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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6453315

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6453315

O ENSINO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM NA DISCIPLINA DE ENFERMAGEM GERONTOGERIÁTRICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Jamile Lais Bruinsma ; Larissa Venturini ; Carolina Backes ; Caren da Silva Jacobi ; Eliane Raquel Rieth Benetti

Resumo:
**Introdução: **O aumento do contingente populacional de idosos, realidade brasileira e mundial, demanda a implementação de ações na assistência em saúde a pessoa idosa, com vistas a identificar e atender suas reais necessidades. O profissional de enfermagem que atua no cuidado ao idoso pode utilizar-se de instrumentos que orientam sua prática profissional como o Processo de Enfermagem (PE), método sistematizado para avaliar o estado de saúde do cliente. O PE é organizado a partir de cinco etapas inter-relacionadas: Coleta de dados (ou Histórico de Enfermagem), Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento, Implementação e Avaliação de Enfermagem(1). Além disso, representa um instrumento tecnológico utilizado para qualificar o cuidado e documentar a prática profissional. Compreendido como um meio, e não um fim em si mesmo, ele melhora a visibilidade e o reconhecimento do profissional enfermeiro e representa uma possibilidade concreta de avaliação da prática profissional(2). A sua implementação implica em conhecimentos dos enfermeiros sobre as necessidades dos seres humanos quando se defrontam com alguma alteração em seu estado de saúde; raciocínio lógico; uso de novas e avançadas tecnologias; a empatia; a experiência, habilidade e autenticidade no relacionamento interpessoal; destreza manual no desempenho das ações de cuidado; comportamento ético, sensibilidade e expressão de emoções(2). Assim, diante dos desafios para execução do PE, destaca-se a importância do ensino dessa temática nos cursos de graduação em enfermagem e da integração com as diferentes disciplinas e cenários, com vistas à instrumentalização teórica e prática dos discentes. Nesse sentido, destaca-se a utilização do PE na assistência à pessoa idosa institucionalizada, durante as aulas práticas da disciplina Enfermagem Gerontogeriátrica, a fim de organizar, direcionar e qualificar o cuidado, proporcionando uma avaliação geriátrica ampliada. **Objetivo:** Relatar a experiência de enfermeiros pós-graduandos, durante a realização de docência orientada, sobre a utilização do Processo de Enfermagem na assistência a idosas em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI). **Descrição Metodológica:** Trata-se de um relato de experiência sobre a utilização/execução do PE na assistência a idosas institucionalizadas, durante as atividades práticas em uma ILPI, no primeiro semestre de 2017. Essas atividades integram a disciplina Enfermagem Gerontogeriátrica, ofertada no sexto semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul. As atividades foram acompanhadas por um docente permanente e alunos de pós-graduação que se encontravam na prática de docência orientada. **Resultados: **A disciplina Enfermagem Gerontogeriátrica, de natureza curricular obrigatória, contempla aulas teóricas (45 horas) e práticas (30 horas) e, dentre os conteúdos abordados destacam-se a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e o PE no cuidado ao idoso, em diferentes espaços de atenção à saúde. Assim, a fim de aplicar essas temáticas no campo de prática, foi proposto uma atividade avaliativa, denominada “estudo de caso”, na qual os discentes no decorrer das aulas práticas em uma ILPI escolheriam uma idosa e aplicariam as etapas do PE. Inicialmente, os discentes conheceram as idosas que residiam na instituição e após conversarem com algumas e ouvirem suas histórias de vida, cada discente definiu uma idosa para realizar a atividade. Na primeira etapa, os discentes realizaram o Histórico de Enfermagem. Nesse momento, foram levantadas informações referentes a história social e de saúde, por meio dos relatos das idosas e funcionários da ILPI, seguido de consulta ao prontuário. Durante esse período, foi necessário além da atividade prática junto à idosa, a dedicação no período além do horário de aula, para a transcrição e aprofundamento das informações e, também, para identificar os pontos a serem explorados nos próximos encontros. Ainda nessa etapa, os discentes realizaram o exame físico da idosa, sentido céfalo-caudal, com a descrição de todos os sistemas, relacionando alterações identificadas com sinais e sintomas apresentados, bem como a descrição de alterações identificadas relacionadas à senescência e à senilidade. Ainda, para contemplar a avaliação ampla do idoso, foram aplicadas escalas como o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), a fim de avaliar o estado cognitivo; o índice de Katz, para avaliar a capacidade funcional a partir das atividades básicas de vida diária; a escala de Lawton para avaliar as atividades instrumentais de vida diária e, alguns discentes optaram pela utilização da Escala de Depressão Geriátrica, que auxilia na identificação de sintomas depressivos. Além disso, foi realizado o levantamento das medicações utilizadas pelas idosas, associando-as com diagnóstico médico, sinais e sintomas apresentados. Na segunda etapa, a partir dos dados coletados no histórico e dos problemas elencados, foram identificados os Diagnósticos de Enfermagem (DE), por meio da taxonomia da NANDA Internacional (NANDA-I)(3), os quais favorecem ações sistematizados com respaldo técnico-científico. O DE é um julgamento clínico sobre uma resposta humana a condições de saúde/processos de vida, ou uma vulnerabilidade para essa resposta, por indivíduo, família, grupo ou comunidade(3). Para tanto, a designação dos DE exigiu dos discentes a avaliação crítica dos dados coletados, a fim de identificar as características definidoras e estabelecer a existência de fatores relacionados, por meio do raciocínio clínico. A partir dos DE elencados para cada idosa, os discentes constituíram a base para a Planejamento de resultados e intervenções de enfermagem, com objetivo de determinar um plano de cuidados individualizado e, dessa forma realizaram a terceira etapa. Na quarta etapa os discentes foram incentivados a desenvolver as intervenções planejadas, a fim de atender as necessidades ou problemas das idosas, por meio da Implementação. Nessa fase, os discentes perceberam o quanto a SAE em uma ILPI é complexa, desafiadora e exige muitos conhecimentos e habilidades dos enfermeiros. Na fase de avaliação, os discentes refletiram sobre os resultados planejados e as intervenções implementadas, a fim de analisar se os resultados foram alcançados, momento em que eles contemplaram a interdependência e inter-relação das etapas do PE, na prática. Todas as etapas foram registradas e contribuíram para a instrumentalização dos discentes e para qualificação do cuidado prestados às idosas. Verificou-se que os discentes apresentaram e mencionaram dificuldades na execução do PE, principalmente na identificação dos DE, etapa que exige conhecimentos, raciocínio clínico e habilidades. Entretanto, essa atividade foi avaliada como positiva, pois auxiliou os discentes na instrumentação sobre o PE, tanto no aspecto teórico quanto prático. **Conclusões:** A aplicação do PE no âmbito assistencial, a partir de um estudo de caso, foi vista como positiva pelos pós-graduandos, destacando-se como uma importante estratégia de ensino e aprendizagem. Destaca-se a importância de ampliar esse tipo de atividades em outras disciplinas do curso de enfermagem, a fim de contribuir para a formação do enfermeiro, visando tornar a prática de enfermagem mais científica e menos intuitiva. **Contribuições/implicações para a Enfermagem:** Evidencia-se a relevância de utilizar o PE na assistência a idosos corroborando para uma avaliação geriátrica ampliada e, também, para o planejamento e implementação de ações de acordo com as necessidades individuais de cada idoso.


Referências:
1 – Wilhelm FA, Zanelli JC. Características das situações estressantes em gestores universitários no contexto do trabalho. Estud Pesq Psicol[Internet]. 2013[cited 2018 Mar 07];13 (2):704-23. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v13n2/v13n2a16.pdf 2 – Schlickmann R. Administração universitária: desvendando o campo científico no Brasil[Tese]. Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina; 2013. 3 – Tamayo HVB. Planeamiento estratégico en universidades de America latina. RevistaGual, 2016;9(1):257-277. 4 – Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing Grounded Theory. 4.ed. Los Angeles (CA): SAGE; 2015.