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6770061 | A ACURÁCIA DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM: RELAÇÃO COM AS PISTAS DO HISTÓRICO DE ENFERMAGEM DO CLIENTE ONCOLÓGICO INTERNADO EM FASE DE CUIDADOS PALIATIVOS | Autores: Francisco Winter dos Santos Figueiredo ; Sandra Terezinha Amarante ; Dimitra Oliveira Delijacov ; Rosangela Filipini |
Resumo: **INTRODUÇÃO: **Os diagnósticos de enfermagem devem indicar o ponto de partida para o planejamento dos cuidados profissionais ao paciente, mas não podem ser estabelecidos separadamente de um sistema, considerando a essência da profissão, o cuidado ao indivíduo, família ou comunidade, de forma integral. O método científico de execução do processo de enfermagem pressupõe, segundo Garcia¹ e Nóbrega², um sistema de valores, crenças morais e conhecimento técnico-científico da área; no qual o enfermeiro cuida da vida, desde sua concepção até o processo de morte, proporcionando o conforto necessário ao equilíbrio da homeostase do ser humano. No Brasil, o processo de enfermagem é denominado Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). É a tecnologia constituída por cinco fases: histórico/coleta de dados, diagnóstico, planejamento, implementação dos cuidados e avaliação de enfermagem. A acurácia do diagnóstico de enfermagem é baseada na validade deste para as necessidades do paciente. Segundo Matos³, é uma propriedade contínua, não se tratando de tudo ou nada, quanto às necessidades de um indivíduo, mas que se leve em consideração seus problemas reais, evidenciados por pistas encontradas no histórico ou coleta de dados de enfermagem. Somente após a identificação de diagnósticos de enfermagem é que o profissional poderá dar continuidade ao planejamento de sua assistência, elaborando um plano de cuidados ao paciente compatível com os fenômenos identificados. O câncer é uma das doenças que possui características de tratamento médico, cujo sofrimento do indivíduo, família e sociedade são grandes; principalmente em situação de terminalidade da vida; quando a progressão da doença ocorre de maneira inequívoca a todos os investimentos para revertê-la e, quando a proximidade da morte é uma situação esperada. Na oncologia, essa condição é frequentemente vivida, portanto os profissionais, em especial o enfermeiro, cujo tempo de permanência e vínculo com o paciente/família devem proporcionar a sensibilidade para a promoção do bem estar seja no controle da dor, ou na segurança e até na dignidade para a detecção de sinais e sintomas que levem a diagnósticos de enfermagem acurados possam levar a um plano de cuidados que atenuem essa situação crítica da vida. **OBJETIVOS: **Relacionar as pistas do histórico/coleta de dados do cliente oncológico internado, em fase de cuidados paliativos, à acurácia dos diagnósticos de enfermagem.** DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: **O método utilizado foi o quantitativo. O estudo foi realizado em hospital público, de grande porte da região do ABC, com indivíduos que estiveram internados na Unidade de Oncologia, de janeiro a novembro do ano 2016, consistindo em 149 prontuários destes sujeitos, no primeiro dia de internação. O instrumento idealizado e validado por Matos, Cruz (2006) foi utilizado para este estudo. A apresentação dos dados foi realizada por meio de tabelas e figuras, cujas informações foram tratadas pela análise estatística por meio de softwares Excel e Epi Info. Obedecendo à Resolução nº 466/12 do Ministério da Saúde foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Faculdade de Medicina do ABC, sob o Protocolo No. 1.928.304. **RESULTADOS: **A maioria dos sujeitos é constituída por indivíduos entre 50 e 70 anos. A média de idade dos clientes oncológicos internados foi de 57,3 anos, mediana representada por 58 anos, com desvio padrão de 14,384; 58% pertencia ao sexo feminino; a média de dias de internação foi de 2 a 12. Os tipos de câncer mais prevalentes foram os de mama (21%), seguido dos de próstata (13%) e de cólon (11%). A dor foi um sintoma apresentado em 70% dos registros e 68% destes, também demonstraram que a condição de acamados era presente. As alterações respiratórias apresentadas foram dispneia (40,3%) e necessidade de respiração assistida (29%). A obstipação foi detectada na maioria dos sujeitos (68,5%)**. **A via oral foi a condição de alimentação utilizada pela maioria (75%) destes indivíduos analisados. As condições de hidratação indicam que 52,3% dos pacientes avaliados se apresentavam desidratados. A astenia foi um forte achado nos estudos, sendo uma complicação presente em 67% destes sujeitos. A Classificação Internacional Para a Prática de Enfermagem (CIPE) era a utilizada no hospital, campo de coleta de dados deste estudo. O diagnóstico de enfermagem “acesso endovenoso” (71%) é identificado na maioria dos registros; a dor foi evidenciada em 70% dos casos, enquanto “queda” foi o terceiro mais citado (60%). Os casos de agitação; confusão; edema, entre outros, que pudessem fornecer pistas para o diagnóstico de queda estiveram presentes em 2 a 12% dos casos. Foram encontrados registros classificados como diagnósticos de enfermagem que não fazem parte deste tipo de nomenclatura oficial, como por exemplo, auxiliar na alimentação, prevenção de broncoaspiração, medidas preventivas contra flebite, que foram desconsiderados para este estudo, considerando-se que fazem parte do eixo ações, do plano de cuidados. Os diagnósticos de enfermagem que apresentaram alta acurácia, para as pistas nos registros destes sujeitos foram a dor (99%), acesso endovenoso (57%), seguidos pelo risco de infecção (68%). Os que apresentaram acurácia nula foram: queda; frequência cardíaca; temperatura corporal, ansiedade, pressão arterial. **CONCLUSÃO: **O diagnóstico de enfermagem constitui-se uma das maiores dificuldades para a prática do enfermeiro, considerando-se a terminologia, o marco conceitual da profissão, o raciocínio crítico, o julgamento clínico, os resultados esperados do cuidado individualizado e principalmente o atendimento das necessidades reais do cliente. Este estudo evidenciou que a acurácia dos diagnósticos de enfermagem, na maioria dos casos, não se baseou nas pistas dos históricos de enfermagem; que pudessem ser encontradas em sinais e sintomas dos sujeitos estudados.** CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: **O estudo contribui para que as falhas relacionadas aos diagnósticos de enfermagem sejam revistas, que haja maior grau de confiança e eficácia no atendimento das necessidades afetadas do cliente; a partir do poder decisório que esta fase da SAE disponibiliza para o trabalho do enfermeiro; mas que indiscutivelmente possibilita dúvidas quanto ao desenvolvimento do pré-requisito que é o histórico/coleta de dados de enfermagem, constantemente observado como não registrado e consequentemente ignorado; comprometendo seriamente a assistência e aumentando os riscos para o paciente. É imperioso testemunhar que os registros mais significativos para os casos estudados foram oriundos de evoluções clínicas do médico e do fisioterapeuta; dois profissionais que evidenciaram em seu trabalho o estado clínico do cliente; que foram de extrema utilidade para a compreensão das pistas necessárias para os diagnósticos de enfermagem; que poderiam ter sido demonstrados e são essenciais para a acurácia desta fase, fundamental da SAE.
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