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6783579 | A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PROCESSO DE TERMINALIDADE DE VIDA: RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Odilon Adolfo Branco de Souza |
Resumo: Segundo o Art.1º da Resolução COFEN 358/2009, o Processo de Enfermagem (PE)
deve ser realizado, de modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes,
público ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem¹.
Ainda mantendo como referência esta Resolução, o PE é um instrumento de
metodologia que orienta o cuidado profissional de enfermagem e a documentação
de prática profissional. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)
organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos,
tornando possível, propriamente dito, a operacionalização do PE. Considerando
a atuação do enfermeiro nas três áreas distintas descritas por Wanda de Aguiar
Horta (1960), em que a primeira área específica diz que o enfermeiro é o
promotor da educação em saúde para o autocuidado, a segunda área descrita pela
autora visa à atuação do enfermeiro dentro da equipe de saúde tornando-o capaz
de manter, promover e recuperar a saúde e a terceira, a área social, onde a
atuação do enfermeiro é mais ampla, pois ele está a serviço da sociedade como
educador, pesquisador, administrador, possuindo responsabilidade legal, se faz
necessário, conhecer o que pensam, os enfermeiros sobre a necessidade de
sistematização da assistência, frente aos pacientes em processo de
terminalidade de vida, com suas fragilidades e desequilíbrios hemodinâmicos,
homeostáticos e sociais². Viver o processo de terminalidade de vida é algo que
precisa ser desenvolvido, tanto pelos pacientes diagnosticados com câncer e
sem possibilidades para cura e seus acompanhantes, quanto pelos profissionais
que os assiste, mas é claro que, por ângulos diferentes. Em meio a tantas
dificuldades do Sistema Único de Saúde (SUS) em atender a crescente demanda de
casos oncológicos, percebe-se a carência de profissionais e principalmente de
estrutura física, objetivando o acolhimento dos pacientes que atualmente
encontram-se em processo de paliação e não possuem atendimento adequado,
quando desenvolvem quaisquer intercorrências relacionadas às terapias. Muitas
vezes, devido à superlotação dos serviços, os pacientes em processo de
terminalidade ficam hospitalizados pelos corredores, que não possuem estrutura
para oferta de assistência adequada, o que gera insatisfação entre os
usuários, seus cuidadores e os profissionais que prestam assistência. Quando
uma pessoa é acometida pelo câncer, há um grande impacto não só sobre ela, mas
também entre os que lhe são próximos e o impacto do diagnóstico de câncer é
capaz de transtornar física e psicologicamente qualquer ser humano, por mais
bem estruturado que ele seja. O câncer se transforma num constante pesadelo,
mudando todo o sentido da vida e o retorno ao cotidiano parece algo
impossível³. Cuidar da família exige uma formação generalizada do profissional
e consciência da dinâmica de seus modos de viver e de enfrentar a saúde e a
doença, além de saber intervir na hora adequada e de conhecer as fragilidades
e necessidades da família e da comunidade em que ela vive4. A partir deste
contexto, levantou-se o seguinte problema: De que forma os profissionais
enfermeiros assistenciais e gerenciais, através da vivência que possuem
percebem a SAE como referência para o desenvolvimento e adequação do processo
assistencial em saúde? Como objetivos do estudo, buscar-se-á identificar e
diagnosticar os sentimentos e demandas dos enfermeiros, desenvolver
estratégias inovadoras de cuidado em saúde através das diretrizes da
Sistematização da Assistência de Enfermagem para o ensino prático em saúde,
possibilitar que se desenvolva um processo de trabalho assistencial organizado
e adequado à prática profissional frente ao paciente em processo de
terminalidade de vida. Será um estudo exploratório de abordagem qualitativa,
onde se utilizará a metodologia da Sociopoética como dispositivo para produção
de conhecimento, através da sensibilidade, criatividade e a relação com o
outro. A sociopoética apresenta-se como um método de construção coletiva do
conhecimento e tem como princípios, a valorização dos sujeitos da pesquisa,
como co-responsáveis. A sociopoética fundamenta-se nos seguintes princípios: o
grupo pesquisador como dispositivo; a importância do corpo como fonte de
conhecimento; o papel da criatividade de tipo artística no aprender, no
conhecer e no pesquisar; a ênfase no sentido ético no processo de construção
dos saberes5. O cenário onde ocorrerá o estudo será o serviço de emergência
adulta de um Hospital Público e Universitário, situado no município de
Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, no período entre Maio/2018 á
Novembro/2018, a partir de reuniões com o grupo pesquisador para o
desenvolvimento deste. A análise dos dados ocorrerá posteriormente aos
encontros e farão parte do grupo pesquisador, os enfermeiros estatutários e
geridos pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH),
assistenciais e gerenciais, que desenvolvem atividades há mais de um ano no
serviço de emergência adulta e que aceitarem participar. Serão excluídos deste
estudo, enfermeiros contratados por outros regimes trabalhistas, bem como os
que desenvolvem atividades na emergência pediátrica. Demais etapas do processo
metodológico, ocorrerão com o desenvolvimento da pesquisa. Na intenção de
promover uma proximidade ao tema e a uma vivência ao processo de assistência
ao paciente em terminalidade, acredita-se que este estudo possui relevância
direcionada aos usuários, profissionais, cuidadores e também aos estudantes de
enfermagem. Ao final do desenvolvimento deste estudo, espera-se reconhecer
diretrizes de ensino em saúde para que os enfermeiros, utilizando a
Sistematização da Assistência, possam identificar, analisar e adequar o
processo assistencial ofertado aos pacientes diante da temática de fim de
vida. Vislumbram-se novos momentos na saúde, onde os profissionais de
enfermagem deverão ser valorizados, empoderados, pelo conhecimento construído
e pela expertise desenvolvida durante sua trajetória profissional. A
participação dos docentes e discentes, das diversas especialidades, pode e
deve fazer parte deste processo de construção, alicerçados pela Educação
Permanente objetivando a aplicabilidade da Sistematização da Assistência em
prol de um processo de enfermagem equânime.
Referências: 1.Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Projeto Pedagógico Institucional. Curitiba, 2012.
2.Scallon G). Avaliação da aprendizagem numa abordagem por competências. Curitiba: PUCPRess, 2015
3.Zabala A, Arnau L. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre (RS): Artmed, 2010.
4.Ceccim Rb, Feuerwerker LCM. Mudança na graduação das profissões de saúde sob o eixo da integralidade. Cad SaudePública [online]. 2004 set-out [acesso em 16 mar 18];20(5):1400-10. Disponível em; http://www.scielo.br/pdf/csp/v20n5/36.pdf |