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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6274356

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6274356

COLETA DE URINA PARA EXAMES LABORATORIAIS: O PAPEL DA ENFERMAGEM NAS ORIENTAÇÕES

Autores:
Arnildo Korb ; Franciely Daiana Engel

Resumo:
**Introdução: **O exame laboratorial de urina fornece dados cruciais para o diagnóstico de patologias que acometem o trato urinário¹. A análise laboratorial passa por três fases de análise: pré-analítica, analítica e pós-analítica. A orientação para a coleta de urina contempla a primeira etapa do processo de análise, sendo que nesta etapa se encontram o maior número de erros. As informações que devem ser fornecidas estão relacionadas principalmente à higienização íntima antes da coleta do material biológico; desprezar o primeiro jato urinário e; coletar a primeira urina da manhã². A higienização é fundamental para evitar as possíveis contaminações de amostra, que interferem no resultado do exame, como positivar erroneamente para uma infecção urinária, acarretando em diagnósticos equivocados e submetendo os usuários à tratamentos desnecessários³. **Objetivo: **Identificar quais os aspectos que envolvem o procedimento de coleta de urina. **Descrição Metodológica: **Foi realizada uma pesquisa qualitativa, descritiva, exploratória, na qual participaram 45 profissionais responsáveis pelas orientações para a coleta de urina de 26 Unidades Básicas de Saúde (UBS) em um município do oeste catarinense. Foi aplicado um questionário semi-estruturado, as respostas foram gravadas e transcritas na íntegra para posterior análise. Foi realizada a análise temática4, a qual identificou dois núcleos de sentido: 1) Aspectos que permeiam as orientações fornecidas pelos profissionais e; 2) Aspectos que envolvem os procedimentos relacionados à coleta de urina, o qual será abordado neste estudo. Esta pesquisa originou-se do projeto intitulado “As dificuldades encontradas pelos profissionais da saúde na orientação da colheita de urina para exames laboratoriais”, aprovado sob o parecer consubstanciado 1.365.656 do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina. **Resultados: **Foram entrevistados 45 profissionais e, destes, 53,3% (n=24) eram auxiliares de enfermagem, 40% (n=18) técnicos de enfermagem e 6,7% (n=3) enfermeiros. A partir das entrevistas, foi identificado que os profissionais orientam os usuários a realizarem a coleta de urina no próprio domicílio, visto que não há estrutura física nas UBS para realizar a higiene íntima necessária antes da coleta do material biológico. A partir de relatos profissionais, os usuários esquecem as orientações e acabam realizando a coleta da forma que acreditam ser correta, ocasionando muitos erros na etapa pré-analítica, como frascos de urina visivelmente sujos, contendo fezes e outras substância que contaminam a amostra e a tornam imprópria para análise. Além disso, diversos profissionais relataram que a estrutura física da UBS prejudica o processo de orientação, uma vez que o diálogo acontece em meio a rotina da unidade. Dessa forma, a comunicação ocorre em locais que não propiciam a privacidade do usuário, que pode sentir constrangimento ao receber as orientação em meio aos outros usuários e profissionais, além de não sanar as possíveis dúvidas sobre o procedimento. Outro assunto abordado pelos profissionais foi em relação a quantidade demasiada de informações que os usuários recebem na UBS, dessa forma o usuário leva para casa diversas informações que podem ser esquecidas ou trocadas. Para evitar o esquecimento, alguns profissionais relataram entregar materiais explicativos sobre como coletar corretamente a urina, porém, ao ser solicitada uma cópia, os profissionais não haviam os materiais na unidade, e outros haviam somente o material para a coleta de urina 24 horas. O instrumento explicativo seria uma estratégia excelente que contribuiria com o trabalho de orientar, que, conforme as entrevistas, foi classificado como exaustivo pelo fato de repetir diversas vezes a mesma informação. Outro assunto relevante a ser abordado é em relação aos equívocos cometidos pelos entrevistados ao orientar. Quando questionados sobre quaisorientações eram fornecidas, alguns profissionais forneceram orientações que não cabiam ao procedimento de coleta de urina, como o jejum e até mesmo relatos de não orientar a higiene íntima por acreditar não ser importante para o procedimento. A higiene é uma das principais informações que devem ser fornecidas ao usuário, visto que a mesma minimiza as chances de contaminação da amostra. Estes equívocos podem estar relacionados com a falta de capacitação relatada pelos entrevistados, portanto, treinamentos para realizar esta função não ocorreram e o conhecimento sobre como realizar a coleta de materiais biológicos sucedesse a partir do aprendizado na graduação, curso técnico, aprendizado com colegas ou ainda da procura individual do conhecimento. **Conclusão: **O procedimento de coleta de urina é fundamental para garantir a qualidade da amostra biológica e, consequentemente, da confiabilidade do laudo laboratorial. Os erros pré-analíticos podem ser evitados com a realização de uma boa orientação aos usuários, portanto, os profissionais devem estar atentos para elaborar estratégias que facilitem o entendimento do procedimento, como a entrega de materiais explicativos com ilustrações, dessa forma, o instrumento não fica limitado a apenas pessoas alfabetizadas. Outra vantagem do material explicativo é que o mesmo relembra os usuários de como realizar o procedimento, evitando possíveis erros de troca de informações recebidas na unidade. O processo de comunicação também deve ser trabalhado, para que ocorra em ambientes que favoreçam o vínculo entre o profissional-usuário, dessa forma as necessidades do usuário podem ser melhor detectadas, como a necessidade da repetição das informações recebidas, ou até mesmo outras situações que não haviam sido mencionadas anteriormente. Os equívocos de informações podem estar relacionados com a falta de capacitação profissional, portanto é necessário que estes sejam treinados para terem o conhecimento de como realizar o procedimento de coleta de urina de forma correta, além de compreenderem a importância do porquê os usuários devem seguir as orientações. Dessa forma, os profissionais estarão habilitados para convencer os usuários do porquê realizar o procedimento da forma que lhe foi instruído, garantindo a qualidade das amostras biológicas e auxiliando no processo de confiabilidade dos laudos laboratoriais. **Contribuições/Implicações Para A Enfermagem: **A partir das entrevistas percebemos que a enfermagem é a principal protagonista no processo de orientação, portanto treinamentos e atualizações sobre a coleta de materiais biológicos devem ser realizadas. O processo de comunicação é primordial para que os usuários se sintam confortáveis em sanar suas dúvidas e saibam o porquê de realizar o procedimento conforme orientado e, por mais que orientar seja classificado como exaustivo, é necessário para garantir que não sejam realizados diagnósticos equivocados baseados em exames que tenham sido processados a partir de amostras biológicas inadequadas.


Referências:
(1) SILVA F.F., FARIA C.C.C. O deficiente auditivo e as dificuldades na comunicação com profissionais de saúde. Rev. Perquirere. [periódico na Internet] 2014 Dez [acessado 2016 Set 17];11(2): 190-201: [cerca de 12 p.]. Disponível: (2) OLIVEIRA Y.C.A, CELINO S.D.M; COSTA G.M.C. Comunicação como ferramenta essencial para assistência à saúde dos surdos. PhysRev de Saúde.Colet. [periódico naInternet]. 2015 [acessado 2016 Set 17];25(1): 307-320: [cerca de 14 p.]. Disponível: http://www.scielo.br/pdf/physis/v25n1/0103-7331-physis-25-01-00307.pdf. (3) SCARPITTA T.P., VIEIRA S.S., DUPAS G. Identificando necessidades de crianças com deficiência auditiva: uma contribuição para profissionais da saúde e educação. Rev. EscAnna Nery. [periódico na Internet] 2011 Out-Dez [acessado 2016 Set 17];15 (4):791-801: [cerca de 8 p.]. Disponível: http://revistaenfermagem.eean.edu.br/detalhe_artigo.asp?id=708.http://perquirere.unipam.edu.br/documents/23456/612187/O+deficiente+auditivo+e+as++dificuldades+na++comunica%C3%A7%C3%A3o+ (4) BARDIN L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011. (5) BACKES D.S.n, BACKES M.S., ERDMANN A.L, BÜSCHER A. O papel profissional do enfermeiro no Sistema Único de Saúde: da saúde comunitária à estratégia de saúde da família. Ciênc& Saúde Colet. [periódico na Internet] 2012 [acessado 2016 Jul 03];17(1):223-230: [cerca de 8 p.]. Disponível: http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n1/a24v17n1.pdf.