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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6693778

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6693778

DIAGNÓSTICOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE COM REAÇÕES HANSÊNICAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Estephani Vitorino Correia da Silva ; Jeane Lima Cavalcante ; Maria do Socorro Vieira Lopes ; Daniele Gomes da Silva

Resumo:
**INTRODUÇÃO: **A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo principal agente etiológico é o Mycobacterium lepra. A transmissão ocorre pelo trato respiratório superior, particularmente a mucosa nasal, através de gotículas contaminadas. Outra forma de contágio é a exposição íntima e prolongada com o doente. A doença atinge pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas. Os tipos de hanseníase são classificados de acordo com a resposta do nosso organismo à presença da bactéria, a doença se apresenta em quatro formas clínicas: indeterminada, tuberculóide, dimorfa e virchowiana. A virchowiana é a forma altamente contagiante da hanseníase, com a seguinte apresentação clínica: Eritema e infiltração difusos, placas eritematosas de pele, infiltradas e de bordas mal definidas, tubérculos nódulos, madarose e lesões das mucosas com alteração de sensibilidade1. O diagnóstico da doença é basicamente clínico, baseado nos sinais e sintomas detectados no exame de toda a pele, olhos, palpação dos nervos, avaliação da sensibilidade superficial e da força muscular dos membros superiores e inferiores. Além dessas alterações, alguns pacientes apresentam episódios inflamatórios agudos ou subagudos conhecidos como estados reacionais ou reações hansênicas. São situações de urgências, devido à possibilidade de dano neural permanente que ocasionam as incapacidades físicas e necessitam de acompanhamento em serviços de reverencia para serem tratadas. A Reação Tipo 2 (RT2) ou Eritema Nodoso Hansênico (ENH) aparecem na forma virchowiana, e podem ocorrer antes, durante ou depois do tratamento de poliquimioterapia2. Nesse sentido, se faz necessário a realização do diagnóstico dos estados reacionais por meio do exame físico geral e dermatoneurológico dos pacientes, pois são procedimentos fundamentais para avaliar se há comprometimento dos nervos periféricos e para a avaliação da terapêutica antirreacional. Diante do exposto, cabe ressaltar que a consulta de enfermagem torna-se primordial na assistência ao paciente com estado de reações hansênica, visto que na consulta se estabelece uma interação terapêutica do indivíduo com o profissional da saúde, possibilitando o reconhecimento das condições de vida que irão determinar os perfis de saúde e doença. Assim, se tem por princípio, o conhecimento das necessidades de saúde para que se tracem diagnósticos e intervenções da assistência de enfermagem3. **OBJETIVO: **Descrever diagnóstico e intervenções da avaliação de um paciente de hanseníase com recidiva. **METODOLOGIA: **Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, desenvolvido em um Centro de Especialidades da Cidade do Crato - CE, realizado no mês de março de 2015, durante os estágios da disciplina de Saúde Coletiva II, pelas acadêmicas de enfermagem da Universidade Regional do Cariri- URCA. Durante a consulta de enfermagem foi realizado o exame físico e clínico. Referente ao exame físico foi efetuado a inspeção da face, membros superiores e inferiores, palpação dos nervos radial, ulnar, mediano, fibular comum e tibial posterior. Para o teste da sensibilidade foram utilizados monofilamentos de Semmes-Weinstein para avaliação tátil (mãos e pés), a térmica foi utilizado um tubo com água quente e outro com água fria e para o teste dolorosa foi utilizado um alfinete. Foram levantadas informações pregressas no prontuário, sobre os exames laboratoriais, história clínica pregressa e atual, prescrições médicas e evoluções de enfermagem. Foi utilizada como parâmetro para definição dos diagnósticos de enfermagem a taxonomia II da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA; 2015-1017)4. Para as intervenções foi utilizado a Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC; 2015)5. Os diagnósticos e intervenções serão apresentados de acordo com os domínios, classes, diagnósticos e intervenções correspondentes. **RESULTADOS: **O paciente abordado neste estudo, natural da região nordeste do Brasil, teve acesso ao Centro de Especialidades no dia 05 de maio de 1994, referindo presença de mancha vermelha na face direita, com nódulos eritematosos nas orelhas e infiltrados auriculares. Foi solicitado baciloscopia da linfa, resultado: BAAR Positivo (4,5). Diagnosticado com Hanseníase Virchowiana. Em seguida encaminhado para tratamento, com clofazimina (tratamento utilizada no momento pelo serviço), com duração de 24 meses, de junho de 1994 a maio 1996, quando recebeu alta por cura. Ainda em 1996, o paciente voltou ao Centro de Especialidades apresentando as seguintes queixas, nódulos reacionais e eritema nodoso. Na consulta médica foi prescrito talidomida e prednisona e vem anualmente tratando as reações hansênicas. No dia 04 de maio de 2015 chega ao mesmo serviço apresentando eritema nodoso nos MMSS e MMII. Após consulta médica, foi encaminhado para a consulta de enfermagem com prescrição de talidomida e prednisona e solicitação da baciloscopia. Ao exame físico: realizamos a anamnese facial (apresentava manchas com falta de sensibilidade) e avaliação da força palpebral (sem alterações). Em seguida realizamos os testes de sensibilidade térmica, tátil e dolorosa. Durante a palpação dos nervos dos MMSS e MMII o usuário referiu dor, quanto à força muscular encontrava-se preservada nas mãos e pés. Foi classificado a incapacidade física do cliente em grau 0 (sem incapacidade). Foi orientado quanto à continuidade dos cuidados com a pele e o uso de medicamentos. **DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM:** Foram identificados três domínios e três Diagnósticos de Enfermagem. No domínio 12- Conforto, Classe 1- Conforto físico, diagnóstico: Dor aguda relacionada a agentes lesivos biológicos, evidenciado por expressão facial de dor. Domínio 11- Segurança/proteção, Classe 2- lesão física, diagnóstico: Integridade da pele prejudicada relacionada a alteração da sensibilidade, evidenciado por alterações da integridade da pele. Domínio 11- Segurança/proteção, Classe 1 infecção, diagnóstico: Risco de infecção relacionado a alteração da integridade da pele. **INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM: **Dor aguda: Administrar medicamentos conforme prescrição médica e propiciar terapias simples de relaxamento. Integridade da pele prejudicada: Possibilitar precauções circulatórias; proteger contra infecção e Supervisionar alterações na pele. Risco de infecção: Observar aspectos da pele; Realizar tratamentos tópicos conforme prescrição médica; Proteger contra infecção e monitorar a pele. **CONCLUSÃO E CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM**._ _Os estados reacionais de pacientes com hanseníase requerem o cuidado continuo da enfermagem, associados ao tratamento medicamentoso para maior adesão e melhora da qualidade de vida, pois mesmo após a alta por cura da doença necessita de atenção a saúde. A consulta de enfermagem específica a estes pacientes demanda a inclusão da avaliação de grau de incapacidade, que nesse estudo, permitiu planejar as ações dirigidas e contemplou a descrição dos diagnósticos e intervenções para a gestão do cuidado individualizado e qualificado no intuito prevenir as incapacidades físicas, sendo esta uma das metas prioritária no acompanhamento dos casos de hanseníase.


Referências:
1 - Garcia, TR. Classificação Internacional para Prática da Enfermagem - CIPE®: aplicação à realidade brasileira. Porto Alegre: Artmed; 2017. 2 - BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo de útero e de mama/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica.- 2.ed.- Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. 124 p.:il. (Caderno de Atenção Básica, n. 13). 3 - Prado, ML et al . Arco de Charles Maguerez: refletindo estratégias de metodologia ativa na formação de profissionais de saúde. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, 16(1):172-177, Mar. 2012 . 4 – Catafesta, G; Klein DP; SILVA EF; CANEVER BP; LAZZARI D.D. Consulta de enfermagem ginecológica na estratégia de saúde da família. ArqCiên. Saúde. 2015 jan-mar; 22(1):85-90.