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6739125 | PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM SOBRE O PARTO HUMANIZADO DURANTE A GRADUAÇÃO | Autores: Renato Hugo Dias Melo ; Nahima Castelo de Albuquerque ; Juliana Garcez ; Andressa Cristina Lobato Gomes ; Bruno Gomes de Oliveira |
Resumo: A humanização no parto é um tema bastante discutido, pois perpassa por valores
e práticas que envolvem as relações entre seres humanos. Historicamente o
parto é conhecido como um processo natural que até então era realizado com
auxílio das parteiras. Com a formalização da Obstetrícia no século XIX, grande
parte da atuação das parteiras reduziu consideravelmente, resultando na
institucionalização do parto 1. O cuidado humanizado deve ser centrado nas
necessidades da parturiente, não apenas em procedimentos e normas técnicas.
Logo, a percepção do acadêmico de enfermagem é de extrema relevância neste
cenário, uma vez que o conceito de cuidado humanizado deve ser compreendido e
apreendido durante a formação acadêmica destes futuros profissionais, visando
uma assistência mais humanizada durante o pré-natal, parto e puerpério,
garantindo a autonomia e os direitos dessa mulher. O presente estudo teve como
**objetivo** investigar a percepção do acadêmico de enfermagem de uma
instituição de ensino no município de Belém do Pará sobre o parto humanizado
durante a graduação. **Metodologia:** Trata-se de uma pesquisa de campo com
abordagem qualitativa de caráter descritivo, foi realizado entrevista com 15
estudantes do último ano do curso de bacharelado em Enfermagem e utilização de
um roteiro semiestruturado. Para análise de dados foi aplicado os passos
metodológicos de Bardin2. Como resultados, a partir dos depoimentos dos
participantes do estudo emergiram três categorias: **percepção sobre a
política de humanização** onde os discentes em suas falas centralizaram seus
conhecimentos nos cuidados prestados à parturiente apenas durante o trabalho
de parto, deixando de lado as estratégias da política como a melhoria do
acesso, cuidados pós-parto e direitos ao recém-nascido. De acordo com3 para
respaldar e garantir à gestante uma assistência qualificada, entram em cena as
políticas de saúde relacionadas ao momento de gestação e parto,
especificamente com o PHPN, que implementa as políticas do Programa Nacional
de Atenção Integral à Saúde da Mulher e visa resgatar a atenção obstétrica
integrada, eficaz e humana; já a **percepção sobre o parto humanizado** a
partir da análise dos discursos, foi possível perceber que os estudantes
entendem que a essência do parto humanizado é o respeito à parturiente,
levando em consideração o seu biopsicossocial, assim como fazer com que a
mulher assuma o papel de protagonista do parto, tendo autonomia sobre todo o
processo. Afirmam4 que, o cuidado de enfermagem dispensado à mulher no
processo parturitivo configura-se na busca de um relacionamento mais afetivo e
próximo à parturiente. Nesse contexto, o parto humanizado deve ser
compreendido no sentido de acolher o ser humano como um ser único, envolvendo
este em um cuidado integral e diferenciado, garantindo e respeitando os seus
direitos de cidadania. Embora os estudantes do curso de enfermagem tenham
referido que o parto sem intervenções é uma prática da assistência humanizada,
a assistência ao parto humanizado vai além de um parto sem intervenções
desnecessárias; e a percepção da assistência ao parto humanizado durante o
estágio Apesar de boas expectativas dos discentes quanto ao parto humanizado,
algumas dessas expectativas foram diminuídas ao chegarem no campo de estágio,
ao perceberem que a assistência prestada está divergindo do que se encontra na
literatura, mas 100% dos entrevistados desejam que os princípios e objetivos
das políticas que envolvem o parto humanizado possam ser colocadas em prática
e que os futuros enfermeiros possam contribuir positivamente para isso. É
importante ressaltar que o estágio curricular supervisionado contribui de
forma decisiva para formação da percepção e evolução teórica e prática do
futuro enfermeiro, refletindo nos processos de trabalho como enfermeiro3,6, o
estágio curricular supervisionado proporciona a integração entre aluno,
docente e serviço, oferecendo a oportunidade de contato direto com a realidade
da saúde da população e consolidação dos conhecimentos adquiridos durante o
curso, no entanto o estágio oferece condições diferentes do que se viu na sala
de aula. Em alguns locais de estágio o parto humanizado não está sendo
abordado como deveria e isto acaba prejudicando o desenvolvimento dos
acadêmicos de enfermagem. Na caracterização dos estudantes7 a equipe de
enfermagem é predominantemente feminina, porém pode-se afirmar que com o
passar dos anos está tendo uma tendência à masculinização da categoria, haja
visto, um crescente aumento do contingente masculino na categoria e foi
possível comprovar isso com a pesquisa, pois da população em estudo 67% são do
gênero feminino e 33% masculino. **Conclui-se**, Com base na análise do estudo
que a percepção dos estudantes sobre o parto humanizado é coerente com a
política nacional de humanização, porém pouco aprofundada, principalmente
sobre as políticas voltadas para o tema. Acredita-se que o fato da falta de
abrangência sobre o tema é decorrente do contato com o tema a partir do 6º
período do curso, na disciplina Atenção à Saúde da Mulher. Outro fator
importante verificado nesta pesquisa foi à necessidade de se explorar mais
sobre esse assunto dentro da sala de aula, e em diversos momentos da formação
assim como desde o início da formação, pois foi evidenciado nos discursos que
só tem maior acesso desses conteúdos quando vão à busca, sendo em eventos
alternativos como palestras, congressos e feiras. Conclui-se que há
necessidade de reforçar o tema do parto humanizado na transversalidade do
processo de formação, com metodologias e experiências de ensino-aprendizagem
que facilitem e fixem o entendimento. Por fim, destaca-se a necessária aliança
entre teoria e a prática, o ensino e o serviço, a pesquisa e a assistência em
um processo convergente em que a formação profissional seja em favor do SUS.
Esta pesquisa traz contribuições relevante para enfermeiros, pois poderá
dissipar conhecimentos sobre o parto humanizado, apresentando as evidências do
estudo quanto à percepção do acadêmico de enfermagem sobre o parto humanizado
no decorrer da formação, incentivando o pensamento crítico quanto à
humanização do parto, proporcionando uma visão holística do processo do cuidar
à parturiente, família e acompanhante. Assim como, deixando pistas para a
formulação de futuras estratégias na formação, considerando que relevou a
necessidade de inserir o tema de política de humanização no parto em vários
momentos durante o curso, e que possa ser apresentado para os estudantes
durante o início da graduação.
Referências: 1. Casati MFM. Epidemiologia do câncer de cabeça e pescoço no Brasil: estudo transversal de base populacional. Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 2012; 41 (4): 186-191.
2.The WHOQOL. Group. Measuring quality of life: Teh Development of The World Health Organization Quality of life Instrument (WHOQOL). Geneve , WHO,1993.
3. Regulamentação do Exercício da Enfermagem Lei 7498/86. Rio de Janeiro: COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Acesso em 18/03/2018. Dísponível em: http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html.
4.Vartanian,JG. Brazilian-Portuguese Validation of the University of Washington Quality of life Questionnaire for patients with head and neck cancer. Head Neck. 2006; 28 (12): 1115-21.
5. Rogers SN, Lower D. The university of Washington quality of life (UW-QUOL) scale for Handbook of disease burdens and quality of life measures. Dísponível em: http: refworks.springer.com/disease burdens/ 2010. |