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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6662905

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6662905

DESENVOLVENDO RACIOCÍNIO CLÍNICO NA APLICAÇÃO DA SAE EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA ARTICULAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA

Autores:
Kelli Pazeto Della Giustina ; Andressa Américo Valvassori ; Greice Lessa ; Lucas Corrêa Preis ; Karla Pickler Cunha

Resumo:
**Introdução: **O termo conhecido por sistematização pressupõe a organização de elementos, dinamicamente, inter-relacionados, ou seja, uma sequência de passos para o alcance de um objetivo. Diante desse conceito, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) deve a ser compreendida não somente como um modo de fazer, mas como um modo de pensar a prática assistencial. Assim, SAE tornou-se uma ferramenta reconhecida qualificadora do cuidado de enfermagem, contribuindo para seu protagonismo, e legalmente defendida como mecanismo primordial de organização do trabalho profissional da enfermagem quanto ao método, compreendendo-se assim, que a sua aplicação aponta para um caminho primordial a ser seguido para se afirmar a profissão como uma ação social, em contraste com a visão reducionista de conduta1. A assistência de enfermagem prestada aos clientes internados em Unidade de Terapia Intensiva é especializada e complexa, necessitando de aparato tecnológico avançado, recursos humanos altamente capacitados e conhecimento científico. Considerando tais características da assistência de enfermagem em ambiente de cuidados intensivos, a implantação do processo de enfermagem neste setor constitui-se um importante instrumento de melhoria da qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem, tanto para o cliente quanto para o profissional, já que visa a organizar a assistência de enfermagem por meio do levantamento das necessidades individuais que comprometem a adequada melhoria do processo de enfermidade vivenciado e o estabelecimento de intervenções capazes de qualificar e potencializar a melhoria do quadro clínico2. Contudo, para aplicação qualitativa e eficaz da SAE, o raciocínio clinico dos profissionais enfermeiros será um importante componente. O pensamento crítico necessita do estímulo do ato reflexivo, ou seja, o desenvolvimento da capacidade de observação, análise, crítica, autonomia de pensar e de ideias, ampliar os horizontes, buscar interagir com a realidade. O desenvolvimento do raciocínio clínico é imprescindível para a atividade qualitativa do profissional enfermeiro, uma vez que a qualidade da assistência depende substancialmente das habilidades de raciocínio como instrumento para a tomada de decisão, orientando a coleta de informações relevantes para a avaliação de enfermagem, norteando a interpretação das informações obtidas que se caracterizam como problemas de saúde3. **Objetivos:** Relatar a experiência de enfermeiros docentes na articulação de teoria e prática para o desenvolvimento de raciocínio clínico em estudantes de enfermagem durante as atividades práticas da disciplina de Processo de cuidar em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva em uma instituição de ensino superior localizada na região Sul do Estado de Santa Catarina. **Descrição metodológica:** Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência que visa apresentar as estratégias de ensino-aprendizagem adotadas durante as atividades práticas de acadêmicos de enfermagem em UTI para o desenvolvimento de raciocínio clínico na implementação da SAE. As atividades práticas em UTI estão presentes na oitava fase do processo de formação da matriz curricular do respectivo curso de graduação em enfermagem, no mesmo período em que os alunos desenvolvem competências para o trabalho em unidades de urgência e emergência. A disciplina de Processo de cuidar em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva conta com uma carga horária de atividades teóricas de 60 horas e com uma carga horária de atividades práticas de 80 horas. Após conclusão do processo de ensino aprendizagem em sala de aula, os alunos são inseridos no campo de atividade práticas em hospital de referência, composto por três salas de UTI, sendo duas salas de UTI geral e uma sala de UTI cardiovascular. **Resultados:** Após a inserção dos alunos no campo de atividades práticas, em um primeiro momento os mesmos são estimulados reconhecerem a equipe do respectivo setor, suas regras e rotinas, bem como, as características clínicas dos pacientes submetidos aos cuidados intensivos da equipe. Após esta etapa, os alunos passam a serem motivados a interagirem com os membros da equipe multidisciplinar e a assumirem atividades assistenciais sob a supervisão do professor. Após o conhecimento inicial do setor e a identificação do quadro clínico dos pacientes, os alunos em comum acordo com o professor supervisor definem um paciente para cada aluno participante da atividade prática que será acompanhado de forma intensiva dia-a-dia, executando-se diariamente a execução completa da SAE. Por se tratar da assistência de enfermagem sob cuidados intensivos, a realização de entrevista e consequentemente a obtenção de dados verbais diretamente apresentados pelo paciente por vezes não é permitida, já que na maioria das vezes tratam-se de pacientes sob efeito de sedação ou ventilação mecânica através de intubação orotraqueal. Neste sentido, a coleta de dados da primeira etapa do processo de execução da SAE se dá prioritariamente através da coleta de dados do próprio prontuário ou através de contato prévio com os familiares dos respectivos pacientes durante o horário de visitação. Após o levantamento dos dados e das condições clínicas do paciente, os alunos são direcionados a realizarem o levantamento dos problemas e das intervenções necessárias para a execução de uma assistência integral e resolutiva, de acordo com as taxonomias NANDA, NOC e NIC. Ao final da execução da SAE, os alunos são motivados a desenvolverem uma evolução de enfermagem, utilizando-se de termos técnicos e científicos que evidenciam um cuidado qualitativo e profissional. Ressalta-se que na instituição hospitalar onde as atividades práticas foram realizadas inexiste um acordo acerca de qual teoria de enfermagem deve estar embasando os cuidados e as ações de enfermagem. Na instituição de ensino superior também inexiste um acordo único, sendo apresentada durante o processo de ensino-aprendizagem a teoria do autocuidado proposto por Dorothea Orem, bem como, a teoria do cuidado transcultural proposta por Leininger. Sendo assim, os alunos são motivados a executarem suas ações e embasarem suas intervenções de enfermagem levando em conta a teoria de Dorothea Orem ou de Leininger. Após a conclusão da carga horária de atividades práticas, os alunos retornam para o ambiente da sala de aula de apresentam em espaça aberto e coletivo com os demais estudantes as características clínicas de seus pacientes, bem como, as ações e os cuidados definidos com a execução completa da SAE durante as atividades práticas. **Conclusão:** O desenvolvimento do raciocínio clínico através da execução prática da SAE em cenário de cuidados reais e intensivos contribui de forma substancial para o processo ensino-aprendizagem dos discentes. **Contribuições/implicações para a Enfermagem:** A enfermagem tem papel primordial no atendimento ao paciente, seja ele sob cuidados de baixa, média ou de alta complexidade. Possuir uma capacidade ampla de reconhecimento dos estressores que interferem na qualidade e resolutividade do quadro clínico do paciente é primordial para que o enfermeiro possua competência para estabelecer um plano de cuidados eficiente visando minimizar e exaurir o impacto dos estressores.


Referências:
1. BERTONCELLO, Kátia Cilene Godinho et al. Dor Aguda na Emergência: Avaliação e Controle com o Instrumento de MacCaffery e Beebe. Journal of Health Sciences, v. 18, n. 4, p. 251-256, 2017. 2. GOMES, Eduardo Tavares et al. Dor torácica na admissão em uma emergência cardiológica de referência. Northeast Network Nursing Journal, v. 15, n. 3, 2014. 3. DE FARIAS, Masterson Marian; MOREIRA, Daniel Medeiros. Impacto de Protocolo de Dor Torácica sobre a Adesão às Diretrizes Societárias: um ensaio clínico. Rev Bras Cardiol, v. 25, n. 5, p. 368-376, 2012.