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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6204073

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6204073

NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS EM USUÁRIOS DO SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR EM UM MUNICÍPIO DO ESTADO DE GOIÁS

Autores:
Nilza Alves Marques de Almeida ; Suelen Gomes Malaquias ; Selma Rodrigues Alves Montefusco ; Valéria Pagotto ; Ana Claudia Nascimento de Sousa

Resumo:
INTRODUÇÃO: A Teoria das Necessidades Humanas Básicas (TNHB), de Wanda Aguiar Horta, compreende o estado das necessidades humanas básicas, que trata dos “estados de tensões, conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilíbrios hemodinâmicos dos fenômenos vitais” ¹. O ser humano é parte integrante do universo dinâmico e está em constante interação com ele. Isto resulta em mudanças que o levam a estados de equilíbrio e desequilíbrio no tempo e no espaço, sendo a TNHB estruturada em necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais 2,3. As necessidades psicobiológicas se caracterizam por forças que surgem inconscientemente sem planejamento prévio. As necessidades psicossociais representam reações no indivíduo vinculadas ao nível psicossocial, entre elas a necessidade de viver em grupo e realizar trocas sociais. Já as necessidades psicoespirituais remetem à busca e à compreensão do que transcende o explicado pela ciência. Elas estão vinculadas à religiosidade/espiritualidade ¹. Mediante tais características, a TNHB pode aperfeiçoar o levantamento do grau de independência e interdependência do usuário e de suas necessidades biopsicossociais e espirituais, para então subsidiar os Diagnósticos de Enfermagem (DE) e promover a execução das demais etapas do Processo de Enfermagem (PE) 2,3. A teoria trabalha de maneira preventiva, curativa e reabilitadora, visando o estado de saúde do indivíduo, que então se caracteriza como um estado de equilíbrio dinâmico mantido pelas necessidades realizadas ². Percebe-se, portanto, considerável aplicabilidade da TNHB ao perfil clínico complexo de múltiplas demandas do usuário atendido pelo Serviço de Atenção Domiciliar (SAD). O SAD é vinculado ao Programa Melhor em Casa e se caracteriza por ser um serviço complementar aos cuidados realizados na atenção básica e em serviços de urgência. É considerado substitutivo ou complementar à internação hospitalar e responsável pelo gerenciamento e operacionalização da Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar (EMAD) e Equipe Multiprofissional de Apoio (EMAP) 4. OBJETIVO: Descrever as necessidades humanas básicas, por meio dos Diagnósticos de Enfermagem, dos usuários atendidos pelo serviço de atenção domiciliar do município de Aparecida de Goiânia-GO. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Estudo descritivo, transversal, exploratório de abordagem quantitativa, resultado da dissertação desenvolvida pelo programa de mestrado profissional em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás (UFG), aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFG, protocolo CAAE 49352215.8.0000.5083. Realizado com os usuários do SAD do município de Aparecida de Goiânia – GO, que para a coleta de dados, utilizou-se manual de coleta de dados, instrumento estruturado na Teoria das Necessidades Humanas Básicas e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O levantamento dos Diagnósticos de Enfermagem (DE) foi realizado por meio do modelo Developing Nurse’s Thinking e da taxonomia NANDA-I 5. Para análise dos dados, utilizado programa software Statistical Packageof Social Sciences (SPSS), versão 22.0. RESULTADOS: O estudo apresentou prevalência de idosos e predominância dos diagnósticos médicos de Acidente Vascular Encefálico (35%), Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (22%) e Traumatismo Craniano (10%). Quanto a modalidade clínica, classificada no atendimento domiciliar predomínio do tipo AD2 com 72,5%. Ao todo foram identificados 120 DEs distintos da taxonomia NANDA-I 5, envolvendo 12 domínios. Estes DEs, classificados pela Teoria das Necessidades Humanas Básicas, compuseram, nas necessidades psicobiológicas, 73 (60,8%), psicossociais, 39 (32,5%) e psicoespirituais 6 (5%) . Ressalta-se que 2 (1,7%) dos DEs levantados vinculavam-se indiretamente aos usuários estudados, retratando portando a condição de seus cuidadores. O grupo das necessidades psicobiológicas apresentou destaque dos DEs com foco no problema, 45 (61,7%). Ademais, 26 (35,6%) de risco e 2 (2,7%) de promoção, envolvendo 8 (61,5%) domínios da NANDA-I 5. Destaque se deu aos domínios atividade/repouso, 25 (34,2%), segurança/proteção, 18 (24,7%) e nutrição, 10 (13,7%). Referente aos DEs, mais presentes os de Risco de infecção, 40 (100%), Déficit de autocuidado para alimentação, 39 (97,5%), e Conforto prejudicado, 36 (90%). Já o grupo das necessidades psicossociais, apresentou o total de 39 DEs também com destaque de diagnósticos com foco no problema sendo, portanto, 26 (66,7%) dessa classificação, 7 (17,9%) de risco e 6 (15,4%) de promoção. Abarcaram também 8 domínios da NANDA-I, com destaques aos domínios Enfrentamento/tolerância ao estresse em 17 (43,6%); Autopercepção em 9 (23%) e Papéis e relacionamento com 4 (10,3%). Os DEs de maior ocorrência desse grupo foram: Risco de sentimento de impotência em 26(65%), Comunicação verbal prejudicada em 23(57,5%) e Risco de baixa autoestima crônica em 18 (45%). Por fim, o grupo das necessidades piscoespirituais , diferentemente dos demais grupos, identificou-se apenas o domínio da NANDA-I 5. Princípios da vida, que apresentou o total de 6 DEs, sendo 2 (33,3%) deles com foco no problema, 2 (33,3%) de risco e 2 (33,3%) de promoção. O DE risco de religiosidade prejudicada esteve presente em 26 (65%), sendo este o de maior ocorrência. CONCLUSÃO: O levantamento das necessidades humanas básicas dos usuários atendidos pelo SAD evidenciaram a complexidade do serviço, com desafios a serem superados na assistência ao usuário, à família e na dinâmica da Rede de Atenção a Saúde. O predomínio de DE do grupo de necessidades psicobiológicas e a respectiva abrangência de domínios da taxonomia NANDA-I 5 mostram a multiplicidade de demandas clínicas dos usuários do SAD, bem como os pontos a serem melhorados na dinâmica do serviço estudado, buscando integralidade de atenção em uma rede assistencial de saúde com várias lacunas. Diante disso, a escolha da TNHB foi assertiva para a abordagem integral no atendimento do SAD, mediante demandas biopsicossociais e espirituais. Possibilitou o levantamento das necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais dos usuários assistidos, podendo subsidiar uma atenção à saúde o mais próximo possível do ideal. CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: O levantamento das necessidades humanas básicas, por meio dos Diagnósticos de enfermagem da clientela estudada, empondera uma prática de enfermagem baseada em evidências e qualificação da atenção à saúde, ao viabilizar a construção de protocolos clínicos sistematizados. Ressalta-se também a potencialidade da TNHB ao otimizar uma assistência de enfermagem com abordagem integral que viabilize o atendimento biopsicossocial e espiritual. Por fim, o estudo também contribuiu para enfatizar o protagonismo da enfermagem no contexto da atenção domiciliar, com notória habilidade no relacionamento interpessoal com o usuário, família e equipe.


Referências:
1 Organização Mundial da Saúde. A inclusão social e os direitos das pessoas com deficiência no brasil: Uma agenda de desenvolvimento pós-2015. [internet] 2013 [cited 2018 mar 15] Available from: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2015/07/UN_Position_Paper-People_with_Disabilities.pdf 2 França ISX; Pagliuca LMF. Inclusão social da pessoa com deficiência: conquistas, desafios e implicações para a enfermagem. Rev esc enfem. 2009. 43(1):178-85. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43n1/23.pdf 3 Almeira, RES. Relato de experiência: projeto de extensão: orientação vocacional e profissional de adolescentes das escolas estaduais da cidade de londrina e região. Rev Espaço para a Saúde 2014. 15 (1):418-424. Available from: https://periodicos.ufsc.br/index.php/extensio/article/view/1445 4 Oliveira CM, Brêtas CP, Rosa AS. A importância da extensão universitária na graduação e prática profissional de enfermeiros. Currículo sem Fronteiras. 2017. 17(1): 171-186. [cited 2018 mar 15] Available from: http://www.curriculosemfronteiras.org/vol17iss1articles/oliveira-bretas-rosa.pdf 5 IBGE - Censo Demográfico, 2016. [cited 2018 mar 15]. Available from: http://www.ibge.gov.br/