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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6351936

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6351936

CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER IDOSA COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA: INSTRUMENTO PARA UM SERVIÇO AMBULATORIAL

Autores:
Patrícia Josefa Fernandes Beserra ; Maria Miriam Lima da Nóbrega ; Francisca Leneide Gonçalves Pereira ; Ana Mabel Sulpino Felisberto ; Greicy Kelly Gouveia Dias Bittencourt

Resumo:
**Introdução: **As mulheres representam 55,5% da população idosa brasileira e 61% do contingente de idosos acima de 80 anos1. Essa representação feminina resulta da maior expectativa de vida das mulheres que, em média, vivem 8 anos a mais que os homens. O processo de envelhecimento, inerente à natureza humana, acarreta modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas, psicológicas que determinam a perda progressiva da capacitação do indivíduo, destacando-se os distúrbios urológicos e dentre estes, a incontinência urinária-IU como causa mais comum nos idosos, principalmente nas mulheres, caracterizada por perda miccional, pouca percepção corporal e baixa capacidade de contração da musculatura do assoalho pélvico (MAP). A International Continence Society (ICS) considera a IU uma queixa da micção involuntária e a classifica em três tipos: a Incontinência Urinária de Esforço (IUE); a Incontinência Urinária de Urgência (IUU) e a Incontinência Urinária Mista (IUM)2. Há diversas formas terapêuticas no cuidado da IU em mulheres idosas, cabendo ao enfermeiro realizar uma avaliação para subsidiar a consulta de enfermagem no planejamento de intervenções adequadas. O cuidado de enfermagem deve estar embasado num modelo teórico que, neste estudo, é teoria da adaptação de Sister Callista Roy, considerando-se a pessoa um sistema adaptativo e a enfermagem promotora da adaptação, afastando respostas ineficazes por meio do cuidar sistematizado para aplicação do processo de enfermagem3. O registro da consulta de enfermagem deve constar no prontuário do paciente, e em outros documentos próprios da Enfermagem, independente do meio de suporte tradicional ou eletrônico. Assim, a Sistematização da Assistência de Enfermagem4 é inerente aos cuidados profissionais de enfermagem e, em instituições prestadoras de serviço ambulatoriais de saúde, corresponde à consulta de enfermagem para aplicação do processo de enfermagem de forma sistematizada, documentada, sendo fonte de informação. **Objetivo:** elaborar um instrumento de consulta de enfermagem à mulher idosa com incontinência urinária assistida em um serviço ambulatorial de urologia, fundamentado na teoria da adaptação de Sister Callista Roy.** Descrição metodológica: **Pesquisa metodológica realizada em um serviço ambulatorial de um hospital escola, tendo como participantes quatro enfermeiras. Para selecioná-las, foram adotados os critérios de inclusão: atuação no serviço da instituição selecionada para o estudo; no mínimo, um ano de atuação profissional na área de enfermagem uroginecológica e especialização na área. O estudo foi desenvolvido em três etapas: na primeira etapa, realizou-se uma revisão integrativa da literatura acerca das respostas adaptativas da mulher idosa com IU, visando à identificação dos problemas adaptativos com base no modelo de Roy que constituíram o instrumento para consulta de enfermagem à mulher idosa com IU assistida em um serviço ambulatorial. A segunda etapa consistiu na confirmação da utilidade dos problemas adaptativos para a construção do instrumento. Para a confirmação da utilidade dos problemas adaptativos para a prática profissional, utilizou-se a técnica de validação por consenso que consiste num processo de obtenção da opinião coletiva de enfermeiros especialistas sobre determinado fenômeno por meio do seguimento das orientações estabelecidas, a saber: deve ser formado um grupo composto pelo enfermeiro pesquisador, considerado líder, e mais três a cinco especialistas clínicos; a duração dos encontros deve ser de uma a duas horas por semana; ao líder cabe a função de discutir sobre a importância de comparecer a cada encontro, apoiar, durante todas as discussões, sem realizar quaisquer julgamentos; explicar a necessidade de 100% de frequência para obter 100% de consenso; rever rapidamente, antes dos encontros, as orientações básicas; resgatar o que foi realizado no encontro anterior e as metas a serem alcançadas; não pressionar por decisões específicas e manter atitudes positivas diante de respostas negativas5. Foram realizados dois encontros presenciais, com duração de duas horas cada encontro, com início às 14 horas e término às 16 horas, durante o mês de setembro e outubro de 2017. Foram considerados validados, por consenso, os problemas adaptativos e suas respectivas definições que atingiram 100% de concordância ou que atenderam às sugestões de modificação recebidas por comum acordo entre os enfermeiros especialistas. A terceira etapa do estudo consistiu na elaboração do instrumento de consulta de enfermagem à mulher idosa com incontinência urinária em que foram utilizadas as informações constatadas na segunda etapa do estudo. O estudo foi aprovado em Comitê de ética, recebendo parecer favorável. Os participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para anuência de sua participação na pesquisa.  **Resultados:** Foram identificados 109 problemas adaptativos, sendo que 78 são do modo fisiológico, 16 do modo autoconceito, 8 do modo função do papel e 7 do modo interdependência. Após serem validados pelas enfermeiras especialistas, permaneceu um total de 60 problemas adaptativos, estando 45 no modo fisiológico, 6 no autoconceito, 5 na função do papel e 4 do modo interdependência, ficando desta forma distribuídos nos respectivos modos adaptativos: o fisiológico subdividiu-se em nove funções: oxigenação (4 itens); nutrição (3); eliminação (13); atividade e repouso (5); proteção (6); sentidos (5); fluidos e eletrólitos (4); Função neurológica (3) e função endócrina (2). O modo autoconceito (psicossocial), dividiu-se em duas áreas: eu físico (3); e eu pessoal (3). O modo função do papel está relacionado com aspectos de interação social, neste foram confirmados (4 problemas adaptativos). Enfim, o modo interdependência refere-se às relações interpessoais na interação de dar e receber amor confirmou-se (4 problemas adaptativos), sendo assim, construído um instrumento de para consulta de enfermagem à mulher idosa com IU assistidas em serviço ambulatorial. Considerando a adaptação uma função de estímulo, uma resposta comportamental aos níveis de estímulo, as respostas aos estímulos são geradas e observáveis através dos quatro modos adaptáveis. Desta forma utilizou-se para construir a primeira etapa do processo de enfermagem, o histórico de enfermagem com base na identificação e confirmação pelos enfermeiros dos problemas adaptativos na mulher idosa com IU atendida no serviço ambulatorial.  Dentre os problemas adaptativos identificados, neste estudo,  45 deles se referem às necessidades fisiológicas, consideradas mais relevantes para  prática vivenciada no atendimento dessa clientela, destacando-se a função eliminação, como um número maior de problemas adaptativos por evidenciar  estímulo que provoca uma resposta que afeta o comportamento, confrontando diretamente  a pessoa com impacto negativo  na  qualidade de vida **Conclusão:** A identificação e confirmação dos problemas adaptativos na idosa incontinente dão subsídios para a investigação comportamental, auxiliando para subsequente formulação dos diagnósticos de enfermagem e avaliação da eficácia na intervenção em relação ao comportamento apresentado pela paciente. A Teoria da Adaptação, desenvolvida por Sister Callista Roy mostrou-se viável para aplicação prática, propiciando um cuidado holístico com base na adaptação uma característica inerente ao ser humano que necessidade de ajustes e adaptações frente a possíveis eventos adversos. Este instrumento necessita de avaliações futuras, tendo em vista sua aplicabilidade na prática profissional. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **Considera-se que o instrumento elaborado, neste estudo, viabilizará a implementação da sistematização da assistência de enfermagem, possibilitará a organização da assistência, bem como fornecerá dados relacionados ao cuidado de enfermagem, abrangendo a pessoa que recebe o cuidado considerando-a em suas relações com ambiente, visando promover melhor nível de adaptação.


Referências:
1- Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº 358/2009, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências [Internet]. Brasília, DF; 2009 out 15 [acesso em 2018 fev 08]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html. 2- Lucena, AF. Processo de enfermagem: interfaces com o processo de acreditação hospitalar. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2013 [acesso em 2018 fev 12]; 34 (4): 8-9. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/45306/28590. 3- Almeida MA, et al. Processo de enfermagem na prática clínica: estudos clínicos realizados no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Porto Alegre: Artmed; 2011. 4- Nomura ATG, Barragan MS, Almeida MA. Qualidade dos registros de enfermagem antes e depois da Acreditação Hospitalar em um hospital universitário. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. 2016 [acesso em 2018 fev 12]; 24: e2813. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692016000100422&lng=en.Epub. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.0686.2813.