenho físico baixo/ruim (38,7%). Na
comparação entre os grupos, a maior proporção dos idosos que sofreu quedas era
do sexo feminino (p=0,004); com 80 anos ou mais (p=0,001); sem escolaridade
(p=0,026); morava só (p=0,049); sem companheiro (p=0,002); com menor
participação nas AAVD (p=0,003); pré-frágeis/frágeis (p<0,001) e com
desempenho físico baixo/ruim (p<0,001). Os maiores aglomerados de ocorrência
de quedas foram na região centro-oeste do município seguido pela região
sudeste, as quais se localizam em locais com inclinações de relevo. Conclusão:
A identificação das características relacionadas às quedas entre idosos pode
subsidiar o planejamento de ações direcionadas ao contexto, de modo a nortear
a atuação profissional. Assim é relevante conhecer o perfil e fatores
associados a sua ocorrência, e investigar quais aspectos tem favorecido
aglomerados de quedas nestas localidades. Contribuições/Implicações para
Enfermagem: Sabemos que as quedas contribuem com aumento da morbimortalidade
entre idosos, no entanto, elas são passíveis de prevenção, neste contexto, os
profissionais de enfermagem podem contribuir por meio da avaliaçao do idoso e
do seu ambiente quanto aos fatores que predipõe as quedas. Assim, destaca-se a
importância dos profissionais de saúde, em especial a equipe de enfermagem, na
identificação desse perfil e no desenvolvimento de medidas de prevenção.
Referências: 1)Garcia T, Nóbrega M. O processo de enfermagem: da teoria à prática assistencial e de pesquisa. Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 mar; 13 (1): 188-1; 2)Garcia TR. Classificação Internacional para Prática de Enfermagem. Porto Alegre: Artmed: 2015. 3)Matos FGOA, Cruz DALM. Construção de Instrumento para avaliar a acurácia diagnóstica. Rev Esc Enferm USP 2009; 43(Esp):1088-97. |