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6445049 | A COMUNICAÇÃO NO COTIDIANO DE FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS NA UTI: SUGERINDO DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM | Autores: Karina de Oliveira Freitas ; Esleane Vilela Vasconcelos ; Roseneide dos Santos Tavares ; Gleidiane Oliveira Monteiro ; Rafael Santana Costa Torres |
Resumo: **Introdução:** As Unidades de Terapia Intensivas (UTI) são locais destinados a pacientes em situação grave, com risco de morte, que necessitam de atendimento constante1. Diante da internação de um ente querido na UTI a família experimenta diferentes sensações de impotência pela impossibilidade de cuidar, estar junto, conversar e ainda a incerteza de bom prognóstico diante das circunstâncias. Devido essa condição instável é nítida a necessidade dos familiares em receber notícias que os tranquilizem, pois o sentimento dominante é o medo2. Nesse contexto, a comunicação entre equipe de trabalho e familiares de pacientes críticos é primordial para melhor desfecho das necessidades de cuidado. Comunicação, portanto, configura-se num processo ativo que atravessa o contexto social e/ou psicossocial e é desenvolvido por meio das interações entre pessoas, onde um transfere a informação e o outro a recebe e compreende3,4. Nessa perspectiva, o Projeto de Extensão _“O cotidiano de familiares de pacientes internados no CTI”, _visa informar e esclarecer familiares quanto a necessidade de cuidados intensivos; o ambiente da terapia intensiva; incentivar os familiares a manifestarem suas dúvidas; promover melhor comunicação com a equipe multidisciplinar; ainda oferecer capacitação para os profissionais da equipe de enfermagem quanto ao acolhimento dos familiares por meio de grupos de apoio com essas famílias, favorecendo a troca de experiências e minimização do sentimento de angústia. As ações extensionistas realizadas nesse cenário levaram à execução da pesquisa que revelou a importância da comunicação nos ambientes de saúde. **Objetivos:** Avaliar a satisfação dos familiares de pacientes internados na UTI em relação aos cuidados de saúde, forma de comunicação e confiança nas informações recebidas. **Metodologia:** Estudo exploratório de abordagem qualitativa, realizado na UTI do Hospital Universitário Joao de Barros Barreto, Belém/PA, no período de maio/julho de 2015. A coleta de dados ocorreu por meio da entrevista aberta, contendo as perguntas: _Como foi seu primeiro contato com a equipe de saúde na UTI? Você sentiu confiança na comunicação estabelecida entre você e o profissional de saúde da UTI? Você saberia dizer quais profissionais estabeleceram comunicação com você e em que momento?_ Foram entrevistados 40 familiares que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para análise do material utilizou-se a técnica de análise de conteúdo temático. **Resultados:** Foram identificadas três categorias. Categoria 1: _O primeiro contato com o CTI: a importância da comunicação_. Nesta os familiares expressaram de forma significativa que esse primeiro contato foi “bom”, devido receberem atenção nos momentos de nervosismo, informações pertinentes a rotina do ambiente, quadro clínico do familiar, educação em saúde realizada durante o processo de comunicação e mudança de conceitos negativos sobre o local, cooperando fortemente para que julgassem como bom o serviço a eles dispensados. Situação contrária também foi identificada: quando a necessidade de informação não é suprida pela equipe de saúde, o familiar tende a julgar de forma negativa a qualidade do contato estabelecido. A segunda categoria: _Quando a equipe de saúde fala comigo!._ Todos os familiares informaram que tiveram contato com a equipe de saúde ou com parte dela todos os dias. O maior contato se deu com os médicos por serem responsáveis pelas informações sobre o estado geral dos pacientes após a visita. Seguido dos médicos, a equipe de enfermagem aparece momentos antes da visita quando são repassadas informações sobre o processo de lavagem das mãos e uso de equipamentos de proteção individual (EPI) como capote e luvas descartáveis; e durante a visita quando surge algum tipo de dúvida. Por fim, revelam-se os contatos com psicóloga e assistente social principalmente no primeiro dia antes da visita, para colher informações sobre entes queridos e para acolhê-los nos momentos de abalo emocional. Poucos não souberam informar detalhes sobre os profissionais com os quais se comunicaram. _“Comunicação versus confiança”_ foi a terceira categoria, onde os familiares revelaram que o nível de confiança nos profissionais de saúde da UTI foi elevado pelo fato de receberem informações importantes sobre seus familiares e por terem sanadas suas dúvidas. No entanto, a não confiança também foi revelada e isso se deu justamente porque não receberam informações desejadas. **Conclusão:** A comunicação em saúde, quando utilizada de maneira adequada, é excelente ferramenta de trabalho no cuidado em saúde, pois promove maior interação entre equipe e o ser assistido, facilitando a criação de vínculos de confiança e obtendo melhor grau de satisfação nos serviços ofertados. É imperativo rever estratégias utilizadas para capacitar a equipe de saúde, para que recepcionem e acolham da melhor forma os familiares dos pacientes internados na UTI, suprindo as necessidades conforme identificadas. Acreditamos, porém, que o enfermeiro pode contribuir de forma diferenciada quando se permitir / possibilitar o repasse de informações sobre o estado geral de cada paciente após a visita, e não somente repassar informações sobre o processo de lavagem das mãos e uso de EPI. **Contribuições para a Enfermagem:** Comprovou-se a necessidade de se manter as atividades previstas pelo projeto, uma vez que a experiência que os acadêmicos de enfermagem (bolsistas e voluntários) vivenciam neste processo de comunicação com familiares de pacientes internados na UTI, contribui para a formação profissional no que se refere ao aprendizado e a capacitação voltados para o processo de comunicação, ferramenta importante para o acolhimento de familiares tanto neste contexto da terapia intensiva, como nos demais. Evidencia-se também a necessidade de criar ou reservar maior espaço de tempo para diálogo, fornecimento de informações e escuta ativa desses familiares, no sentido de reduzir seus medos e pesares, assim como promover neles a sensação de segurança e amparo pelos profissionais de saúde. Neste sentido a utilização da SAE no planejamento do atendimento a este grupo é uma importante estratégia de acolhimento e comunicação. Como sugestão, alguns prováveis Diagnósticos de Enfermagem: Comunicação; Desesperança; Disposição para Esperança Melhorada; Tensão do Papel do Cuidador/Risco de...; Processos Familiares Interrompidos; Disposição para Processos Familiares Melhorados; Risco de Vínculo Prejudicado; Sindrome do Estresse por Mudança; Ansiedade; Enfrentamento Familiar Comprometido; Enfrentamento Familiar Incapacitado; Disposição para Enfrentamento Familiar Melhorado; Sobrecarga de Estresse; Sentimento de Impotência; Medo; Pesar; Risco de Resiliência Comprometido; Religiosidade Prejudicada; Risco para Religiosidade Prejudicada; Sofrimento Espiritual; Risco para Sofrimento Espiritual; dentre outros.
Referências: 1 Conselho Federal de Enfermagem. RESOLUÇÃO COFEN nº 358/2009. 2009. Disponível em: . Acesso em: 18 mar 2018
2 Soares MI, Resck ZMR, Terra FS, Camelo SHH. Sistematização da assistência de enfermagem: facilidades e desafios do enfermeiro na gerência da assistência. Esc Anna Nery 2015;19(1):47-53. Disponível em: Acesso em: 18 mar 2018
3 Farias, Mariela Granero and Castro, Simone Martins de Diagnóstico laboratorial das leucemias linfóides agudas. J. Bras. Patol. Med. Lab., Abr 2004, vol.40, no.2, p.91-98. ISSN 1676-2444. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S1676-24442004000200008> Acesso em: 18 mar 2018
4 NANDA. Diagnósticos de enfermagem da Nanda: definições e classificação - 2015-2017/ NANDA International. 10 ed. Porto Alegre: Artmed; 2015.
5- Wakiuchi J, Marchi AJ, Norvila LS, Marcon SS, CA. Esperança de vida de pacientes com
câncer submetidos à quimioterapia. Acta Paul Enferm. 2015; 28(3):202-8. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ape/v28n3/1982-0194-ape-28-03-0202.pdf> Acesso em: 18 mar 2018 |