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6493510 | A CORRELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DA UFFS NA PERSPECTIVA DE ESTUDANTES | Autores: Julia Valeria de Oliveira Vargas Bitencourt ; Valéria Silvana Faganello Madureira ; Daiane Schuck ; Denise Consuelo Moser Aguiar ; Alexander Garcia Parker |
Resumo: **Introdução:** Na educação, estratégias que visem a estimular a reflexão crítica sobre a realidade social na qual o estudante está inserido são importantes para que compreenda seu papel social e fundamente sua prática profissional. A proposta pedagógica dos cursos de graduação em enfermagem necessita de metodologias que permitam ao estudante questionar e posicionar-se diante de diferentes situações. Nesse sentido, cabe às instituições de ensino superior (IES) oferecer subsídios para que o futuro profissional cresça individual e coletivamente, desenvolvendo visão ampla sobre as mudanças necessárias em seu meio de atuação. No caso da Enfermagem, tais subsídios contribuirão para formar profissionais comprometidos com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso demanda redefinição, organização e articulação de propostas pedagógicas e currículos voltados para uma formação mais humana e cidadã. **Objetivo:** analisar a perspectiva de estudantes sobre a correlação entre teoria e prática no ensino da graduação em enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). **Descrição metodológica:** estudo exploratório descritivo de abordagem qualitativa realizado a partir de dados secundários coletados com estudantes de graduação em enfermagem da UFFS no período de setembro a outubro de 2014 com 26 participantes da 6ª, 8ª e 10ª fases do curso. Os dados foram coletados em três grupos focais, um para cada fase, cujo debate foi norteado por um roteiro de questões. Correlação teoria e prática foi um tema emergente da análise guiada pelo referencial de análise temática de Minayo. **Resultados:** A perspectiva dos estudantes revela que a correlação entre teoria e prática é fundamental durante o processo de formação do enfermeiro e resulta em aprendizado significativo. O papel desempenhado pelo professor interfere diretamente nesse processo, cabendo a ele o desafio e a responsabilidade de promover a convergência entre teoria e prática, do saber científico e da assistência/cuidado de enfermagem nos serviços de saúde. Porém, isso dependerá da metodologia de ensino utilizada, bem como da maneira como cada estudante traduzirá o aprendido nas situações práticas. Os estudantes apontaram maior facilidade de articular teoria e prática quando o professor adota metodologia que os insira no contexto do aprendizado, fazendo com que reflitam criticamente e assumam posição ativa na construção de seu conhecimento. Ao professor compete auxiliar na construção do conhecimento, permitindo o desenvolvimento de um aprendizado embasado na ética e na crítica reflexiva que impulsione o estudante a buscar respostas para suas inquietações. Segundo os estudantes, a correlação entre teoria e prática melhorou quando adentraram nos cenários de práticas, pois é a partir dessa inserção que todo o conhecimento é colocado em prática. Constatou-se que o papel exercido pelo professor durante as atividades teórico-práticas (ATP) repercute diretamente na efetivação da correlação entre teoria e prática. Professor e estudantes exercem papéis ativos durante as ATP, sendo o professor responsável por instigar o pensamento crítico-reflexivo, mediar e oferecer suporte frente a impasses e situações conflituosas, problematizando a prática, estimulando o trabalho em equipe, incentivando o estudante na tomada de decisões e fazendo apontamentos construtivos. Como a inserção nos serviços de saúde gera tensão, medo, ansiedade e insegurança, é importante que o professor compreenda as fragilidades do estudante para criar possibilidades de desenvolvimento de suas potencialidades. Para os estudantes, quando o professor é rude e autoritário na frente da equipe de enfermagem, dos colegas ou até mesmo do paciente, intimida e dificulta ainda mais o aprendizado. Ainda sobre o papel do professor nas ATP, os estudantes destacam a avaliação como uma ferramenta importante na aprendizagem, pois suas atitudes durante a prática e a maneira como avalia o desempenho do estudante quando realiza determinada ação pode ocasionar ansiedade, tensão e quebra da autonomia frente ao paciente ou à equipe de enfermagem. Essa avaliação pode indicar tanto um modelo de ensino tradicional e autoritário que se detém em verificar os conhecimentos acumulados, como um modelo inovador no qual o professor vê o estudante como protagonista de sua própria trajetória, respeitando suas dificuldades e usando a avaliação como ferramenta mediadora de crescimento e aprendizagem. Quando o estudante não é instigado a pensar criticamente sobre suas ações, concentra-se em apenas em alcançar boa nota para ser aprovado. Os estudantes destacam também situações em que a teoria não é traduzida na prática dos profissionais nos serviços de saúde. Sabe-se que muitas das ações não realizadas pelo enfermeiro em sua prática são decorrentes de estrutura física inadequada, de número insuficiente de profissionais, sobrecarga e desgaste físico, porém isso tudo resulta em baixa qualidade da assistência. O Processo de Enfermagem (PE) é exemplo de ação que geralmente não é desenvolvida nos serviços. Para os estudantes, um possível motivo para o distanciamento entre teoria e prática é o afastamento dos docentes da assistência e a pequena experiência que têm nesse aspecto. Ressaltam que a continuidade entre graduação e pós-graduação _Stricto sensu_ pode contribuir para tanto. Tal situação resulta em um ensino idealizado e distante da realidade dos serviços nos quais se dá a assistência/cuidado. Segundo os estudantes, é necessário ‘adaptar’ a teoria aproximando-a do campo de prática, pois sabem que precisarão fazer o mesmo no seu futuro espaço de trabalho. Entretanto, adaptar-se não significa conformar-se com as situações e condições encontradas no campo de atuação, mas buscar estratégias e soluções compatíveis com as condições e situações encontradas. Por fim, a necessidade de adaptar o aprendido na graduação às condições dos cenários de prática fica evidente também quando os estudantes destacam as diferenças existentes entre laboratório de enfermagem e serviços de saúde. Apesar de o laboratório ser excelente recurso para ensino/aprendizagem, as dificuldades e a insegurança surgem nas ATP, momento em que interagem com usuários/pacientes. **Conclusão:** Durante o processo de formação, o estudante vivencia várias fases, seja de amadurecimento pessoal como de crescimento na construção de sua própria trajetória de conhecimento com vistas a provocar transformações na realidade de saúde. Para alcançar um aprendizado significativo, teoria e prática devem seguir juntas e para isso é preciso articulação entre as metodologias de ensino adotadas pelo professor, a avaliação e a postura por ele adotadas durante as ATP. Durante esse período será necessário superar barreiras como também aproximar a teoria da realidade da atenção de saúde. **Implicações para a Enfermagem:** Na era da acelerada produção de conhecimentos e da rápida disseminação de informações na qual vivemos a educação superior, nesse caso especificamente a de enfermagem, é provocada a repensar seu processo de formação no sentido de atender aos desafios contemporâneos. Buscando o fortalecimento dos princípios do SUS para atender as necessidades reais da saúde brasileira, as Diretrizes Curriculares Nacionais apontam a necessidade de se reconstruir o perfil dos profissionais de saúde. Dessa maneira, a pesquisa realizada vem ao encontro do que as DCN propõem, almejando contribuir para a construção e melhoria da reformulação do projeto pedagógico do curso de Enfermagem da UFFS, oferecendo subsídios para discussões e reflexões acerca do processo de formação do enfermeiro.
Referências: 1 Haggard S. The maturing of the MOOC: Literature review of massive open online courses and other forms of online distance learning. BIS Research Paper 2013 [acessado em 2018 mar. 8]; 130. Disponível em: https://www.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/240193/13-1173- maturing-of-the-mooc.pdf>
2 Garrison DR, Anderson T, Archer W. Critical inquiry in a text-based environment: Computer conferencing in higher education. Internet High Educ. 2000[acessado em 2017 mar. 28];2(2-3):87-105. Disponível em: http://cde.athabascau.ca/coi_site/documents/Garrison_Anderson_Archer_Critical_Inquiry_model.pdf
3 Parulla CD, Weissheimer AM, Santos MB, Cogo ALP. Community of Inquiry como modelo teórico de ensino aplicado à Enfermagem. REME – Rev Min Enferm. 2017[acessado em 2018 mar. 8];21:e-1066. Disponível em: http://www.dx.doi.org/10.5935/1415-2762.201700764
4 Kovanovica V, Joksimovica S, Poqueta O, Hennisb T, Cukicc I, Vriesb P et al. Exploring communities of inquiry in Massive Open Online Courses. Computers & Education 2018 [acessado em 2018 mar. 8]; 119:44–58. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.compedu.2017.11.010 |