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6979655 | MESTRADOS PROFISSIONAIS EM ENFERMAGEM: CONSTRUINDO EXPERIÊNCIA PARA A TRANSFORMAÇÃO DA PRÁXIS DE ENFERMAGEM | Autores: Elise Machry ; Mônica Ludwig Weber ; Carise Fernanda Schneider ; Letícia de Lima Trindade ; Carine Vendruscolo |
Resumo: **Introdução:** no cenário atual, nota-se uma série de transformações de ordem econômica, política, socioambiental e cultural, que influencia a sociedade em geral e interfere no modo de vida e no contexto saúde-doença dos indivíduos. A ampliação dos mecanismos de comunicação e a utilização em larga escala das redes socioculturais alteram a compreensão do processo saúde-doença e do modelo assistencial biomédico, ainda hegemônico, e que tem se configurado como um importante desafio a ser superado pelas profissões da área da saúde, em especial a enfermagem. Isso instiga os profissionais na busca por inovações e novos modos de ensinar e aprender1. Com base nessa nova configuração, emerge a necessidade de formação de recursos humanos altamente qualificados e a construção do conhecimento por meio de uma assistência aos indivíduos e coletividades ancorada em valores éticos, humanistas e igualitários. Nessa perspectiva, considerando que a Enfermagem é o contingente de profissionais de maior expressão nas instituições e serviços de saúde, é necessário romper com práticas não sistematizadas e ampliar o julgamento crítico das equipes de enfermagem1. Em vista disso, pressupõe-se que os enfermeiros possuam habilidades e competências para a tomada de decisão em situações complexas, orientados por evidências científicas, com o potencial de viabilizar soluções criativas, eficazes e de baixo custo para o enfrentamento das demandas de saúde1. Nesse contexto, são criados e regulamentados os Mestrados Profissionais (MP) que emergem no cenário do ensino na área da saúde como estratégias inovadoras de transformação dos cotidianos e práticas profissionais, visto que instiga nos profissionais movimentos de ação-reflexão-ação sobre o cotidiano de trabalho2. Os MP têm como objetivo principal a "capacitação de pessoal para a prática profissional avançada e transformadora de procedimentos e processos aplicados, por meio da incorporação do método científico, habilitando o profissional para atuar em atividades técnico-científicas e de inovação"2:20. Estes podem constituir-se em ferramentas úteis no fomento da profissão da enfermagem, haja vista importância do enfermeiro nos serviços de saúde, quer seja na gestão ou na assistência direta ao usuário. **Objetivo:** relatar a experiência enquanto estudante de um MP em Enfermagem, descrevendo aspectos e vivências geradas a partir da integração ensino-pesquisa no cotidiano da prática, na região Oeste de Santa Catarina. **Metodologia:** trata-se de um relato de experiência, elaborado a partir da vivência de um MP em Enfermagem e sua imbricação na prática profissional durante o segundo semestre de 2017. O ingresso no MP em Enfermagem é um passo importante com vistas ao aperfeiçoamento profissional do enfermeiro. Em uma turma de dez profissionais, atuantes em diferentes cenários da saúde, a problematização sobre as práticas e os desafios enfrentados em cada realidade surgiram desde o primeiro encontro. As mestrandas foram desafiadas pelos professores (mediadores do processo de aprendizagem) a desenvolver reflexão crítica do contexto vivenciado na prática por cada profissional, e a identificar uma situação-limite, para a qual se propôs o desenvolvimento de uma prática de intervenção, pautada em evidências científicas, e quando possível, com o uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem. **Resultados:** os MP surgem no Brasil no final dos anos 1990 e especificamente na área da Enfermagem, sua expansão ocorre a partir de 2010, tendo como principal diferença dos mestrados acadêmicos o produto final, ou seja, o resultado pretendido2. Neste relato, toma se por base um MP na sua fase inicial, ainda passando por adaptações e mudanças características de qualquer processo de ensino-aprendizagem recente. No entanto, já se observam os frutos colhidos nesse curto espaço de tempo como, por exemplo, o despertar de um novo olhar do profissional para sua prática diária, a reflexão crítica sobre a gestão e os processos de trabalho, o desenvolvimento da habilidade para pesquisa e busca por evidências científicas que ampliem seu escopo de conhecimento e ainda, o que se deve considerar fundamental, a integração do ensino, pesquisa e a prática. Para isso, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) incentiva a construção de espaços para valorizar e qualificar a formação em nível de pós-graduação, bem como o desenvolvimento da pesquisa em ensino na saúde; aposta ainda em um novo perfil do profissional da saúde, e principalmente, do docente, que comporte a geração de mudanças na formação dos profissionais da área da saúde2. Cabe salientar que conciliar o tempo entre trabalho, mestrado e família é, sem dúvida, desafiador. Entretanto, ao buscar por um MP, o profissional, na maioria das vezes, apresenta um perfil diferenciado, sente a necessidade de se aperfeiçoar, participa de eventos e cursos, é adepto a leituras de revistas e livros na área e possui experiência na prática 1,2. Observa-se que os problemas do cotidiano inquietam os enfermeiros, que não aceitam o conformismo diante destas situações e buscam excelência em suas ações. Os debates e reflexões durante as aulas teóricas direcionaram cada mestranda no desenvolvimento da prática de intervenção, na qual se buscou estratégias e ações para melhorar o trabalho e as relações interpessoais, envolvendo equipe e o gestor, por meio de metodologias ativas que possibilitam a participação coletiva na busca pela transformação da realidade. Ao final do semestre, as experiências individuais foram compartilhadas durante um seminário em sala de aula, momento importante de troca de vivências, debates e reflexões, sendo que a partir dessa intervenção, afloram novas possibilidades de ações transformadoras da realidade, além de produções acadêmicas como resumos apresentados em congressos, relatos de experiência e artigos científicos Os MP instigam e aprimoram o saber fazer, fomentando a práxis do enfermeiro, estimulando o trabalho multiprofissional nos diferentes níveis de atenção à saúde, com alta resolutividade e que, para tal, precisa se alicerçar na busca da produção científica, no estímulo a pesquisa e no consumo do que está sendo produzido em nível de informação e conhecimento na área da saúde, instrumentalizando e consolidando a prática profissional do enfermeiro3. Nessa direção, Freire4:168 afirma que “não há revolução com verbalismos, nem tão pouco com ativismo, mas práxis, portanto, com reflexão e ação incidindo sobre as estruturas a serem transformadas”. **Conclusão: **O MP é um novo modelo de formação constituído por atores e instituições, compromissado com as experiências provenientes dos cenários de prática, propondo a reflexão e a construção de novos conhecimentos, buscando a melhoria, a qualidade e resolutividade da assistência à saúde de determinadas instituições5. Os resultados obtidos durante a vivência relatada evidenciam os aspectos positivos desse modelo de pós-graduação e reflexos no cotidiano dos profissionais, como maior reconhecimento profissional e financeiro, o despertar da visão crítica sobre os processos e produtos de trabalho e, principalmente, reflexos na qualidade da atenção ao usuário em qualquer nível de atenção. Faz-se necessário preencher as lacunas existentes entre a academia e o serviço, instigar o trabalho multiprofissional e a troca de saberes na busca pela inovação na enfermagem e, neste sentido, o MP é uma estratégia promissora. **Contribuições/Implicações para Enfermagem: **os MP em Enfermagem procuram contribuir com a introdução de inovações tecnológicas e novas formas de organização e execução do trabalho, que se tornam essenciais para a qualificação da assistência, articulando os cuidados de saúde e os setores educacionais4. Representam uma alternativa para “oxigenar” e reavivar as práticas por vezes já ultrapassadas, com base em evidências científicas. Além disso, tem por meta qualificar os profissionais, compartilhar o conhecimento com a sociedade e contribuir na competitividade e visibilidade da Enfermagem2.
Referências: 1.Conchon, M.F., Nascimento, L.A., Fonseca, L.F., Aroni, P. Sede perioperatória: uma análise sob a perspectiva da Teoria de Manejo de Sintomas.Rev Escola de Enfermagem da USP. 2015; 49(1):122-128.
2.Walker, L.O., Avant, K.C. Strategies for theory construction in nursing. 5th ed. UpperSaddle River: Pearson Education; 2011
3.Arai, S.R.,Sttots, N., Puntillo, K. Thirst in Critically Ill Patients: From Physiology to Sensation.Am J CritCare.2013; 22(4):328-335.
4.Martins, P.R., Fonseca, L.F. Avaliação das dimensões da sede: revisão integrativa.Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2017, acesso em: 14/02/2018;. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v19.40288
5.Martins, P.R., Fonseca, L.F.,Rosseto, E.G., Mai, L.D.Elaboração e validação de Escala de Desconforto da Sede Perioperatória. Rev. Escola Enfermagem USP. 2017; 51.e03240 |