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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6795120

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6795120

PERCEPÇÃO DE PACIENTES COM HANSENÍASE SOBRE SUAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS ALTERADAS: INDÍCIOS PARA O AUTOCUIDADO

Autores:
Jamilly Nunes Moura ; Angela Maria Rodrigues Ferreira ; Jessica Hegedus Camargo ; Suelen Gaia Epifane

Resumo:
PERCEPÇÃO DE PACIENTES COM HANSENÍASE SOBRE SUAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS ALTERADAS: INDÍCIOS PARA O AUTOCUIDADO Jamilly Nunes Moura¹, Suelen Gaia Epifane², Iací Proença Palmeira3, _Jessica Hegedus Camargo_4, Angela Maria Rodrigues Ferreira5 **Introdução:** A Hanseníase é uma doença crônica e infectocontagiosa, uma das mais antigas enfermidades que acometem a humanidade. Ainda se constitui como um problema de saúde pública devido ao elevado número de casos no Brasil e ao seu alto potencial incapacitante quando não diagnosticada e tratada precocemente. Por outro lado, o estigma da doença transpassa a barreira do tempo e continua causando preconceito, discriminação e atitudes excludentes, que podem surgir dentro do próprio vínculo familiar, trazendo sérias repercussões em sua vida pessoal, incluindo o sofrimento psíquico, levando-os a uma tentativa de esconder a doença para evitar a rejeição.¹ Tal fator contribui para a alteração das Necessidades Humanas Básicas (NHB). A teoria das Necessidades Humanas Básicas dá cientificidade às práticas de enfermagem tornando o cuidado de enfermagem individualizado e humanizado. Essa teoria foi elaborada por Wanda de Aguiar Horta, baseada na Teoria da Motivação Humana do psicólogo Abraham Maslow, que hierarquizou as NHB em: necessidades fisiológicas, de segurança, amor/ relacionamento, estima e realização pessoal, o que contribuiu para uma nova percepção da Enfermagem, pois na assistência é necessário que os cuidados direcionados ao paciente possuam respaldo científico com o intuito de instigar o pensamento reflexivo e sistematizar adequadamente a assistência de Enfermagem.² Adoecer por hanseníase pode causar vários problemas biopsicossociais e influenciar em sua capacidade de se autocuidar, principalmente, quando apresenta algum grau de incapacidade, pois este pode gerar estigma e preconceito. Para tal, é importante que o paciente perceba essas alterações, bem como a forma como estas afetam suas NHB e o que precisam fazer para satisfazê-las. Somente a partir dessa percepção é que podem se autocuidar.³ Diante disso, deve o enfermeiro e os profissionais de saúde envolvidos no tratamento do paciente, atentarem aos condicionantes básicos para orientarem o autocuidado de acordo com suas NHB alteradas e, assim, prevenir novos desvios de saúde do funcionamento do organismo.² **Objetivo:** Analisar a percepção de pacientes com hanseníase sobre suas NHB alteradas. **Descrição metodológica:** Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, desenvolvida entre os meses de agosto a setembro de 2017. Participaram 10 pacientes inscritos no Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH) de uma Unidade Municipal de Saúde de referência no município de Belém-PA, cuja coleta foi realizada por meio de entrevista semiestruturada individual com questões referentes ao perfil socioeconômico dos participantes, bem como, questões subjetivas que deixassem fluir as suas percepções quanto às suas NHB afetadas em decorrência da hanseníase, além da leitura dos prontuários dos participantes, para serem submetidos à análise de conteúdo. **Resultados:** No que concerne ao perfil socioeconômico e clínico dos participantes, a faixa etária destes variou entre 21 a 63 anos, com composição majoritária de mulheres (60%); houve um percentual elevado de participantes com baixa escolaridade; 40% apresentaram ensino fundamental incompleto, no entanto, a renda familiar mensal variou entre 1 a 7 salários mínimos, o que diverge de outros estudos. O perfil clínico e terapêutico dos participantes apontou um grupo majoritariamente multibacilar (MB) equivalendo a 70% da amostra e, em relação ao grau de incapacidade, 40% apresentaram grau 0 de incapacidade, apenas 10% apresentaram grau 1 e 50% não foram avaliados, indo de encontro ao preconizado pelo Ministério da Saúde, que recomenda o diagnóstico e tratamento precoces, de forma a evitar as incapacidades físicas.4 Os resultados foram organizados conforme as percepções de suas NHB alteradas em: Necessidades fisiológicas, de segurança, amor e/ou sociais, de estima e autorrealização. Evidenciou-se que os participantes desenvolvem ações de autocuidado no afã de satisfazer os desequilíbrios de suas NHB alteradas através de cuidados com a pele, uso de calçados adequados, cuidados com a alimentação e cuidados protetivos numa tentativa de se proteger do preconceito. Nesse sentido, na abordagem ao paciente com hanseníase durante as consultas de enfermagem, além da alteração das necessidades biológicas, devem ser analisadas outras dimensões, inclusive a espiritualidade, pois pode colaborar sobremaneira para identificar as necessidades alteradas dos pacientes e elaborar cuidados para minimizá-las, haja vista que um cuidado fragmentado não é capaz de abranger as necessidades alteradas de um ser biopsicossocial.² **Conclusão:** Com base nos resultados encontrados, identificou-se que a descoberta da hanseníase desencadeia vários sentimentos ligados ao conhecimento prévio da doença e, portanto, ligados à sua memória social, trazendo à tona a ideia de deformidades e amputações. Por essa razão, a equipe de saúde deve executar um cuidado biopsicossocial ao paciente com hanseníase, atentando para as suas subjetividades, de modo a expressarem suas percepções acerca da doença, bem como de suas NHB alteradas, com vistas a prestar-lhes um cuidado voltado às suas reais necessidades de saúde.  **Contribuições/implicações para a enfermagem:** este estudo representa a aplicação de uma das principais teorias de enfermagem – a teoria de Wanda Horta – no campo da atenção básica favorecendo as discussões sobre o autocuidado e o cuidado biopsicossocial da enfermagem ao paciente com hanseníase, doença sobre a qual a atuação do enfermeiro possui grande importância para a saúde pública. A discussão gerada a partir desse estudo pode ser aplicada às práticas de enfermagem de forma direta, como subsídio ao atendimento integral do enfermeiro ao paciente com hanseníase, direcionando seu olhar para a satisfação ou não das necessidades humanas básicas a partir das percepções expressas pelos doentes por hanseníase ou, de forma indireta, como recurso para a implementação de estratégias de ensino e capacitação profissional, visando aprimorar os cuidados de enfermagem ao doente por hanseníase, principalmente no âmbito da atenção primária em saúde, representando assim, uma possibilidade de integração das atividades desenvolvidas em âmbito acadêmico com a prática profissional do enfermeiro, considerando, sobretudo, os aspectos evidenciados pelo próprio paciente acerca de sua vivência com hanseníase e de suas necessidades enquanto ser biopsicossocial. Tais estratégias podem ser ainda aplicadas a outros campos da área da saúde que possuam interesse nesta temática e que se dedicam à assistência com ênfase na promoção da saúde, em especial com incentivo ao autocuidado para a prevenção de incapacidades físicas e psicossociais da hanseníase.


Referências:
1 Basso ME, Pulcinelli RSR, Aquino ARC, Santos KF. Prevalência de infecções bacterianas em pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva (UTI). Rev. Bras de Análises clínicas. 2017, V. 49 (04). 2 Oliveira RS, Fernandes APNL, Botarelli FR, Araújo JNM, Barreto VP, Vitor AF. Fatores de risco para lesão de córnea em pacientes criticos na terapia intensiva: uma revisão integrativa. R. Pesq. Cuid. Fundam. Online, 2016, v. 8, n. 2, p.4423-4434. 3 Silva ARA, Simões MLCL, Werneck LS, Teixeira CH. Infecções associadas à saúde causadas por estafilococos <1> de coagulase em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Rev Bras Ter Intensiva. 2013; 25 (3): 239-244 4 Chianca TCM, Lima APS, Salgado PO. Diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva Adulto. Ver Esc Enferm USP 2012;46(5):1102-1108. 5 Herdman TH. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017. Porto Alegre: Grupo A Educação, 2015.