E-Pôster
6305873 | AVALIAÇÃO DO AMBIENTE FÍSICO PARA PREVENÇÃO DO RISCO DE QUEDA EM IDOSOS HOSPITALIZADOS. | Autores: Marcia Regina Cubas ; Carolina Kayser ; Marilin Hohl |
Resumo: **Introdução:** A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a pessoa idosa como o indivíduo com idade igual ou superior a 65 anos, em países desenvolvidos, e idade igual ou superior a 60 anos, em países subdesenvolvidos. Embora a idade cronológica nem sempre corresponda à idade fisiológica, o envelhecimento da população mundial é considerado a maior história de sucesso de desenvolvimento humano1. Concomitante ao envelhecimento, as dificuldades que os idosos estão sujeitos são mais frequentes, dentre elas, as quedas. Conforme a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, define-se queda como “um deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil”2. O risco de quedas existe em diversos contextos, dentre os quais, o hospitalar. Cerca de 70% dos eventos adversos são decorrentes de quedas em ambiente hospitalar3. Nesse ambiente as quedas são consideradas como evento adverso, ou seja, uma ocorrência indesejável à saúde do paciente, que irá interferir no agravamento do quadro do paciente, além de prorrogar seu internamento4,5. O risco de quedas em pessoas idosas está associado a fatores intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos são os considerados inerentes ao indivíduo e os extrínsecos são os considerados inerentes ao ambiente. O último fator é objeto da pesquisa que originou o presente resumo. A iluminação inadequada, o piso escorregadio, grades do leito não levantadas, roupas ou calçados inadequados, obstáculos no caminho, ausência de corrimãos em corredores e banheiros, prateleiras baixas ou altas, e órteses inapropriadas são alguns dos exemplos de fatores extrínsecos2. Independentemente da idade dos pacientes, a instituição hospitalar é a responsável por planejar medidas ambientais preventivas ao risco de queda. Medidas que resultem em um ambiente seguro de acordo com a legislação vigente, tais como: piso antiderrapante, mobília e iluminação adequadas e corredores sem obstáculos4. O estudo que originou este resumo teve como questão norteadora: Quais medidas de segurança do ambiente físico estão implementadas para reduzir risco de quedas em idosos?** Objetivo: **Identificar as medidas de segurança do ambiente físico para prevenção de quedas de idosos hospitalizados. **Método:** Trata-se de uma pesquisa de campo, transversal, de caráter descritivo e com abordagem quantitativa. O estudo foi desenvolvido em três unidades de internação clínico-cirúrgicas, de um Hospital de Ensino de Curitiba, Paraná. A amostra configurou-se pela avaliação da estrutura física de 162 leitos ocupados por idosos de 60 anos ou mais, de ambos os sexos. Os dados foram coletados no período de 1º de julho a 31 de agosto de 2017. Para identificar as medidas de segurança do ambiente físico foi utilizado um instrumento fechado composto de quinze variáveis dicotômicas. A sequência de avaliação, realizada por uma única pesquisadora, se dividiu em duas etapas: avaliação da estrutura física individual dos 162 leitos e avaliação da estrutura física coletiva das três unidades de internação clínico-cirúrgicas. A avaliação do ambiente físico de uso individual refere-se ao quarto ou espaço de uso privativo em uma enfermaria, tais como: presença de grades nos leitos, trava nas rodas, campainha, luz auxiliar, trava nos móveis deslizantes, fácil acesso aos pertences, uso de calçado antiderrapante e mobília organizada ao redor do leito. E quanto à estrutura física de uso coletivo nas unidades de internação (enfermarias, corredores e banheiros): circulação interna, organização do ambiente, piso antiderrapante, acesso livre aos banheiros, barras padronizadas na lateral e no fundo, junto à bacia sanitária para apoio e transferência. Os dados foram codificados e organizados no programa _Microsoft Office Excel_ 2010. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), sob o Parecer nº 2.146.821. **Resultados:** Os riscos apresentados na avaliação individual foram: móveis deslizantes sem travas (100%), leitos sem grades elevadas (94,44%), campainhas longe dos leitos (83,95%), rodas das camas sem travas (70,99%), difícil acesso aos pertences (51,85%), mobílias e objetos desorganizados (44,44%), ausência do uso de calçados antiderrapantes (9,26%) e uso de vestuários inadequados (1,85%). Na avaliação da estrutura física de uso coletivo, os riscos apresentados foram: presença de obstáculos entre o leito e o corredor (100%); inexistência de acesso livre aos banheiros (84,57%); ausência de barras de segurança nos banheiros (40,12%); e ambiente com iluminação inadequada (2,47%). Por sua vez, verificou-se a presença de uma medida protetiva: 100% dos espaços tinham o piso antiderrapante e o mesmo estava seco e nivelado. Dentre os riscos identificados, a ausência de grades de proteção elevada é preocupante e, em conjunto com a ausência de sistema de chamada, pode potencializar o risco de queda, pois idosos levantam com maior frequência do leito. Outro ponto a ser destacado são os obstáculos nos corredores. A ausência de locais para acondicionar materiais permanentes, como macas e cadeiras de rodas, faz com que as mesmas sejam distribuídas nos corredores ou nas próprias enfermarias, sem travamento de rodas. Assim, para receber uma população idosa, o ambiente hospitalar precisaria ser seguro e de fácil adaptação a fim de compensar as limitações impostas pelo processo de envelhecimento. **Conclusão**: Os resultados indicam que a manutenção do ambiente hospitalar carece de cuidado, dentre os quais as mobílias, os leitos, as grades dos leitos, o sistema de chamadas, as rodas das mobílias para possibilitar travamento. Em relação aos próprios idosos, deve-se incentivar o uso de vestuários adequados e calçados antiderrapantes, e informar sobre a possibilidade de acompanhamento durante 24 horas. Sabe-se que durante a internação hospitalar a queda reflete uma das ocorrências relacionadas à falta de segurança do ambiente, ocasiona o aumento do número de dias de internamento e complicações na recuperação, interferindo na continuidade do cuidado. As inadequações referentes à estrutura física poderiam ser compensadas com medidas preventivas de acordo com normas, RDC e protocolos de prevenção de quedas, que são vitais para a segurança do paciente. **Contribuições/ implicações para enfermagem**: Os resultados deste estudo poderão ser utilizados para melhor compreensão do risco de queda em idosos e possibilitar ancoragem para a implementação de medidas de segurança. Compreendendo que o risco de queda é um diagnóstico de enfermagem, primordial para o processo de enfermagem, incluir intervenções para este fenômeno em conjunto com a implantação de protocolos institucionais permitirá a efetiva visualização da sistematização da assistência.
Referências: 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto Promoção da Saúde. As Cartas da Promoção da Saúde. Brasília; 2002.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2012.
3. Soratto J, Pires DEP, Dornelles S, Lorenzetti J. Estratégia saúde da família: uma inovação tecnológica em saúde. Texto contexto - enferm. 2015;24(2):584-592.
4. Gomes R. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: Minayo, MCS Pesquisa social: teoria, métodos e criatividade. 20ª ed. Rio de Janeiro: Vozes; 2010. |