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6132512 | FATORES DE RISCO PARA O DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM RISCO DE GLICEMIA INSTÁVEL EM GESTANTES – INSTRUMENTO DE CLASSIFICAÇÃO: ESTUDO CASO CONTROLE | Autores: Grasiela Martins Barros ; Ana Carla Dantas Cavalcanti ; Helen Campos Ferreira |
Resumo: Introdução: Durante a gestação ocorrem transtornos metabólicos em todas as
mulheres, decorrentes do estilo de vida e, também, pela produção de hormônios
diabetogênicos que se contrapõem à ação da insulina, resultando na sua
resistência e, consequentemente, em variação nos níveis de glicose/açúcar no
sangue em relação aos parâmetros normais1,2,3. Esta flutuação dos níveis de
glicose/açúcar no sangue pode comprometer a saúde da gestante e do seu bebê.
Assim sendo, enfermeiros que cuidam de gestantes, devem estar atentos a essa
situação de risco, além de traçar planos assistenciais que promovam medidas
preventivas e permitam o controle dessa instabilidade. Entre esses
profissionais destacam-se os enfermeiros que acompanham as gestantes durante
as consultas de enfermagem no período pré-natal, e devem realizar coleta de
dados detalhada por meio de entrevista, exame físico e interpretação de exames
laboratoriais e complementares. A partir destes elementos, é possível a
identificação de diagnósticos de enfermagem que indicarão os resultados a
serem alcançados com base em suas intervenções4. A NANDA-International prevê a
gravidez como um dos fatores de risco do diagnóstico de enfermagem Risco de
Glicemia Instável4, porém não descreve junto ao fator de risco do diagnóstico
de enfermagem Risco de Glicemia Instável, nenhuma associação com outros
fatores de risco. No entanto, outros fatores quando associados à gravidez,
podem levar a um maior risco para a instabilidade glicêmica. O conhecimento
dos graus dessa associação permitirá uma reavaliação da intervenção de
enfermagem junto à gestante, com o estímulo da prática de autocuidado,
orientação para a modificação de hábitos pessoais e estilo de vida,
proporcionando-lhe melhora no cuidado com a saúde, pois o controle dos níveis
glicêmicos contribui para o êxito do tratamento5. Objetivos: Propor como
produto do Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial, a revisão do
Diagnóstico de Enfermagem Risco de Glicemia Instável pela NANDA-Internacional;
verificar os fatores sociodemográficos e clínicos apresentados por gestantes
com glicemia instável; identificar os fatores de risco presentes nas gestantes
com glicemia instável; conhecer os fatores que, somados à gravidez, aumentam o
risco de glicemia instável. Descrição metodológica: Estudo caso controle
retrospectivo em 417 prontuários de gestantes acompanhadas no ambulatório de
pré-natal da Maternidade Escola da UFRJ/ RJ, no período de 2009 a 2015.
Critérios de Inclusão: foram incluídos no estudo, os prontuários de todas as
gestantes inseridas no ambulatório no período de 2009 a 2015, independente da
idade gestacional em que as gestantes se encontravam, e que concluíram todo o
pré-natal na unidade hospitalar. Critérios de Exclusão: foram excluídas as
gestantes inseridas no ambulatório de pré-natal no período de 2009 a 2015, que
apresentavam diagnóstico de Diabetes Mellitus anterior à gestação atual. O
grupo caso foi composto por 200 gestantes que apresentaram glicemia instável,
e o grupo controle, constituído por 217 gestantes que não apresentaram
instabilidade glicêmica. A coleta de dados foi realizada entre setembro e
dezembro de 2016, através de um instrumento, cujas variáveis estudadas foram:
peso, histórico familiar de Diabetes Mellitus (DM), idade, sedentarismo,
hipertensão arterial sistêmica (HAS), estatura, perdas gestacionais de
repetição, história de diabetes mellitus gestacional (DMG), histórico de:
macrossomia, polidramnia, óbito fetal e neonatal, malformação fetal, e também
Crescimento Intrauterino Restrito (CIUR), ganho ponderal materno, uso de
drogas hiperglicemiantes, síndrome de ovários policísticos (SOP) e resultados
de exames laboratoriais, além de dados sociodemográficos. Parecer de aprovação
do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), número 1.705.122. Os dados foram
analisados através do programa SPSS versão 22.0 e sintetizados por meio dos
cálculos de estatísticas descritivas (média, mediana, mínimo, máximo, desvio
padrão, coeficiente de variação, proporções de interesse), distribuições de
frequências simples e em tabelas cruzadas, comparando os resultados dos grupos
caso e controle. Para investigar a associação significativa entre um
determinado fator e a glicemia instável, foi usado o teste qui-quadrado e o
teste Exato de Fisher. A medida usada para expressar o risco foi a Razão de
Chances ou Odds Ratio. Aproveitou-se para investigar qual é o ponto de corte
de idade que maximiza a sensibilidade e a especificidade e, consequentemente,
a razão de chances para detecção de GI. Para tal, foi usada a análise da
curva ROC. Foi feita também a Análise de Regressão Logística como instrumento
de trabalho, uma ferramenta que possa prever, a partir de suas variáveis de
base, se uma mulher vai ter ou não Glicemia Instável (GI). Resultados: Das 417
gestantes incluídas no estudo, 200 (48%) com glicemia instável, foram
inseridas no grupo caso e 217 (52%) sem instabilidade glicêmica, no grupo
controle. Foi verificado que Idade = 25 anos (< 0,001), sedentarismo (0,005),
obesidade pré-gestacional (< 0,001), história de diabete mellitus de
familiares de primeiro grau (< 0,001), e história de diabete mellitus de
familiares de segundo grau em diante (0,035), hipertensão arterial sistêmica
(HAS) (< 0,001), síndrome de ovários policísticos (SOP) (0,034), histórico de
diabetes mellitus gestacional (0,042), Crescimento Intrauterino Restrito
(CIUR) (0,034), apresentaram maior chance de glicemia instável constituindo-
se em fatores de risco para a glicemia instável nas gestantes. Para a presente
análise, a curva ROC identificou como ponto ótimo de corte, o valor de Idade
igual a 22,5 anos. E para a Análise de Regressão Logística, somente a idade e
o sedentarismo foram significativos para o modelo de previsão de Glicemia
Instável (GI). Conclusão: Este estudo demonstrou que idade = 25 anos,
sedentarismo, obesidade pré-gestacional, histórico familiar de diabete
mellitus, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e síndrome de ovários
policísticos (SOP) são fatores de risco e quando associados à gravidez,
aumentam o risco de glicemia instável (GI). Em relação ao ganho de peso
materno e Crescimento Intrauterino Restrito (CIUR) na gestação atual, pode-se
refletir se esses 2 achados não seriam, ao invés de fatores de risco,
consequência da glicemia instável (GI). Contribuições/implicações para a
Enfermagem: A partir dos resultados obtidos neste estudo propõe-se a revisão
do diagnóstico de enfermagem Risco de Glicemia Instável da NANDA-
Internacional, que considera a gravidez como fator de risco para o diagnóstico
de enfermagem sem diferenciar os fatores que ampliam este risco, generalizando
a condição de todas as gestantes, e, diminuindo a capacidade do enfermeiro de
tomar decisões pautadas em raciocínio clínico e de acordo com o maior ou menor
risco apresentado pela gestante.
Referências: 1 ZAPPONI, Ana Luiza Barreto; TOCANTINS, Florence Romijn; VARGENS, Octavio Muniz da Costa. A detecção precoce do câncer de mama no contexto brasileiro. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 jul/set; 20(3):386-90. Disponível em: . Acesso em dez. 2013.
2 OLIVEIRA, P.C.M. Auto eficácia específica nas competências do enfermeiro de cuidados gerais: percepção dos estudantes finalistas do curso de licenciatura em enfermagem. Dissertação [Mestrado Administração e Planificação da Educação]. Universidade Portucalense Infante D. Henrique do Departamento de Ciências de Educação e do Património. Porto, 2010.
3 TEIXEIRA, Ilka Nicéia D’Aquino Oliveira; FELIX, Jorge Vinícius Cestari. Simulação como estratégia de ensino em enfermagem: revisão de literatura. Interface-Comunic, Saúde, Educ.,2011.
4 COSTA, Raphael Roniere de Oliveira; MEDEIROS, Soraya Maria de; MARTINI, José Carlo Amado, MENEZES, Rejane Maria Paiva; ARAUJO, Marília Souto. O Uso da simulação no contexto da educação e formação em saúde e enfermagem: uma reflexão acadêmica. Revista Espaço para a Saúde, Londrina, 2015 jan/mar; 16(1): 59-65. |