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6311216 | ENSINO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Eleine Maestri
Jussara Gue Martini | Autores: Eleine Maestri |
Resumo: **Introdução:** Diante da necessidade de formação generalista existem políticas, planos e programas direcionados a determinados cenários, principalmente aqueles voltados para a formação dos recursos humanos para o Sistema Único de Saúde compromissados com a rede de saúde e preocupados em desenvolver ações que objetivam alcançar as metas nacionais estabelecidas. Considera-se de extrema importância a abordagem de forma transversal de conteúdos tais como aqueles pertencentes à esfera das doenças crônicas não transmissíveis ao longo dos cursos de graduação das mais diversas áreas da saúde. O **objetivo **geral foi compreender o processo de ensino aprendizagem das doenças crônicas não transmissíveis em um curso de graduação em Enfermagem. Como objetivos específicos, propôs-se: conhecer as principais temáticas e recomendações para o processo de ensino aprendizagem durante a formação dos profissionais sobre doenças crônicas não transmissíveis publicadas em teses e dissertações da Enfermagem, no período pós as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de graduação em Enfermagem; Descrever os componentes curriculares que abordam o ensino das doenças crônicas não transmissíveis e compreender a forma de seleção dos conteúdos em um curso de Graduação em Enfermagem; Identificar as metodologias utilizadas no ensino das doenças crônicas não transmissíveis em um curso de graduação em Enfermagem. **Descrição metodológica:** Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na modalidade estudo de caso, realizada em um curso de graduação em Enfermagem, de uma universidade na região Sul do Brasil. Participaram da pesquisa quinze estudantes por meio de entrevista em grupo; onze professores através de entrevista individual, além de dados documentais do projeto pedagógico do curso e onze planos de ensino. A coleta de dados ocorreu no período de dezembro de 2015 a março de 2016, após submissão e aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos sob o número de parecer 1.332.127 e CAAE 50745015.9.0000.5564. Para ordenação e organização dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin1 com três etapas: pré análise, exploração do material e tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. **Resultados:** A análise dos dados resultou em três temas centrais: Doenças crônicas não transmissíveis: a produção da pós-graduação em Enfermagem no Brasil; Conteúdos relativos às doenças crônicas não transmissíveis, desenvolvidos em um curso de graduação em Enfermagem; e Metodologias de ensino utilizadas na abordagem das doenças crônicas não transmissíveis no curso de graduação em Enfermagem. O primeiro objetivo específico de conhecer as principais temáticas e recomendações para o processo de ensino aprendizagem durante a formação dos profissionais sobre Doenças crônicas não transmissíveis publicadas em teses e dissertações da Enfermagem no período pós Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de graduação em Enfermagem, evidenciou que este componente curricular não tem sido enfocado no processo de ensino aprendizado do enfermeiro. As pesquisas sobre as doenças crônicas não transmissíveis focam no processo saúde-doença e nas perspectivas da pessoa e seu familiar, ficando uma lacuna no item de produção de conhecimento sobre a formação profissional. Concorda-se que as percepções e atenções voltadas ao cuidado de enfermagem do indivíduo e sua família são imprescindíveis, no entanto, o profissional enfermeiro precisa estar preparado para a realização de intervenções efetivas de cuidado às pessoas com doenças crônicas e suas famílias. No que diz respeito aos componentes curriculares que abordam o ensino das doenças crônicas não transmissíveis e a compreensão sobre os critérios de seleção dos conteúdos em um curso de Graduação em Enfermagem, evidenciou-se que a seleção dos conteúdos considera, principalmente, o perfil epidemiológico da região que concentra importante demanda de casos de hipertensão e diabetes mellitus, atendendo em parte ao preconizado pelas diretrizes, uma vez que, há lacunas na seleção dos conteúdos e uma fraca abordagem ao cuidado de Enfermagem ao indivíduo oncológico e sua família, que também está incluso no grupo das principais doenças crônicas. Em relação às metodologias utilizadas no ensino das doenças crônicas não transmissíveis identificou-se o predomínio da utilização de pedagogias tradicionais com aulas expositivas, com projeção de slides, com algumas incursões de metodologias ativas como previsto no projeto pedagógico do curso. Acredita-se que algumas incursões iniciais constituem um aspecto positivo na inovação das estratégias de ensino e que estas podem servir para motivar outros professores para ousarem, considerando que o Projeto Pedagógico do Curso e os planos de ensinos já apontam esta inclusão. As práticas pedagógicas constituem alternativas no repensar das estruturas curriculares. Ao criarmos espaço para metodologias ativas, aliadas ao fortalecimento das relações entre a universidade, o serviço e a comunidade, para mobilizarem os saberes na contextualização da realidade em diferentes situações, alcançaremos a promoção da saúde e transformação da realidade social. Para isso, o professor, além de ter o conhecimento científico, precisa buscar formação pedagógica, deve possuir responsabilidade, iniciativa, dedicação, buscar e socializar o conhecimento e principalmente estar aberto para as mudanças. Faz-se necessário abrir espaço também, para o desenvolvimento de aprendizado crítico reflexivo do professor, que possui na pedagogia tradicional sua formação e experiência, para este novo modo de ensinar. **Conclusão:** Os cursos de Enfermagem, após as reformas educacionais e a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais, vêm reconstruindo os modos de ensino na formação profissional, visando a dimensão humanística e crítica reflexiva para intervir no processo saúde-doença durante o cuidado ao ser humano, de acordo com as necessidades epidemiológicas da população. Ao propor a formação de um enfermeiro generalista como potencial para realizar intervenções sobre os problemas e situações de saúde-doença mais prevalentes no perfil epidemiológico nacional e regional, assegurando os princípios do Sistema Único de Saúde, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Enfermagem, anseiam atualmente, por um profissional enfermeiro com competências para o cuidado da pessoa e família com doença crônica não transmissível. Neste momento, as políticas de saúde internacionais e nacionais direcionam amplamente suas ações para esta demanda que assola o mundo e carece de profissionais habilitados para atuarem nesta realidade. **Contribuições para a Enfermagem**: Sugere-se às instituições de ensino em Enfermagem: incluírem nos planos de ensino espaços para a discussão e reflexão sobre as políticas públicas de saúde enfatizando as necessidades epidemiológicas, dentre elas, as doenças crônicas não transmissíveis; realizando discussões e reflexões entre os componentes curriculares para a abordagem transversal dos aspectos que envolvem as doenças crônicas não transmissíveis; proporcionando formação para os professores, incluindo uso de metodologias de aprendizagens ativas; e intensificando a integração ensino, serviço e comunidade para além das atividades de estágio, pesquisa e extensão fortalecendo o vínculo e alcançando transformações na realidade.
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3. Brasil. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília; 2006.
4. Lira CEPR, Silva PPAC, Trindade RFC. Conduta dos agentes comunitários de saúde diante de casos de violência familiar. Revista Eletrônica de Enfermagem [internet]. 2012 [cited 2017 nov 03];14(4). Disponível em: HTTPS://WWW.REVISTAS.UFG.BR/FEN/ARTICLE/VIEW/12237/13358.
5. Lima NJSO, Pacheco LR. Violência doméstica contra a mulher na perspectiva dos de Agentes Comunitários de Saúde. Rev. enferm. UFPE. 2016;10(5): 4279-4285. |