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6141406 | COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIA EM CIRURGIAS CRANIOFACIAIS: DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM. | Autores: Gabriela de Souza Melo Vieira ; Patrícia Ribeiro Mattar Damiance ; Cleide Carolina da Silva Demoro Mondini ; Dasy Priscila Candioto ; Sabrina dos Santos Evaristo |
Resumo: Introdução: O termo anomalia engloba os defeitos estruturais presentes ao
nascimento, tais como: má-formação, disruptura e deformação. Tais defeitos
requerem um tipo de tratamento especializado clínico e cirúrgico com o
objetivo de restabelecer a estética e a capacidade funcional do indivíduo
acometido por uma anomalia. Em relação ao tratamento cirúrgico, este deve ser
instituído precocemente a fim de promover o crescimento e desenvolvimento
integral da criança e do adolescente. O tratamento cirúrgico passa por três
momentos distintos, que compreende os períodos do pré-operatório, do
intraoperatório e do pós-operatório. Focalizando-se o período pós-operatório,
este engloba o momento mais extenso do tratamento, pois se inicia ao término
do ato cirúrgico e estende-se ao período de convalescença, no domicílio. A
fase do seguimento em domicílio caracteriza-se por cuidados com a ferida
operatória. O período de recuperação pode durar semanas ou meses e, durante
este período, vários fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo, tais
como: exposição ao frio ou calor intenso; imunidade deficiente;
suscetibilidade a traumas; falta de saneamento básico; fatores
comportamentais; níveis de instrução do cuidador principal ou da pessoa
operada podem interferir no processo de cicatrização da ferida e no
desencadeamento de complicações pós-operatórias1. Nesse cenário, a assistência
de enfermagem deve concentrar-se em intervenções destinadas a prevenir ou
tratar complicações, pois por menor que seja o procedimento cirúrgico, o risco
de complicações sempre estará presente, além de que o sucesso das cirurgias
reparadoras depende diretamente da qualidade da assistência de enfermagem
prestada2. Objetivo: Identificar os diagnósticos de enfermagem presentes em
indivíduos afetados por complicações pós-operatórias em cirurgias de anomalias
craniofaciais. Metodologia: Estudo retrospectivo, exploratório-descritivo,
desenvolvido no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da
Universidade de São Paulo, especializado na reabilitação de indivíduos com
fissuras labiopalatinas, anomalias congênitas do crânio e da face, síndromes
associadas a essas malformações e distúrbios da audição. A pesquisa seguiu
todos os preceitos éticos da resolução 466/2012 sendo apreciada e aprovada por
um Comitê de Ética em Pesquisa3. O estudo fundamentou-se em dados secundários
provenientes de um protocolo de coleta de dados sobre complicações pós-
operatórias por telefone. Este foi desenvolvido pela equipe de enfermagem da
Instituição, na figura da diretora técnica e pela Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital e é de uso exclusivo da enfermeira. O
protocolo de registro de complicações é composto por nove variáveis relativas
à pessoa e ao procedimento cirúrgico, a saber: caracterização do indivíduo
(nome, registro hospitalar, idade, gênero); grau de parentesco da pessoa que
realiza o telefonema; data da cirurgia; cirurgião; queixa principal;
identificação de intercorrências relacionadas: a alimentação, ao padrão
respiratório, aos problemas otológicos e ao aspecto do local cirúrgico, sendo
utilizados apenas os dados referentes ao tipo de cirurgia e intercorrências
relacionadas; os problemas levantados; os diagnósticos de enfermagem e as
intervenções/orientações. De um universo de 208 impressos do protocolo de
registro de complicações pós-operatórias, preenchidos e arquivados, entre os
anos de 2009 e 2012, a amostra se constituiu por 161 impressos. Foram
descartados 46 impressos que não apresentavam registros relativos aos
diagnósticos de enfermagem e um por ilustrar um título não condizente com a
Taxonomia II da Associação Norte Americana de Diagnósticos de Enfermagem
(NANDA - I), versão 2009-2011 e 2011-20134,5. A Taxonomia II foi utilizada
para validação dos títulos dos diagnósticos. Estabeleceu-se para a validação
dos diagnósticos de enfermagem a presença de pelo menos dois fragmentos de
enunciado capazes de identificar a seleção e o tipo de diagnóstico.
Considerou-se a possibilidade de identificação de diagnósticos de risco, real,
de promoção da saúde e de bem-estar. Os dados foram analisados ??por meio de
frequências absolutas e relativas. Resultados: Observou-se a presença de dez
diagnósticos de enfermagem cujos títulos estavam de acordo com a NANDA – I:
2009-2011 e 2011-2013. Destes, quatro foram classificados como de risco: risco
para infecção; risco de desequilíbrio do volume de líquidos; risco para
desequilíbrio da temperatura corporal e risco de comprometimento tissular e
seis foram classificados como diagnósticos reais: integridade tissular
prejudicada; integridade da pele prejudicada; integridade da mucosa oral
prejudicada; déficit de autocuidado para higiene oral; dor aguda e
desobstrução ineficaz de vias aéreas. Em relação à distribuição dos
diagnósticos de enfermagem, verificou-se a presença do diagnóstico risco de
infecção em 80 impressos, representando 49,7% da amostra. O diagnóstico de
enfermagem integridade tissular prejudicada e da pele prejudicada estiveram
presentes, em 37 (23%) e 27 (16,8%) impressos, respectivamente. O diagnóstico
de risco de desequilíbrio do volume de líquidos, em nove (5,6%) e integridade
da mucosa oral prejudicada e risco de desequilíbrio da temperatura corporal,
em dois (1,2%), na devida ordem. De maneira recíproca, em um impresso ou 0,61%
da amostra, o diagnóstico déficit no autocuidado para higiene oral; risco de
comprometimento tissular; dor aguda e desobstrução ineficaz de vias aéreas.
Conclusão: o estudo permitiu a identificação de 10 diagnósticos de enfermagem
em indivíduos afetados por complicações pós-operatórias em cirurgias
craniofaciais, sendo as mais freqüentes: risco de infecção e integridade
tissular prejudicada. A ausência de registro de diagnósticos, no processo de
recepção e formalização do protocolo de registro de complicações, assim como a
não observância aos títulos descritos na taxonomia II da NANDA pode afetar
significativamente o planejamento do cuidado de enfermagem ao indivíduo
acometido por complicações pós-operatórias de cirurgias craniofaciais.
**Contribuições/implicações para a Enfermagem**: Acredita-se que estudo –
inédito na área - possa contribuir para a ampliação da compreensão do processo
e da sistematização da assistência de enfermagem a indivíduos acometidos por
complicações pós-operatórias em cirurgias craniofaciais, assim como promover
reflexões sobre a construção acadêmica do papel da enfermeira no planejamento
do cuidado de enfermagem, no pré, trans e pós-operatório.
Referências: 1) Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2016: Incidência do câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2016. 2) Momesso DP. Avaliação clínica a longo prazo de pacientes com carcinoma diferenciado de tireoide menor que dois centímetros: características clínicas, prognóstico e impacto de diferentes estratégias terapêuticas. Dissertação de Mestrado em Endocrinologia- UFRJ. Rio de Janeiro, 2012. 3)Silva LAA, Ferraz F, Lino MM, Backes VMS, Schmidt SMS. Educação permanente em saúde e no trabalho de enfermagem: perspectiva de uma práxis transformadora. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2010. |