Imprimir Resumo


SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6141406

E-Pôster


6141406

COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIA EM CIRURGIAS CRANIOFACIAIS: DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM.

Autores:
Gabriela de Souza Melo Vieira ; Patrícia Ribeiro Mattar Damiance ; Cleide Carolina da Silva Demoro Mondini ; Dasy Priscila Candioto ; Sabrina dos Santos Evaristo

Resumo:
Introdução: O termo anomalia engloba os defeitos estruturais presentes ao nascimento, tais como: má-formação, disruptura e deformação. Tais defeitos requerem um tipo de tratamento especializado clínico e cirúrgico com o objetivo de restabelecer a estética e a capacidade funcional do indivíduo acometido por uma anomalia. Em relação ao tratamento cirúrgico, este deve ser instituído precocemente a fim de promover o crescimento e desenvolvimento integral da criança e do adolescente.  O tratamento cirúrgico passa por três momentos distintos, que compreende os períodos do pré-operatório, do intraoperatório e do pós-operatório. Focalizando-se o período pós-operatório, este engloba o momento mais extenso do tratamento, pois se inicia ao término do ato cirúrgico e estende-se ao período de convalescença, no domicílio. A fase do seguimento em domicílio caracteriza-se por cuidados com a ferida operatória. O período de recuperação pode durar semanas ou meses e, durante este período, vários fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo, tais como: exposição ao frio ou calor intenso; imunidade deficiente; suscetibilidade a traumas; falta de saneamento básico; fatores comportamentais; níveis de instrução do cuidador principal ou da pessoa operada podem interferir no processo de cicatrização da ferida e no desencadeamento de complicações pós-operatórias1. Nesse cenário, a assistência de enfermagem deve concentrar-se em intervenções destinadas a prevenir ou tratar complicações, pois por menor que seja o procedimento cirúrgico, o risco de complicações sempre estará presente, além de que o sucesso das cirurgias reparadoras depende diretamente da qualidade da assistência de enfermagem prestada2. Objetivo: Identificar os diagnósticos de enfermagem presentes em indivíduos afetados por complicações pós-operatórias em cirurgias de anomalias craniofaciais. Metodologia: Estudo retrospectivo, exploratório-descritivo, desenvolvido no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo, especializado na reabilitação de indivíduos com fissuras labiopalatinas, anomalias congênitas do crânio e da face, síndromes associadas a essas malformações e distúrbios da audição. A pesquisa seguiu todos os preceitos éticos da resolução 466/2012 sendo apreciada e aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisa3. O estudo fundamentou-se em dados secundários provenientes de um protocolo de coleta de dados sobre complicações pós- operatórias por telefone. Este foi desenvolvido pela equipe de enfermagem da Instituição, na figura da diretora técnica e pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital e é de uso exclusivo da enfermeira. O protocolo de registro de complicações é composto por nove variáveis relativas à pessoa e ao procedimento cirúrgico, a saber: caracterização do indivíduo (nome, registro hospitalar, idade, gênero); grau de parentesco da pessoa que realiza o telefonema; data da cirurgia; cirurgião; queixa principal; identificação de intercorrências relacionadas: a alimentação, ao padrão respiratório, aos problemas otológicos e ao aspecto do local cirúrgico, sendo utilizados apenas os dados referentes ao tipo de cirurgia e intercorrências relacionadas; os problemas levantados; os diagnósticos de enfermagem e as intervenções/orientações. De um universo de 208 impressos do protocolo de registro de complicações pós-operatórias, preenchidos e arquivados, entre os anos de 2009 e 2012, a amostra se constituiu por 161 impressos. Foram descartados 46 impressos que não apresentavam registros relativos aos diagnósticos de enfermagem e um por ilustrar um título não condizente com a Taxonomia II da Associação Norte Americana de Diagnósticos de Enfermagem (NANDA - I), versão 2009-2011 e 2011-20134,5. A Taxonomia II foi utilizada para validação dos títulos dos diagnósticos. Estabeleceu-se para a validação dos diagnósticos de enfermagem a presença de pelo menos dois fragmentos de enunciado capazes de identificar a seleção e o tipo de diagnóstico. Considerou-se a possibilidade de identificação de diagnósticos de risco, real, de promoção da saúde e de bem-estar. Os dados foram analisados ??por meio de frequências absolutas e relativas. Resultados: Observou-se a presença de dez diagnósticos de enfermagem cujos títulos estavam de acordo com a NANDA – I: 2009-2011 e 2011-2013. Destes, quatro foram classificados como de risco: risco para infecção; risco de desequilíbrio do volume de líquidos; risco para desequilíbrio da temperatura corporal e risco de comprometimento tissular e seis foram classificados como diagnósticos reais: integridade tissular prejudicada; integridade da pele prejudicada; integridade da mucosa oral prejudicada; déficit de autocuidado para higiene oral; dor aguda e desobstrução ineficaz de vias aéreas. Em relação à distribuição dos diagnósticos de enfermagem, verificou-se a presença do diagnóstico risco de infecção em 80 impressos, representando 49,7% da amostra. O diagnóstico de enfermagem integridade tissular prejudicada e da pele prejudicada estiveram presentes, em 37 (23%) e 27 (16,8%) impressos, respectivamente. O diagnóstico de risco de desequilíbrio do volume de líquidos, em nove (5,6%) e integridade da mucosa oral prejudicada e risco de desequilíbrio da temperatura corporal, em dois (1,2%), na devida ordem. De maneira recíproca, em um impresso ou 0,61% da amostra, o diagnóstico déficit no autocuidado para higiene oral; risco de comprometimento tissular; dor aguda e desobstrução ineficaz de vias aéreas. Conclusão: o estudo permitiu a identificação de 10 diagnósticos de enfermagem em indivíduos afetados por complicações pós-operatórias em cirurgias craniofaciais, sendo as mais freqüentes: risco de infecção e integridade tissular prejudicada. A ausência de registro de diagnósticos, no processo de recepção e formalização do protocolo de registro de complicações, assim como a não observância aos títulos descritos na taxonomia II da NANDA pode afetar significativamente o planejamento do cuidado de enfermagem ao indivíduo acometido por complicações pós-operatórias de cirurgias craniofaciais. **Contribuições/implicações para a Enfermagem**: Acredita-se que estudo – inédito na área - possa contribuir para a ampliação da compreensão do processo e da sistematização da assistência de enfermagem a indivíduos acometidos por complicações pós-operatórias em cirurgias craniofaciais, assim como promover reflexões sobre a construção acadêmica do papel da enfermeira no planejamento do cuidado de enfermagem, no pré, trans e pós-operatório.


Referências:
1) Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2016: Incidência do câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2016. 2) Momesso DP. Avaliação clínica a longo prazo de pacientes com carcinoma diferenciado de tireoide menor que dois centímetros: características clínicas, prognóstico e impacto de diferentes estratégias terapêuticas. Dissertação de Mestrado em Endocrinologia- UFRJ. Rio de Janeiro, 2012. 3)Silva LAA, Ferraz F, Lino MM, Backes VMS, Schmidt SMS. Educação permanente em saúde e no trabalho de enfermagem: perspectiva de uma práxis transformadora. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2010.