E-Pôster
6146857 | INCORPORAÇÃO DA TEORIA DE ENFERMAGEM DE MADELEINE LEININGER PELO NÚCLEO DE SAE DE UM HOSPITAL PEDIÁTRICO | Autores: Thaís Sanglard de Souza Reche ; Débora Barbosa ; Rosemeire de Fátima Martins Bueno ; Priscila Reis ; Carla Maria Sabel |
Resumo: **Introdução**: as teorias de enfermagem são consideradas aportes fundamentais à construção do saber e da prática profissional pois auxiliam na orientação dos modelos clínicos da enfermagem e possibilitam que os profissionais descrevam e expliquem aspectos da realidade assistencial, auxiliando no desenvolvimento da tríade teoria, pesquisa e prática na área (1). Para a efetivação do cuidado de Enfermagem faz-se necessário embasamento em referenciais teóricos, ou seja, em uma teoria de Enfermagem, a qual direciona a maneira de cumprir-se o cuidado, para que os objetivos consigam ser conquistados(2). Para a realização deste estudo foi escolhida a Teoria Transcultural do Cuidado de Madeleine Leininger cujo pressuposto é que o enfermeiro deve conhecer a cultura dos clientes para prestar um atendimento adequado as suas necessidades. Esta teoria favorece a proposta de um cuidado holístico ao considerar a integralidade dos sujeitos e a multiplicidade dos fatores culturais, em oposição ao modelo centrado nos sinais e sintomas das doenças(3). A implantação de um Núcleo de Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), no ano de 2017, em um hospital pediátrico privado do município de São Paulo, consistiu em avanço significativo para a organização do processo de enfermagem com foco no direcionamento do cuidado integral e individualizado, além de assegurar melhorias das atividades de enfermagem na instituição. O primeiro passo no direcionamento das atividades do núcleo de SAE foi elencar um referencial teórico que melhor se adequasse à realidade institucional com vistas a propiciar sustentação teórica para a realização do processo de enfermagem.** Objetivo**: relatar o processo de implantação da teoria transcultural do cuidado, pelo núcleo da SAE de um hospital pediátrico da capital paulista. **Metodologia**: trata-se de estudo descritivo, retrospectivo e documental. A contratação de um serviço de assessoria externa, especializada na área da SAE, fez-se necessária para auxílio na escolha da melhor teoria de enfermagem que se adequasse ao perfil institucional. Foram realizadas reuniões com os integrantes do núcleo de SAE analisando as diversas teorias de enfermagem existentes e correlacionando-as com a filosofia, missão, valores e o modelo assistencial institucional. Para a operacionalização do processo procedeu-se a elaboração de uma tabela de validação de culturas a fim de conhecer o perfil dos diferentes pacientes e respectivos familiares que são hospitalizados na instituição. Os dados foram obtidos mediante consulta as atas de reuniões realizadas pelo núcleo de SAE no período compreendido entre os meses de abril a dezembro de 2017. A análise ocorreu mediante a tabulação das informações em uma tabela do programa _Microsoft Excel_. **Resultados**: foram realizadas 10 reuniões entre o período de abril a dezembro de 2017, compreendendo o período decorrente do início do processo de escolha da teoria até sua implantação. O lapso temporal entre uma reunião e outra foi de aproximadamente 1 mês. Na primeira reunião foram apresentadas as diversas teorias de enfermagem existentes, com foco na definição dos conceitos de cada uma. Na segunda reunião elencou-se a teoria do cuidado transcultural de Madeleine Leininger e foram discutidos os quatro conceitos centrais ou metaparadigmas da enfermagem: pessoa, enfermagem, saúde e ambiente. Da terceira a oitava reunião realizaram-se atividades paralelas a consolidação do núcleo de SAE, como visitas técnicas a instituições renomadas na capital paulista que desenvolvem estudos na área da sistematização da assistência de enfermagem e processo de enfermagem. No nono e décimo encontro foi elaborada uma tabela de validação de culturas a ser utilizada pelo núcleo de SAE e também divulgada na instituição. A tabela de validação de culturas elaborada foi estruturada em três segmentos: cultura a ser analisada, costumes e hábitos adotados e comportamento hospitalar esperado. Foram elencados 4 grupos étnicos principais, baseados na frequência de internação hospitalar, com dados obtidos junto ao setor de hotelaria, a saber: judeus, árabes, chineses e japoneses. A categorização dos dados em cada um dos grupos culturais específicos ocorreu mediante consulta a artigos, livros e sites específicos relacionados a temática cultural. Ato posterior a elaboração da tabela de validação de culturas, efetuou-se a divulgação desta e do trabalho realizado junto à gerência e supervisores de áreas de enfermagem da instituição, a fim de validar o material elaborado, com posterior divulgação dos resultados aos enfermeiros assistenciais. Entendeu-se que conhecer a cultura dos pacientes pediátricos e suas famílias, o contexto cultural em que estão inseridos, os valores e modos de vida, as características das diversas culturas e suas particularidades concorre para a realização de uma prática assistencial de qualidade direcionada para o atendimento individualizado. **Conclusão**: a implantação de um Núcleo de SAE na instituição fortaleceu sob diversas óticas a realização de ações embasadas em conhecimentos científicos e direcionadas a melhoria dos processos assistenciais. A adoção da teoria do cuidado transcultural concorreu com os valores, missão e visão institucionais, uma vez que, a execução de determinadas ações durante a sistematização e o processo de enfermagem, puderam ser melhor direcionadas pelo conhecimento das variadas culturas existentes nos distintos grupos étnicos, concorrendo para a realização da assistência de enfermagem individualizada e de qualidade as crianças, adolescentes e suas famílias, em uma cidade cosmopolita como a capital paulista. Implicações para a enfermagem: o presente estudo contribui para a divulgação de uma prática ainda não usual nas instituições hospitalares, propiciando reflexões acerca da necessidade de implantação de teorias de enfermagem que atendam as diversas demandas institucionais com foco no direcionamento das ações de enfermagem.
Referências: 1. Sousa, AFL et al.; Representações sociais da Enfermagem sobre biossegurança: saúde ocupacional e o cuidar prevencionista. Rev Bras Enferm.2016; 69(5):864-71.
2. Vasiliki B et al. Health and safety risks, implications and training in hospitals. Ind Comm Train. 2013; 45 (7): 420-427.
3. Gil, AC. Como elabora projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas; 2008.
4. Chizzotti, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 5. ed. São Paulo: Cortez; 2014.
5. Ribeiro G et al. Práticas de biossegurança no ensino técnico de enfermagem. Trab. Educ. Saúde. 2016; 14(3): 871-888. |