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6562353 | O ensino do pensamento crítico nos currículos de Enfermagem das Instituições de Ensino Superior públicas brasileiras | Autores: Fábio da Costa Carbogim ; Larissa Bertacchini de Oliveira ; Diego Stefan Catani ; Vilanice Alves de Araújo Püschel |
Resumo: **INTRODUÇÃO:** O conceito de pensamento crítico (PC) tem sido, nas últimas décadas, um dos mais discutidos na área do ensino e da prática clínica de Enfermagem(1). Contudo, estende-se enquanto domínio transversal às áreas de atuação do homem, desde as mais simples e cotidianas às mais complexas e diligentes tarefas profissionais e acadêmicas. A temática é foco de interesse de docentes e pesquisadores em todo o mundo(2), ficando evidenciada a necessidade de formação de profissionais críticos e reflexivos para um agir e transformar realidades. O PC é uma ferramenta essencial para o ensino de Enfermagem, de modo que não deve ser confundida com inteligência, mas entendida como uma habilidade que pode ser ensinada(3-4). Assim sendo, dada a importância de se formar enfermeiros com habilidades para pensar criticamente é que a _Red Iberoamericana de Investigacíon en Educacíon en Enfermería_ (RIIEE) tem abordado essa temática em seu projeto de investigação multicêntrico(4) intitulado "_Desarrollo del pensamiento reflexivo y crítico en los estudiantes de enfermería: situación de Iberoamérica_", desenvolvido em dezesseis países na Iberoamérica, sendo este um estudo independente realizado no Brasil e que fornecerá dados para esta investigação. **OBJETIVO:** Avaliar como tem se dado o ensino do PC nos currículos dos cursos de graduação em Enfermagem de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas no Brasil. **DESCRIÇÃO METODOLÓGICA:** Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa do tipo exploratório e descritivo. Foram identificadas, a partir do banco de dados das IES brasileiras do Ministério da Educação (e-MEC), em 2017, 85 IES públicas que oferecem cursos de Enfermagem no Brasil. Os dados foram coletados por meio de um Instrumento de Coleta de Dados (ICD) que foi preenchido pelos coordenadores dos cursos de graduação em Enfermagem das IES públicas registradas no e-MEC. Essa pesquisa respeita os preceitos éticos da Resolução nº 466/2012, e foi aprovado no Comitê de Ética da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo com o parecer nº 1400122/CAAE 49871715.0.0000.5392. O ICD do estudo foi elaborado via _googledocs_, a autorização para a coleta de dados, bem como a concordância para participação no estudo foi realizada via _online_ e os dados foram eletronicamente armazenados em uma planilha no Programa Microsoft Excel®. Os dados foram analisados por meio de frequências absolutas e relativas. **RESULTADOS:** Todos os Estados do Brasil foram representados por pelo menos uma IES respondente, totalizando 59 universidades (_campus_) respondentes, sendo que dez (16,9%) representaram IES da Região Norte, 15 (25,4%) a Região Nordeste, 13 (22,1%) a Região Sul, 15 (25,4%) a Região Sudeste e 6 (10,2%) a Região Centro-Oeste. Com relação à categoria administrativa, 44 (74,5%) são IES públicas federais e 15 (25,5%) são IES públicas estaduais. A carga horária total média do curso de Enfermagem foi de 4400 horas. Quanto ao ensino do PC, 96,6% das IES responderam que abordam o ensino do PC no currículo do curso de graduação em Enfermagem, sendo que a maioria o ensina de maneira implícita dentro de uma disciplina. Quanto às estratégias de ensino utilizadas nas disciplinas para desenvolver o pensamento crítico e reflexivo nos estudantes: 50,8% utilizam estudos de casos clínicos; 30,7% utilizam seminários; 17% trabalham com a leitura de textos/artigos; 15,2% utilizam relato de campo clínico/ relatório de experiência; 15,2% utilizam metodologia ativa problematizadora; 13,5% utilizam aula expositiva dialogadas; 13,5% trabalham com simulação; 12% utilizam visitas domiciliares/clínicas/técnicas; 8,5% trabalham com rodas de conversas; 8,5% utilizam portfólio; 6,8% trabalham com mapa conceitual; 6,8% utilizam projeto de extensão/pesquisa; 5% utilizam dramatização; 3,4% utilizam aprendizagem baseada em problemas; 1,7% trabalham com júri simulado; 1,7% utilizam estudo autodirigido. Quanto à avaliação do desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo nos estudantes, o estudo revelou que 81,3% avaliam através de prova escrita/prática (avaliação somativa); 79,7% avaliam pelo desenvolvimento afetivo, cognitivo e atitudinal (avaliação formativa); e 6,8% utilizam as duas formas de avaliação, sendo que a avaliação somativa objetiva a avaliação do conhecimento adquirido (prova teórica) e avaliação baseada no desempenho clínico (prova prática); e a avaliação formativa objetiva acompanhar o processo de aprendizagem através da identificação/observação de atitudes, habilidades e progresso do estudante. A Enfermagem, sendo uma disciplina de caráter humanístico, implica que seus profissionais tenham expertise para ações de promoção, prevenção, diagnóstico e avaliação do usuário do sistema de saúde. Diante disso, o enfermeiro deve ter habilidades de PC para que as decisões que comporão suas ações sejam tomadas. O PC é definido como algo cuidadoso, deliberado e focalizado em resultados que requer um pensar com propósito e motivado pelas necessidades do paciente, da família e da comunidade. Assim, vincular o PC à base de conhecimentos que orienta as ações do enfermeiro proporciona melhoria dos cuidados prestados(5). Durante a formação de profissionais de Enfermagem é muito importante praticar o exercício do raciocínio clínico, para que futuramente isso seja algo natural. A metodologia ativa ou problematizadora foi verificada por meio de princípios, métodos e consequências em nível individual e social de cada pedagogia que é a mais adequada para a prática educativa em saúde, pois esse modelo coloca o aluno como responsável por seu ensino, vivencia situações reais que poderá encontrar em seu futuro cotidiano de trabalho e desenvolve habilidades humanas e técnicas de um profissional de saúde. Entre as estratégias de ensino citadas pelas IES brasileiras que responderam ao questionário destacam-se atividades que envolvem a exploração de casos reais de pacientes, que estimulam o aluno a pensar criticamente, desenvolvendo teorias e elaborando planos terapêuticos. Destacam-se também a prática baseada em problemas e prática ativa em campo, com a supervisão de um docente/orientador que atue como um facilitador. As habilidades de PC e de raciocínio clínico para diagnosticar as condições de saúde e de doença de indivíduos são passíveis de aprendizado e aprimoramento. Para isso, a aprendizagem precisa ser considerada um processo contínuo e dinâmico que requer do enfermeiro a aquisição de novos conhecimentos, o refinamento de suas habilidades de pensar, de resolver problemas e de fazer julgamentos tornando-os aptos a fazer suposições, a apresentar ideias e a validar suas conclusões(5). **CONCLUSÃO:** A abordagem do ensino do PC no currículo de Enfermagem das IES públicas brasileiras que participaram do estudo evidencia a importância do ensino dessa habilidade na formação do estudante de Enfermagem, para que o seu aprendizado possa proporcionar mais segurança ao recém-formado e para instrumentalizar o enfermeiro para prestar um cuidado com qualidade e com embasamento técnico-científico, direcionado à reflexão para a ação de cuidado e não meramente um agir tecnicista e automático. **CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM:** O ensino do pensamento crítico nos cursos de graduação em Enfermagem contribui para a formação de enfermeiros capazes de resolver os problemas de enfermagem cotidianos na profissão, favorecendo uma prática assistencial segura.
Referências: 1. Associação Brasileira de Psiquiatria. Conselho Federal de Medicina. Comportamento suicida: conhecer para prevenir. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Psiquiatria; 2017 [acesso em 2018 fev 26]. Disponível em: http://www.proec.ufpr.br/download/extensao/2017/abr/suicidio/manual_cpto_suicida_conhecer_prevenir.pdf.
2. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde. Universidade Estadual de Campinas. Prevenção do Suicídio Manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde; 2017. [acesso em 2018 fev 26] Disponível em: https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/05/manual_prevencao_suicidio_profissionais_saude.pdf
3. Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Coleção guia de referência rápida: avaliação do risco de suicídio e sua prevenção. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro; 2016. acesso em 2018 fev 26] Disponível em: https://subpav.org/download/prot/Guia_Suicidio.pdf.
4. Reisdorfer N, Araujo GM, Hildebrandt LM, Gewehr TR, Nardino J, Leite MT. Suicídio na voz de profissionais de enfermagem e estratégias de intervenção diante do comportamento suicida. Rev Enferm UFSM. 2015 Abr/Jun;5(2): 295-304 [acesso em 2018 fev 26]. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/16790/pdf. |