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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6445259

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6445259

INSERÇÃO DO ESTUDANTE DO PRIMEIRO PERÍODO DE ENFERMAGEM NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Andrea Guerra Siman ; Deíse Moura de Oliveira ; Pedro Paulo do Prado Júnior ; Marilane de Oliveira Fani Amaro ; Beatriz Santana Caçador

Resumo:
**Introdução:** O Sistema Único de Saúde (SUS) representa um conjunto de esforços e mudanças cujo escopo transcende o campo da saúde, impulsionando movimentos de transformação nas políticas sociais, na economia e nos processos educacionais. Isto porque o chamamento ético inscrito nas premissas organizacionais e filosóficas do SUS delineia um novo modelo de atenção à saúde sustentado na transformação dos processos de trabalho em saúde e na configuração de novos nos modos de fazer saúde. Nesse sentido, os trabalhadores e os futuros profissionais da saúde precisam desenvolver competências e habilidades para materializar no cotidiano de suas práticas, a perspectiva da integralidade, equidade e universalidade, balizados por referenciais de humanização e tendo como eixo central a produção de cuidado1. Nesse sentido, é imperativo ao estudantes da área de saúde desenvolverem seu processo de formação profissional no SUS e para o SUS, tendo em vista a dupla potência presente nesta estratégia: de aprender a ser profissional vivenciando o cotidiano do SUS, com seus conflitos e êxitos, e também transformando o SUS a partir dessa inserção2. No curso de enfermagem base da experiência a ser relatada, embora fosse reconhecida pelo grupo de professores a importância da formação no SUS e para o SUS, percebemos uma inserção tardia e incipiente do estudante no campo de prática bem como a compreensão sobre o SUS começava a ser trabalhada com os estudantes na disciplina de saúde coletiva quando eram inseridos no contexto da saúde da família, no meio do curso. Assim, percebíamos, com frequência, dificuldade dos estudantes em compreender que o SUS contempla todo cenário de prática e atuação profissional e não apenas o recorte da saúde da família. Ademais, percebíamos que a prática profissional do enfermeiro até o 5º período era sustentada em abstração por não terem oportunidade de tocá-la além de teorias. Por esta razão, tendo em vista o processo de mudança da matriz curricular do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa, foi criada a disciplina Enfermagem, Saúde e Sociedade I.  **Objetivo:** Relatar a experiência de inserção do estudante do primeiro ano de Enfermagem no Sistema Único de Saúde. **Descrição metodológica**. Trata-se de um relato de experiência da criação da disciplina Enfermagem, Saúde e Sociedade I no currículo de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa no primeiro semestre letivo de 2017. Na ementa da disciplina forma incorporados conceitos que buscam fundamentar a compreensão do estudante sobre o SUS. Os conteúdos da disciplina são: Enfermagem como prática social; SUS e redes de atenção à saúde; Território e sua interface com a saúde; Determinantes sociais da saúde e processo saúde-doença-cuidado; Saúde e meio ambiente; Promoção da Saúde; O cotidiano do SUS: vivências e experimentações. A disciplina possui carga horária de 30 horas, sendo 15 teóricas e 15 práticas. As aulas são organizadas por módulos teóricos e práticos intercalados, de modo que para cada módulo teórico existe um módulo prático correspondente que acontece na semana posterior à realização da parte teórica. Participaram da disciplina 58 estudantes do primeiro período de enfermagem e 5 professores os quais acompanharam um grupo de 12 estudantes nos cenários de prática. As práticas foram organizadas por roteiros que direcionam a natureza da atividade prática e o objetivo da mesma.  Nas aulas práticas, os estudantes tiveram a oportunidade de conversar com enfermeiros, profissionais da equipe de saúde, usuários dos serviços, buscando conhecer o SUS, as redes de atenção à saúde e os desafios inscritos na prática profissional do enfermeiro a partir dos atores que vivenciam esta realidade no município. A fim de fomentar as reflexões sobre as experiências vivenciadas e, considerando que cada grupo de prática teve como cenário um campo diferente, no meio da disciplina e ao final, aconteceu uma atividade denominada “O cotidiano do SUS: vivências e experimentações” que teve por objetivo promover a socialização das experiências de cada grupo de prática e fomentar reflexões sobre as vivências, tendo como referencial a literatura, problematizando as contradições vivenciadas e encontradas nas falas dos trabalhadores. Outra dinâmica da disciplina foi a integração curricular mediante a vinculação dos estagiários em saúde da família na condução da atividade de territorialização. Assim, compõe atividade do estagiário no estágio supervisionado em saúde da família  acompanhar um dia de prática do estudante de primeiro período e realizar com um grupo de 3 a 4 estudantes, a atividade de territorialização. No último dia disciplina, os estudantes vivenciaram a Mostra de Experiências cujo objetivo era incentivar o movimento de construção de síntese das experiências vivenciadas no decorrer da disciplina, integrando teoria e prática. A consigna da atividade foi: cada grupo vai apresentar de modo livre, o significado de Enfermagem, Saúde e Sociedade. No que se refere aos métodos de ensino, a disciplina fez uso de diferentes recursos a fim de incentivar o protagonismo do estudante na construção do conhecimento e valorizar seu arsenal de vivências e conhecimentos prévios. Além disso, as estratégias pedagógicas buscaram evidenciar os sentimentos experimentados no decorrer do processo bem como os significados construídos. Para tanto, nas aulas teóricas utilizou-se a problematização para abordar, de modo dialógico, os conteúdos além de técnica de projeção móvel com uso de tarjetas, uso de filme como disparador para reflexão e trabalho em equipes. Para as atividades de campo, utilizou-se a narrativa reflexiva a qual foi constituída pela descrição da vivência, sentimentos experimentados e aprendizado construído. A narrativa era individual e se referia a toda atividade prática.** Resultados**: Mediante utilização de instrumentos de avaliação da disciplina pelos estudantes, evidenciou-se que a disciplina foi muito bem avaliada tendo como produtos a ruptura de uma representação social do SUS que o identificava apenas como um sistema falido e sem resolutividade. Além disso, fortaleceu a escolha daqueles estudantes que se identificaram com a enfermagem a permanecer nela e contribuiu com aqueles que querem outros rumos profissionais a se decidirem a sair do curso e buscarem seus sonhos. Ademais, contribuiu para dar significado às disciplinas não específicas da enfermagem, fornecendo subsídio aos estudantes para fazer deslocamentos teóricos e produção de significado. Incentivou, ainda, o trabalho em equipe bem como habilidade de se expressar em público. A experiência vivida e o relato dos estudantes reforça a perspectiva de impulsionar a formação em enfermagem engajada com as políticas públicas de saúde e ética, politica e pedagogicamente implicada com as lutas do SUS3. **Conclusão:** Com relação aos conteúdos, a disciplina cumpriu parcialmente com seus objetivos uma vez que a abordagem sobre Promoção da Saúde não foi possível de ser contemplada. No que se refere aos métodos de ensino, a disciplina materializou premissas da abordagem construtivista, fortalecendo o protagonismo do estudante no processo de aprendizagem. No que se refere à intencionalidade política da disciplina, acredita-se que cumpriu com sua finalidade de aproximar o estudante do primeiro período com a prática profissional do enfermeiro e com o SUS. **Contribuições/implicações para enfermagem**: Acredita-se, mediante a experiência relatada, que estratégias de formação que incentivem a aproximação do recém ingressante na Enfermagem com a prática profissional do enfermeiro e com o SUS tem grande potência em fortalecer as reflexões sobre identidade do enfermeiro e fomentar laços de pertença com o SUS.


Referências:
1 – Oliveira GR, Vieira VC, Barral MFM, Döwich V, Soares MA, Gonçalves CV, Martinez AMB. Fatores de risco e prevalência da infecção pelo HPV em pacientes de Unidades Básicas de Saúde e de um Hospital Universitário do Sul do Brasil. Rev bras ginecol bstet. 2013; 35(5):226-32. 2 – Goldenberg P, Costa LA. Papilomavírus Humano (HPV) entre jovens: um sinal de alerta. Saúde soc. 2013; 22(1):249-261. 3 – Silva MM, Gitsos J, Santos NLP. Atenção Básica em Saúde: prevenção do câncer de colo do útero na consulta de enfermagem. Ver enferm UERJ. 2013; 21(5):631-6. 4 - Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing Grounded Theory. 4.ed. Los Angeles (CA): SAGE; 2015.