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6797542 | CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO ASSISTENCIAL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE | Autores: Daniela Couto Carvalho Barra ; Gabriela Marcellino de Melo Lanzoni ; Caroline Cechinel Peiter ; Wagner José Nascimento ; Lucas Alexandre Pedebôs |
Resumo: **INTRODUÇÃO**
O Sistema Único de Saúde (SUS) está estruturado em Redes de Atenção à Saúde
(RAS), arranjos organizativos ordenados pela Atenção Primária à Saúde (APS)
que visam prover uma atenção à saúde de forma contínua, de qualidade,
responsável e humanizada, e têm por objetivo final promover a integralidade da
atenção(1). Nesse contexto, a Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à
reestruturação da APS no contexto do SUS priorizando ações de prevenção,
promoção e recuperação da saúde de indivíduos e comunidades de forma integral
e contínua. Na ESF as equipes são compostas minimamente por enfermeiro,
médico, generalista ou especialista em saúde da família, técnico ou auxiliar
de enfermagem e Agente Comunitário de Saúde (ACS), podendo contar, ainda, com
dentista e auxiliar de consultório dentário(2). Desde sua criação, a ESF
oportunizou maior autonomia e empoderamento do enfermeiro, tanto no que diz
respeito tanto às atribuições gerenciais quanto assistenciais(3). No entanto,
a dimensão gerencial da APS ao longo dos anos foi atribuída ao enfermeiro de
modo significativo, o que pode afastar o profissional das atividades
assistenciais e da realidade da comunidade, representando uma potencial
dificuldade na manutenção satisfatória da qualidade e quantidade da produção
assistencial, e consequentemente nos resultados dos serviços de saúde(4). A
caracterização da atuação assistencial do enfermeiro permite refletir sobre o
desempenho de sua função e sobre a adequação dos serviços de saúde segundo a
lógica de escala preconizada pela política de RAS, oportunizando maior
aproveitamento da expertise do enfermeiro na assistência à população. Diante
disso, questiona-se: qual a produção do trabalho do enfermeiro na APS em um
município de grande porte no Sul do país?
**OBJETIVO**
O objetivo deste estudo foi caracterizar a produção de atendimentos dos
enfermeiros da APS de Florianópolis/SC.
**MÉTODO**
Estudo exploratório-descritivo e retrospectivo, de abordagem quantitativa,
realizado em um município de grande porte no Sul do Brasil. A APS do município
é composta por 49 nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) distribuídas em cinco
distritos sanitários. Foi realizada análise documental a partir de registros e
dados estatísticos da própria instituição relacionados à produção dos
enfermeiros, técnicos de enfermagem e equipe multiprofissional no período de
janeiro a dezembro de 2016. Para a coleta de dados, foram resgatados dados do
Sistema de Informação do Município, buscando identificar número de consultas,
visitas domiciliares, atividades na comunidade, grupos terapêuticos e
atividades administrativas, além dos procedimentos desenvolvidos pelos
técnicos de enfermagem, considerando a responsabilidade de supervisão destes
profissionais atribuída ao enfermeiro. Os dados foram tabulados em planilha do
Excel e analisados por meio de estatística descritiva. Para atender aos
princípios éticos, foram observadas e seguidas as recomendações da Resolução
466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) considerando o respeito pela
dignidade humana e pela proteção devida aos participantes de pesquisas
científicas envolvendo seres humanos. No desenvolvimento da pesquisa foram
cumpridas as solicitações éticas de autorização para o estudo, como a
solicitação de autorização à Prefeitura Municipal de Saúde, bem como a
anuência do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) registrado
sob CAAE: 63078916.3.0000.0121.
**RESULTADOS**
Médicos (clínico geral e especialista) e enfermeiros são os profissionais que
mais realizam consultas (51,5% e 28,7% respectivamente). Visitas domiciliares
são realizadas principalmente por enfermeiros, responsáveis por 56,2% das
visitas totais, seguidos pelos médicos da família e clínicos gerais (34,5%) e
dentistas (15,1%). Na atenção à saúde da mulher, destaca-se a atuação do
enfermeiro na realização de exames preventivos de câncer de colo de útero
realizados no período, realizando 16.095 (99,7%) dos 16.140 (100,0%)
atendimentos. Nos atendimentos em grupo, destaca-se a atuação do dentista
(33,3%), psicólogo (15,1%) e enfermeiro (15,0%), e em atividades
administrativas do tipo reuniões de equipe, observou-se a participação de
psicólogos (25,1%), assistentes sociais (19,4%) e enfermeiros (19,3%).
Considerando a lógica de escala das RAS, unidades com uma equipe de ESF
apresentaram a menor média de consultas de enfermagem, 1.411 por equipe,
enquanto a maior produção foi encontrada em unidades com duas equipes, com
média de 3.403 consultas por equipe. Quanto aos procedimentos de enfermagem, a
maior produção foi encontrada em UBS com duas equipes de ESF, com média de
7.113 procedimentos por equipe, enquanto a menor produção aconteceu em UBS com
sete equipes, apresentando uma média de 2.244 procedimentos de enfermagem por
equipe.
**CONSIDERAÇÕES FINAIS**
O estudo apresenta a produção assistencial do enfermeiro em atividades
individuais e coletivas na APS, caracterizando as atividades realizadas por
este profissional e demais membros da equipe de saúde neste contexto. Mesmo
atuando na coordenação de equipes, incluindo técnicos de enfermagem e ACS, e
outras atividades gerenciais do centro de saúde, desenvolve representativa
parcela de atendimentos diretos à população e usuário, contribuindo para
acesso e resolutividade às ações assistenciais, em especial na área da saúde
da mulher. Os dados alertam para a necessidade de investimentos por parte dos
gestores e pesquisadores para a identificação, conforme o perfil da
comunidade, do número ideal de equipes de saúde por UBS, visando
retroalimentar o planejamento das ações considerando a conformação ideal para
extrair o melhor desempenho da equipe de saúde e de enfermagem. Como
limitações do estudo, apontamos o tipo de estudo que utilizou dados
secundários para análise.
**IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM **
O enfermeiro desempenha importante atuação na oferta de atendimentos à
população, acesso e resolutividade, mesmo atuando amplamente em atividades de
supervisão de equipe. Pode-se inferir que o número extremo de equipes de saúde
em uma UBS influencia negativamente a produtividade do serviço de saúde.
Referências: ¹ POTTER,PA; PERRY, AG. Grande tratado de enfermagem prática. 8ªed.São Paulo: Elsevir;
2013.
² Araújo,Thiago Moura de; Araújo, Márcio Flávio Moura de; Caetano, Joselany Áfio; Galvão,
Marli Teresinha Gimenez; Damasceno, Marta Maria Coelho. Diagnósticos de Enfermagem
para pacientes em risco de desenvolverem úlcera por pressão. Rev. Bras Enferm, Brasília 2011
jul-ago; 64(4):671-4.
³ Chianca, Tânia Couto Machado; Lima, Ana Paula Souza e Salgado, Patrícia de Oliveira.
Diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes internados em Unidade de Terapia
Intensiva Adulto. Rev Esc Enferm, USP 2012; 46(5):1102-1108. |