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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6739125

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6739125

PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM SOBRE O PARTO HUMANIZADO DURANTE A GRADUAÇÃO

Autores:
Renato Hugo Dias Melo ; Nahima Castelo de Albuquerque ; Juliana Garcez ; Andressa Cristina Lobato Gomes ; Bruno Gomes de Oliveira

Resumo:
A humanização no parto é um tema bastante discutido, pois perpassa por valores e práticas que envolvem as relações entre seres humanos. Historicamente o parto é conhecido como um processo natural que até então era realizado com auxílio das parteiras. Com a formalização da Obstetrícia no século XIX, grande parte da atuação das parteiras reduziu consideravelmente, resultando na institucionalização do parto 1. O cuidado humanizado deve ser centrado nas necessidades da parturiente, não apenas em procedimentos e normas técnicas. Logo, a percepção do acadêmico de enfermagem é de extrema relevância neste cenário, uma vez que o conceito de cuidado humanizado deve ser compreendido e apreendido durante a formação acadêmica destes futuros profissionais, visando uma assistência mais humanizada durante o pré-natal, parto e puerpério, garantindo a autonomia e os direitos dessa mulher. O presente estudo teve como **objetivo** investigar a percepção do acadêmico de enfermagem de uma instituição de ensino no município de Belém do Pará sobre o parto humanizado durante a graduação. **Metodologia:** Trata-se de uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa de caráter descritivo, foi realizado entrevista com 15 estudantes do último ano do curso de bacharelado em Enfermagem e utilização de um roteiro semiestruturado. Para análise de dados foi aplicado os passos metodológicos de Bardin2. Como resultados, a partir dos depoimentos dos participantes do estudo emergiram três categorias: **percepção sobre a política de humanização** onde os discentes em suas falas centralizaram seus conhecimentos nos cuidados prestados à parturiente apenas durante o trabalho de parto, deixando de lado as estratégias da política como a melhoria do acesso, cuidados pós-parto e direitos ao recém-nascido. De acordo com3 para respaldar e garantir à gestante uma assistência qualificada, entram em cena as políticas de saúde relacionadas ao momento de gestação e parto, especificamente com o PHPN, que implementa as políticas do Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher e visa resgatar a atenção obstétrica integrada, eficaz e humana; já a **percepção sobre o parto humanizado** a partir da análise dos discursos, foi possível perceber que os estudantes entendem que a essência do parto humanizado é o respeito à parturiente, levando em consideração o seu biopsicossocial, assim como fazer com que a mulher assuma o papel de protagonista do parto, tendo autonomia sobre todo o processo. Afirmam4 que, o cuidado de enfermagem dispensado à mulher no processo parturitivo configura-se na busca de um relacionamento mais afetivo e próximo à parturiente. Nesse contexto, o parto humanizado deve ser compreendido no sentido de acolher o ser humano como um ser único, envolvendo este em um cuidado integral e diferenciado, garantindo e respeitando os seus direitos de cidadania. Embora os estudantes do curso de enfermagem tenham referido que o parto sem intervenções é uma prática da assistência humanizada, a assistência ao parto humanizado vai além de um parto sem intervenções desnecessárias; e a percepção da assistência ao parto humanizado durante o estágio Apesar de boas expectativas dos discentes quanto ao parto humanizado, algumas dessas expectativas foram diminuídas ao chegarem no campo de estágio, ao perceberem que a assistência prestada está divergindo do que se encontra na literatura, mas 100% dos entrevistados desejam que os princípios e objetivos das políticas que envolvem o parto humanizado possam ser colocadas em prática e que os futuros enfermeiros possam contribuir positivamente para isso. É importante ressaltar que o estágio curricular supervisionado contribui de forma decisiva para formação da percepção e evolução teórica e prática do futuro enfermeiro, refletindo nos processos de trabalho como enfermeiro3,6, o estágio curricular supervisionado proporciona a integração entre aluno, docente e serviço, oferecendo a oportunidade de contato direto com a realidade da saúde da população e consolidação dos conhecimentos adquiridos durante o curso, no entanto o estágio oferece condições diferentes do que se viu na sala de aula. Em alguns locais de estágio o parto humanizado não está sendo abordado como deveria e isto acaba prejudicando o desenvolvimento dos acadêmicos de enfermagem. Na caracterização dos estudantes7 a equipe de enfermagem é predominantemente feminina, porém pode-se afirmar que com o passar dos anos está tendo uma tendência à masculinização da categoria, haja visto, um crescente aumento do contingente masculino na categoria e foi possível comprovar isso com a pesquisa, pois da população em estudo 67% são do gênero feminino e 33% masculino. **Conclui-se**, Com base na análise do estudo que a percepção dos estudantes sobre o parto humanizado é coerente com a política nacional de humanização, porém pouco aprofundada, principalmente sobre as políticas voltadas para o tema. Acredita-se que o fato da falta de abrangência sobre o tema é decorrente do contato com o tema a partir do 6º período do curso, na disciplina Atenção à Saúde da Mulher. Outro fator importante verificado nesta pesquisa foi à necessidade de se explorar mais sobre esse assunto dentro da sala de aula, e em diversos momentos da formação assim como desde o início da formação, pois foi evidenciado nos discursos que só tem maior acesso desses conteúdos quando vão à busca, sendo em eventos alternativos como palestras, congressos e feiras. Conclui-se que há necessidade de reforçar o tema do parto humanizado na transversalidade do processo de formação, com metodologias e experiências de ensino-aprendizagem que facilitem e fixem o entendimento. Por fim, destaca-se a necessária aliança entre teoria e a prática, o ensino e o serviço, a pesquisa e a assistência em um processo convergente em que a formação profissional seja em favor do SUS. Esta pesquisa traz contribuições relevante para enfermeiros, pois poderá dissipar conhecimentos sobre o parto humanizado, apresentando as evidências do estudo quanto à percepção do acadêmico de enfermagem sobre o parto humanizado no decorrer da formação, incentivando o pensamento crítico quanto à humanização do parto, proporcionando uma visão holística do processo do cuidar à parturiente, família e acompanhante. Assim como, deixando pistas para a formulação de futuras estratégias na formação, considerando que relevou a necessidade de inserir o tema de política de humanização no parto em vários momentos durante o curso, e que possa ser apresentado para os estudantes durante o início da graduação.


Referências:
1. Casati MFM. Epidemiologia do câncer de cabeça e pescoço no Brasil: estudo transversal de base populacional. Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 2012; 41 (4): 186-191. 2.The WHOQOL. Group. Measuring quality of life: Teh Development of The World Health Organization Quality of life Instrument (WHOQOL). Geneve , WHO,1993. 3. Regulamentação do Exercício da Enfermagem Lei 7498/86. Rio de Janeiro: COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Acesso em 18/03/2018. Dísponível em: http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html. 4.Vartanian,JG. Brazilian-Portuguese Validation of the University of Washington Quality of life Questionnaire for patients with head and neck cancer. Head Neck. 2006; 28 (12): 1115-21. 5. Rogers SN, Lower D. The university of Washington quality of life (UW-QUOL) scale for Handbook of disease burdens and quality of life measures. Dísponível em: http: refworks.springer.com/disease burdens/ 2010.